Uma Senhora Para Pemberley escrita por AustenGirl


Capítulo 28
Caindo em Si


Notas iniciais do capítulo

Boa noite

Cheguei para mais um capítulo e finalmente saberemos quem é a visita misteriosa hehe

Quero agradecer os comentários do capítulo passado, já já vou responder a cada um ♥

Boa leitura!



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Depois da conversa esclarecedora que teve com o senhor Bingley, Elizabeth estava ainda mais pensativa do que o de costume.

Por mais que ela se esforçasse em ocupar sua mente com qualquer coisa, o senhor Darcy sempre acabava voltando aos seus pensamentos.

Em uma tarde como qualquer outra, em que ela tentava distrair-se com os serviços da casa, Kitty e Lydia foram dar um passeio em Meryton. Sempre que elas retornavam traziam novidades, e ainda que geralmente os assuntos que suas irmãs gostassem não fossem do seu interesse, Elizabeth estava ansiosa para que elas chegassem com algo novo para distrair sua mente, nem que fosse por alguns momentos.

E isso realmente aconteceu, pois as meninas Bennet chegaram em casa afoitas para contar a mais recente novidade.

— Mamãe, a senhora não vai adivinhar quem chegou ontem no condado! — Lydia começou a dizer com voz e respiração ofegantes, mostrando o quanto a menina estava agitada.

— Charlotte Collins! — Exclamou Kitty, tão agitada quanto a irmã.

— Mas o que há de tão extraordinário nisso? — Elizabeth perguntou. — Os pais dela são nossos vizinhos, é natural que ela os visite vez ou outra.— Disse ela, pois não entendeu porque a visita de sua amiga provocou tanta comoção em suas irmãs.

— Ora Elizabeth, você não pensa? — Lydia falou. — Por que Charlotte viria para Hertfordshire logo agora, que você está aqui e não é mais noiva do senhor Darcy? Certamente​ ela veio nos tirar de Loungbourn. Agora essa casa pertence a ela também!

— Será​ que ela teria coragem? — A senhora Bennet questionou preocupada. — Se ela fizer isso, será muita falta de consideração!

— Será muita ingratidão. — Mary tomou parte na conversa. — Tantas vezes a recebemos com hospitalidade...

— Não podemos nos precipitar. — Elizabeth interrompeu. — Charlotte é nossa amiga, e certamente não agirá de maneira injusta para conosco. — Disse ela tentando acalmar sua mãe e irmãs. — E além de tudo, se tivermos que sair daqui, certamente não ficaremos desamparadas. Afinal, ainda posso voltar a trabalhar com nossos tios.

Ela realmente não acreditava que sua amiga estava ali para resolver assuntos de negócios. Certamente Lydia estava sendo precipitada em pensar tal coisa, mas isso não queria dizer que Elizabeth se preocupava com o futuro financeiro da família.

— Como pode ter certeza? — Perguntou a senhora Bennet. — O senhor Collins não ganha nada por nos deixar​ morando aqui, pelo contrário, ele sai perdendo. Agora que você não está mais noiva do sobrinho da benfeitora dele, que motivo ele tem para nos oferecer qualquer ato de benevolência?

— A senhora pode até estar certa sobre o senhor Collins, minha mãe. — Admitiu Elizabeth, pois ela própria já havia tido um pensamento semelhante ao de sua mãe. — Mas eu não creio que ele designaria Charlotte para tratar desses assuntos. Nosso primo certamente viria pessoalmente para ter conosco.

— Eu não tenho tanta certeza... — Murmurou a senhora Bennet ainda inconformada.

— Se a senhora sentir-se melhor assim, amanhã cedo irei ter com Charlotte. Tiramos a dúvida e ainda perguntarei quais os planos do senhor Collins para conosco. Está bem? — Perguntou Elizabeth e sua mãe assentiu em concordância​.

No fim das contas, Elizabeth também queria mesmo saber se o senhor Collins ainda as deixaria morando em Loungbourn, pois assim, poderia traçar seus próximos passos.

