Uma Senhora Para Pemberley escrita por AustenGirl


Capítulo 23
A Carta


Notas iniciais do capítulo

Boa noite pessoinhas lindas!

Sei que demorei demais, mas tenho um bom motivo! Juro juradinho! Problemas de saúde na família, mas agora está tudo bem, graças a Deus.

Obrigado mesmo pelos comentários e favoritos... você são demais!

Agora vamos a mais um capítulo, boa leitura! ♥



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A chuva ficava cada vez mais intensa e isso deixava todos em Pemberley cada vez mais apreensivos, tanto com a senhora Bennet e suas filhas, que haviam partido de Derbyshire poucas horas antes de a chuva começar, como com o senhor Darcy que saíra a poucos minutos ao encalço de Elizabeth e até o presente momento, nenhum deles haviam voltado.

— Será que a Lizzy foi embora​ também? — Margareth perguntou olhando preocupada para a sua mãe.

— Claro que não minha querida! — Disse a senhora Gardiner, procurando tranquilizar sua filha. — Ela e o senhor Darcy devem ter se protegido da chuva em algum outro lugar lá fora. Logo estarão aqui! — Disse ela e olhou de soslaio para seu marido em busca de apoio e ele reforçou as palavras de sua esposa enquanto abraçava a menina Beth que também estava apreensiva ao lado de seu pai.

Charles Bingley não parava de olhar pela janela por um segundo sequer. 

Estava preocupado e não poderia deixar de sentir-se culpado por aquela situação. Se ele não tivesse falado nada sobre o que Darcy havia feito, Elizabeth não teria saído de casa com aquele tempo, e seu amigo não estaria a procura de sua noiva em plena chuva. 

Porém, não era só com o casal que ele se preocupava. As palavras de Elizabeth ainda rodeavam sua mente e ele tentava entender o que havia acontecido realmente. Tentava encaixar todas as peças daquele confuso quebra cabeças envolvendo ele e Jane e a cada minuto que passava ele ficava mais ansioso para saber a verdade. Pela primeira vez em muito tempo ele se permitia ter um pouco de esperança. 

Ele olhava atentamente pelo vidro da janela, e embora estivesse bem embaçado com a chuva ele pode reconhecer quando Elizabeth se apriximava da casa a passos largos. 

— A senhorita Bennet está voltando​! — Falou ele sorrindo aliviado. 

Todos se posicionaram em pé e logo Elizabeth entrou na sala em um rompante.

— Lizzy! Graças a Deus! — A senhora Gardiner falou, indo ao encontro da sobrinha e abraçando-a sem se importar com os trajes molhados da moça. — Está tudo bem? Quase morremos de preocupação! — Falou segurando o rosto de Elizabeth entre as mãos, procurando analisar o estado dela.

Elizabeth preparou-se para responder alguma​ afirmação qualquer pois queria sair daquela sala logo antes que o senhor Darcy voltasse, porém ao ver o olhar preocupado de Georgiana sobre si, ela não conseguiu dizer, nem fazer nada.

— Onde está o meu irmão? — Perguntou Georgiana ao ver o olhar atônito de Elizabeth.

— Eu sinto muito! — Disse Elizabeth e saiu apressada da sala, correndo em direção ao seu quarto deixando todos sem entender o que estava acontecendo até que o próprio senhor Darcy apareceu. 

Os olhares questionadores se direcionaram a ele, mas assim como Elizabeth, o senhor de Pemberley não permaneceu na sala por muito tempo para responder as dúvidas dos ali presentes e foi para seu escritório rapidamente, trancando-se lá dentro a seguir.

A senhora Gardiner não hesitou em ir atrás de sua sobrinha para saber o que estava acontecendo. Chegou até a porta do quarto e bateu algumas vezes.

— Lizzy, o que está havendo? Estamos preocupados. — Disse ela ainda do lado de fora e ouviu quando Elizabeth aproximou-se da porta e a abriu.

— Minha tia! — Murmurou ela e abraçou a senhora, enquanto deixava algumas lágrimas caírem. — Está tudo acabado. — Disse ela. — Nós não somos mais noivos. 

A senhora Gardiner a afastou para poder olhar nos olhos de sua sobrinha e mal podia acreditar no que ouvira. 

— Mas o que aconteceu? 

— Nunca daria certo, tia. — Disse Elizabeth secando as lágrimas e tentando recobrar o controle sobre si mesma. 

