Fora dos Planos escrita por TheAlchemistMage


Capítulo 1
One Shot


Notas iniciais do capítulo

Meio que fui inspirada pela nota que a autora Tai da fanfic "My Hero" escreveu chamando o pessoal para escrever mais desse casal maravilhoso.

Percebi que era ridículo ficar só esperando o resto agir tendo jurado amor eterno ao ship, e isso incluía a difusão dele. Leio fanfics há quase 10 anos, tenho idade suficiente para escrever algo decente (21 aninhos nas costas) e ei, é o meu OTP.

TINHA que ser capaz de escrever algo. Então finalmente escrevi minha primeira fanfic, mas como sou de gêmeos passei o processo todo entre"Tá legal" e "Isso tá horrível. Eu sou um lixo". Quase que não posto ela haha. Boa ou não estou feliz de pelo menos contribuir com o fandom.



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Momo Todoroki possui uma dieta rígida a ser obedecida já que sua peculiaridade está relacionada com a quantidade de alimentos que consome. E certamente seguiria à risca ela... Se não fossem aqueles malditos enjoos.

Já era o terceiro dia que aquela ânsia horrível de vômito não passava. Ela mal conseguia encarar sua comida sem sentir-se enjoada, também andava esgotava por algum motivo nos últimos dias e nem era obra de algum vilão. Tal fato, já não passava despercebido pelo seu então marido de pouco mais de 2 anos de casamento, Shouto Todoroki.

“Momo, é o suficiente. Você vai para o hospital hoje mesmo”, seu esposo disse enquanto encarava-a por cima de sua caneca de café posteriormente a largando em cima da mesa vendo que sua esposa parecia estar prestes a praticamente pular mais uma refeição e voltar para cama.

“Não é necessário. Na certa ainda deve ser só consequência daquela adorável surpresa que o Kaminari preparou”, a morena respondeu com um sorriso ligeiramente forçado tentando convencê-lo.

Há alguns dias ela havia sido chamada pelo loiro para ajudá-lo em algo. Ele queria fazer algo especial para sua namorada de longa data, Kyouka Jirou, e optou por um jantar romântico pedindo ajuda para a melhor amiga dela e ex-vice representante de sala.

A mulher só não esperava que ele fosse tão ruim na cozinha a ponto de se arrepender amargamente de ter provado uma de suas criações no intuito de ajudar o amigo. Ela sentia arrepios só de lembrar-se do gosto. O sabor era exótico, no mínimo. Então não seria surpresa essa ser a razão de todo o mal estar que andava sentindo.

 “Então, não precisa se preocupar“, Momo respondeu calmamente.

“Não. Irei te dar uma carona até o hospital a caminho do meu trabalho com o Midoriya. Até estar totalmente recuperada, você está proibida de aceitar qualquer missão. Inclusive, deixarei avisado na agência antecipadamente que não se encontra apta a trabalhar no momento”, Shouto falou enquanto terminava de beber seu café.

“Mas-“

“Momo, você sabe que essa não é uma discussão que abra espaço para argumentos”.

Seu olhar imutável e voz firme calaram os protestos dela. Sabia que não era uma batalha que poderia ser vencida. Só restava suspirar e encarar os fatos acompanhando ele até o carro.

“O hospital mais próximo ficava há uns 20 minutos dali. Não era muito longe ao menos. Quanto mais cedo acabasse com isso, mais cedo poderia voltar a trabalhar”, pensou enquanto encostava o cotovelo na porta do carro e via a paisagem pelo vidro.

Eles seguiram a viajem em um silêncio confortável, não é como se precisassem conversar 24h por dia. Ambos já estavam acostumados e Shouto nunca foi do tipo falante para início de conversa.

Ao chegarem à porta do hospital, Shouto prometeu que a buscaria assim que terminasse a missão com o Midoriya. Teoricamente eles já haviam concluído o trabalho, mas faltava finalizar a parte burocrática: Relatórios, depoimentos e tudo mais. Era algo simples até, mas levava algum tempo e requisitava a presença de ambos na agência. Enfim, era mais uma formalidade necessária implantada pelo governo como forma de assegurar a legalidade de todo e qualquer trabalho dos heróis.

Ela acenou com a cabeça em confirmação e já se preparava para sair do carro quando foi parada por uma mão quente segurando as mãos dela prestes a retirar o cinto de segurança.

“Momo... Olha meu trabalho de hoje não é tão importante, se quiser posso ligar avisando que irei acompanhá-la. Garanto que o Midoriya entenderia. Francamente falando, odeio a ideia de deixá-la sozinha num lugar como esse que não me é... tão agradável. Ainda mais quando você não está se sentindo tão bem”, sua voz parecia cheia de preocupação enquanto desviava o olhar de suas mãos para o rosto da morena.

Shouto Todoroki podia não ser o tipo de cara que diria elogios intensamente nem que inventaria apelidos bobos ou qualquer outra coisa melosa. Mas tudo o que ele fazia e dizia era completamente sincero. Ele era mais o tipo de cara que falava o que pensava e é por isso que era nesses pequenos gestos que ele a encantava.

