Belle p.d.v

Eu levantei da cama meio grogue. A campainha não parava de tocar. Quem poderia ser a essa hora? Olhei no relógio e vi que eram 6:00h da manhã. Argh! Por que eu levantei tão cedo? Escutei alguém subindo as escadas, minha mãe ainda não havia saído para o trabalho? A porta se abriu e eu vi Alice e Rosalie entrarem em meu quarto.

– Desculpa estar entrando assim Belle, sua mãe disse que a gente podia subir sem problema.

– Garotas, o que estão fazendo aqui?

– A gente veio te maquiar esqueceu? Você não quer ir toda roxa para o colégio, não é?

– Claro que não Alice!

– Ótimo. Vá tomar um banho enquanto eu e Rose arrumamos o seu quarto e pegamos as coisas.

– Ok.

– E trate de lavar esse seu rosto bem! Você ainda está com a maquiagem de ontem, você não sabe que isso faz mal para a pele? Você não pode dormir maquiada...

– Você prefiria que a minha mãe visse o estado do meu rosto? Além do mais, foi só um dia.

– Tudo bem! Vai logo, estamos perdendo tempo.

– Tá bom, já estou indo.

Demorei 10 minutos no banho e depois fui para o meu quarto enrrolada em uma toalha. Meu quarto estava todo arrumado, havia uma roupa em cima da minha cama,  produtos de beleza espalhados em cima da minha escrivaninha e a cadeira que a Alice tinha utilizado ontem enquanto me maquiava. Essa garota me assusta.

– Como que você trouxe tudo isso?

– No carro da Rose, é claro.

– Não precisava desse trabalho todo. Você trouxe até a cadeira!

– É claro, até a cadeira é essencial nesse processo. – Rosalie sorriu para mim e apontou para a cadeira. Eu fui até lá e me sentei.

Elas inclinaram a cadeira como da última vez, e, como da última vez, eu dormi.

– Acorda Belle. Já terminamos. Você tem uma facilidade para dormir incrivel.

– Você não faz idéia, Alice. Dormir é uma das coisas que eu mais gosto.

– É deve ser realmente bom.

– Como assim Rose?

– Ah, nada. Deixa para lá. Troca de roupa ou você vai se atrasar.

– Tudo bem.

Coloquei a calça Jeans escura, a blusa de manga cumprida azul, o sobretudo preto e a bota preta que a Alice havia separado para mim.

– Eu não me lembro de ter essas roupas.

– E não tinha. Comprei só para você usar hoje.

– Alice, não precisava!

– Vai dizer que achou ruim?

– Ah... não. Obrigada...por tudo. – Eu sorri em agradecimento para ela e para a Rosalie e depois eu as abracei. Elas retribuiram o meu abraço e mandaram eu ir tomar o meu café da manhã.

Desci as escadas e fui direto para a cozinha. Tomei a minha cota de leite diário e subi novamente para escovar os dentes.

– Belle, a gente já vai ok? Eu e a Alice ainda temos que passar em casa para deixar todo o “equipamento”. – Tirei o execesso de espuma da minha boca, boxexei e depois limpei com uma toalha a água que escorria em minha boca.

– Tudo bem meninas. Encontro com vocês lá então. – Dei um beijo na buxexa da cada uma e elas foram embora. Olhei para o meu reflexo no espelho e sorri. Elas realmente fizeram um bom trabalho.

Logo em seguida, eu fui para o meu quarto pegar os meus materiais. Peguei as chaves do carro e, antes de sair de casa, eu a tranquei. Entrei no meu volvo e dei a partida. Liguei o som e o aquecedor e fui para mais um dia de aula.

Quando eu cheguei no estacionamento eu notei que os Cullen também haviam acabado de chegar. Edward saiu de seu carro e ficou parado me olhando por alguns instantes. Eu o encarei e acabei lembrando do meu sonho, isso me fez corar. Um sorriso torto surgiu nos lábios de Edward e eu corei mais ainda por que ele ficava muito lindo quando fazia isso e por que eu sabia que aquele sorriso era para mim. Desviei o olhar rapidamente antes que eu virasse um pimentão.

Peguei os meus materiais e tranquei o carro. Fui em direção à entrada e eu escutei alguém me chamando. Era o Chris. Ah, merda.

– Hey, Belle!

– Oi Chris, olha...me desculpa...

– Não se preocupe Belle, eu sei o que houve. Isso acontece. O que eu quero falar com você é outra coisa.

– Ok, diga.

– Você se lembra daquele meu primo que eu te apresentei na festa? O William. – Infelizmente eu me lembrava até de mais.

– C-claro. O que tem ele?

– Bom... um animal o atacou naquela noite e, bem, ele não sobreviveu. – Animal, sei. Hmm. Bem lembrado, preciso falar com o Edward sobre isso.

– Mesmo? Oh, sinto muito Chris, de verdade. – Na verdade não. Para a falar a verdade é até um alivio saber que ele está morto.

– Não se preocupe. Eu só estou um pouco triste e de luto. Você não que ir hoje à noite até a minha casa me fazer companhia? Meus pais vão para o funeral do Will, e eu não quero ficar sozinho... – Não acredito nisso! Ele acha mesmo que eu vou cair nessa?

– Então vá ao funeral.

– Eu me sinto mal em funerais. Você vai ao funeral dele? Antes do Will desaparecer na festa, ele me disse que você e ele se conheciam e eram amigos bem... bem próximos.

– Na verdade não. A gente estudou na mesma escola mas mal falávamos um com o outro. – Aquele cretino deve ter falado para ele que me “pegou” e que eu sou fácil. O idiota deve estar achando que eu vou dar mole para ele. Até parece.

– Oh, bem... então suponho que você não vai.

– Não.

– Bem... eu também não, então se você quiser...

– Belle? – Eu me virei para ver quem era e dei de cara com o Edward Cullen. A minha respiração falhou quando eu olhei para os seus olhos dourados.

– Haaam... sim?

– Esme quer saber se você quer ir lá em casa depois da aula. Ela realmente gostou de você e Alice disse para ela que você passa às tardes sozinha. Ela achou que seria uma boa idéia você ficar com a gente ao invés de ficar sozinha em sua casa.

– Claro. Eu vou sim.

– Belle, e a gente?

– Desculpe Chris, mas acho que não vai dar.

–Mas...

– Vamos Belle, você está começando a ficar atrasada para a aula. – Edward colocou um de seus braços em cima dos meus ombros e me guiou para longe do Chris.

– Obrigada.

– De nada. – Ele olhou para mim e me deu o mesmo sorriso torto de hoje de manhã. Cara! Como eu amo esse sorriso. Eu corei com o meu pensamento imbecil e voltei a olhar para frente.

Edward só parou quando chegamos na porta da minha aula de Trigonometria. Eu olhei ao redor e vi que todos estavam no observando. Eu fiquei meio envergonhada, mas logo os ignorei quando Edward começou a falar.

– Posso te pedir um favor?

– Depende.

– Depende de que?

– Depende se você irá responder às minhas perguntas.

– Que são...?

– Que tal conversarmos sobre isso na hora do intervalo?

– Tudo bem.

– E qual era?

– O que?

– O favor.

– Ah, sim. Você poderia... ficar longe do Newton? Eu não... eu não gosto do modo que ele a olha.

– É, nem eu.

– Você vai ficar longe dele?

– Eu posso tentar. Você falou sério quando disse que a Esme queria que eu fosse na casa de vocês hoje?

– Claro. É melhor você entrar, sua aula já vai começar.

– Tudo bem. – O sinal tocou e Edward saiu andando rapidamente pelo corredor. Eu fiquei observando-o até ele sumir da minha vista. Me virei em direção à sala e, no momento em que eu entrei até eu me sentar, eu pude ver as pessoas fofocando. Eu sabia que era sobre mim por que todos me lançavam olhares curiosos.

– Srta. Grey?

– Sim, Sr. Drew?

– Você está sendo esperada na diretoria. – A onda de cochichos começou novamente. Eu apenas peguei os meus materiais e sai da sala. Que eu me lembre, eu não fiz nada de errado. Então por que ficar com medo ou receosa?

Cheguei em um lugar com várias salas. Eu dei três batidas leves naquela em que tinha uma porta escrita Diretora Emile Watson.

– Entre. – Uma voz rouca veio de dentro da sala. Girei a maçaneta e entrei na sala.

– A Senhora queria me ver?

– Você é a Srta. Grey? – A diretora é uma mulher bastante velha com uma voz bastante rouca. Ela parece uma múmia.

– Sim.

– Então sim. Sente-se. – Fui até a cadeira em frente a sua mesa e me sentei. A Sra. Watson ficou me olhando com curiosidade através de seus grandes óculos quadrados.  Esse mulher deve ter uns 70 anos. Já não está na hora dela se aposentar? – Eu mandei chamá-la Srta. Grey por que nós temos um pegueno problema.

– Problema?

– Sim. Em nossa escola nós exigimos que os alunos tenham no mínimo uma atividade extra-curricular em seu currículo. Eu estava analisando o seu e constatei que você não tem nenhum e, se quiser continuar cursando em nossa instituição, você terá que fazer algum. – Ah, que merda!

– Claro. O que está disponível.

– Oh, bem nós temos fotografia... oh, não já está cheio... temos o time de vôlei... ah não, também está cheio... – Ela ia pegando várias planilhas aonde tinha no topo o nome da atividade e em baixo o nome dos alunos e o número de vagas. Ela continuou com isso por mais cinco minutos até achar algo. – Ah, sim! Finalmente! Temos vagas para pintura... – sem chance, eu não desenho nem casinha. – ... e para teatro. Então Srta. Grey, o que vai ser?

– Teatro. – Com sorte eu vou interpretar um papel que não faça nada, como uma árvore.

– Oh, ótimo! Eu vou colocar o seu nome na lista então. Vá até o nosso teatro na hora do intervalo para fazer o teste. A senhorita Wooberg está preparando uma peça para o inverno e ela já começou a escalar os papéis. – Na hora do intervalo? Ah! Que ótimo!

