Uma Senhora Para Pemberley escrita por AustenGirl


Capítulo 14
Problemas no Paraíso


Notas iniciais do capítulo

Oii gente linda!

Primeiramente quero me desculpar e justificar pela demora!

Assim eu estava com boa parte do capítulo escrito à umas duas semanas, mas daí eu tive uns problemas de saúde, fiz alguns exames e então não conseguia me concentrar para terminar de escrever.

Mas agora graças a Deus está tudo bem e espero voltar ao ritmo normal de postagem.

Para compensar o capítulo está bem grandinho, acho que o maior que dá fic até agora.

Muito obrigado pelos comentários de incentivo e por não desistirem de mim!

Enfim, desejo a vocês uma boa leitura e espero que gostem.



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Contrariando as expectativas do senhor Darcy, os primeiros dias que se passaram desde a chegada a Pemberley foram muito agradáveis.

Depois que os visitantes conheceram o interior da casa e descansaram, no dia seguinte fizeram um passeio pela parte externa da propriedade, e o senhor Darcy até mesmo aproveitou a oportunidade para pescar com o senhor Gardiner no lago de Pemberley.

A companhia constante de Elizabeth servia para deixá-lo ainda mais consciente de seu amor pela moça. E o senhor Darcy estava contente ao notar que ela demonstrava estar cada vez mais à vontade em sua companhia.

O senhor Darcy também gostava muito da companhia do tio de Elizabeth. Embora o senhor Edward Gardiner já não estivesse mais na flor da idade, ele ainda tinha muita saúde e muito vigor. Isso somado a sua inteligência, amabilidade e discernimento, o tornavam um homem muito agradável. 

No entanto, o senhor Darcy não sentia o mesmo prazer na companhia da senhora Bennet e de suas filhas mais novas. Conforme o tempo passou, a convivência com a família de Elizabeth foi se tornando exaustiva para ele.

Sua futura sogra não perdia as oportunidades para fazer comentários impertinentes a respeito do noivado deles, sugerindo datas para o casamento bem como fazendo conjecturas sobre a futura cerimônia sobre como deveria ser a festa.

As irmãs mais moças de Elizabeth também não ficavam muito para trás. Embora raramente fossem indiscretas para com ele, elas constantemente tinham atitudes que o incomodavam. Como por exemplo, o senhor Darcy gostava de fazer as refeições com calma, em silêncio, ou então com uma conversa amena, mas as meninas eram exatamente o oposto. Várias vezes elas cochichavam entre si e soltavam risadas estridentes chamando a atenção de todos.

Por consideração a Elizabeth, o senhor Darcy estava fazendo o seu melhor para não se mostrar afetado com o comportamento delas. Porém, ao contrário do seu irmão, Georgiana Darcy estava gostando da companhia das irmãs Bennet.

Embora elas fossem bem diferentes das pessoas com quem Georgiana sempre conviveu, ela achava interessante ver a interação entre as irmãs, principalmente das duas mais jovens. Elas compartilhavam segredos entre si, faziam brincadeiras e estavam sempre rindo. A impressão que ela tinha era que as irmãs Bennet estavam sempre felizes, e isso despertou na jovem Darcy um certo ciúme, pois ela desejava algo parecido para si também.

Georgiana amava muito seu irmão e ele era a pessoa mais importante de sua vida, porém devido à diferença de idade e de gênero, ela nunca sentiu-se a vontade para conversar com ele sobre seus assuntos particulares. O relacionamento entre eles ficou um pouco mais complicado quando seu irmão descobriu seu envolvimento com George Wickham. Ela sentia-se profundamente envergonhada de seu comportamento, e depois do ocorrido ela tornou-se ainda mais reservada do que antes. 

A jovem Darcy sentia falta de ter amizade com moças da sua idade. Devido a isso, ela estava apreciando muito a presença das irmãs Bennet em Pemberley.

