Lágrimas começaram a rolar no meu rosto e eu comecei a soluçar de tanto chorar. Droga! Eu não queria parecer fraca logo agora, mas o que eu posso fazer? O que eu posso fazer se as palavras de Edward me feriram profundamente? Eu o amo tanto, eu só queria que ele me amasse do mesmo jeito.

– E-eu sa-sabi-ia que era bo-om de mais para ser ver-ver-da-a-de! – Eu disse entre soluços e começando a chorar mais ainda. Eu vi o rosto desesperado de Edward meio embaçado por causa das lágrimas. Ele se aproximou de mim e tentou me tocar mas eu recuei.

– Belle, por favor, deixa eu terminar de falar. As coisas não são como você está pensando.

– Elas s-são exatame-men-te co-como eu esto-ou pensa-sando. – Eu comecei a respirar de forma lenta tentando controlar ao máximo o meu choro. Se eu não controlasse, eu poderia começar a berrar de tanto chorar. É, eu tenho esse problema.

– Belle, eu já estava apaixonado por você muito antes de eu começar a pensar assim. Eu só comecei a pensar isso depois que algumas coisas aconteceram.

– Algumas coisas ti-tipo a música que eu toquei no pi-piano, não é? – Eu disse já controlando mais os soluços. – Aquilo foi só co-coincidência. – Uma coincidência bem estranha, mas ainda sim uma coincidência.

– Eu devo ser honesto com você e dizer que isso me chocou um pouco, mas na época, eu nem pensei sobre isso direito. – Edward deu um longo suspiro e continuou. – Foram outras coisas que me despertaram para essa possibilidade.

– Ah! Agora é uma possibilida-dade? – Eu disse fechando a cara para ele.

– Por favor, Belle. – Edward me olhou suplicante e eu como uma boa idiota me derreti toda.

– Vai Edward, continu-nua. – Eu disse meio emburrada e me amaldiçoando pela gagueira e pelas lágrimas que ainda não haviam parado. – Que outras co-coisas são essas? – Edward olhou a minha expressão por um segundo  e depois continuou.

– Lembra que várias vezes enquanto conversávamos eu te perguntava sobre o que você estava falando e você me garantia que não havia falado nada? – Eu acenti com a cabeça. Eu me lembro muito bem disso, fiquei irritada com Edward várias pela sua insistência de que eu havia dito algo. – Bem, você realmente tinha dito algo. Algo que só eu, Bella e a minha família sabíamos.

– Como o que por ex-xemplo? – Eu não havia dito algo. Tenho certeza disso.

– Uma vez você disse que estava com saudade de nadar com os golfinhos na Ilha Esme enquanto assistiamos um documentário sobre a vida marinha na aula de Biologia. Nadar com os golfinhos foi uma das coisas que eu e Bella fizemos em nossa lua-de-mel na Ilha Esme.

– Eu não me lembro disso! – Eu disse pasma e ao mesmo tempo feliz que a minha gagueira tinha ido embora.

– Eu sei, você me garantiu várias vezes que não havia dito nada e eu acredito em você. Carlisle acredita que você pode ter alguns flashs bem rápidos de memória e não ter conciência disso.

– Espera ai, Carlisle? Quem mais pensa igual a você? – eu disse desconfiada.

– Todo mundo. – Ele disse meio descrente. Eu olhei para trás e vi que todos estavam ao longe nos “esperando”. Com certeza eles estavam era ouvindo a conversa e esperando para ver no que ia dar. Alice era a que tinha a pior expressão. Fiquei surpresa quando constatei que todos já haviam ido embora, a não ser nós e o pessoal da limpeza.

– Todo mundo? Interessante. Vocês estão é ficando malucos. Como eu poderia ter as memórias dela? Isso não faz sentindo.

– Eu também pensei assim por um bom tempo, até Jake nos contar algumas histórias e eu fazer algumas pesquisas. – Eu olhei para ele sem entender. Então Edward apenas deu um suspiro e continuou. – Como você já sabe, os Quileutes têm várias lendas e uma delas fala sobre o espírito de uma mulher que retornou.

– Tá, e daí? – Eu estava ficando cada vez mais confusa.

– O nome dessa mulher era Ayasha, ela havia morrido durante uma batalha entre dois lobos que queriam o posto de Alfa: Achak e Kohana. Kohana havia perdido a batalha e estava furioso por causa disso. Enquanto Ayasha, a mulher de Achak, o parabenizava pela vitória, Kohana se levantou e a atacou. Ela ficou gravemente ferida e faleceu. Achak tentou se vingar, mas Kohana fugiu e ele jurou que iria vingar a morte da esposa. Ele passou mais de cento e cinquenta anos procurando por Kohana, e em uma de suas procuras ele conheceu Nuttah e teve um imprinting com ela.

– E então? – Eu disse depois de um breve silencio.

– Os metamorfos só sofrem inprinting quando encontram a sua alma gêmea, isso quer dizer que isso só acontece uma vez. Achak ficou intrigado com isso e foi até um curandeiro que também tinha conhecimento de magia. Ele disse que a alma de Ayasha havia voltado no corpo de Nuttah. Achak entendeu isso como um sinal, uma segunda chance, ele desistiu de sua vingança e construiu uma família com Nuttah. Depois de ouvir essa história eu fiquei intrigado e comecei a fazer pesquisas, descobri que em algumas religiões e em algumas culturas há a crença de que as almas retornam de tempos em tempos para aprender alguma coisa, como humildade e caridade, ou para resolver assuntos pendentes. A maioria deles tem comprovações desses fatos, e um deles é a regressão. – Edward suspirou e continuou. – A regressão é feita para lembrar a vida passada das pessoas, algumas precisam de algum instrutor para fazer isso, um médium por exemplo, e outras tem isso naturalmente. Eu acho que você pode fazer isso, regridir mas não ter conciência.

– E você realmente acredita nessa bobagem toda? E o que a história dessa tal Ayasha tem haver com isso tudo? – Eu indaguei indignada com tudo o que Edward disse. Ele realmente espera que eu acredite nele?

– E por quê não acreditar, Belle? As pessoas não acreditam em vampiros ou lobisomens, no entanto estamos aqui. Nós existimos, nós somos reais. Por que isso não poderia ser? E você não entende? A história de Ayasha mostra que é possível termos uma segunda chance.

– Ah, tá, claro. Se for assim, Edward, o chupa-cabra existe. – Eu disse revirando os olhos e  vendo a expressão de Edward ficar cada vez mais desiludida. O meu coração apertou, mas eu não baixei a guarda. – Mas se você relamente acredita nisso, me diga uma coisa: em alguns desses casos as pessoas se parecem com suas outras encarnações, por acaso? – Os olhos de Edward se arregalaram por alguns instantes e eu poderia dizer que ele está sem chão agora.

– Eu não havia pensado nisso. – Ele confessou.

– É claro que não. Isso tudo é coincidência Edward, nada mais. Sinto muito, mas eu não sou a Bella.

– Ah, pelo amor de Deus! – Jake disse vindo em nossa direção. Eu olhei para ele sem entender. O que ele pensa que está fazendo? – Você prestou atenção na história que o Edward te contou? Aliás, você prestou atenção no que você falou? – Jake disse apontando para Edward. Edward ficou com a expressão confusa. – Achak teve um imprinting com Nuttah, esse foi o sinal de que Nuttah havia sido Ayash já que o imprinting só acontece uma vez. No caso de vocês o sinal é sua aparência, Belle. Pensa bem, Edward não se aproxima de nenhum humano ou estabelece qualquer tipo de relacionamento com eles, com excessão de você e Bella é claro. Se você não tivesse algo parecido com ela, como a aparência por exemplo, você acha que ele teria se aproximado de você? – Eu olhei para Jake confusa e ele bufou. – Esse foi o sinal, caramba! – Jake disse jogando os braços para o alto. – O de Achak era o imprinting com Nuttah, o de vocês é a sua aparência, cheiro, mente bloquiada, instinto maternal, flash back da sua antiga vida, sacou? Ele precisava de algo para chamar a atenção e se aproximar.

