Crônicas dos meus piores pesadelos favoritos escrita por HannibalBarca


Capítulo 1
Brianstorm


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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— Brian, top marks for not trying. So kind of you to bless us with your effortlessness, we're grateful, and, so strangely, comforted. -

 

Sheffield, 9 de janeiro de 2002.

'John, você vai na festa do Turner?' Oi? Turner quem?

'Quem é esse?' perguntei.

'Um garoto no quinto, vai dar uma festa, é aniversário dele.' Ok, espera, vou explicar. Aqui em Sheffield, a partir dos 11, 12 anos, você entra no Ensino Secundário, que vai até os 17, 18 anos. Se esse Alex está no quinto, creio que ele vá fazer 16 anos.

'Não fui chamado, provavelmente esse Turner nem me conhece, nunca ouvi falar nele.' Respondi. Gareth me olhou estranho.

'Bom, se quiser ir, pode vir comigo, não acho que ele vá se importar'. Aparentemente eu estava sendo obrigado a ir nessa festa. Enfim, mal nenhum vai fazer. 'A festa é hoje, às 19:00, me encontra no Leadmill, que eu te levo até a casa dele.' O Leadmill é uma casa noturna que fica em Sheffield.

 

Cheguei em casa por volta das 18:00. Tirei a roupa do colégio e coloquei uma roupa limpa, como a última aula tinha sido Educação Física, já tinha tomado banho no próprio colégio. Passei um perfume, arrumei o cabelo e fui até o Leadmill. Esperei até 18:30 por Gareth, que chegou com uma moça.

'Essa é Millie' Ela sorriu para mim, e eu sorri para ela. Olhei para Gareth e disse:

'Vamos?'

'Sim, a casa do Alex é em High Green' Eu não acreditei na primeira vez que ele disse.

'Cacete, Gareth! High Green? Por que que você pediu pra eu vir até a porra do Leadmill? High Green fica mais perto da minha casa do que essa merda de lugar!' Achei que a moça fosse se espantar, mas ela começou a rir.

'Calma, John, é só pegarmos um táxi.' Gareth fez sinal para um táxi que passava na rua, e entramos. Chegamos em High Green quase uma hora depois.

Paramos na Rua Potter Hill e fomos andando até a casa desse Turner. Quando nos aproximávamos da casa, começamos a ver pessoas conversando e bebendo na rua, espalhadas pelo quintal, toda a rua parecia ocupada por pessoas na festa, sendo que havia uma única casa acesa. Fomos entrando, e uma vez dentro da festa, fomos recebidos por um rapaz de cabelo redondo, que nos apresentou brevemente a casa. Depois disso, me separei de Gareth e Millie e fui andando pela casa, ocasionalmente cumprimentando alguns conhecidos. O ambiente da festa era agradável, diferente da maioria das festas em Sheffield, que costumavam fugir do controle logo no começo, embora houvesse certo barulho, não havia bagunça, e mesmo as pessoas na rua estavam apenas conversando. Depois de passar um tempo conversando, fui até o quintal do fundo, onde vi algumas pessoas jogando basquete e futebol, entre elas, Turner. Fiquei um tempo olhando as pessoas em volta e pulei a cerca, andando por um terreno vazio, de grama cortada – o que me fez pensar o que pudesse estar sendo feito daquele terreno – e fui em direção à rua.

Embora pudesse parecer que eu estava entediado, como fui perguntado algumas vezes, estava gostando do ambiente. Às vezes parava pra conversar com alguém, mas minha forma de me divertir era observando os outros, quieto. E aquele ambiente me deixava calmo.

Até a hora em que olhei para um canto, e vi uma garota contra a parede, intimidada por um jovem de camiseta, jeans, tênis e – isso mesmo – gravata.

'Brian Ward' disse para mim mesmo. Ward era um garoto desprezível. Não vejo nenhum motivo para qualquer ser humano decente gostar desse homem, e embora poucos gostassem, é mais do que considero razoável. Mas ele não ligava, aliás, ele tirava 10 em não ligar. E poucas pessoas o conheciam de qualquer jeito, mas as que conheciam ou querem beijá-lo ou chutá-lo. Eu sou daqueles que querem chutar ele, e uma vez quase chutei, várias vezes, confesso que lamento não
ter tido a oportunidade.