Uma certa manhã Georgiana estava na biblioteca lendo um livro, quando ouviu passos rápidos pelo corredor, acompanhados de algumas risadas. Ela largou o livro que lia sobre a mesa e decidiu ver o que acontecia. Ao olhar pela porta viu que se travavam de Catherine e Lydia Bennet. A jovem Darcy as seguiu pelo corredor sem ser notada pelas duas irmãs, até que as meninas entraram em uma das salas de uso comum.

— Ora deixe de ser medrosa Kitty. - Georgiana pode ouvir Lydia Bennet repreender a sua irmã. - Nenhum monstro nos atacará se passearmos no jardim!

— Eu não sou medrosa! - Retrucou Catherine.

— Não é? - Debochou Lydia. - Então vamos até o jardim! - Desafiou ela.

Georgiana ouvia o impasse entre as irmãs, e então para se fazer notar pelas duas ela pigarreou. Kitty se assustou e soltou um grito agudo.

— Ah é você! - Exclamou a jovem Bennet espalmando as mãos no peito. - Quase me mata de susto! - Disse ela aliviada e então sorriu.

— Desculpe-me. - Disse Georgiana timidamente. - Não foi a minha intenção assustá-la.

— Não precisa se desculpar! A Kitty que se assusta por qualquer coisa! - Lydia respondeu abanando uma das mãos querendo dizer que não havia ocorrido nada de mais.

As irmãs Bennet então ficaram em silêncio olhando para a senhorita Darcy, pois não sabiam muito bem sobre como agir na presença dela, já que na maioria das vezes Georgiana era muito calada.

— Bom... Peço desculpas pela minha intromissão, mas é que eu ouvi vocês falando sobre passear pelo jardim... - Georgiana começou a falar um pouco hesitante.

— Foi tudo ideia da Lydia! - Kitty apressou-se em dizer pensando que Georgiana as repreenderia.

— É que... Eu queria me oferecer para guiar vocês, se não se importarem. - Disse a jovem Darcy e Lydia lhe sorriu.

— Seria perfeito! - Exclamou ela. - Assim poderá nos mostrar todas as passagens secretas e assustadoras que existem nessa propriedade! - Disse apenas para provocar sua irmã. - Kitty morrerá de medo!

— Eu já disse que não tenho medo! - Kitty manifestou-se indignada.

— Tem sim! - Lydia falou olhando para Kitty. - Acredita que sempre dormimos com uma vela acesa, pois a Kitty tem medo do escuro? - Perguntou olhando para Georgiana que riu.

— Não é por medo do escuro! - Kitty defendeu-se. - É que eu levanto muito a noite e tenho medo de cair!

— Ah que seja! - Disse Lydia dando de ombros. - Vamos logo para o nosso passeio! - Falou e enganchou-se em um braço de Georgiana como se fossem velhas amigas e pegando a jovem Darcy de surpresa.

Kitty enganchou-se em seu outro braço e assim as três garotas saíram da sala.

— O que há de divertido para se fazer em Pemberley, além de passear? - Lydia perguntou-lhe.

— Eu gosto de ler e tocar música. - Respondeu Georgiana.

— Arre! Eu odeio ler. E não sei tocar uma nota sequer. - Lydia falou em seu tom casual. - O que eu gosto mesmo é de dançar! 

Continuaram caminhando as três juntas até chegarem a uma outra sala da casa, onde encontraram  Elizabeth e o senhor Darcy conversando. Elas sorriram cumprimentaram o casal, e quem respondeu foi apenas Elizabeth pois o senhor Darcy não queria acreditar na cena que via.

O senhor Darcy não se agradou nem um pouco de ver sua irmã tão íntima das Bennet's mais moças. Ele guardava ainda bem  vívidas em sua memória as lembranças de quando esteve no Herdfordshire e presenciou Kitty e Lydia flertando com os militares e pouco se importando com a imagem que passavam aos outros. Esse definitivamente não era o tipo de amizade que ele queria que Georgiana cultivasse.

Naquele instante um certo arrependimento passou em sua mente por ter convidado-as para ir a Pemberley. Quando fez o convite, só pensava que faria bem para Charles, e que conviveria mais com sua noiva, mas ao ver a sua irmã tão engajada com as irmãs Bennet, o senhor Darcy perguntou-se se o seu amigo valia tanto sacrifício.