A senhora Gardiner tentou extrair mais alguma informação coerente de sua sobrinha, mas foi em vão. A única coisa que ela pôde compreender, pelo modo como a jovem falava, era que fora a própria Elizabeth que terminou o compromisso dos dois e não o senhor Darcy.

Ela se recordou do conselho que dera a sobrinha, pouco antes de Elizabeth aceitar a proposta do senhor Darcy. Dissera a ela que, se por ventura, os sentimentos dela em relação ao cavalheiro não  mudassem, ela poderia declinar da decisão. Porém, devido ao tempo que a senhora Gardiner havia passado na presença do casal, ela duvidava muito que fosse falta de amor o motivo da separação. 

Aqueles dois se amavam e isso era óbvio, por isso sua tia não conseguia compreender que motivo teria levado Elizabeth a terminar seu compromisso.

— E então o que fará agora? — Perguntou a senhora Gardiner depois de algum tempo, pois viu que não conseguiria extrair nenhuma informação a mais naquele momento. 

— Vou arrumar minhas coisas e partir ainda hoje se possível. — Respondeu Elizabeth e já estava calma o suficiente para falar sem a voz embargar.

— Claro. Certamente. — A senhora Gardiner falou e acenou positivamente algumas vezes. — Falarei com o senhor Gardiner e assim que arrumarmos as nossas coisas partiremos. 

Elizabeth sorriu grata pelo apoio incondicional que recebia e também aliviada pelo fato de sua tia não ter lhe feito mais perguntas. Não que ela tivesse algo a esconder de sua amada tia, mas ela sabia que não teria condições naquele momento de falar sobre o assunto. Ela só queria sair de Pemberley o mais rápido possível e era como se sua sanidade mental dependesse disso.

Enquanto isso Georgiana Darcy não conseguia compreender o que estava acontecendo. Preocupada com o senhor Darcy, ela foi ao encalço do seu irmão pois queria entender o que havia ocorrido para que ele e Elizabeth entrassem em casa naquele estado. 

Ao chegar até a porta do escritório, Georgiana constatou que ela estava realmente trancada.

— Irmão! O que está acontecendo? Eu estou ficando nervosa! — Disse ela colando o rosto junto a porta, para tentar ouvir qualquer barulho que ocorresse no lado de dentro.

— Eu apenas desejo ficar sozinho. — O senhor Darcy respondeu de dentro do cômodo. — Apenas... — Falou e deu uma pequena pausa após respirar  fundo. — Apenas me avisem quando Elizabeth estiver partindo.

— Por que ela vai embora? — Georgiana insistiu e sentia seu peito apertar, como se algo em seu íntimo já soubesse qual seria a resposta.

— Ela não é mais minha noiva. Tem o direito de partir quando quiser. Agora por favor, apenas me deixe sozinho! — O senhor Darcy respondeu com a voz baixa e embargada. 

Georgiana abriu e fechou a boca algumas vezes, sem saber o que dizer sobre aquela informação. Embora não​ pudesse ver o rosto de seu irmão e nem ouvi-lo direito, ela pôde perceber que ele chorava. 

— Senhor Darcy, por favor, conte-me o que aconteceu! — Pediu ela. — Vocês se amam, não podem se separar! — Insistiu ela, porém desta vez não houve resposta. 

O senhor Darcy não sentia-se capaz de contar para sua irmã. Ele não conseguiria colocar em palavras tudo o que estava sentido, pois nem ele compreendia seus sentimentos.

Era uma mistura de culpa, raiva e decepção que esmagavam seu peito de uma forma assustadora.

A última vez que sentira algo semelhante foi quando descobriu que Georgiana fugiria com George Wickham e naquele dia prometera para si mesmo que jamais se permitiria sentir daquela maneira novamente.

Porém, de nada adiantou prometer, pois na presença de Elizabeth ele abriu muitas das barreiras que havia construído em torno de si próprio e agora era como se nada pudesse protegê-lo daquela dor.

Ele reconhecia que não era perfeito e mais do que nunca reconhecia que havia errado no que se referia a Charles e Jane. No entanto, o fato de reconhecer sua culpa naqueles fatos, não fazia sua dor diminuir. 

Nunca fez nada com o intuito de prejudicar ninguém. Se empenhava para fazer o bem e feliz todas as pessoas que ele gostava, mas ao que parecia, ele não conseguia fazer de si próprio um homem feliz. 

Isso era extremamente frustrante e ele se perguntava o que tinha feito de tão errado e mau para que a felicidade lhe fosse negada daquela maneira. Com aqueles pensamentos em mente ele ficou trancado em seu escritório, até que a própria Georgiana o chamou depois de algumas horas para avisar-lhe que os hóspedes já estavam partindo.  

A chuva havia dado trégua, comprovando ser apenas um fenômeno de verão. Sendo assim, Elizabeth e sua família já se encontravam em frente a casa para partir. Alguns criados e a própria Georgiana tentaram persuadi-los a não ir, devido ao tempo úmido, mas de nada adiantou.

As bagagens foram organizadas e devidamente arrumadas na carruagem enquanto Georgiana e o​ senhor Bingley despediam-se da família. Nenhuma explicação a mais foi dada a nenhum deles, e o senhor e a senhora Gardiner apenas agradeceram a estadia e hospitalidade da família Darcy.

Elizabeth abraçou Georgiana e a jovem não conseguia compreender tudo aquilo. Não recebera explicações de nenhuma das partes então a única coisa que lhe restava era se despedir de Elizabeth e desejar uma boa viajem a ela. 

Enquanto elas se abraçavam, Elizabeth olhava para a porta de Pemberley e por alguns segundos desejou que o senhor Darcy aparecesse ali, pois gostaria de ver o rosto dele, nem que fosse por uma última vez. Porém ela logo afastou esse desejo. Não seria bom se ele aparecesse, pois no final das contas só prolongaria o sofrimento de ambos.

Ela estava quase entrando na carruagem, quando ouviu a voz dele, chamando por ela.

— Senhorita. — Disse o senhor Darcy formalmente enquanto se aproximava de Elizabeth. — Sei que não tenho esse direito, mas peço que tenha a bondade de ler essa carta quando lhe aprouver. — Falou ele entregando nas mãos de Elizabeth um envelope selado com o brasão da família Darcy.

Sem olhar nos olhos dele, ela apenas assentiu, pois não havia o que dizer e então entrou na carruagem que sem demora partiu.

Quando a carruagem começou a andar, Elizabeth controlou todos os seus impulsos para não olhar para trás, pois sabia que se o fizesse, seria impossível não chorar. 

O senhor Darcy observava atentamente enquanto o veículo se afastava e podia ver a silhueta de Elizabeth dentro da carruagem. Queria que ela olhasse para trás ou lhe desse qualquer indício de que estava arrependida daquela decisão, ou que estava sofrendo tanto quanto ele, porém nada aconteceu. 

A carruagem sumiu no horizonte, levando seu amor e sua felicidade.

(...)

A viagem até Londres era longa. 

A família Gardiner cedera ao cansaço e todos acabaram dormindo durante o trajeto. Elizabeth observava a paisagem que se estendia pela estrada e vez ou outra enxugava alguma lágrima que teimava em cair. Ela ainda tinha em mãos a carta que o senhor Darcy lhe entregara, mas faltava-lhe a coragem de abri-la. 

O que ele teria a lhe dizer depois de tudo aquilo? 

Embora curiosa para saber o conteúdo da carta, ela não sabia o que esperar e temia que o conteúdo dela, a fizesse sofrer ainda mais. 

Mais alguns minutos se passaram e ela vez ou outra olhava o envelope, até que finalmente resolveu abrí-lo. Assim que fez isso, algo caiu de dentro dele. Olhou ao redor e viu a pedra de brilhante reluzindo no chão da carruagem.

Era o anel de noivado.

Ela o recolheu do chão e isso aumentou a sua apreensão em relação ao conteúdo da carta. Vagarosamente ela desdobrou o papel e então começou a ler.

Pemberley, 20 de Agosto.

Não fique alarmada, minha senhora, pensando que essa carta contém mais alguma insistência de minha parte para que fique ou a repetição de meus sentimentos pela senhorita, pois creio que neste momento, nada do que eu disser a fará voltar atrás.

O meu esforço em escrever esta carta, e o seu esforço ao lê-la, teria sido poupado se meu caráter não exigisse que ela fosse escrita e lida. Depois de tudo o que me disse, eu senti a necessidade de defender-me e de explicar minhas ações. A senhorita me conhece o suficiente, então, com certeza, sabe que eu detesto ser mal interpretado.

É apropriado que eu comece esta missiva explicando-lhe sobre minhas ações com respeito ao relacionamento de Charles Bingley com sua irmã.

Tão logo meu amigo conheceu a senhorita Jane, no baile em Lucas Lodge ele se mostrou afeiçoado por ela. Eu pensei que seria apenas uma paixão passageira, pois não foram raras as vezes que Charles pensou estar apaixonado por alguma dama. 