É, agora estava seriamente se sentindo mal por tê-lo deixado tão preocupado, embora no fundo também esteja feliz por presenciar esse tipo de demonstração de carinho da parte dele. Nunca se cansaria de se emocionar com o quanto ele se importava com ela.

“Shouto...”, a voz gentil dela soava calmamente como se quisesse tranquiliza-lo.

“É só que... sinto como se estivesse te deixando na mão. Não me parece justo”, Shouto virou o rosto retirando sua mão de cima da dela e movendo a mão esquerda dele para sua franja enquanto a bagunçava, típico de quando estava incomodado com algo.

“Você ainda se sente mal com relação a sua mãe. Acha que não fez o suficiente. Eu entendo o motivo de querer tanto estar presente, de verdade. Sei o quanto você se importa comigo e agradeço sinceramente”.

“Mas...”, sua mão lentamente moveu-se alcançando o rosto dele enquanto o acariciava para em seguida aproximar-se depositando um beijo rápido em seus lábios.

“Eu estou bem. Você vai ver que não é nada demais quando vier me pegar então pode ir sossegado ver o Midoriya, ouviu?”

 Ainda com o rosto dele próximo ao seu, ela lhe deu um daqueles seus sorrisos radiantes e ele sabia que agora era ele que havia perdido uma batalha. Ele aceitou a derrota e sorriu de volta para sua esposa trocando um último beijo antes de se despedir.

Quando o veículo já não estava mais à vista, ela se virou e começou adentrar no edifício.

O hospital não se encontrava cheio, na verdade havia uma boa quantidade de cadeiras vazias por causa do horário então foi atendida relativamente rápido. Em menos de 1 hora uma jovem enfermeira chamou seu nome enquanto averiguava sua prancheta para em seguida guiá-la até o consultório médico, localizado no meio do corredor de salas, e batendo a porta dele duas vezes para avisar que a nova paciente já estava ali.

O médico liberou a entrada e após dispensar a enfermeira tirou os olhos de seu computador para encarar a nova paciente.

“Então, sra. Todoroki, o que a traz aqui?” falou com os olhos cansados do trabalho, mas atento a ela.

“São só uns enjoos frequentes nos últimos dias e um cansaço repentino. Na verdade, provavelmente não é grande coisa, mas meu marido insistiu que fosse a um médico” deu um meio sorriso ao lembrar-se novamente da imagem de seu marido preocupado. Só a lembrança aquecia seu coração, ela sabia que tinha muita sorte em ter alguém assim.

“Sra. Todoroki, vou solicitar que faça alguns exames agora. Uma enfermeira irá acompanhá-la até o local onde eles serão realizados e dentro de algumas horas saberemos o resultado, depois a chamarei de volta para dar o diagnóstico, está bem?”.

Ela acenou com a cabeça em reconhecimento e logo em seguida ele chamou a mesma enfermeira de antes pelo interfone que prontamente retornou e a levou para a sala dos exames.

Algumas horas depois foi chamada de volta à sala do médico levantando-se de sua cadeira na sala de espera e passando mais uma vez pelo mesmo corredor de antes que agora se encontrava mais movimentado no horário da tarde. Já dentro da sala, foi recebida pelo mesmo médico de antes com um inexplicável sorriso. O motivo veio a ser explicado logo em seguida.

“Meus parabéns, você está grávida!”, ele disse animadamente ainda mantendo o mesmo sorriso de antes em seu rosto.

...

‘Oh”, isso foi tudo que ela conseguiu dizer.

~~~

Shouto havia acabado de finalizar os últimos acertos com relação ao seu trabalho atual e já se despedia de Midoriya pronto para ir pegar sua esposa no hospital. Bem quando estava rolando a tela de seu celular viu seu nome com uma nova mensagem escrita abaixo dele:

“Estou indo para casa”.

...

Isso era estranho. Não era algo que a mesma faria. Ela era o tipo de pessoa que seguiria à risca aquilo que foi combinado e, se por algum milagre, não conseguisse cumprir, ela avisaria com antecedência e enviaria junto um longo pedido de desculpas e os motivos que a levaram a isso. Uma mensagem curta de uma só frase e pouco reveladora como essa era algo típico dele, não dela.

Certo, agora ele REALMENTE estava preocupado. Talvez alguma coisa tenha acontecido naquela ida ao hospital.

“Merda. É melhor você estar bem, Momo.”

E a próxima coisa que se viu foi um Shouto desesperado atrás de sua esposa acelerando para chegar em casa o mais rápido possível.

~~~

Com a mão direita ela girou a maçaneta da porta adentrando em sua residência enquanto com a outra mão largava sua bolsa em cima da mesa, prosseguindo para o sofá da sala onde desabou seu corpo. Com o rosto para baixo, lentamente suas mãos subiram enterrando ele no meio delas e deixando seus pensamentos inundarem sua mente.

“E agora?”

“O que eu faço?”

“Isso não estava nos planos!”