— Onde você vai Georgiana? - Questionou ele, antes que elas saíssem da sala, fazendo com que sua irmã parasse de andar e o olhasse.

— Kitty e Lydia vão passear pelo jardim e eu vou junto para guiá-las. - Explicou ela.

— Não! Você não vai! - Ele disse com uma expressão grave.

Elizabeth olhou para ele e estava um pouco espantada com a firmeza dele ao falar com sua irmã. No entanto, ao ver que na expressão de Georgiana não havia nenhum indício de surpresa, apenas desapontamento, ela supôs que a garota já estava acostumada com situações como aquela.

— Mas por que não? - Perguntou a senhorita Darcy, não por que queria desafiar seu irmão, e sim por que realmente não entendia o motivo da proibição do seu passeio dentro da propriedade.

— Prefiro que você fique. Vá praticar um pouco no piano. - Falou ele suavizando um pouco as suas expressões. - Faz tempo que não a vejo tocar. - Complementou.

— Tudo bem! - Georgiana falou depois de alguns segundos e acabou cedendo, mesmo frustrada. As meninas Bennet ficaram também chateadas pela proibição do passeio.

Porém, na tentativa de continuar na companhia das irmãs Bennet, Georgiana teve outra ideia.

— Lydia, Kitty! - Georgiana as chamou. - Vocês poderiam vir comigo? Assim posso ensiná-las a tocar! - Convidou ela sorrindo, para o pavor do senhor Darcy.

— Não! - Disse ele antes que as garotas aceitassem o convite de Georgiana. - Você se concentra melhor quando treina sozinha!

Ao falar isso ele deixou implícito que o problema não era o passeio, e sim as companhias. Ele não queria  que Georgiana andasse com Kitty e Lydia. Georgiana ainda o olhava e a seguir olhou para as irmãs Bennet's, envergonhada pela negação do seu irmão, mas não argumentou mais e apenas baixou a cabeça e o obedeceu.

As meninas Bennet também ficaram desapontadas e saíram de cabeça baixa pela outra porta. Elizabeth acompanhou toda aquela cena e não queria acreditar no que tinha acabado de presenciar.

— Minhas irmãs não fariam nenhum mal à sua irmã por apenas passearem no jardim. - Disse ela para o senhor Darcy logo que as garotas deixaram a sala.

— O que disse? - Perguntou ele olhando-a com surpresa.

Ele ficara tão absorto em sua preocupação com Georgiana que até mesmo havia ignorado a presença de Elizabeth.

— Quero dizer que não precisava ter sido tão rude com elas.

— Eu não fui rude! - O senhor Darcy defendeu-se. - Georgiana precisa treinar mais.

— Ora senhor Darcy, eu sei que tudo isso pouco teve a ver com o treinamento de Georgiana. - Elizabeth respondeu indignada. - Ficou mais do que claro que o problema era a companhia de minhas irmãs. Ou pretende negar?

— Não Elizabeth. Eu não pretendo negar. - Falou ele e soltou um suspiro cansado. - Há aspectos no comportamento de suas irmãs que não me agradam, e não creio que elas seriam boa influência para Georgiana.

Elizabeth sabia muito bem que suas irmãs muitas vezes agiam com impulsividade, e ela própria muitas vezes as aconselhou em relação a isso. No entanto, o fato de o comportamento delas ser criticado de uma maneira tão indelicada, por uma terceira pessoa não a agradou nem um pouco. 

— Reconheço, senhor Darcy, que minhas irmãs muitas vezes agem por impulso, mas elas ainda são jovens e imaturas. - Falou ela. - Ser rude com elas não ajuda em nada.

— Então o que ajuda? Deixar que elas façam o que querem e esperar que o destino se encarregue do resto? - Perguntou ele, mas não esperou uma resposta. - Se assim for, Elizabeth, creio que você e eu divergimos quanto ao que significa dar uma boa criação.

— Não foi isso o que eu quis dizer! - Ela começou a falar, porém ele a interrompeu.