Contudo naquele dia mesmo, antes que Elizabeth fosse visitar sua amiga, Charlotte Collins foi a Loungbourn primeiro para visitar a família Bennet.

Ao chegar ela foi muito bem recebida por Elizabeth e suas irmãs. A senhora Bennet, até se esforçou para tratá-la bem, mas ainda assim, transparecia seu ar de desconfiança.

Antes que a senhora Bennet fizesse qualquer pergunta de forma indiscreta para sua amiga, Elizabeth tomou a dianteira de convidar Charlotte para um passeio no jardim. Ali elas poderiam conversar com privacidade e tranquilidade.  

Ao chegarem no jardim, Charlotte tomou a iniciativa em falar.

— Lizzy eu sinto muito que não tenha dado certo o seu noivado com o senhor Darcy. — Começou ela. — Vocês estavam tão felizes no baile em Pemberley. O que aconteceu?

— Uma série de disparates e enganos... — Elizabeth respondeu evasiva, pois sabia que se começasse a se aprofundar no assunto, ela ficaria melancólica. — Mas não devemos falar sobre isso. Fale-me sobre você... — Disse ela sorrindo para sua amiga. — Que bons ventos a trouxeram para Hertfordshire?

— Não há muito o que contar... — Charlotte respondeu dando de ombros. Naquele instante, Elizabeth notou uma certa tristeza no semblante de sua amiga. — E sobre a minha visita... Eu vim pois estava com saudade de casa. E admito que quando soube que você estava em Hertfordshire também, minha vontade de vir aumentou consideravelmente. — Disse olhando para Elizabeth.

— Fico muito feliz que tenha vindo, eu também estava com saudades. — Disse Elizabeth. — Mas, realmente está tudo bem?

— Por que me faz essa pergunta?

— Algo em seus olhos e sua voz me dizem que há algo errado... — Falou Elizabeth. — Charlotte, eu a conheço.

— Realmente, você me conhece bem. — Charlotte falou soltando um riso sem humor. — E eu também a conheço. Sei que se eu lhe contar o que está se passando, você me dirá: "Eu lhe avisei"! — Charlotte falou tentando tentando soar divertida, e isso deixou ainda mais evidente para Elizabeth que sua amiga estava passando por problemas.

—  Eu jamais faria isso. — Disse Elizabeth e naquele instante as duas pararam de andar. — Qualquer que seja o seu problema, eu estarei pronta a ouvir, sem qualquer julgamento. É algo envolvendo o senhor Collins?

Charlotte pensou por alguns instantes, tomou fôlego, e então começou​ a falar.

— Eu e meu marido estamos brigando constantemente. — Desabafou ela. — Eu vim para Hertfordshire em busca de um pouco de paz, pois se ficasse em Hunsford, creio que poderia ensandecer.

— Charlotte eu sinto muito... — Disse Elizabeth com um olhar compassivo para sua amiga. — Mas, diga-me, há algum motivo específico para essas brigas?

— Lizzy, eu estou casada a quase um ano, e ainda não engravidei. — Charlotte disse suspirando profundamente. — Lady Catherine já disse inúmeras vezes que o senhor Collins escolheu uma mulher estéril e ele me cobra diariamente, por ainda não termos um filho. — Disse ela com lágrimas nos olhos. — Eu não aguento mais aquela casa, aquela paróquia, Lady Catherine... Não aguento mais que todos me digam como agir e o que pensar... Eu estou tão cansada!

Elizabeth segurou a mão de Charlotte entre as suas e estava muito penalizada com sua amiga.

— Todos me cobram por algo que não posso controlar! — Continuou Charlotte. — Talvez nem seja comigo o problema, mas é sempre das mulheres que essas coisas são cobradas. Eu estou farta disso!

— Eu sinto muito que esteja passando por isso. Porém tenho certeza que no tempo certo, você será mãe... — Elizabeth começou a falar, mas foi interrompida por Charlotte.

