A filha do Alfa e Jacob se levantaram tarde no dia seguinte, mesmo ciente dos compromissos que teriam que cumprir. O lobo ainda não estava completamente de acordo, mas sabia que nada aconteceria com Carly, pois ele não permitiria. Ela não estava nervosa, bem pelo contrario, estava animada o que deixava seu noivo bastante furioso. Noivo. Era impossível não se lembrar da noite anterior sem sentir as pernas tremerem de entusiasmo. Casar-se-ia com Jacob Black, era a maior loucura do mundo!

— Está pronta? – ele perguntou quando adentraram na floresta. Carly assentiu e Jacob humano colou os lábios nos dela por um momento, antes de sumir entre as arvores e voltar como um lobo gigante.

Abaixou-se para que ela pudesse subir em suas costas. Não era a primeira vez que fazia aquilo. Quando mais nova era a brincadeira preferia com o seu pai.

As arvores passavam por eles rapidamente, o que fazia com que Carly segurasse com força nos pelos de Jacob, com receio de atingir uma delas. Em certo ponto ele parou de andar, fazendo sinal para que ela descesse. Novamente sumiu entre as arvores, voltando em sua forma humana.

— Vamos encontra-los – disse, segurando a mão da garota.

Andaram alguns passos encontrando Edward e Isabella em meio à floresta. O vampiro franziu o cenho, não entendendo o que a garota fazia ali. Bella também não conseguia compreender.

— E ai – o Black cumprimentou.

O Cullen largou avançou na direção de Carly, fazendo com que Jake prendesse a respiração.

— Enlouqueceu? – perguntou friamente – Volte para casa, Carly. Ninguém além de nós precisa se meter nisso. Jacob, por que permitiu?

Ela não esperou que o noivo respondesse.

— Você sabe que precisa da minha ajuda, Edward.

— Não. Não precisamos da sua ajuda.

Isabella se aproximou tocando o ombro do namorado.

— O quê está acontecendo? – perguntou.

— Vim salvar a sua vida – sorriu ironicamente.

— Volte pra casa!

— Você não dá ordens à ela, Cullen.

— Chega! – Bella falou, com a voz mais grave – Carly, o que está acontecendo?

Ela franziu o cenho.

A garota estava mesmo querendo ouvi-la? Sentiu uma pontinha de vontade de ser amiga de Bella naquele momento, mas passou tão rápido quanto Edward Cullen correndo.

— Já disse. Vim salvar a sua vida! – deu de ombros, deixando o semblante engraçado de lado – Precisam mais da minha ajuda do que imaginam.

— Riley? – sugeriu sem nenhum tom de acusação na voz.

— Não. Todos!

— Sem Riley, Victoria estará fragilizada. Talvez nem ataque – Edward concluiu.

— Exatamente. E assim as chances de arrancar os fios de cabelo ruivo daquela vadia serão maiores.

— Em troca do que? – a Swan perguntou.

— Riley – falou, largando a mão de Jacob – Está sendo enganado. Podem não acreditar no que digo, mas ele não tem culpa de nada disso. Victoria está por trás de todos os passos dele. Eu os ajudo e deixarão com que Riley vá embora.

Houve uma pausa.

— Não me parece uma ideia tão ruim assim.

Edward afagou o braço de Bella.

— Está de acordo? – perguntou ao lobo que assentiu.

— Completamente.

— Tudo bem – suspirou derrotado.

Não imaginaram que faria tanto frio durante a noite. Apenas uma barraca não era o suficiente para acomodá-los. Os garotos então montaram duas delas, cada casal se acomodando em uma delas. De volta e meia Jacob e Edward trocavam palavras e indiretas entre si, mas nada que pudesse de fato tornar o clima ainda pior.

— Está com frio?

— Estou bem – Isabella garantiu ao namorado, deixando com que a voz falhasse.

— Talvez devesse ser melhor eu ficar lá fora.

— Não, Edward. Estou bem.

Carly encarou Jacob com a sobrancelha franzida. Não dormiam e nem estavam prestes a dormir. Apenas sentados na barraca conversando sobre qualquer assunto.

— O quê? – o noivo perguntou sem entender o que aquela cara fazia.

— Agradeça por eu estar com a mente extremamente evoluída – fuzilou-o com o olhar. Abriu a parte da frente da barraca, para que pudessem ouvi-la melhor – Swan venha pra cá antes que perca os seus dedos congelados.

Edward e Bella encararam a garota e em seguida olharam para Jacob, que coçava a cabeça com os olhos fechados.

— O quê? – a morena perguntou, sem entender.

