Inabalável SARA escrita por tsubasataty


Capítulo 13
11.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/742514/chapter/13

Zumbis são mortos vivos. Humanos são vivos mortos.

Você acredita em pessoas mortas andando por aí?

 

Aquilo não tinha nenhum sentindo.

Como eles chegaram naquele estado?

Os zumbis simplesmente... congelaram?!

Sara não sabia o que pensar.

Desde que começara o apocalipse zumbi, uma inquietude que ela nunca tinha sentido antes começou a dominar o corpo de Sara. Naquele instante, no entanto, o sentimento estava no ápice. Sua mente teve um estalo, e ela enfim percebeu que não podia mais ficar dentro de casa, quando aquele acontecimento sem explicação estava bem na sua frente. Depois de quase 1 ano escondida dentro de casa, Sara precisava pisar na rua outra vez.

Mas reclusa em casa, com as portas trancadas e protegidas, como ela iria fazer para encarar o mundo externo outra vez?!

 

Sara passou o restante do dia pensando, e à noite sequer conseguiu pregar o olho em mais uma madrugada fria e coberta de neve. A vantagem foi que, depois de horas sem dormir e pensando em diferentes planos, quando amanheceu ela já sabia exatamente o que fazer.  

Assim que o dia clareou, Sara preparou rapidamente seu café da manhã, vestiu sua armadura de combate (com touca, cachecol e a fita adesiva enrolada nos pulsos), além de botas e roupas próprias para enfrentar aquela neve e seguiu para os fundos da casa. O primeiro empecilho que ela precisava solucionar era como descer àquele muro congelado para chegar até a casa ao lado da sua. Uma vez que a corda sozinha que ela usara nos meses anteriores era inútil naquelas paredes escorregadias, Sara teria que bolar uma ideia diferente.

Procurou no quarto dos fundos por martelo e pregos. Depois de selecionar os maiores e mais grossos, pegou a escada e a deixou posicionada no lugar de costume. Fixou-a bem fundo na terra para não ter nenhuma chance da escada deslizar e derrubar Sara. Subiu sem problemas, pois a escada estava guardada num espaço protegido, sem uma gota de neve ou gelo em sua estrutura.

Assim que chegou ao topo, tirou da mochila as ferramentas necessárias para começar o seu plano. Primeiro utilizou um raspador de metal. Com esforço, a mulher foi raspando com cuidado a neve e o gelo de uma parte no alto do muro, perto de onde ela estava sentada. Quando tudo saiu, Sara pegou em seguida 3 pregos e o martelo. Com força, martelou um de cada vez; dois pregos em cima, próximos um do outro, e um embaixo, formando uma espécie de triângulo.

Quando terminou, retirou da mochila um círculo de metal e fixou ele entre os pregos, de uma maneira que ele ficasse completamente preso ali, sem chances de se mover. Levou horas para tudo isso acontecer. Primeiro, porque era difícil se equilibrar em cima do muro, com o vento frio, o gelo e o pouco espaço para se segurar. Segundo que, sem uma furadeira ou qualquer utensílio similar e elétrico, fazer tudo às mãos deixava qualquer um exausto. Mesmo nevando, quando tudo ficou conforme Sara precisava, ela estava suando aos montes.

Respirando fundo, com seu trabalho quase no fim, por último retirou da mochila a corda com o gancho que ela usara desde os meses anteriores e fixou o gancho dentro do círculo. Prendeu-o entre os pregos e dentro do círculo de uma maneira que não pudesse se mover e soltar. Depois de pequenos testes, pelo visto, tudo saíra como o planejado. Sara respirou aliviada.

Preparou-se para descer, mas esqueceu de levar em conta o restante do gelo que havia na parede. Ela conseguiu descer com cuidado apenas alguns centímetros quando sua bota escorregou no gelo que estava acumulado no muro e suas mãos se soltaram subitamente da corda, fazendo Sara cair com força de costas no chão. Por um instante, a mulher se sentiu zonza, completamente incapaz de se mexer.

Levou a mão até a cabeça, com medo de algum ferimento, mas não havia sangue nenhum ali. Checou o restante do corpo e tudo parecia bem. Mesmo tonta, depois de alguns minutos conseguiu colocar-se de pé. O que mais doía era o quadril de Sara, o que impossibilitou um pouco os seus movimentos, fazendo com que ela andasse o restante do caminho mancando em uma das pernas.

Como na última vez que estivera ali ela deixou a porta da cozinha destrancada, decidiu entrar um pouco na casa e se sentar nem que fosse por 5 minutos no sofá. Sara estava preocupada, pois sua visão estava levemente duplicada, fazendo-a temer de que havia algum sangramento interno em alguma parte de seu corpo.

Foi até a sala e sentou-se espaçosa no sofá, bebendo um gole generoso da água que trouxera e comendo um salgadinho sabor presunto e queijo. Quando terminou o pacote, respirou devagar por alguns momentos antes de colocar-se de pé. Analisou seu corpo e sentiu que estava, sim, um pouco melhor. Então, continuou adiante com seu plano.

Agora, ela precisava percorrer a casa atrás de um objeto metálico pequeno, algo que poderia estar guardado em qualquer lugar: as chaves da casa. Começou pela sala e não encontrou em lugar nenhum; seguiu para a cozinha que cheirava ainda pior, remexeu nas gavetas e nem sinal da chave. Seguiu mais adentro no interior da casa, procurou nas estantes do corredor, em cima da mesa de leitura e nem sinal das chaves. Caminhou até o quarto do casal e mexeu nas gavetas da escrivaninha. Foi então que Sara ouviu o tintilar metálico que ela tanto ansiava: o som das chaves.

Com um sorriso, retirou o pequeno objeto que estava timidamente guardado num canto da gaveta e seguiu com ele firme nas mãos até a garagem.

Não foi difícil encontrar a chave que abria o portão social e guiava até a rua. O difícil, no entanto, foi controlar o tremor e o medo que de repente tomaram conta de Sara. Ela estava com medo dos zumbis congelados, afinal? Mas eles não se mexiam, então nada poderiam fazer contra ela, certo...?!

Sara sacudiu a cabeça, afastando de seus pensamentos todos os pesadelos com monstros que tivera nos últimos meses. Ali, agora tão próxima deles, depois de tanto tempo, o pavor começou a açoitá-la com força outra vez. Mas Sara sabia que naquele momento sua coragem precisava ser maior que seu medo. Enfrente seus monstros, enfrente seus pesadelos, se você não lutar por alguma coisa, será vencido por qualquer coisa.

Sara respirou fundo e reuniu toda a coragem que havia em seu interior. Sabia que havia chegado o momento – aquela enfim era a hora.

Destrancou o portão e colocou os pés na rua. Olhou na direção daqueles monstros congelados.

Era hora de encarar os mortos-vivos.

 

A única coisa importante é: não seja mordido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentários?