Ainda É Tão Cedo, Yuki escrita por Lihnfa


Capítulo 1
Capítulo Único




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Acordo com o cheiro de cigarro forte pedindo para abrir a janela. O sol batendo nas cortinas rosa deixando o quarto todo na cor do meu cabelo. Sento na cama a deixando ranger baixinho enquanto o loiro murmura alguma coisa irritado me fazendo pensar se está acordado. Sento sentindo ainda o cheiro forte e me desfaço dos lençóis sujos colocando um short vagabundo que Yuki comprou. Descalço mesmo ando devagar pelo quarto fazendo barulho arrastando os pés pela sujeira espalhada no chão sem intenção de ser limpa algum dia, mas com cuidado para não esbarrar nos violões.

Abro a janela sentindo o vento fraco de dez da manhã bater no meu cabelo e me tirar um peso dos ombros. A luz entra pelo quarto sem a ajuda do rosa da cortina, que ajeito devagar com pregadores de roupa, daqueles que ficam nos varais que nós nem temos. O ouço murmurar mais alto e viro encostado no batente da janela. “Bom dia”, digo rouco enquanto ele me encara com raiva batendo de leve na cama, bem ao seu lado. Rio e volto para o seu encontro, onde me aconchego em um abraço e me permito fechar os olhos e pensar se está tudo bem.

Yuki me deita na cama e se põe por cima de mim com cuidado para não me esmagar. Brinco com seus cabelos loiros enquanto ele tenta me namorar com os olhos. Ele é todo tão dramático, precisa de uma cena forte como as que escreve em seus romances, mas é tão chato quando ele fica metido a sedutor. Aperta as minhas bochechas com a mão e me obriga a olhar em seus olhos castanhos quase amarelos; olhos de um mentiroso, de um arrogante que brinca em páginas em branco do Word toda noite de ser algo que nunca foi, de querer algo que nunca terá; um idiota que me seduz com tão pouco, me tem com tanta facilidade e me mente como se fosse a coisa mais simples de se fazer; me narra em histórias tolas, em romances Inacabados, cheios de dramas e amores que nem existem. E eu torço para que não machuque, que ele não acredite que vai tudo ser como ele escreve, porque eu não vou viver em uma peça, não quero me apresentar para ninguém que já saiba o que vai acontecer.

Solta as minhas bochechas e me faz carinho nas madeixas cor-de-rosa com a mesma mão. Sorrio e ele olha como se estivesse analisando cada traço do meu rosto, como eu gosto quando faz. Porque é um mentiroso indeciso. Nos poemas que nunca publicou, nos textos mais verdadeiros dele é onde eu moro, onde eu finalmente descanso de pensar que sou real na mente dele; não sou fantasia de amor que machuca e fere, que é esquecida depois de algumas garrafas de bebida qualquer e uns cigarros que ele leva no bolso do casaco e largada numa calçada fria e triste que ele ama descrever.

Finalmente me sorri de volta e sussurra “Bom dia” selando os lábios quentes de sono nos meus. Levanta tombando aos poucos para fora do quarto e diz calmo “A gente vai limpar essa casa toda hoje, Suichi”. Eu finjo choro forçado em negação e ele volta ao quarto me pegando no ombro como se eu fosse um saco de batatas enquanto eu rio e me debato, e ele diz um “Vem comer, droga” me largando no meio do corredor devagar com medo de me machucar.

Ando animado até a cozinha cantando uma musiquinha pronto para escrever mais uma e detalhar verdades que ele tem vergonha de narrar em seus romances.


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Notas finais do capítulo

Espero que esteja bom. Até.



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