— Mas eu não sei se quero ser mãe, Elizabeth. — Disse a senhora Collins. — Não quero ter um filho para ser um brinquedo nas mãos Lady Catherine, tal qual o pai. Sinto arrepios​ só de pensar no horror que seria isso.

Elizabeth sabia que não havia nada que ela pudesse dizer ou fazer para aliviar o tormento de sua amiga. Então, ela fez a única coisa que estava ao seu alcance e abraçou Charlotte para junto de si.

— Eu sinto muito. — Disse ela e Charlotte a abraçou de volta.

Charlotte não merecia passar por aquilo, porém aquela era a realidade da maior parte das mulheres. A sociedade fazia as mulheres pensarem que casar-se e gerar filhos, era a única chance de felicidade. Porém, ao invés de encontrar felicidade, ou ao menos um descanso, Charlotte encontrou no casamento uma verdadeira prisão.

— Creio que amor e casamento foram grandes armadilhas para nós duas. — Meditou Charlotte enquanto secava as lágrimas. — Ou nos casamos sem amar, ou amamos e não podemos estar com o objeto de nossa afeição.

— É uma maneira triste de se pensar... No entanto, devo concordar. — Disse Elizabeth.

As duas amigas continuaram seu passeio e vez ou outra o silêncio dominava. Elas viviam realidades completamente diferentes agora, porém, a intimidade que tinham tornava palavras indispensáveis. Sendo assim, Charlotte sabia que Elizabeth também não estava bem.

— Eu falei muito sobre mim… — Charlotte falou. — Mas agora deveríamos falar um pouco sobre você. Como está se sentindo depois de tudo o que passou?   

— Ainda estou me adaptando… — Elizabeth respondeu vagamente.

— Como sua mãe reagiu quando você voltou?

— Ela ficou sem falar comigo por quase dois dias. — Respondeu Elizabeth rindo. — Mas agora que o senhor Bingley voltou para Netherfield, minha mãe esqueceu-se um pouco de mim.

Ao entrar nesse assunto, Elizabeth lembrou que deveria perguntar para sua amiga, se o senhor Collins havia tomado alguma decisão no que se referia a propriedade de Loungbourn.

— Charlotte, eu não quero ser indelicada, ainda mais depois de tudo o que me confidenciou, mas eu me lembro agora, que tenho algo a lhe perguntar. — Disse Elizabeth um tanto receosa, pois não queria ofender Charlotte, mas sua amiga a incentivou a continuar. — O que o senhor Collins fará agora, já que não estou mais com o senhor Darcy? — Perguntou ela.

— Como assim? — Charlotte questionou. — Não entendo o que quer dizer.

— Creio que não fui clara. — Elizabeth retificou. — O senhor Collins ainda nos deixará morando em Loungbourn?

Quando perguntou isso, Elizabeth viu a expressão de sua amiga mudar de confusa para surpresa.

— Lizzy... Loungbourn não pertence mais ao senhor Collins há um bom tempo. — Respondeu Charlotte e foi a vez de Elizabeth ficar confusa.  

— Então pertence a quem? — Perguntou Elizabeth não escondendo o espanto em sua voz.

— Isso era para permanecer em segredo, mas você é minha amiga e creio que na presente circunstância, será melhor que eu o revele. — Charlotte começou. — O senhor Darcy comprou Loungbourn logo que seu pai faleceu. Ele pediu ao meu marido que mantivéssemos segredo, mas agora acho que é justo que você saiba da verdade.

— Mas isso não é possível! — Falou Elizabeth cobrindo a boca com as mãos. — Por que ele escondeu isso de mim?

— Eu não posso afirmar as razões dele, mas ele enviou uma carta ao senhor Collins, alguns dias depois do falecimento do senhor Bennet, e por meio dela convocou meu marido para uma reunião de negócios. — Contou Charlotte. — Ele pagou por Loungbourn o dobro do que ela vale, mas para isso, exigiu que o senhor Collins guardasse segredo sobre a negociação. Foi a pedido dele que o meu marido ofereceu a casa para sua família, como se a residência ainda pertencesse a ele.