— Realmente, isso não tem importância. - Disse ele. - Eu não tenho nada que ver com a maneira como suas irmãs estão sendo criadas ou com quem elas andam. A minha responsabilidade é apenas com a criação de Georgiana. Então cabe a mim decidir o que é melhor para ela. -  Falou ele já cansado daquela discussão. - E agora se me der licença, eu tenho assuntos para resolver. 

A moça nem teve tempo para formular uma resposta pois o senhor Darcy já havia saído da sala, deixando-a sozinha. O sangue dela fervia de raiva pela empáfia dele.

As críticas dele, a maneira como ele falou com suas irmãs, e principalmente a maneira como ele falou com ela, lembrou-a do senhor Darcy que ela conheceu em Herdfordshire. O senhor Darcy que ela considerava orgulhoso e arrogante. 

A passos largos Elizabeth saiu da sala e foi para o seu quarto encerrando-se lá por algum tempo.

(...) 

Depois de deixar Elizabeth sozinha na sala, o senhor Darcy seguiu para um escritório que ele tinha em casa e lá desabou seu corpo na poltrona e fechou os olhos por alguns minutos. Ele só queria ter um pouco de paz.

Respirou fundo e sua mente não parava de repassar a discussão que tivera com Elizabeth. Será que ele havia sido rígido demais com as meninas? Será que havia sido rígido demais com a própria Elizabeth?

O problema era que mesmo que ele tivesse sido rígido demais, esse era o jeito dele. Ele foi criado para ser um homem responsável, e sua própria inclinação o levava a ter esse comportamento. E além de tudo ele temia pelo futuro de sua irmã. Por mais que as vezes exagerasse ao tentar protegê-la, ele achava melhor pecar pelo excesso do que pela falta. 

Ele esteve muito perto de perder Georgiana para George Wickham, então agora faria tudo ao seu alcance para proteger sua irmã. 

Por um lado a firme convicção de proteger Georgiana de qualquer perigo fazia com que sua consciência o perdoasse por qualquer atitude tomada ou palavra dita, mas por outro, sua consciência também o condenava ao pensar que suas palavras e ações haviam magoado Elizabeth. 

Esses pensamentos tumultuaram sua mente, e deixando se levar pelo cansaço ele acabou adormecendo na poltrona do escritório e acordou somente quando uma criada o chamou para o almoço. 

Ao sentar-se a mesa, Elizabeth estava a sua frente. Ela continuava conversando com os outros e sorrindo, no entanto parecia que ela olhava para todos os lados menos para ele, deixando nítida a sua mágoa.

Quando o almoço terminou ela se retirou da mesa rapidamente, sem lhe dirigir a palavra, apenas murmurou um “com licença” direcionado a todos e saiu.

Depois do almoço o senhor de Pemberley não viu mais Elizabeth em lugar algum da casa. Era claro que ela estava o evitando e ele não estava gostando daquilo, mas se ela não queria falar com ele, ele respeitaria.

As horas passaram e o senhor Darcy decidiu entreter-se com outras coisas para evitar pensar tanto na discussão que tivera com sua noiva. Foi até a biblioteca e escolheu um livro qualquer para ler. Folheou algumas páginas do mesmo, porém não se concentrava em nada pois sua mente estava muito dispersa. 

Ainda estava ali tentando se concentrar em seu  livro quando passos rápidos pelo corredor. Passou pela sua mente que pudesse se tratar de algum criado ou criada, mas estranhou pois geralmente eles andavam sem fazer nenhum barulho. Na dúvida e um pouco por curiosidade foi ver de quem se tratava, e internamente esperava que fosse Elizabeth.

Contudo ao chegar no corredor deparou-se com alguém que ele não esperava. A pequena Margareth Gardiner. Quando ele saiu da biblioteca a garotinha o olhou e parecia estar muito assustada.

— O que está fazendo aqui sozinha? - Ele perguntou gentilmente para a menina que hesitava se aproximar dele. 

— Está indo a algum lugar? - Insistiu ele dando alguns passos em direção a ela já que ela continuava o olhando sem dizer nada.