Não é que ela nunca tivesse pensado sobre isso, é só que... Ela não parecia capaz. Quer dizer, uma coisa é brincar um pouco ou cuidar temporariamente (ela adorava quando Uraraka e o Midoriya traziam seus filhos para visitá-los, sempre se oferecia prontamente para tomar conta deles quando precisassem), mas criar uma criança... Era outro nível de responsabilidade. E se falhasse e a fizesse sofrer?

“E o que o Shouto pensa sobre o assunto? Nós nunca chegamos a conversar sobre isso...”.

“E se ele não estiver bem com isso? Ele teve uma infância complicada... talvez não fosse o tipo de conversa com a qual estivesse confortável em ter, ainda mais desse jeito...”.

Incomodar ele era o que ela menos queria, odiaria a possibilidade de empurrar algo que ele não gostaria. Seus olhos se arregalaram de horror na possibilidade e subitamente, lágrimas começaram a brotar deles e em pouco tempo já estava em prantos.

“Como ela já estava tão desestabilizada assim? Seria a tal instabilidade emocional decorrente da gravidez”?

Não fazia ideia, mas sentia-se patética desse jeito e ainda assim não conseguia evitar as emoções aflorarem em meio às lagrimas. No entanto, seus pensamentos logo foram interrompidos pela abertura repentina da porta da frente com um Shouto aflito à procura dela.

Ao encontrá-la em prantos ele correu, se ajoelhando diante ela enquanto suas mãos alcançavam seus ombros a fazendo olhar para ele.

“Momo, o que há de errado?”, ele perguntava visivelmente abalado com a visão em sua frente.

Ela tomou uma respiração profunda desviando os olhos para baixo antes de finalmente falar.

“Eu estou grávida”.

Os olhos dele se arregalaram em choque, demorando um pouco para recuperar-se para em seguida aproximar-se colocando seus braços ao redor dela e a abraçando firmemente.

“Que incrível Momo! Você definitivamente é incrível”.

Sua voz animada e toque gentil a surpreenderam, piscando os olhos tentando assimilar a situação.

“V-Você está mesmo bem com isso? Nem mesmo conversamos sobre o assunto antes...”.

Ela ainda se sentia um pouco culpada e apreensiva. Não era comum ser pega de surpresa ainda mais levando em conta que sempre planejava tudo com antecedência e muito cuidado. Sua vida era como uma agenda de notas ambulante e isso certamente não estava nos planos a curto prazo.

Ele se afastou um pouco dela parecendo estranhar a pergunta.

“É claro. É óbvio que adoraria qualquer coisa vinda de você”.

 “Além disso...”

O rosto dele virou um pouco para o lado fazendo com que ela apenas tivesse um vislumbre rápido do que parecia ser uma pequena mancha rosa em suas bochechas. Ele estava corando.

Mesmo com anos de namoro e casamento, essa não era uma ocorrência fácil de ser ver. Ela poderia contar nos dedos quantas vezes presenciou esse tipo de cena.

“Eu meio que já vinha pensado nisso ultimamente depois de vê-la com os filhos do Midoriya e da Uraraka quando eles nos visitam. Não sei explicar, mas ver você se relacionando com eles apenas parece certo e me fazia pensar nisso”.

“Mas brincar um pouco com crianças é fácil. E-Eu não devo ser capaz de criar uma. E se eu for uma mãe terrível?”

E em minutos ela começou a pensar em mil possibilidades de dar errado enquanto murmurava algumas frases soltas igual o Midoriya fazia quando estava muito concentrado analisando algo.

Ele arqueou as sobrancelhas em completa descrença com o que ela havia acabado de dizer.

“Momo, você é prestativa, gentil, inteligente e tem uma paciência enorme. Não consigo pensar numa mulher mais capaz de ser uma boa mãe do que você.”

“E também...”

A mão direita dele alcançou a mão dela que se encontrava à frente da sua, segurando-a enquanto a levantava e com a outra apontava para mãos deles unidas.

“Não é como se você estivesse sozinha nessa. Somos eu e você. Se não soubermos de alguma coisa basta pensarmos em algo juntos. Não é muito diferente de quando lutamos contra vilões.”

Em pouco tempo sua aflição havia se dissipado e ela relaxara. O que ele disse parecia fazer sentido, era bem lógico na verdade. Shouto realmente tinha um efeito apaziguador incrível nela, era como se suas preocupações diminuíssem e sua confiança fosse restaurada de tal forma que ela nem era capaz de imaginar e isso com apenas poucas palavras.

Ela aos poucos se aproximou mais dele, encostando-se em seu peito e sendo prontamente recebida por seus braços novamente.

“Eu realmente te acho incrível”, ela disse levantando um pouco a cabeça para olhar para ele.

“Eu te digo o mesmo. Você não cansa de me surpreender”, ele respondeu calmamente de volta enquanto trocavam mais um sorriso.

Certo, agora ela precisaria ligar para a Jirou para dar a noticia. E para a Uraraka, especialmente ela. Precisava realmente descobrir como foi que ela conseguiu aguentar esses sintomas horríveis por tantos meses.

“Mas por enquanto...”.

Ela iria aproveitar só mais um pouco o conforto proporcionado pelo seu marido.


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