Elizabeth acordou com uma sensação de calor. Embora o sol já estivesse começando a raiar e uma réstia entrasse pela cortina entreaberta da janela, essa não era essa a fonte do calor que ela estava sentindo. Era um calor humano e calor acolhedor e logo ela entendeu o porque.

O senhor Darcy ainda dormia pesadamente, e estava ao seu lado com um dos braços envolto em sua cintura. Ela estava de costas para ele, portanto a respiração leve e quente batia na sua nuca. Era uma sensação prazerosa.

Com muito cuidado para que ele não despertasse, ela foi se virando, de modo a ficar de frente para ele.

Ele continuava dormindo e tinha uma expressão calma e serena. Os cabelos estavam levemente bagunçados e Elizabeth conteve a vontade de acariciar o rosto dele, pois não queria acordá-lo.

As lembranças da noite anterior invadiram sua mente e ela sorriu. A cerimônia, a festa, a noite de núpcias. Tudo havia sido maravilhoso e acordar ao lado dele pela manhã foi como uma confirmação de que tudo foi real e não um sonho bom.

Aquela era sua nova vida.

Demorou mais alguns minutos para que o senhor Darcy acordasse e quando acordou logo fitou-a por alguns segundos. As orbes castanhas encontraram-se com as azuis, que com a luz da manhã ficavam acinzentadas.

— Bom dia. — Murmurou ele, com a voz um pouco rouca de sono. — Faz tempo que está acordada?

— Não muito tempo. — Respondeu ela sorrindo e então saciou a vontade de tocar o rosto dele.

— Como está se sentindo? — Perguntou ela.

— O mais feliz dos homens… — Respondeu ele com um sorriso bobo nos lábios, também recordando-se da noite inesquecível que tiveram.

— Então… você gostou? A nossa noite foi como o senhor esperava?  — Questionou ela, pois ansiava que tudo tivesse sido tão especial e gratificante para ele como foi para ela.

— Não. Foi mais do que eu esperava. — Respondeu ele tocando o rosto dela com carinho. — Você foi perfeita, senhora Darcy.

— Poderia repetir o que disse?

— Você foi perfeita…

— Não… — Interrompeu ela. — Quero que repita a parte em que me chamou de senhora Darcy.

— Senhora Darcy. — Repetiu ele e então beijou os lábios dela. — Minha senhora.

Ficaram mais alguns minutos entre beijos e carinhos até que Elizabeth decidiu levantar-se. Seria um lindo dia e ela queria aproveitá-lo então sugeriu que eles fizessem um passeio após o desjejum.

Pemberley estava praticamente vazia, pois a maior parte dos criados havia sido dispensada, e Georgiana foi para Londres com a família Bingley logo após a festa, assim eles teriam a casa inteiramente para si naquele dia.

O senhor Darcy olhava atentamente a cada movimento de sua esposa. Agora a luz do dia podia ver mais claramente as curvas do corpo dela debaixo da camisola fina. Ela era linda sem ao menos se esforçar.

Ela já estava prestes a sair do quarto para ir banhar-se, e ele se lembrou do dia em que teve um sonho muito impróprio com Elizabeth enquanto ainda eram noivos, em que ela caia na tina de água junto com ele. Naquele momento o senhor Darcy até pensou em se convidar para tomar banho junto com sua esposa, mas não o fez pois temeu que ela achasse muita ousadia.

No entanto, para a surpresa dele, quando Elizabeth já estava prestes a sair pela porta ela olhou para ele e lançou-lhe um sorriso convidativo.

— Me acompanha, senhor Darcy? — Perguntou ela e seu esposo mais que depressa a seguiu.

E no fundo o senhor Darcy sabia que fosse apenas para um banho, um passeio no jardim ou pela vida, ele sempre a seguiria, onde quer que ela fosse.

(...)

No dia seguinte os recém casados fizeram uma viagem de lua de mel.

Foram para a Espanha e divertiram-se muito conhecendo lugares e culturas diferentes, e principalmente, conhecendo melhor um ao outro.

Com o tempo Jane e o senhor Bingley também se casaram e para a alegria de Elizabeth, Charles comprou uma casa em Derbyshire, a trinta milhas de Pemberley, assim ela e sua querida irmã podiam gozar da companhia uma da outra sempre que queriam.

Caroline Bingley precisou engolir seu orgulho e passou a tratar a senhora Darcy com cordialidade e gentileza, pois não queria ser privada de frequentar Pemberley.

A senhora Bennet tinha muito orgulho de suas duas filhas e deixava isso claro ao contar a todos sobre como a senhora Bingley e Darcy estavam felizes em seus respectivos casamentos.

Agora que tinha duas filhas a menos para se preocupar, ela passou a frequentar cada vez menos a sociedade e não eram raras as vezes que deixava suas filhas mais moças passarem longas temporadas na casa das mais velhas.

Isso foi muito bom para Kitty e Lydia, pois Elizabeth e Jane eram firmes com elas e assim seu comportamento melhorou grandemente. Ao conviver em uma sociedade superior a que elas eram habituadas, as duas se tornaram menos insípidas, ignorantes e irritáveis.

Mary era a única que preferia ficar em casa e como agora só restaram ela e a mãe, ela se tornou o novo projeto de casamento da senhora Bennet.

Ela não sentia prazer nisso, mas também não era algo que a incomodasse muito. O fato de não ter mais as irmãs como objeto de comparação tornava tudo mais fácil, e além de tudo, ela não era totalmente avessa à ideia de encontrar um bom marido.

Como já era previsto, Georgiana Darcy e Richard Grimes também firmaram compromisso e se casaram um ano depois de Fitzwilliam e Elizabeth.

Quanto a esses últimos, sua alegria e felicidade crescia a cada dia mais e cada vez eles ficavam mais conscientes de que haviam feito a escolha certa.

Elizabeth provou não apenas para a sociedade, mas para si mesma que era sim a mulher adequada para o senhor Darcy e no tempo certo granjeou o respeito e a admiração de todos. Até mesmo Lady Catherine com o tempo deu o braço a torcer e voltou às boas com seu sobrinho.

Ao fim de tudo, depois de tantas idas e vindas, tantos erros e acertos, tantos obstáculos vencidos, o senhor e a senhora Darcy pertenciam um ao outro e nada nem ninguém poderia mudar esse fato.