— Eu estava brincando no jardim. -Respondeu ela. - Depois eu entrei para procurar a minha prima. - Respondeu ela.

— A Elizabeth? - Perguntou ele e Margareth assentiu. - E porque não a procura no quarto dela?

— É que eu me perdi. - Falou ela e quando disse isso sua voz embargou e os olhos dela se encheram de lágrimas. 

Ela estava apavorada. Quando ela estava no jardim achou que seria uma boa ideia entrar para procurar sua prima, no entanto logo a ideia não parecia mais tão boa assim quando ela se perdeu por entre os muitos corredores. Parecia que todos eles eram iguais e ao ver que estava perdida ela se apavorou. 

Já estava Quando o senhor Darcy a encontrou ela se sentiu aliviada. Era muito bom encontrar alguém conhecido. Porém logo o alívio passou e ela começou a ficar assustada com a presença imponente dele e temeu que ele a repreendesse por estar sozinha no corredor. Quando ele se aproximou e ela contou para ele que se perdeu, ela incontrolavelmente começou a chorar.

O senhor Darcy a olhava preocupado, mas não sabia o que fazer para a menina parar de chorar. Ele não sabia como lidar com uma criança, principalmente com uma criança chorando. Precisava encontrar a mãe dela ou Elizabeth imediatamente. 

— Calma. Por favor fique calma! - Disse ele. - Venha, vamos encontrar a sua mãe. 

Margareth aos poucos foi parando de chorar, mas ainda soluçava um pouco. O senhor Darcy ficou também mais tranquilo quando ela se acalmou. Ele lhe ofereceu a mão e embora hesitante Margareth logo segurou na mão dele e assim os dois seguiram pelos corredores a procura da senhora Gardiner. 

Primeiro foram aos aposentos tanto da senhora Gardiner como de Elizabeth, porém elas não estavam lá. Ele perguntou por elas para alguns empregados que encontrou pelo caminho e assim e não demorou muito para que eles encontrassem com a senhora Gardiner que também procurava por sua filha, já que Margareth havia simplesmente sumido de suas vistas enquanto elas estavam no jardim.

— Oh minha filha, porque saiu assim sem me avisar? - Disse ela segurando o rosto da pequena entre as mãos. - Não sabe que não pode sair assim sozinha?

— Eu só queria encontrar a Lizzy! - A menina explicou-se envergonhada abaixando a cabeça.

— Mas eu fiquei morrendo de preocupação! - Disse sua mãe. - Nunca mais faça isso! - Falou e a menina balançou a cabeça em afirmação.

— Muito obrigado por ajudá-la senhor Darcy! - Disse ela direcionando-se ao cavalheiro que as observava em silêncio. - E perdão pelo incomodo! 

— Não foi nenhum incomodo, senhora! - Ele disse com sinceridade e sorriu para ela e para a garotinha. 

— Mamãe, onde está a Lizzy? - Perguntou Margareth para a senhora Gardiner.

— Eu não sei Maggie, não a vejo desde a hora do almoço. Eu também a estava procurando na esperança de que você estivesse com ela. - Disse a senhora é Margareth ficou decepcionada.

— Ela não deve estar longe. - Falou ele. - Eu vou procurar ela para você. - Falou é a menina lhe sorriu animada. 

O senhor Darcy sabia muito bem a razão do sumiço de Elizabeth. Ela ainda estava o evitando. 

Como havia prometido para a menina​ ele saiu a cavalo pela propriedade para procurar por Elizabeth. Em sua mente ele dizia a si mesmo que estava fazendo aquilo apenas para ajudar Margareth enquanto em seu íntimo ele próprio queria encontrar com Elizabeth e acabar com aquele distanciamento tolo. Porém ele era orgulhoso demais para admitir aquilo, até mesmo para si próprio. 

Enquanto isso, Elizabeth estava próxima a um dos lagos que haviam na propriedade. Ela estava com os braços ao redor do corpo e apenas olhava para as águas límpidas que balançavam levemente conforme o vento. Estava tão distraída que nem percebeu que o senhor Darcy se aproximava dela. Só notou a presença dele quando ele estava ao seu lado.

