A primeira valsa escrita por Darkus Lopp


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Essa história estava parada no meu PC a muito tempo e eu estava criando coragem para posta-la, principalmente por nunca ter compartilhado algo tão romântico antes.
Espero que gostem.



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Eu folheava outro livro sobre a guerra civil dos EUA. Meu interesse geral pelas narrativas dos grandes conflitos continuavam a crescer de forma que nem eu conseguia entender. Minha estante estava cada dia mais cheia de livros que, muitas vezes, se equivocavam com a grande quantidade de informações, fazendo com que eu sentisse que cabia a mim, como grande historiador e integrante daquela história, a incumbência de corrigir detalhes mal contados da melhor forma possível com a ajuda de uma fiel caneta preta.

    Deixei a caneta descansar no criado mudo, minha atenção já estava longe do calhamaço inexato. Ouvia o som do carro de Edward sendo estacionado na garagem e  sentia o grande leque de emoções voltarem a se manifestar pela casa. Eles haviam chegado.

    Foi uma questão de milésimos de segundos até Alice abrir a porta com um estrondo, estava com seu cabelo Pixie bagunçado e a mochila nas costas, não faziam mais de oito horas horas que havia saído de casa, mas eu já havia cultivado uma grande quantidade de saudade.

    A adolescente baixinha jogou a mochila do lado da escrivaninha sem cerimônia, pulando na cama de uma vez, trazendo a tona a reclamação das molas abaixo dela. Dava para sentir a grande quantidade de ansiedade e divertimento que ela emanava, no caso estava muito mais forte que o comum.

    – Teve um bom dia? – Eu sabia a resposta, mas queria ouvir a voz de minha companheira. Sua felicidade quase fazia com que sua pergunta se tornasse retórica, uma simples afirmação.

    Alice se aproximou um pouco mais de mim, levando as mãos macias até meu cabelo completamente desgrenhado.

    – Sim, o baile de formatura foi confirmado para o fim do verão, você vai comigo não vai?

    Meu corpo ficou tenso na mesma hora, eu definitivamente não sabia o que responder. Os seus olhos pedintes eram tão convincentes que faziam com que o “não” que minha parte racional queria soltar ficasse agarrado dentro da garganta de modo que eu temia nunca mais  se soltar.

    – Alice... – Foi a única palavra que consegui proferir dentro dessa briga interna comigo mesmo. Não queria magoá-la, não me perdoaria se o fizesse.

   – Por favor, Jazz. Com quem eu vou dançar a última música se você não for?

   Este era outro grande problema no pedido de Alice, eu não me sentiria confortável nem mesmo se fosse entrar na festa para ficar escorado em algum canto . Imagina dançar no meio do salão com vários olhos sobre mim, além disso, eu ainda era um recém vegetariano e precisava   que meu controle  estivesse  melhor. Não acreditava em mim mesmo o suficiente para ir ao baile sem perder o controle. Afinal, teriam muito sangue humano por perto.

    – Não sei dançar – Deixo as palavras saírem. Eu realmente iria me agarrar a qualquer desculpa que pudesse arranjar para não aparecer naquele evento. Alice nunca ficaria satisfeita em fazer apenas uma aparição no baile de formatura, ela  queria chamar as atenções para ela.    

 

    – Isso é impossível – Ela torceu o nariz – Todo mundo sabe dançar.

 

    – Mas eu não sei – Respondo.

 

    – Tudo bem então – Alice levantou da cama em um pulo, o meu não indireto não pareceu afetar sua animação. Ela se aproximou da estante e pegou um CD que descansava na terceira prateleira.

    – O que você está fazendo? – Pergunto sem obter resposta. Alice pega um CD e põe na caixa de som caríssima que ela tinha comprado em sua última viagem de compras. Uma valsa que eu desconhecia começa a tocar muito alto, e Alice diminui o volume depressa.

    – Pronto? – Ela perguntou

    – Pra que? – Sei com exatidão sobre o que ela está falando, mas rezo internamente para estar errado.