– Ah... sim claro, eu estarei lá.

– Que bom. A senhorita já pode ir.

– Com licença. – Quando eu fechei a porta eu sai quase que bufando até a minha aula de Trigonometria. A aula já estava no final, eu mal consegui terminar de copiar o conteúdo que tinha no quadro. Mas que merda!

As minhas outras aulas antes do intervalo foram um saco. Muitas garotas vieram falar comigo apenas para saberem por que eu fui chamada para a diretoria e por que eu estava andando com Edward Cullen. Eu expliquei a questão da diretoria sem problemas, mas quanto a Edward eu disse que éramos apenas amigos. Era um problema falar isso por que toda vez que eu falava meu coração apertava. Eu queria saber o por que.

O sinal para o intervalo tocou e eu fui até o teatro. Eu estava frustrada com isso por que eu queria muito falar com o Edward. Isso teria que esperar agora. Entrei no teatro e eu vi várias pessoas sentadas rindo enquanto esperavam serem chamadas para o teste. Estavam todas aglomeradas em um mesmo canto. Exceto uma. Eu não podia acreditar. O que o Edward estava fazendo aqui? Eu olhei para ele meio incrédu-la e ele acenou para mim me chamando até ele. Eu me perdi em seu sorriso enquanto eu caminhava até ele. Só recobrei a conciência quando ele falou comigo.

– Sente-se

– O que está fazendo aqui?

– Acho que o mesmo que você. Esperando até a hora do meu teste.

– Mas por que você está aqui? Você gosta de teatro?

– Mais ou menos. Eu vim por não ter nenhuma atividade extra-curricular no meu currículo. E você?

– A mesma coisa.

– Atenção! Atenção! – Uma mulher de mais ou menos 25 anos subiu no palco. Ela tinha os cabelos loiros, pele bem clara e usava um vestido laranja bem escandaloso. Ela até que é bonita. – Eu sou a Senhorita Judith Wooberg e sou eu quem vai decidir quem fará o que nessa peça espetacular. Essa será a maior produção que esse colégio já teve.

– Com licença Senhorita Wooberg, mas qual peça nós faremos? – Uma garota ruiva se levantou e perguntou bem intusiasmada. Ela parecia uma daquelas patricinhas que faz tudo para conseguir o que quer.

– Eu já ia chegar nessa parte Katherine. Será Moulin Rouge! E ela será espetacular! Acho que todos conhecem esse lindo romance aonde um pobre escritor se apaixona pela mais bela cortesã de Montmatre, na França. A belíssima e dramática história de Christian e Satine. Bem, quem não conhecer a história vai ter que pesquisar mais sobre ela. Quero todos bem informados sobre a peça para se entregarem de corpo e alma à ela. – Ainda bem que eu não vou precisar fazer nenhuma das duas coisa, já que eu conheço bem a história e provavelmente serei um coajuvante. –E como todos sabem Moulin Rouge é um musical. Então quem vier aqui na frente terá que interpretar uma cena e também cantar. Então vamos! Formem uma fila para pegarem o pequeno script do teste. Ah! E formem duplas! Eu quero que esse teste seja de dupla!

– Me dá a honra de ser a minha parceira nessa tortura? – Eu ri com a fala de Edward e fiquei meio sem ar quando ele sorriu para mim.

– Claro, tudo bem. – Entramos na fila e pegamos o nosso script. Todos iriam interpretar a mesma cena. A cena em que Satine diz que ela e o Christian tem que terminar e então ele compõe uma música que simboliza o amor dos dois tentando convencê-la de não deixá-lo. Essa cena era bastante romântica e eu iria interpretar com Edward. Eu estava bastante nervosa por isso.

– O teste será amanhã depois das aulas, então treinem bastante hoje e venham preparados!

– Já que você vai na minha casa, que tal treinarmos lá?

– Não tem outro jeito não é?

– Não, não tem. – Edward me deu um sorriso torto e eu apenas acenei com a cabeça. Ele tem que parar de fazer isso, ele me deixa desorientada. Saímos do Teatro e fomos tentar aproveitar o resto do intervalo. Nós achamos uma mesa vazia e sentamos. Eu ignorei os olhares curiosos que nós estávamos recebendo.

– Não vai comer?

– Não estou com fome. O que você queria me perguntar? – Droga, eu tinha esquecido! O sinal tocou e eu revirei os meus olhos em protesto. Deu tempo de apenas comer um pedaço de pizza.

– Vai ter que esperar até mais tarde.

– Te vejo no final das aulas então?

– Claro. Até mais. – Eu me virei e sai correndo. Eu topei com Alice no corredor e apenas acenei para ela. Eu havia esquecido de me sentar com ela hoje, espero que ela não tenha ficado chateada. Ela sorriu para mim e eu fiquei aliviada por ve que ela não havia se importado.

Edward p.d.v

Nota mental: Agradecer a Alice por ter me dado um conselho tão maravilhoso. Apesar de eu não gostar muito de teatros, essa será uma excessão por que eu passarei o dias inteiros ensaiando com a Belle. Ainda mais se pegarmos os papéis que a Alice viu.