Os dois estavam lado a lado, mas nenhum deles disse nada, Elizabeth apenas o olhou rapidamente, mas logo voltou a olhar para o lago. Naquele momento ele descobriu outra coisa sobre ela. Elizabeth era boa com as palavras, mas era melhor ainda em manter o silêncio. Mediante a constatação de que ela não falaria nada ele tomou a iniciativa.

— Que bom que a encontrei. - Disse ele. - Margareth quer muito ver você. 

— Margareth? - Perguntou ela virando-se para ele. - O que ela quer? 

— Na verdade eu não sei. - Disse ele. - Ela estava a sua procura e se perdeu pela casa. Agora ela já está com a mãe dela, mas, ainda assim, quer ver você.

— Pobrezinha! - Falou Elizabeth imaginando como deve ter sido assustador para a pequena ter se perdido em uma casa tão grande como Pemberley. 

Ambos voltaram a ficar em silêncio, porém desta vez foi Elizabeth que o quebrou.

— Acho melhor eu voltar para casa então. - Ela disse e virou-se e deu alguns passos em direção a Pemberley, porém o senhor Darcy segurou levemente o braço dela impedindo-a de sair. 

 - Elizabeth espere! - Disse ele e a jovem olhou-o nos olhos. - Eu preciso falar com você.

A moça continuava olhando-o como um incentivo para que ele prosseguisse, mas não era tão fácil assim para ele pedir desculpas, não era algo com o qual ele estava habituado. Ele respirou fundo, olhou para o lago, voltou a olhar para ela e então finalmente falou.

— Quero me desculpar pelo meu comportamento de hoje mais cedo. - Disse ele. - Fui duro demais com suas irmãs, é o pior, fui duro demais com você.

Elizabeth lhe ouvia atentamente e gostou que ele houvesse pedido desculpas, pois não esperava essa atitude dele. Assim ela lhe deu um breve sorriso apenas comprimindo os lábios.

— Eu também quero me desculpar. - Falou ela. - Na ânsia de defender minhas irmãs, acabei me intrometendo na sua decisão e na maneira como educa a sua irmã. 

Ela havia ficado verdadeiramente magoada com as palavras, porém depois que as horas passaram ela passou a pensar com mais clareza no que ele havia dito e embora isso a mortificasse, ela reconhecia que a criação de suas irmãs, e a que ela própria recebeu, era completamente da criação que o senhor Darcy queria proporcionar para Georgiana. 

Embora ainda achasse que ele havia sido duro demais, ela até certo ponto compreendia os motivos dele. No entanto, seu orgulho a impediu de procurá-lo para dizer isso a ele. Agora que ele havia lhe pedido desculpas primeiro, ela tomou coragem para desculpar-se também. 

— Não precisa desculpar-se. Eu me preocupei apenas com Georgiana e acabei ofendendo as suas irmãs. - Disse ele olhando nos olhos dela. - Eu tenho medo de perdê-la.

— Perdê-la? Por que tem esse medo? - Perguntou ela, pois a maneira como ele falava indicava que sua preocupação com Georgiana ia além do incidente com Kitty e Lydia. 

— É muito complicado. - Falou ele a abaixou a cabeça.

O homem não gostava nem de lembrar das coisas que ocorreram a menos de um ano atrás envolvendo Georgiana e George Wickham. Embora a curiosidade a corroesse por dentro, ela percebeu a hesitação dele em falar e então não insistiu.

Continuaram ali parados sem dizer nada, e o senhor Darcy ainda pensava se deveria ou não contar a Elizabeth sobre tudo. Ele confiava plenamente na discrição de Elizabeth, porém não sentia-se completamente à vontade para tocar naquele assunto, pois ainda era dolorido para ele lembrar do passado. Depois de pensar por alguns segundos, ele finalmente decidiu contar a ela. Afinal, ela era sua noiva, se não pudesse falar sobre suas angústias com ela, com quem mais ele poderia? 

— Lembra-se de George Wickham? - Perguntou ele. 

Elizabeth assentiu, embora surpresa que o nome do senhor Wickham houvesse sido mencionado.

