(Narração Victoria)

Quando o táxi desapareceu de vista pela rua, eu não pude deixar de suspirar e apertar com mais força a alça de minha mala.

—Bom, enfim, nova casa, nova vida!- Sarah, uma das minhas irmãs mais novas, que eu não via já fazia um longo tempo, tentou nos animar

—Certo!- Marie, minha irmã mais mais velha concordou, apesar da expressão desanimada, parecia bastante alegre.

Nikki, Sofie e Lua deram uma olhada entre si, elas pareciam um pouco desconfortáveis com a situação

Era estranho, há cerca de dois anos atrás, éramos somente seis irmãs de pais diferentes que perderam a mãe e que não se viam fazia anos. Desde cerca dos meus 13 anos eu não sabia o que era ter mais de uma irmã. E agora, estávamos todas na mesma situação e um pouco até mais... unidas.

Minha vida até ano passado fora uma metralhadora de notícias ruins, e eu imagino que . Quando nós estávamos vivendo separadas e achando que nada mais podia nos acontecer. Tharâm! Nossos pais  falam que querem  que nós nos mudemos pra uma casa de parentes de consideração.

Nossa vida era levemente complicada, mas eu já havia decorado meu textinho caso alguém da nova casa pergunte da nossa família: Nossa mãe, Molly, havia tido três casamentos em toda sua vida, no primeiro, com Stephan, ela havia tido duas filhas: Marie, de atuais dezenove anos e eu, Victoria, de dezoito anos. Eles divorciaram-se um tempo depois

No seu segundo casamento, com Ian, Molly teve duas filhas também:As gêmeas: Sarah e Sofie, ambas com 17 anos, sendo a primeira três horas mais velha que a segunda. Também se divorciaram depois.

No seu terceiro e último casamento, com Chronos, Molly teve duas... ou melhor, três crianças: Nikki, de dezesseis anos e Lua, de quinze anos . Também havia uma, que eu não lembro nada a não ser seu nome: Jackson. Imagino que ele deve ter sido mandado para algum orfanato por algum motivo, já que eu só me lembro de ter passado uns três dias com ele.

E,aos meus exatos 13 anos, nós havíamos ido morar com nossos devidos pais por conta da morte de nossa mãe(Ataque cardíaco, de acordo com os médicos).  Por mais triste  que pareça, não mantemos contato. Nossos pais não deixaram-nos conversar umas com as outras nem pela internet.

Eu me pergunto até hoje se eles só não queriam que tivéssemos contato com as filhas dos “rivais” deles ou se existe um motivo a mais.

De qualquer forma, não importa agora! Isso já foi a cinco anos atrás! Seguir em frente é o essencial!

Nos entreolhamos. Marie, eu e Lua estávamos dando sorrisos confortantes umas pras outras. Mas era só olhar pras gêmeas e pra Nikki que meu coração voltava a pulsar forte por conta de suas expressões de nervosismo.

Devo admitir, estava nervosa também, eu havia acabado de abandonar meu porto seguro (também conhecido como a minha não-tão-pequena casinha) pra viver com completos desconhecidos. É claro, o fato de minhas irmãs estarem unidas novamente dava uma melhorada no meu humor, mas mesmo assim... meu coração acelerado e minha intuição não estavam me dando boas vibrações.

Eu havia trago somente o que era de grande importância pra mim. Existiam coisas que eu podia comprar, afinal. O resto, que eu não considerava tão importante assim, eu havia vendido online.  Tecnologia de hoje em dia é tudo de bom!

Uma das poucas coisas de objeto que eu havia guardado era um headphone que minha mãe havia me dado. Mas para mim, não era somente um headphone, minha mãe havia costurado uma capa roxa, minha cor favorita, para ele. Era simplesmente incrível aquele objeto, que eu guardava com tanto carinho.

Todas nós nos entreolhamos e demos um sorriso encorajador  umas pras outras. Me pergunto quantas vezes até agora fizemos isso.

—Ah, Deus, eu estou nervosa- Nikki comentou e bateu na porta algumas vezes- POR QUE ESSA PORCARIA NÃO QUER ABRIR?

Exatamente quando ela parou de bater na porta, a mesma abriu, com um alto rangido.

Lua pareceu abafar um grito de susto e Sarah se estremeceu na hora.

Nós nem chegamos nessa prévia de mansão do terror e as coisas já ficaram estranhas. Não estou gostando muito disso.

