Among Walkers escrita por Andressa Badaró


Capítulo 1
Dia 01




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/742354/chapter/1

 

Segunda feira. Sim, o dia em que tudo começou.

Um dia comum e tedioso como todos os outros. Maggie na sala vendo televisão, eu lutando para acordar e ir para o colégio e minha mãe se arrumando para o trabalho.

Finalmente consegui me arrumar e descer para tomar café da manhã com a minha família.

—Bom dia, filhinha! - disse minha mãe, como sempre muito animada na parte da manhã

—Mãe, sério? São 7:30 da manhã. Como você consegue ficar com tanto bom humor nesse horário?

Mesmo estudando desde pequena na parte da manhã, nunca me acostumei acordar cedo. Com certeza é o que me deixa com mais mau humor. Isso e olhar para a cara da Amber todos os dias.

—Não fala assim com a mamãe! - disse Maggie, minha irmãzinha. Na verdade, o nome dela é Marjorie.Ela é o amor da minha vida. É gentil e calma igual a minha mãe. Na verdade puxou totalmente ela. Até a ponta do nariz é igual.

—SHIU! Parem de brigar meninas, estou tentando ouvir o noticiário. - Mamãe aumenta o volume da TV.

“...a nova vacina GP501 vai ser liberada hoje para funcionários de escolas e hospitais públicos. Quarta feira será liberado para toda a população.”

—Mas que raio de vacina é essa? - eu disse, tendo em vista que eu só ouvi falar sobre ela agora.

— Não sei direito para o que serve, mas acredito que seja para algum novo tipo de vírus. Vou toma-lá hoje e quando chegar eu te falo mais sobre ela. - minha mãe é enfermeira em um hospital público, ou seja, ela está obrigada a tomar essa vacina.

— Que seja. Tô indo para o colégio e mais tarde eu tenho aula de esgrima. Tchau para vocês. - minha mãe me deu um beijo na testa e eu dei um beijo na testa da minha irmã e um puxãozinho no cabelo, só pra ela não perder o costume.

Eu não morava longe do colégio então eu sempre ia andando. Na maioria das vezes eu encontrava o meu amigo Carlos no caminho e íamos juntos e nesse dia não foi diferente.

—Fala ae! - Cumprimentei-o com uma batida de mão e um soquinho

—E ai. Tudo bem? -Ele começou a conversa e assim seguimos nosso caminho.

Como sempre, chegamos uns 10 minutos antes do sinal tocar para o primeiro tempo. Nos posicionamos no corredor para esperar o sinal da aula.

Como alegria de pobre dura pouco, virando o corredor vinha Amber se aproximando da gente.

Que inferno.

—Soube que essa vacina nova cura esquisitisse. Você deveria ser a primeira a tomar, Rebecca. - ela falou e riu.

A risada dela me dá até um refluxo.

—Vai se foder, Amber. Vai infernizar a vida de outra pessoa já que você é o capeta em pessoa. -disse já sem paciência.

—O que você disse, sua escrotinha? Você tá esquecendo quem é o meu pai? - o pai dela era o delegado da nossa cidade. Era tão insuportável quanto ela.

—Caguei pro seu pai. Caguei pra você também. Sai da minha frente se não eu soco a sua cara igual daquela vez, mas eu não vou parar nem se a diretora chegar. - eu estava me referindo a vez que ela me irritou tanto que eu acabei dando uma surra nela. Levei uma suspensão de 5 dias e o pai dela quis me prender mas foi o melhor dia da minha vida.

Antes que a Amber começasse a falar mais merda, peguei o Carlos e fomos para sala de aula. Como disse, o dia estava normal.

Depois que a aula acabou, fui para a minha aula de esgrima que é uma das minha paixões. Eu me desestresso totalmente nas aulas. Sou campeã regional e iria competir uma estadual no mês seguinte.

Cheguei em casa e estava sozinha, como sempre. Maggie provavelmente estava na explicadora e minha mãe ainda no trabalho. Subi para tomar banho e depois ia para cozinha para preparar a janta.

Enquanto estava no banho ouvi o transporte da Maggie chegando e ela entrando em casa.

—Beccaaaaaa? -gritou para saber se eu estava em casa

— Tô no banho, já já eu desço. - respondi terminando lavar o cabelo.

— Tô com fome!

— Me conta uma novidade? - Maggie é magra de ruim. Come que nem um boi e está com fome a cada 10 minutos.

Saí do banho e a Maggie entrou, então desci e comecei a fazer nossa janta.

Quando começamos a jantar, nossa mãe chegou mas ela não estava normal. Estava pálida e com os lábios roxos.

—Mãe? A Senhora tá bem? - Perguntei e corri até ela quando percebi que ela estava sem equilíbrio.

—Oi, minha filha. Eu tive um efeito colateral da vacina, é normal. Só preciso descansar um pouco. Vou tomar alguns remédios e amanhã já estarei melhor.

Ajudei ela a chegar até a sua cama, peguei alguns remédios que ela pediu e voltei para jantar com a minha irmã.

—O que houve com a mamãe? - perguntou minha irmã parecendo preocupada

—Ela só ta passando um pouco mal por causa da vacina. Já já ela melhora. - quando acabei de falar isso ouvi um barulho de alguém vomitando. No mesmo momento levantei e corri até o quarto da minha mãe.

Ela estava jogada no chão e havia sangue pra todos os lados.

—Mas que porra é essa? - sussurrei para mim mesma e a ajudei a se levantar e deitar na cama. - Mãe, o que ta acontecendo?

— Becca, eu não tô nada bem. Chama a ambulância. - Ela terminou de falar e se virou novamente para vomitar. Era um sangue espesso e escuro.

Peguei meu celular e liguei pra ambulância, passei as informações e ela falou para eu aguardar que já estava a caminho.

—Mamãe? -aparece Maggie na porta olhando horrorizada para o chão e todo aquele sangue.

—Maggie, vai pro seu quarto. Mamãe vai pro hospital. Quando a ambulância chegar eu te chamo.- ela assentiu com a cabeça e se foi.

Minha mãe queimava em febre, sua pele estava pegajosa e seu lábio de roxo já estava ficando esbranquiçado.

Passou-se uma hora e nada da ambulância chegar. Liguei novamente mas todas as linhas pareciam ocupadas, fiquei tentando até a meia noite, mas até então nada.

Minha mãe já estava adormecida, sua febre não baixava e sua aparência cada vez estava pior. Deitei ao seu lado dando a mão a ela e adormeci. Acordei algumas horas depois ouvindo um ruído.

Olhei para o lado e minha mão ainda estava com as da minha mãe, mas com uma coisa diferente.

Ela não estava mais quente, agora ela estava muito gelada.

Levantei e me debrucei para olhar mais perto pra ela. Quando fiz isso ela abriu os olhos. Os olhos que já não eram mais castanho claro, mas sim esbranquiçado e sem vida.

Ali eu já sabia que minha mãe não estava mais lá.

Ali eu já sabia que tudo ia mudar.

Ali eu já sabia que o inferno tinha começado.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado :) Deixem um comentário fazendo criticas e o que vocês esperam dos próximos contos.
Até a próxima :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Among Walkers" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.