Porém, conforme o tempo passava, eu percebi que ele estava cada vez mais apegado a sua irmã, e as intenções dele para com ela, se tornavam cada vez mais sérias e reais.

No dia do baile em Netherfield, não apenas sua mãe, mas outras pessoas passaram a fazer alusões e conjecturas sobre um futuro casamento para ambos. Falavam sobre isso como se fosse um evento certo, ao qual só não se sabia a data e isso me deixou preocupado.

Sendo assim, eu passei a observar atentamente o comportamento de ambos. Sua irmã embora recebesse com alegria as atenções de Charles, não demonstrava qualquer sintoma de uma afeição especial. Isso me levou a crer que ela não estava apaixonada pelo senhor Bingley. 

Foi esse o principal motivo que me levou a interferir no relacionamento deles e sinto muito por ter cometido esse erro, mas todas as evidências me levaram a crer em tal coisa. Minha intenção nunca foi magoar sua irmã, e sim unicamente proteger o meu amigo.

Talvez realmente tenha sido mesmo hipócrita de minha parte aproximar-me da senhorita, mesmo sabendo que nosso relacionamento teria as mesmas dificuldades que acreditei que Charles e sua irmã teriam. Mas creio que estava tão cego pelo amor que pouco me importei com isso. 

Na realidade eu sempre soube que nosso relacionamento não seria fácil. Nossas diferenças sociais, financeiras e até mesmo de temperamento, seriam obstáculos a serem vencidos. Mesmo sabendo disso, eu fui adiante e eu me sentia preparado para enfrentar todos os obstáculos e problemas que viriam, pois eu achei que por amor valeria a pena.

Eu realmente acreditei que era apenas uma questão de tempo até conquistar o seu afeto, mas pelo visto eu também me enganei neste aspecto. 

Neste ponto da carta, ouso dizer que se eu fui hipócrita por me aproximar, a senhorita também está sendo hipócrita por ir embora e terminar nosso compromisso um dia depois de dizer que me amava. 

A senhorita foi enfática ao dizer que não teríamos dado certo e estávamos fadados ao fracasso, no entanto, é difícil acreditar que não seríamos felizes, quando lembro dos bons momentos que passamos e depois que ouvi de sua própria voz sobre seus sentimentos por mim.

A senhorita realmente sentia algo por mim, ou disse que me amava apenas pelo impulso do momento? Talvez essa seja a dúvida com a qual terei de conviver pelo restante dos meus dias.  

Eu também precisava devolver-lhe esse anel de noivado, pois não faz sentido que ele fique comigo. Eu não vou vendê-lo, nem muito menos dá-lo a outra mulher. Ele é seu. Pode ser que isso não signifique nada para a senhorita, mas para mim significa muito.

São com essas  palavras que eu me despeço e desejo sinceramente que seja feliz.

Acrescentarei apenas, que Deus a abençoe.

Fitzwilliam Darcy

Ao terminar de ler, Elizabeth não conseguia mais segurar as lágrimas. As palavras dele tiveram um efeito avassalador, pois ela podia sentir em casa uma delas a mágoa e tristeza que o senhor Darcy estava sentindo. Ela nunca pensou que amar pudesse doer tanto.

Sofrer por amor não era como nas tragédias de Sheakespeare onde tudo é retratado como algo glorioso, belo e poético, no entanto, agora que ela sentia como era, podia constatar que não havia glória, beleza nem poesia naquele sofrimento. Era feio, doloroso e tudo o que ela sentia naquele instante era um grande vazio.

Tentava consolar-se pensando que aquela separação era realmente o melhor para os dois, porém naquele momento ela própria já duvidava da veracidade daqueles pensamentos. E o pior era que agora não dava mais para voltar atrás. 

Ela olhou novamente para o anel de noivado e então o colocou como pingente em um colar simples que ela usava no pescoço. Só lhe restava agora seguir em frente e aquele anel lhe serviria como uma boa lembrança daqueles dias inesquecíveis que passara com o senhor de Pemberley.

Com o seu Fitzwilliam Darcy. 


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Notas finais do capítulo

Owwn gente eles estão sofrendo eu sei, mas tudo se resolverá em breve! Prometo!

Mas o que vcs acham que vai acontecer? Qual dos dois vai dar o passo para voltarem?

Espero ansiosamente as opiniões! bjos ♥



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