—Então...Nós entramos ou saímos correndo?-Lua perguntou, sua voz estava levemente amedrontada. Pensando bem, eu acho muito provável que as vozes de todas nós estivessem daquela maneira, afinal, todas estavam levemente encolhidas de medo.

Nikki tomou a iniciativa e entrou na casa primeiro que todas nós.

O local estava escuro, porém eu acendi a luz da sala, que estava quase falhando, enquanto todas nós tentávamos achar pelo menos algum sinal de vida lá. Nem que esse sinal fosse de  um rato passando por baixo dos sofás da sala de estar grande e levemente luxosa, apesar de parecer bastante antiga

—Meninas- ouvi a voz de Sofie nos chamar- Olha pra lá.

A morena apontou para um garoto que estava deitado dormindo. O mesmo tinha  cabelos castanho-avermelhado que parecia muito com um ruivo. Ele usava uma roupa abusadamente(não que eu estivesse reclamando) desabotoada na parte de cima, além de uma echarpe vermelha que estava cortada pela metade.

A marca do corte da echarpe... parecia de uma lâmina. Provavelmente havia sido uma espada que havia feito isso.

O que eu estou imaginando? Quem diabos usa uma espada em pleno 2017? Só se for alguém que ficou preso no tempo literalmente.

Sofie cutucou a mão do menino, mas recuou no mesmo instante, vi ela mexer os lábios e dizer algo como “Ele está muito frio”

Vendo o desespero de todas, Sarah aproximou o rosto dela do coração do rapaz para checar seu pulso.

—O coração dele não pulsa.- ela disse, sua voz bem mais arrastada do que eu esperava que ela estaria.

Sofie, que apesar de parecer calma, deixava meio claro seu  desespero, pegou seu celular, porém quando começou a discar o que provavelmente era o número da ambulância, uma mão vindo do sofá a puxou para o mesmo

—QUÊ?- O grito de Sofie nos assustou mais ainda quando todas  percebemos que o dono da mão era o garoto ‘’suspostamente’’ morto.

Ele somente abriu um sorriso e lambeu o pescoço da quarta mais velha.

Senti uma agonia percorrer meu corpo com a cena. Que tipo de tarado psicopata lambe o pescoço de pessoas que ele nem conhece? Deus, onde esse mundo vai parar?

—SOLTA ELA SEU TARADO! –Marie gritou na mesma hora em que Nikki deu um  soco tão bem dado que deveria ganhar o Oscar ou sei lá o que na cara do ruivo, o empurrando para longe do sofá.

— O que você pensa que está fazendo?- o garoto reclamou.

—Ayato, já não te falei pra ser educado com as visitas?- um garoto de cabelo preto e olhos vermelhos entrou no cômodo

Ele nos encarou por alguns segundos, antes dele nos olhar da cabeça aos pés.

—Quem são vocês?-ele perguntou.

—Primeiro você diz pra criança lá- Eu apontei para o tal ‘’Ayato’’ - Para não ser mal educado com a gente, e depois tu pergunta isso pra gente?

—Qual é teu problema, garoto?- Lua continuou.

Eu já podia sentir que teria bastante afinidade com Lua. Ela parecia ser divertida e engraçada.

—Eu não vou perguntar de novo, quem são vocês?

—A gente é as bruxas de Hogwarts, não está vendo?- eu brinquei

—Francamente... -ele reclamou novamente

—Você ainda não percebeu porque a gente ainda não sacou nossas varinhas mágicas pra mandar um  Wingardium Leviosa em você- Lua entrou na brincadeira.

Sofie levantou do sofá e deu um suspiro, que abafava sua risada.

Porém uma outra voz interrompeu nossa conversa:

—Ora, Ora... 6 belas garotas humanas aqui?- Um outro ruivo ,que eu ainda não conhecia, falou de cima da escada.

—Da onde você saiu?- Marie perguntou, arqueando uma sobrancelha.

O novo garoto sorriu mais ainda.

—Quem são elas Reijii? Teddy e eu estamos ansiosos para conhecê-las.- um de cabelos roxos e olhos violetas falou, ele segurava um urso.

—Isso é o que eu estava tentando perguntar pra elas antes de vocês aparecerem, Laito e Kanato.- Reijii falou.- Vão falar ou não?

Nós trocamos mais um olhar antes de começarmos a nos apresentar.

—Sou Marie Herbert. A mais velha- a loira sorriu.

—Sou Victoria Herbert. A segunda filha- foi minha vez de sorrir mais.

—Sou Sarah Herbert. A terceira...- a de cabelos castanhos falou, com voz levemente nervosa e olhou para a que estava ao seu lado.

