Silent Pain - Love Doesn't Have Legs escrita por UnknownTelles


Capítulo 13
Pior do Que um Infarto


Notas iniciais do capítulo

Não me matem, por favor!
O capítulo 13 era apenas uns 5 parágrafos a mais do capítulo 12 que resolvi estender para umas 1000 palavras e não faço ideia de como se tornou tudo isso que tá aí! Eu sinto muito, mas uma coisa é realmente certa: na minha mente eu dividi a história em 3 partes e o capítulo 13 é o final da primeira parte. O que isso quer dizer? Não tem como eu inventar mais nada entre o capítulo 13 e 14 que atrase o que todos estavam esperando, então, definitivamente (finalmente), o capítulo 14 terá o início da Saga Romântica #SaVan!
Obrigada a todos por terem lido até aqui e principalmente pela paciência e persistência!
Boa leitura!



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Todo o percurso para o hospital pareceu uma eternidade. Não quis pensar muito sobre o fato de ter saído da mansão sem nem ao menos ter falado com a Sra. Roberts. Quando a confusão se instalara por causa de Hernández ela foi até o hall onde estávamos e ordenou o que cada um deveria fazer. Ela se mostrou bem racional e calma diante de toda a situação, teria sido uma excelente médica em termos de auto-controle se tivesse seguido a carreira. No entanto, ela não decidira ir conosco, mas foi a outro lugar que eu ainda não sabia. 

A Sra. Hernández por outro lado era o completo oposto da Sra. Roberts. Apesar de não ter derramado uma lágrima, era óbvio em seus gestos que estava à flor da pele.  Acompanhei-a na ambulância apesar dos seus esforços insistindo para que eu fosse embora e que depois Carla me daria notícias. Também era óbvio que eu não faria o que me pedia. Queria poder acompanhar Hernández até vê-lo acordado e bem.

Era um pouco egoísta, mas sentia que um peso enorme seria tirado das minhas costas assim que o visse acordar. A verdade era que eu sentia um pouco de culpa, eu não tinha muito conhecimento médico sobre o assunto, mas descobrira em um programa de TV que os sintomas do braço esquerdo dormente associado à dor na mandíbula eram forte indícios de infarto e ter demorado para juntar as peças poderia ter sido fatal para ele.

Depois que chegamos ao hospital, e após dar entrada na emergência e ter sua situação estabilizada, Hernández foi imediatamente colocado no melhor quarto do hospital. Sabia bem que aquilo não era feito da Sra. Hernández, pois eles não pareciam ser o tipo de família que poderia sequer arcar com uma noite em um quarto simples naquele hospital, muito menos em um luxuoso como no qual ele estava. Descobri então que isso era provavelmente o que a Sra. Roberts devia ter ido fazer quando não nos acompanhou. Tinha certeza que era com o dinheiro dos Roberts que Hernández podia agora descansar confortável naquele quarto e arrependi-me imediatamente de ter pensado tão mesquinhamente da Sra. Roberts. Ela sempre se provava ser totalmente diferente do que eu imaginava. Na verdade, todos os Roberts que conhecera até o momento só me surpreendiam e me faziam morder a língua.

Porém eu não era a única arrependida por meus atos. 

— Meu amor, me perdoe, por favor — suplicava a Sra. Hernández pela milésima vez. Durante todo o percurso para o hospital ela se lamentava por ter dito mais cedo que o deixaria infartar sozinho. — Eu nunca quis realmente dizer aquilo.

Seus olhos estavam cheios de lágrimas, mas sendo a mulher forte que em pouco tempo descobri que era, ela não deixou nenhuma cair. Ela não se deu um descanso nem por um minuto.

— Por que a senhora não vai lá fora tomar um café, respirar um pouco de ar puro e depois volta? — Sugeri com um sorriso que eu sabia que não chegava aos meus olhos, mas foi o melhor que pude oferecer. — Eu vou ficar aqui o tempo todo até a senhora voltar.

Achei que teria que insistir mais algumas vezes antes de ceder, à princípio ela pareceu que ia negar, mas seus olhos brilharam com algum pensamento e concordou com a minha ideia rapidamente. Depois de sair do quarto, um enorme suspirou saiu de meus lábios. Não havia dormido bem na noite passada e o dia tinha sido cheio de problemas e mais reviravoltas do que 24 horas podiam comportar.