— Sou boa de mais para deixa-la morrer de hipotermia. Jacob é um aquecedor ambulante. E além do mais, essa barraca é grande o bastante.

Edward assentiu para que a namorada fizesse o que foi pedido.

— Você pode vir também.

— O quê? – Jacob perguntou.

— Cala a boca, Jake – selou os lábios com os dele para que se mantivesse em silencio.

Edward ficou ao lado de Bella, um pouco afastado. Jacob no canto da barraca com a noiva ao seu lado, dividindo cobertor com a Swan. Nunca em mil anos achou-se capaz de presenciar aquela cena. Até pareciam bons amigos acampando.

— Você não tem medo? – perguntou curiosa.

— De que?

— De estar aqui.

— Você tem? – perguntou retoricamente.

A tremedeira dela havia passado.

— Eu não tenho escolha.

Isabella e o leitor de mentes trocaram um olhar cumplicie por um segundo, ela lhe dizendo que estava tudo bem, e que mesmo sem ser uma escolha, valia a pena passar por tudo o que fosse para que no fim pudesse ficar bem com o amor da sua vida.

— Eu também não, Bella.

Jake se remexeu desconfortável.

— Tentem dormir um pouco. A luta acontecerá em poucas horas – orientou.

— Tente dormir também – disse, tocando o braço de Jacob.

Tanto Edward quanto Bella conseguiram reparar no anel que havia ali, mas nenhum dos dois mencionou nada. Afinal, Isabella também carregava um anel de noivado nos dedos.

Na manhã seguinte quando as garotas acordaram Jacob e Edward não estavam do lado de dentro da barraca. Mas eram capazes de ouvir os dois do lado de fora, atentos a qualquer movimento estranho que pudesse se fazer. Elas se afastaram, para que pudessem dar espaço uma para outra, afinal, nunca haviam estado tão próximas em todos os sentidos.

— Obrigada – Isabella disse, mexendo no anel que estava em seu dedo – Por tudo isso.

— Não me agradeça.

— Não espero que sejamos melhores amigas um dia. Mas, quero retribuir tudo o que tem feito. Não só por mim. Quer dizer, sei que não tem nada a ver comigo. Que tudo isso é sobre Jakey, ou Edward. Até mesmo Riley. Só que indiretamente ou não isso acaba me ajudando, então, obrigada!

Carly assentiu, e não precisou dizer mais nada. Saiu de lá de dentro, não rudemente, encontrando o noivo ao lado de fora. Deu-lhe um beijo nos lábios e ele abraçou a sua cintura.

— Como está? – ela perguntou.

— Estou bem. E você?

— Bem.

— Estive pensando. Não sei se poderei ficar aqui o tempo todo.

— O quê está dizendo?

— Que talvez seja melhor que lute ao lado dos meus irmãos.

— Jacob! – arregalou os olhos.

Bella saiu da barraca no mesmo instante, aproximando-se de Edward.

— Pode deixar – o leitor de mentes respondeu a ele.

Carly encarou-o.

— O quê?

— Tente-se manter a salvo para o casamento – ela riu pelo nariz – Por favor.

— Se deve lutar ao lado de seus irmãos tudo bem. Acabe com eles!

O outro casal se olhou sorrindo por um momento.

— Cuidaremos dela – Isabella prometeu ao melhor amigo – Eu prometo.

— Cuide-se Bella.

Seth apareceu e Jacob soube que então era hora de ir. Despediu-se da melhor amiga e de seu Imprinting, confiando cegamente em seu fiel escudeiro e em seu maior inimigo.

O leitor de mentes narrava a luta fervorosamente enquanto as garotas sofriam de formas diferentes. Edward parou de falar no momento em que sentiu um cheiro reconhecido. Seth se colocou em posição de ataque em frente a Carly e o Cullen fez o mesmo com sua noiva, que uniu os braços com os de Carly naquele momento. E então ambas perceberam que estariam juntas. Dispostas a proteger uma a outra, para que ninguém saísse machucado naquela historia.

— Quem? – ela perguntou.

— Victoria – Edward disse. Seth rosnou – E ela não está sozinha.

Carly sentiu o sangue ferver.

— Riley – murmurou.

Os vampiros saíram entre as arvores com os olhos em chamas. Nos de Victoria haviam sede, muita sede. Sede de morte. E no momento em que os olhos dela pararam em Isabella, sorriu sadicamente. Já Riley era diferente, estava parado, estático, não podia acreditar que ela estava bem a sua frente. O aperto de Isabella tornou-se ainda mais forte no braço de Carly e ambas suspiraram pesadamente. Estava na hora de lutar com as suas armas.