—Sou Sofie-ela suspirou- A quarta.

—Sou Nikki- ela deu uma leve mexida no fuzil, preso em seu bolso- Eu sou a quinta filha mas agradeceria se me fizessem o favor de não me irritarem.

—Eu sou Lua, a mais nova- ela arrumou os óculos que haviam escorrido pelo nariz.

—São elas, então?- ouvi uma voz, que soava bem rude.— Não estava ansioso que nem vocês, pois sabia que o máximo seria ISSO. E olha que esse é o pior máximo que já vi

Quando vi, havia um garoto de cabelos brancos e olhos vermelhos no quarto, perto de uma parede.

—Subaru, não seja tão rude com as novas garotas- Laito comentou, ele era o único garoto que podia dar uma notícia horrível com um sorriso imenso no rosto.

Eu só não sabia se aquilo era um defeito ou uma qualidade.

—Acho que alguém aqui está de TPM hoje- Lua brincou, olhando fixamente para o tal Subaru enquanto se atirava no sofá. Nós seguimos a garota e a olhamos assustadas. Ele não parecia alguém com quem deveríamos brincar.

Não que eu me importasse, eu literalmente estou disposta para brincar com qualquer pessoa que desse qualquer tipo de abertura.

Ele somente revirou os olhos e bufou para a garota.

—Você está certa, Lua- Eu me joguei no sofá, perto da minha irmã mais nova- É surpreendente, antes eu tinha que lidar com uma menina de TPM. Agora, terei que lidar com cinco meninas e um menino de TPM

—Calem a boca...- uma voz preguiçosa a interrompeu.

O dono da voz estava deitado em outro sofá, ele parecia ouvir alguma música bem calma em seus fones de ouvido, pois estava de olhos fechados. E eu duvido muito que ele seja que nem eu, podendo dormir até se colocarem eletrônica no meu fone.

—Só me faltava essa agora!- Foi a vez de Sofie resmungar.- Tem um menino preguiçoso e mal educado no sofá. A mãe desse menino não ensinou que é educação o mais velho receber a visita, e não deixar pro segundo mais velho?

Sofie recebeu alguns olhares questionadores pelo seu comentário. Inclusive da parte do loiro, que abriu os olhos azuis para encára-la.

—Como é que você sabe quem é o mais velho?- Marie parecia realmente confusa.

—É só olhar pelo modo de se portar, de se vestir e para a cara da pessoa que você descobre fácil,fácil.- Ela comentou, sorrindo fraco.

Era óbvio que ela ia perceber isso. Pelo que Sarah havia me contado no táxi ,Sofie era praticamente que uma Sherlock Holmes da vida real, era uma pena ela ser tão individualista e solitária. Se daria bem com muitas pessoas se fosse um pouco mais social

—Já que você é tão esperta, Chichinasi— Ayato a olhou em modo desafiador- Porque você não adivinha a idade de cada um dessa sala?

—Isso vai ser fácil.- Sofie se levantou e estalou os dedos suavemente, quase não fazendo barulho.

Eu não entendi o comportamento de Sofie. O garoto havia chamado ela de chichinasi e ela nem pra parecer se importar? Ok, eu sei que ela não é a com mais corpo da nossa família, mas mesmo assim...

Pensando bem...provavelmente ela estava querendo retribuir a ‘’gentileza’’ que ele lhe dá jogando na cara que ela é mais esperta do que ele pensa. Já lidei com pessoas assim. Não no mesmo nível que Sofie, é claro, pois não existe ninguém no mesmo nível que ela.

—Esse loiro que eu não sei o nome tem cerca de dezenove anos - ela apontou pra o  garoto- Reijii é o segundo, provavelmente com dezoito. Ayato, Laito e Kanato tem a mesma idade: dezessete. E o TPMista vulgo Subaru aqui tem dezesseis. Acertei?

Olhei para Sarah, que dava um sorriso de orgulho para a de cabelos curtos. Ela parecia já ter aprendido a lógica de Sofie devido a grande convivência das gêmeas.

Ou talvez ambas só tenham uma espécie de “telepatia de gêmeas” que eu sempre ouvi falar na internet.

Antes que eu ou qualquer uma das outras irmãs pudéssemos parabenizar Sofie,uma voz alta e estridente preencheu o local. O grito fora tão horrível que eu quase pude sentir meus tímpanos se estourando.

—EI SEUS IDIOTAS!- uma voz feminina preencheu o local- O QUE VOCÊS ESTÃO FAZENDO PARADOS AÍ?