– Isso não faz o menor sentido e eu não tenho instinto maternal ou qualquer tipo de flash back. – Eu disse já ficando estressada com toda essa conversa maluca.

– Ah, é. Eu esqueci de citar a teimosia e a cabeça dura. – Jake disse revirando os olhos. Eu fechei a cara para ele e me virei para Edward.

– Como eu dizia, sinto muito mas eu não sou a Bella. É realmente uma pena que eu não possa ser quem você quer que eu seja. E acredite, eu queria muito, mas eu não consigo nem ao menos fingir isso. Eu não quero estar ao lado de alguém que está comigo só por causa que acha que eu sou outra pessoa.

– Belle... – A respiração de Edward estava irregular e eu pude ver desespero em seus olhos. Eu resolvi cortá-lo antes que ele dissesse algo que me fizesse arrepender do que eu estava fazendo.

– Ah é, eu esqueci. Você não acha, você tem certeza. Bom, e eu tenho certeza que eu não quero mais que você fique se iludindo. Ou me iludindo. – Eu disse dando um sorriso sem graça. – Foi muita pretensão minha achar que você poderia se apaixonar por alguém como eu. – Os meus olhos começaram a se encher de lágrimas, mas eu me segurei ao máximo para não chorar.

– Belle, por favor, não faça isso. Eu te amo!

– Não, Edward. Você ama a minha aparência, e não a mim. – Eu disse dando as costas e subindo as escadas para ir em direção ao camarim, trocar de roupa e finalmente poder ir embora.

Eu pude sentir as lágrimas rolarem em meu rosto enquanto eu subia as escadas. O meu coração falhava algumas batidas e eu pude sentir um buraco ficar no lugar dele. Ao longe eu pude ouvir outro choro, mas eu não me virei para ver quem era. Eu não podia fraquejar. Entrei no meu camarim e comecei a trocar de roupa. Quando eu terminei, peguei as poucas coisas que eu havia trazido, coloquei na minha mochila e me olhei no espelho antes de sair. Eu estava horrivel, a maquiagem estava toda borrada por causa do choro Eu dei de ombros e sai. Eles não estavam mais no teatro. Eu suspirei, é melhor assim. Fui em direção à saída e topei com Jake e Alice no meio do caminho.

– Deixem eu passar. – Eu disse quando percebi que eles estavam atrapalhando a minha passagem.

– Você tem certeza do que está fazendo? – Jake me perguntou.

– Ele te ama, Belle. Ele já te amava muito antes de ele começar a pensar a respeito disso. Por favor, Belle, não faz isso! – Eu olhei para Alice e podia ver que ela estava chorando a sua maneira.

– Me desculpe, gente. Mas... só... não dá! – Eu os empurrei e sai do teatro correndo aos prantos. Eu queria acreditar nisso, eu queria, mas eu não conseguia tirar da cabeça o fato de que Edward estava comigo só por causa que eu parecia a sua esposa.

Fui correndo em direção ao meu carro com dificuldade de respirar por causa do meu nariz entupido de tanto chorar. Eu parei assustada quando escutei o barulho de pneu cantando no asfalto, olhei para o lado e vi um carro vindo em alta velocidade na minha direção. A luz ofuscou a minha visão me fazendo perder a noção das coisas por alguns segundos. Foram nesses segundos que eu senti meu corpo ser atingindo brutalmente. Logo em seguida, eu senti como se estivesse voando em alta velocidade e atingido uma pedra de frente.

– BELLE! – O grito de Alice foi a última coisa que eu ouvi. 

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Cap novo da Heartbreaker já está disponivel: http://fanfiction.nyah.com.br/historia/95826/Heartbreaker/capitulo/2

Obrigadinha a todas que foram lá *--*