— Oh meu Deus! — Exclamou Elizabeth.

Ao mesmo tempo que aquela história parecia absurda, ela era também muito óbvia, pois Elizabeth conhecia bem o caráter generoso do senhor Darcy.

O senhor Darcy comprou Loungbourn com o único objetivo de ajudar. Mesmo depois que ela terminou o compromisso e foi embora, ele ainda mantinha Loungbourn com sua família. Por todo aquele tempo, foi ele quem assegurou o bem estar dela e de suas irmãs. E o que ele recebeu em troca por tal ajuda? Apenas rejeição e incompreensão. Isso a deixava cada vez mais envergonhada de suas atitudes para com ele.

Ela sempre julgou-se muito esperta, e de certa forma se orgulhava de sua capacidade de entender as pessoas e o caráter delas, porém, depois de tudo aquilo, Elizabeth se convencia cada vez mais de que para assuntos do coração, ela agia de forma completamente passional.

Quando ficara noiva do senhor Darcy, ela esperava conhecê-lo melhor no período em que estivessem juntos. Contudo, além de conhecer melhor o senhor Darcy, ela conheceu mais sobre si mesma e sobre sua própria natureza.

Ao fim das contas ela sabia que estava completamente perdida nos próprios sentimentos. E essa era a pior parte.

Charlotte percebeu que sua amiga se calou e ficou pálida de repente.

— Lizzy, quer que eu a leve para casa? — Perguntou ela, segurando a mãe de Elizabeth.

— Oh Charlotte, eu fui tão cega… — Murmurou Elizabeth enquanto sua mente era invadida por uma enxurrada de memórias.

A senhora Collins via o quanto sua amiga estava consternada com aquilo tudo.

— Elizabeth, sei que não sou a pessoa mais entendida sobre o assunto para dar-lhe conselhos amorosos, no entanto se eu fosse você, eu sairia agora mesmo e correria atrás do meu amor e minha felicidade.

— O senhor Darcy não vai querer nem me ver depois de tudo... — Falou Elizabeth com pesar.

— Não diga bobagem ... — Charlotte disse convicta. — O pobre homem está sofrendo Elizabeth. Se realmente se arrepende por tê-lo deixado, deve procurá-lo.

— Você o viu?

— Sim. — Charlotte respondeu. — Assim que Lady Catherine soube que ele não​ estava mais noivo, ela o convocou para ir até Rosings. Ele está mais fechado e taciturno do que quando o conhecemos aqui em Hertfordshire e para piorar, Lady Catherine quer casá-lo com Anne o mais breve possível.

— Ele não faria tal coisa. — Afirmou Elizabeth balançando a cabeça algumas vezes em negação.

— Ele já tentou casar por amor, e não deu certo. O que o impedirá agora de  cumprir suas obrigações familiares e se casar com Anne? — Charlotte argumentou. — Apenas você poderá impedir que o senhor Darcy cometa o mesmo erro que eu, e se case sem amor. Ele ainda a ama Elizabeth.

Ela obviamente​ te estava exagerando nos fatos pois o senhor Darcy não pretendia realmente se casar com Anne, mas Charlotte​ sentia que falar aquilo era necessário para que Elizabeth agisse logo.

E realmente seu plano deu certo pois Elizabeth sentiu repulsa só de imaginar o senhor Darcy se casando com qualquer mulher que não fosse ela. Nem que Anne nascesse de novo ela seria a mulher certa para ele.

Elizabeth sentiu que precisava tomar alguma atitude rápido antes que perdesse o senhor Darcy de uma vez por todas.


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Notas finais do capítulo

Finalmente a senhorita Cabeça dura resolveu agir kkk

O que acharam? Lembraram da carta que o senhor Darcy escreveu no capítulo cinco? Foi essa carta que ele mandou para para o senhor Collins.

O que esperam para o próximo capítulo? Posso prometer que já teremos Darcy (aleluia) s2

Postarei o próximo na semana que vem :)



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