    – Para dançar. Nós ainda temos tempo o suficiente para que você aprenda a dançar antes do baile – Tuchê, sabia que Allie não iria aceitar uma desculpa mal contada com tanta facilidade, aceito meu destino e levanto da cama reprimindo um suspiro descrente.

    – Você tem certeza disso? – Uso um dos meus melhores olhos pedintes, mas admito que eles não chegavam nem aos pés do olhar dela.

— Sim, eu tenho certeza. – Ela agarrou minha mão direita e pôs sua mão desocupada em meu ombro. Segui seus passos e posicionei minha mão em sua cintura sentindo o tecido fino da camiseta simples.

 – Me conduza, príncipe encantado, não tenha medo de errar.

— Creio que um príncipe encantado não use pijamas – Disse começando a conduzi-la. Meus pés descalços e meu longo pijama branco não pareciam condizer com a situação.

    – O meu usa – Alice respondeu seguindo meus passos sem medo.

   Concentrei-me na bonita melodia,deixando meus pés se moverem livremente. Já havia dançado músicas de baile algumas vezes quando era humano. A  valsa do imperador era a música preferida de minha mãe, e aos 10 anos de idade ela me ensinou a dança-la, já que nem meu pai nem meu irmão mais velho tinham paciência para aprender a dar dois passos para cada lado nem mesmo para agrada-la. Além disso, havia dançado várias vezes com minha irmã durante os jantares de honra aos militares de alto patente. Aquelas memórias eram tão distantes que pareciam ter sido em uma vida passada, coisa que não estava realmente errada. Aquelas lembranças me fizeram sorrir. Quando fui “alistado” para o exército de Maria, nunca pensei que sentiria coisas tão boas quanto as que eu sentia quando era humano.Alice me mostrou o contrário, me fez redescobrir aquela humanidade que se escondia muito bem dentro de mim, fazendo com que eu sentisse que finalmente pertencia a algum lugar.

     Girei Alice com facilidade, aproximando nossos corpos um pouco mais.Até que eu ainda levava jeito para a coisa, respirei satisfeito sentindo o inconfundível cheiro de Alice.Deus! Como eu a amava!

    Entretanto, Alice não parecia estar ali naquele momento, parecia estar revisitando alguma memória antiga assim como eu a segundos atrás. Pensei em chamar sua atenção de volta para aquele momento, mas decidi que seria melhor apenas continuar a dançar conforme a música.

    – Você não precisa ir ao baile se não quiser – Alice disse para mim depois de alguns segundos voltando ao agora.Seu olhar arrependido era nítido, sabia agora porque ela estava distante, estava pensando em como estava me “forçando” a ir ao baile com ela.

    – Neh. – Respondi acariciando sua cintura sem perder o ritmo da melodia – O que eu não faço por você? – Alice era uma menina tão cativante que até o mais horripilante baile pareceria prazeroso se estivesse ao seu lado.

    Levantei-a dando um giro na parte mais animada da música, fazendo Alice cair na risada.

    – Isso é porque você não sabia dançar – Ela ressaltou.

— Eu não sabia que sabia dançar – Respondi girando-a. Agora dançávamos rápido conforme a música aumentava seu ritmo.O riso infantil de minha companheira era a melhor música para meus ouvidos,e  meu rosto deixava isso claro, pelo sorriso bobo estampado nele.

    A música foi diminuindo ,anunciando seu final.Era um momento especial para nós dois. Aproximávamos nossos corpos a cada compasso prolongado, selando nossos lábios de forma gentil com a última nota da canção.

    – Será  que eu poderia ser a rainha do baile, Jasper? – Alice me perguntou com um olhar desejoso de quem tenta visualizar o futuro.

    – Claro – Respondi envolvendo meus braços desengonçados em seu pequeno corpo macio, depositando um beijo casto em sua cabeça – Eu mesmo vou coroa-la.


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Notas finais do capítulo

Obrigada pela atenção
Meu ego agradece



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