Casamento forçado: A descoberta do amor escrita por LiraStar


Capítulo 2
Dois




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Meu celular desperta. São 07h15min.

Tropeço nas malas indo em direção ao banheiro.

Lembro-me de que minhas coisas não estão em seu devido lugar e novamente volto à sala e tento identificar em qual delas está minha toalha e objetos de higiene.

Finalmente as encontro e corro para o banheiro.

Tomo um breve banho, e volto para sala para procurar uma roupa decente.

Sou interrompida pela campainha, e sem pensar duas vezes vou abri-la.

“Péssima ideia.” – Penso comigo mesmo.

Era o desconhecido, e neste momento eu estava toda molhada, cabelos despenteados e de toalha.

— Desculpe eu volto outra hora. – Ele vira o rosto depois de dar uma boa olhada.

— Ann, tudo bem, entre, não vou demorar muito para trocar de roupa.

— Desculpe, eu prefiro esperar aqui fora. – Ele fala em um polido formal e eu me sinto rejeitada.

— Tudo bem então, eu não me demoro.

Eu fecho a porta e vou em direção as minhas malas. Minha mente está lenta, tentando processar o que tinha acontecido.

Eu acho roupas decentes e seco meu cabelo, faço uma maquiagem breve e vejo que falta 15 min para o Alek vir me buscar.

Abro a porta com a esperança de ver o desconhecido, mas logo percebo que ele se foi.

Sinto uma grande decepção, e estou decepcionada comigo mesma. Será que não sou atraente o suficiente para ele me desprezar desse jeito? Ou só não faço seu estilo?

Caramba! Nem sei o nome do rapaz e já estou pensando essas coisas.

Eu corro para o elevador, com uma ponta de esperança de vê-lo lá, mas novamente me decepciono.

Chego ao térreo e vejo Alek encostado à sua bela BMW preta. Com trajes formais, como sempre.

— Hoje serei seu motorista, senhorita. – Ele ajeita os óculos e olha para seu tablet.

— E quando vai se mudar? – Tentei ser tão seca quanto ele.

— Em breve, como o planejado. – Ele entra e dá partida ao carro.

Em menos de cinco minutos Alek estaciona e se direciona à minha porta.

Droga! Todos me olham e olha com uma expressão desprezível.

— Não precisa fazer isso, Alek! – Eu tento falar o mais baixo possível.

— Desculpe senhorita. Só estou fazendo o meu trabalho. – Ele continua a me acompanhar para dentro da faculdade.

Eu paro e ele me olha, eu o encaro e ergo as sobrancelhas esperando que ele entenda que não precisa me seguir.

— Ordens do seu pai, sinto muito.

Eu bufo perante a frase. Poxa! Eu não sou mais criança, sei me proteger sozinha.

Rapidamente, Alek acha a minha sala, com sua grande eficiência.

— Estarei esperando aqui fora. – Ele diz e abre a porta indicando que eu entre.

Toda a classe me encara, e eu passo os olhos pela sala procurando um lugar para eu poder me sentar. Droga, só tem lá no fundo.

Puxo uma respiração longa, e tento soltá-la o mais normal possível e ao mesmo tempo, olho para meus pés esperando não tropeçar em nada.

Sento na ultima fileira e o assunto da novata já é esquecido por aquela sala.

Na mesma hora, a professora entra cheia de vida cantarolando.

— Bom dia turma! Espero que tenham feito seus trabalhos, ou a coisa irá ficar muito feia pro lado de vocês! – Parece que ela estava comemorando. – Ah, hoje temos uma aluna nova. Aluna nova, por favor, venha aqui na frente se apresentar para seus colegas!

Droga!

Eu lentamente saio da minha cadeira, me encolhendo e desejando que ninguém estivesse ligando para isso, mas todos, todos estavam prestando atenção em mim.

Posiciono-me ao lado da professora e ela movimenta as mãos como se estivesse pedindo que eu me apresentasse.

— Olá a todos, sou Elisa Lewis, vim de intercâmbio, sou de Londres, e espero que cuidem bem de mim. – Fasso meu discurso em um coreano perfeito, e me curvo para frente em sinal de respeito.