Ward conversava com a menina, que claramente demonstrava desconforto, e tentava fazer com que ele fosse embora. Ninguém parecia perceber o que se passava, apenas eu. Sob o risco de estar interpretando errado, resolvi apenas observar, por ora. Logo, ele se virou e foi embora. Procurando não o perder de vista, me aproximei da moça e perguntei se estava tudo bem, ela confirmou, e eu fui atrás dele.

Um dos motivos de poucas pessoas gostarem de Brian é que ele achava que vivia na década de 1960. Ele achava que por ser rico e bonitinho poderia forçar qualquer pessoa a ficar com ele. Estereotípico babaca dos anos 1990 e 2000. Curiosamente, muitas vezes eu o via com algum rostinho bonito ao lado dele, e nunca era o mesmo. Algumas meninas pareciam gostar daquilo, ou achavam que gostavam, o que talvez explique a mudança de rostos a cada 3 dias.

Ele agora falava com alguns rapazes, em volta do que parecia ser a mesa de jantar. A música mudou para um rock pesado e barulhento, parecia a oportunidade perfeita para arranjar uma briga, mas preferi me conter. Segui observando ele. Por um tempo ele não falou com ninguém, apenas observava as pessoas no quintal, jogando. Passaram-se alguns bons minutos antes que ele voltasse para dentro. Fui atrás. Haviam algumas pessoas seminuas dançando em cima da mesa de café, na sala, com garrafas na mão. Ward olhou por alguns segundos e foi falar com alguns rapazes, em seguida, ele foi em direção a um grupo de moças, e começou a falar no ouvido de uma delas.

As garotas em volta olharam feio para ele, e a a garota com quem ele falava disse algo, e em seguida ele passou a mão nas costas da moça, descendo devagar. Eu ia me aproximando, e quando ele agarrou os glúteos da moça, ela o empurrou, foi quando eu disse, ironicamente:

'Brian!' e abri meus braços. Ele olhou para mim e demorou para ter alguma ideia de quem eu fosse.

'O que você quer?' Ele me disse, de maneira agressiva. Me aproximando dele, disse:

'Botar a conversa em dia, claro.' Botei a mão no peito dele e o trouxe para longe do grupo de garotas. 'Se você incomodar mais alguém nessa festa, eu vou fazer você engolir o seu próprio fígado' Sussurrei no ouvido dele. Ele olhou para mim com o olhar mais espantado que eu já vi na minha vida, quase esperei que ele pedisse para eu repetir, mas não achei que ele tivesse a coragem, então disse: 'Você entendeu?'

Senti ele me dar um soco, com o qual fiquei impressionado, me levantei e olhei para ele.

'Não conseguir o que você quer não faz muito bem o seu estilo, Brian?' Provoquei. As pessoas começavam a se aproximar, e ele veio em minha direção, preparando mais um soco. Quando a mão dele chegou, eu a segurei e o derrubei no chão. Esperei ele levantar, e disse:

'Quer saber? Eu acho que eu gostei desse seu novo estilo, camiseta e gravatas. Genial' Ele tentou me dar outro soco, dessa vez eu esquivei e acertei-lhe o queixo. Ele balançou para trás, desviou do meu soco e me derrubou no chão. Eu o agarrei pela gravata e o puxei para o lado, e lhe dei três socos seguidos, um no queixo e dois no nariz. Quando o sangue começou a escorrer, o levantei e trouxe ele, que estava meio-atordoado, e o empurrei pela entrada até a rua. As pessoas olhavam, claro, qualquer público adolescente fica eufórico com uma boa briga. Quando Brian acordou, perguntei em seu ouvido:

'Você quer continuar ou quer ir embora?' Ele correu rua abaixo, e então, eu disse:

'See you later, innovator'

Nunca mais vi aquele homem na minha vida.


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Notas finais do capítulo

Quaisquer críticas são bem vindas, sejam elas construtivas ou destrutivas.
Acompanhe a história, e comente, não seja ghost reader. Só babaca lê e não comenta.



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