Assim como não soube quando foi que caíra no sono, sentada mesmo, não sabia se acordara pela fome ou pelo barulho da minha barriga roncando. Estiquei os braços à minha frente estalando os ossos e alongando os músculos, tinha ficado na mesma posição por muito tempo e a LT não era exatamente a cadeira mais confortável para se tirar um cochilo.

Observei o rosto sereno de Hernández enquanto dormia. Estava respirando graças a um aparelho de oxigênio no nariz. Não sabia onde Conceição estava, queria poder sair para comer alguma coisa. Minha barriga roncava tão alto que agradeci o fato de estar sozinha com uma pessoa dormindo. Àquela altura, a Sra. Roberts provavelmente já estaria impaciente para falar comigo, vulgo, demitir.

O barulho da porta abrindo me chamou a atenção, mas o que fez meus olhos se desviarem de Hernández foi o cheiro. Um aroma delicioso entrou pelas minhas narinas fazendo meu estômago cantar como em um coral. Não pude evitar de corar quando vi o sorriso caloroso de Conceição. Ela se aproximou e me entregou uma sacola com dois sanduíches enormes do Subway, mais uma garrafa de água.

— Conceição, não-

Ela me calou fazendo um movimento com as mãos para ficar quieta. 

— Não aceito reclamação, isso não é nem o mínino que eu poderia ter feito — disse com os olhos cheios de lágrimas. — Achei que café seria melhor do que água, mas não sabia se-

Coloquei a sacola no colo e abri os braços. Ela parou de falar no mesmo instante e me engolfou em seu peito avantajado. Tudo aconteceu tão rápido desde a hora que a ambulância chegara na mansão e nos levou ao hospital que ela ainda não havia tido nenhum descanso. Tinha certeza que quando isso acontecesse a represa que ela cuidadosamente segurava dentro de si iria romper.

— Vai ficar tudo bem, o pior já passou. Ele só está descansando agora.

Tirando um lencinho do bolso do vestido, ela assoou o nariz delicadamente e voltou os olhos brilhando para mim.

— O médico me disse que se tivesse esperado um pouco mais poderia ter sido pior. Ele disse que um infarto tão novo, antes dos 60 anos, como Hernández, pode ser fatal. É mais perigoso do que idosos que já tiveram muitos infartos.

Passei a mão pelo braço dela tentando acalmá-la.

— Sim, mas tudo foi feito a tempo e ele está bem. Só precisa descansar mais alguns dias e logo estará bom novamente. Tenho certeza que a Sra. Roberts não vai se importar de dirigir ela mesma por alguns dias.

Conceição sorriu e me abraçou de novo.

— A senhorita é tudo e muito mais do que Hernández e Carlinha me falaram — disse segurando meu rosto com uma mão.

Há tanto tempo não sentia uma mão materna me acariciando que tive que segurar minhas próprias lágrimas para não chorar ali por um motivo totalmente diferente de toda aquela situação.

— Por falar nela, já avisou Carla? — Perguntei tentando desviar do assunto.

Ela secou as lágrimas com o lencinho e sorriu cansada.

— Sim, a Sra. Roberts foi na casa dos meninos buscá-la e já estão vindo para cá, devem chegar a qualquer momento — explicou. — Nunca vou ser capaz de agradecê-la por toda a sua generosidade com a minha família.

Tentei esconder a surpresa que as palavras de Conceição me causaram. A Sra. Roberts foi pessoalmente ao apartamento de Jonathan e Evan buscar Carla para o hospital? Esse era um quadro no qual eu nunca pintaria a Sra. Roberts. Só me surpreendia cada vez mais. De fato, havia todo o mistério em volta da readmissão de Hernández após ter sido demitido ou em como ela tinha se mostrado diferente no primeiro dia em que fui no apartamento e almoçamos os três juntos, eu, ela e Jonathan...

A porta foi aberta bruscamente me fazendo prestar atenção em quem entrava. Como um furacão, Carla correu o quarto até chegar na mãe e abraçá-la.

