Inabalável SARA escrita por tsubasataty


Capítulo 20
4.




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Nenhum de nós está prometido para ver o amanhã

Porém todos nós lutaremos para sobreviver

Ao amanhecer.

 

O grupo aguardou em silêncio por um longo momento que parecia não ter fim.

A horda continuava em frente, com os zumbis esbarrando forte no portão, fazendo-o tremer à medida que mais e mais corpos colidiam ali. Sara engoliu em seco. Se não fosse pela criação de seu falecido marido, com certeza aquele portão já teria vindo abaixo e ela, sem dúvidas, já teria sido engolida pelos zumbis.

Imaginar aqueles dentes podres... Aquela pele fedorenta em decomposição avançando para cima de Sara... Só a ideia já fez seu corpo se arrepiar por completo.

Demorou o que pareceu horas para o chão parar de tremer e as vozes guturais dos mortos-vivos ficarem próximas ao silêncio. Ainda se ouviam alguns murmúrios, porém o pior já tinha cara de ter passado.

— Vou subir novamente e ver como está a situação. – Iara disse, se dirigindo para a casa na árvore.

Com a aprovação dos demais, ela seguiu em frente e subiu novamente nos degraus que levavam até aquela pequena construção de madeira no alto da árvore.

 

Iara olhou para o outro lado da rua e viu que a horda, finalmente, já estava distante. Como o grupo imaginara, alguns últimos zumbis foram deixados para trás, andando numa velocidade menor que o restante de seu grupo.

Iara fez sinal com as mãos para Mike e Tom.

— O que ela disse? – Sara perguntou.

— “Ainda restam poucos zumbis. Precisamos matá-los. Silenciosamente” – Tom respondeu.

— Eu posso tentar subir com meu arco e flecha. – Mike disse.

— Não dá... – Sara retrucou – Você é muito alto e pesado, além de que não tem espaço suficiente para você atirar a flecha.

— Então o que faremos? – Tom perguntou, olhando para cada um.

O grupo ficou pensando por alguns instantes até que Sara exclamou:

— Hey, eu sei o que podemos usar! Está aqui dentro de casa. Eu já volto.

Mancando e arfando levemente, a mulher seguiu para dentro de casa.

Dentro da sala, numa gaveta do armário, ela retirou um singelo objeto e sorriu sutilmente. Deu meia-volta e seguiu novamente para a garagem.

— Um estilingue. – Sara disse, erguendo o objeto para todos verem – Funciona, já consegui matar um zumbi com ele. Você tem a mira boa, Iara?

Olhou para a amiga e esperou uma resposta. A mulher fitava curiosa o estilingue.

— Sim... – Iara respondeu por fim – Joga aqui pra mim.

— As pedras estão na gaveta aí dentro da casinha. – Sara disse, seguindo até perto da casa na árvore e lançando para cima o objeto. – Já estão todas polidas e afiadas.

Iara estava com o objeto quase em mãos quando de repente uma tábua a seus pés se quebrou e ela perdeu o equilíbrio. Sara só teve tempo de dar um passo para trás, antes que a amiga quase caísse em cima dela.

— Droga! – Iara disse, colocando as mãos nas costas no lugar onde estava doendo.

Tom surgiu num segundo ao seu lado.

— Você está bem? – perguntou, olhando preocupado para Iara.

A mulher lançou um meio sorriso para ele. A árvore não era muito alta e foi um tombo pequeno, comparado à altura de um telhado, por exemplo.

— Estou bem. Já tive quedas bem piores.

Tom ajudou a esposa a ficar de pé e, no mesmo instante, começaram a ouvir grunhidos famintos do lado de fora, seguidos de arranhões desesperados no portão.

— Essa não... – Iara disse, com o coração começando a bater ainda mais forte.

— Eles nos ouviram. – Sara disse, horrorizada.

Foi Mike quem conseguiu agir primeiro.

Tomou apressado o estilingue da mão de Sara e, num segundo, começou a subir os degraus até a casa na árvore.

Sem dizer palavra ou olhar para os companheiros, pegou as pedras no lugar que Sara explicara e posicionou rapidamente no objeto. Olhou para a rua e contou os zumbis. Havia 3 arranhando o portão e 2 mais ao longe, caminhando na direção deles também.

Mike fechou um dos olhos e disparou.

O primeiro zumbi foi atingido em cheio no cérebro, caindo rapidamente no chão. Rápido, o homem pegou a segunda pedra e fez pontaria novamente. Conseguiu atingir os outros 2 zumbis e aguardou os que estavam ao longe ficarem mais próximos. Enquanto aguardava, começou a sentir o chão estalar aos seus pés – ele percebeu que, com o seu peso, a madeira da casa na árvore poderia desabar a qualquer instante.

Sentiu seus pés afundarem levemente.

Chegou mais próximo da janela e olhou atento para os últimos zumbis.

Eles ainda estavam longe, um pouco fora da mira. Precisava esperar mais um pouco.

Preparou a pedra no estilingue, fechou um dos olhos e esperou. Quando o chão de madeira estalou outra vez, ele atirou. Pegou de raspão no rosto do zumbi, mas o morto-vivo continuava seguindo em frente. O homem pegou outra pedra, contou até 3 e disparou novamente.

A pedra acertou o olho do zumbi e atravessou sua cabeça. O monstro desabou no chão.

Mike respirou, aliviado, e pegou outra pedra. Focou no zumbi que faltava e sabia que não tinha mais tempo a perder. Atirou duas pedras seguidas e ambas acertaram o rosto do morto-vivo. Ele também tombou no chão, a poucos metros da frente da casa de Sara.

Olhou rápido em volta e esperou ver mais alguma coisa.

Não havia mais nenhum zumbi a vista.

Fez um aceno positivo na direção de seus amigos.

Finalmente, parecia que o pesadelo tinha chegado ao fim.

 

O Inferno está vazio e todos os demônios estão aqui.


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