— Nós costumávamos ser amigos durante a infância e boa parte da adolescência. - Contou ele. - Ele era filho de um dos nossos empregados mais antigos e meu pai se afeiçoou muito ao jovem Wickham. Fomos criados praticamente juntos. Quando o pai dele morreu, meu pai prometeu que cuidaria da educação de George e daria a ele um cargo no nosso presbitério. Eu nunca enxerguei o senhor Wickham como um clérigo já que ele era dado a farras e festas. Porém aquela era a decisão do meu pai. 

Elizabeth ouvia com atenção e até aquele ponto a história dele era praticamente a mesma que George havia lhe contado meses atrás em Meryton. 

— Mas então meu pai faleceu antes de poder cumprir sua promessa. - Continuou o senhor Darcy. - E eu estava disposto a cumprir a vontade dele, mas George preferiu que eu lhe desse dinheiro ao invés do cargo, pois disse que queria estudar direito. Eu lhe dei o dinheiro e depois ele simplesmente sumiu. Gastou todo o seu dinheiro e voltou quando soube que o posto no nosso presbitério estava vago e exigiu a posição que meu pai prometeu a ele. Eu neguei pois eu já havia lhe dado muito dinheiro e então ele ficou com raiva e novamente sumiu, mas jurou que se vingaria. 

— E ele se vingou? - Perguntou Elizabeth apavorada com aquela versão da história. 

— Infelizmente sim. - Disse ele. - Georgiana foi para Ramsgate no verão passado. Ela tem direito a uma herança de trinta mil libras, então como George tinha contato com a senhora que cuidava de Georgiana e então ele se aproximou da minha irmã com a ajuda dessa senhora. Ela tinha apenas quinze anos e ele facilmente a conquistou. Ela estava prestes a fugir com ele, mas por sorte eu descobri tudo a tempo de impedir esse desastre.

Quanto mais o senhor Darcy falava mais abismada Elizabeth ficava. Ela lembrava-se perfeitamente das maneiras polidas do senhor Wickham e de como ele era gentil. Chegou até a duvidar que o homem educado que ela conheceu fosse capaz de tamanha crueldade, porém tão logo essa dúvida surgiu ela foi embora. O senhor Darcy lhe inspirava uma confiança que ela nunca sentiu em relação a George Wickham, e além do mais, seu noivo jamais inventaria uma história que poderia até mesmo manchar a honra de sua própria irmã.

Sentiu naquele momento até mesmo vergonha por ter dado tanto crédito as coisas que George lhe contou. 

— Pode imaginar meu desespero quando eu soube dos planos dele? - Perguntou ele e sentiu sua própria voz falhar brevemente. - Todas as vezes que eu lembro disso, eu fico pensando em como eu quase perdi minha irmã. Por isso eu tenho tanto medo. Sei que as vezes sou rígido demais com ela, mas creio que esse é o meu jeito de protegê-la. 

Ao ouvir essas palavras foi como se uma cortina se abrisse diante dos olhos de Elizabeth e enfim ela pudesse enxergar a verdade. Tantas vezes ela julgou o senhor Darcy pelas suas atitudes, seu jeito arredio e frio, mas agora ela compreendia que essas atitudes nada mais eram do que uma defesa, uma proteção, que ele construiu em torno de si próprio e dos que ele amava. 

Eles continuavam se olhando e então para a surpresa dele Elizabeth segurou as mãos dele entre as suas e olhou-o nos olhos.

— Está tudo bem agora! - Ela afirmou e então o abraçou. 

Um abraço quente e reconfortante que teve um poder tranquilizante sobre ele. Mostrava que Elizabeth não era apenas sua noiva, ela era também sua amiga. O que ele mais desejou naquele momento era poder ficar dentro daquele abraço para sempre. 


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Notas finais do capítulo

E aí o que acharam?

Gente o senhor Darcy ajudando a Maggie perdida não foi a coisa mais fofa do mundo? Eu pelo menos amei escrever essa parte kkk

Espero que tenham gostado do capítulo! Beijos e até mais!



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