— Muito bem Elisa. Ouvi muito bem sobre você, é uma das melhores da turma. Como você está atrasada na minha disciplina, resolvi escolher um de seus colegas como seu tutor por um tempo. Não é duvidando do seu talento, mas, gênios também necessitam de ajuda às vezes, não é?

Eu não falo nada, só assinto.

— Me deixa ver quem será o sortudo que virará tutor dessa bela garota! – Ela aponta o dedo para um jovem que está sentado na quarta fileira. - Yoo Jung, você foi o sortudo. – Eu olho para onde ela aponta e me surpreendo: O meu vizinho que me abandonou mais cedo. – Ele é um gênio como você, e por isso decidi que ele irá te ajudar. Garota! – Ela aponta para uma bela moça sentada ao lado do Yoo Jung. – Troque de lugar com a Elisa, por favor. Elisa busque seu material e sente-se ao lado do seu tutor.

Eu simplesmente assinto e vou.

Encontro-me com a tal garota que me fuzila com o olhar. Ela gosta dele, essa foi à primeira impressão que tive dela.

Sento-me com cuidado no acento vazio ao lado dele e ele simplesmente me ignora.

A aula se passa lenta, e o ar fica difícil de respirar. Finalmente o sinal toca, eu arrumo meus materiais e sigo atrás do Yoo Jung.

Toco de leve no braço dele e ele parece se irritar com esse leve gesto.

— Com licença... Desculpe, mas não precisa ser meu tutor, eu garanto que fico bem sozinha. Sinto que estou te incomodando.

— E está! – Ele responde seco e grosso. – Mais tarde eu passarei o assunto para você, não se preocupe com isso.

Eu me sinto irritada pela resposta dele.

— Senhorita? – Logo quando eu ia responder, o Alek me interrompe.

— É por ele que eu digo que você não precisa me dar porcaria de nada! Eu sei que isto é um saco para você, mas acredite, pra mim é mais ainda. Garanto que o Alek poderá ser um tutor melhor que você!

Saí andando e o Alek veio atrás sem entender nada.

— Por favor, não fale nada! – Eu falo seca para Alek.

— Sinto em fazer isso senhorita, mas o seu pai quer ver você. Ele veio especialmente para a Coréia para ter essa pequena reunião com sua filha.

— Aff, que saco!

Saio andando em direção ao carro de Alek e um jovem e belo rapaz me para.

— Com licença moça, você poderia me dizer onde fica o prédio de música?

Seus olhos eram lindos, de um castanho diferente e encantador.

— Ah, me desculpe, eu não estudo nessa área e também sou nova aqui. – ele coça a nuca ao ouvir minha resposta. – Mas, posso dar a você o mapa daqui. – abro minha bolsa e retiro um panfleto da faculdade. – Aqui está!

— Obrigado moça! – Ele sorri para mim. – Eu sou Baek In Ho, - ele se curva e eu repito o mesmo. – prazer em conhecê-la.

— Eu sou Eliza Lewis, o prazer é todo meu! Esse é Alek, um amigo. – Alek o cumprimenta ainda meio surpreso por eu tê-lo chamado de amigo. – Bem, foi um prazer conhecer você, mas eu preciso ir, espero que possamos nos encontrar novamente!

Ele sorri.

— Eu também desejo o mesmo, Eliza!

Ele segue seu rumo e eu entro no carro.

— Por que você disse aquele rapaz que eu sou seu amigo? Poderia ter falado que eu sou o seu...

— O empregado do meu pai que está na minha cola para me vigiar? Não obrigada! E além do mais eu espero que possamos ser amigos algum dia, assim você não me dedura para o meu pai!

Ele sorri de lado e pela primeira vez na vida eu o acho fofo.

— Bem senhora, vamos de encontro com seu pai.

Ele percorre o resto do caminho calado, parecendo que estava avaliando alguma situação.

Alek estaciona em frente a um hotel. Provavelmente meu pai esteja hospedado aqui.

— Seu pai está hospedado aqui, e a reunião será aqui também.

— Você sabe do que se trata?

— Sinceramente, dessa vez eu não sei.

Entramos no hotel e tomamos o elevador até o ultimo andar onde meu pai estava hospedado.

Alek bate à porta esperando um sinal para poder abri-la.

Entramos após um “entre” dito pelo meu velho.

— Querida filha! – Ele levanta e vem de braços abertos ao meu encontro.

— Papai, por que me chamou aqui?

— Sente-se primeiro meu bebê! O Alek está cuidando bem de você?

— Sim sim pai, pode ir para o que interessa?

— Ah, claro minha filha. Eu passei só para dizer que você está noiva!

Simplesmente congelei. Noiva?

— Como assim? Noiva?

— Vou fazer uma parceria com uma empresa, e você será a ponte, minha princesa.

— E por que você acha que eu vou concordar com isso?

— Porque você é minha princesinha que sempre obedece ao papai!

— Pai! Para que você acha que eu vim para cá? Pra fugir de você e das suas ordens! Eu não vou noivar com ninguém.

— Sinto muito, mas você terá que obedecer, além do mais o rapaz é vistoso e decente, aposto que gostará dele. É isso ou você volta para casa, a sua verdadeira casa lá em Londres. Além do mais, você não precisa morrer casada com esse rapaz, é somente um casamento arranjado como símbolo de nossa aliança e depois vocês se resolvem e se divorciam se quiserem é claro!

Eu não podia voltar para aquele inferno que eu vivia em Londres. Viver lá me marcou muito e não foi de maneiras boas. Sair de lá foi um verdadeiro alívio para mim, foi como se eu pudesse respirar novamente.

Tudo o que eu não queria naquele momento, era satisfazer os capricho do meu pai, mas era isso ou voltar para aquele inferno.

— Por quanto tempo?

— Sem contar o noivado, seis meses de casada.

— Acho que consigo passar por esse inferno. Quando conheço o felizardo?

— Sábado terá o jantar de noivado onde vocês se conheceram. Depois de um mês vocês se casam.

Ótimo! Venho para Coreia estudar, e me vejo presa em um noivado falso!

Deixo o maldito hotel e Alek me acompanha sem dizer uma única palavra. Entramos nos carro.

— Vai me dizer que você não sabia?

— Sério senhorita, eu não tinha conhecimento dos planos do seu pai.

— E o que você acha dessa palhaçada toda?

— Não posso opinar, afinal sou um simples empregado.

— Sai dessa Alek! Desde o momento que você veio para cá, você deixou de ser empregado, pelo menos pra mim.

Alek espera o sinal fechar e me olha confuso, mas, não pronuncia uma palavra.

Chegamos em casa, e vejo tudo arrumado.

— Alek, onde estão minhas coisas?

— Eu as arrumei senhorita.

— Até minhas roupas íntimas? – Ele balançou a cabeça concordando. – Droga Alek! Que vergonha, meu Deus! – eu sentia minhas bochechas queimarem.

— Desculpa senhorita.

— Tá, tudo bem. E você, vai dormir aonde?

— No quarto ao lado.

— Olha, vamos nos resolver. Se for para você ficar me seguindo, por favor, se vista como um jovem de vinte e dois anos normal, ok? As pessoas olham e fofocam.

— Quer que eu me disfarce, é isso?

— Se você entendeu assim, é isso.

— Entendido, senhorita.

— Ah, e para de me chamar assim! Pode me chamar de Liza mesmo.

— É que eu acho estranho lhe chamar assim senho... – eu cerro os olhos para ele. – Liza.

— Acostume-se Alek. Como eu disse um dia eu quero poder ser sua amiga, de verdade. Bem, agora eu vou tomar um banho e entender esse tal noivado repentino. E, obrigada por arrumar minhas coisas, mas eu não quero você como empregado, e sim como um amigo.

Entro em meu quarto e lágrimas brotam em meus olhos: Como um pai faz isso com a própria filha por causa da ganância?

Eu gostaria de saber, quem é meu noivo secreto.


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