— Mãe... Meu Deus! Meu pai... O que..? — Ela não conseguia formar uma frase coerente. 

— Calma, Carlinha — abraçou-a fortemente — está tudo bem. O perigo já passou. Só conseguimos trazê-lo a tempo graças a Srta. Wright.

Encolhi na cadeira sentindo a culpa me espremer.

Carla saiu do abraço apertado da mãe e voltou-se para mim. Segurando minhas duas mãos me puxou para um abraço forte, eu estava quase sufocando.

— Sarah! Não sei o que falar. 

— Nao precisa dizer nada, Carla. Está tudo bem.

Já havia perdido as contas de quantas vezes falara isso.

— Eu queria muito poder fazer alguma coisa por você.

Sorri para ela.

— Tem uma coisa que pode fazer por mim. Fique aqui um pouco com sua mãe enquanto eu devoro esse sanduíche maravilhoso que ela generosamente comprou para mim.

As duas riram e sentaram próximas da cama de Hernández.

Deslizei a cadeira para fora do quarto e fui para a cafeteria do hospital para comer. Estava prestes a dar a primeira mordida no sanduíche, a boca já salivando, quando meu celular acusou uma mensagem. Vi o número de Jonathan na tela, mas não abri para ler. O que quer que fosse que ele precisava falar comigo, podia esperar. A minha fome era maior. Ouvi mais uma mensagem chegar, mas não conseguia mais parar de comer. Aquilo era uma delícia! Conceição havia acertado em cheio no molho apimentado e peito de peru como opções. Quando estava para atacar o segundo sanduíche meu celular começou a tocar como louco.

10 minutos! Era só o que eu queria para comer meu lanche em paz.

Um pouco mal-humorada, atendi o telefone ainda com a boca cheia. Jonathan ia me pagar por ficar insistindo em uma hora tão importante quanto o é a da refeição. Porém quando atendi, a ligação havia caído.

Ele só podia estar de brincadeira, não tocou nem três vezes e desligou!

Um segundo depois, voltou a tocar com o número dele na tela, mas eu não ia atender. Não enquanto ainda houvesse sanduíche para ser comido. Depois de tentar quatro vezes — sem eu atender nenhuma delas, claro — ele pareceu desistir. Depois que terminei de comer tentei retornar a ligação, mas dessa vez era ele quem não atendia. 

Ótimo!

Por um segundo passou pela minha cabeça que algo poderia ter acontecido, mas descartei essa possibilidade. O que poderia ser mais urgente do que Hernández tendo um infarto? Àquela hora ele e Evan já deviam estar sabendo o que acontecera com Hernández bem como o fato de que eu estava no hospital.

Fui ao banheiro mais próximo lavar a boca e dar uma olhada na minha aparência geral. Talvez por ser um hospital, o espelho era baixo o suficiente para eu me ver sentada na cadeira.

No caminho para sair do banheiro me deparei com Carla que pareceu surpresa.

— Sarah! A Sra. Roberts está te procurando como louca! — Exclamou.

Suspirei cansada. Será mesmo que ela queria ter aquela conversa comigo no hospital? Demitir-me era tão urgente?

— Onde ela está?

— Em frente ao quarto de papai.

Já estava me direcionando para onde ela falara quando me lembrei de algo.

— Carla, foi por causa do seu pai que você não aceitou jantar conosco e foi embora às pressas ontem à noite?

Não conseguia acreditar que aquilo, na verdade, tinha se passado na noite anterior. Tanta coisa tinha acontecido que senti meu corpo subitamente pesado e minha mente exausta. Aquela família estava sugando todas as minhas forças.

Vi o corpo de Carla encolher e seu rosto se entristecer. Seus olhos que agora transbordavam de lágrimas foram resposta o suficiente para minha pergunta.

— Já tinha alguns dias que ele não estava se sentindo bem — disse fungando um pouco. — Ele insistia que um analgésico para cabeça iria resolver, mas eu não conseguia entender como um remédio para dor de cabeça poderia fazer passar uma dor no peito!

Havia muito tempo eu não sentia a urgência de levantar daquela cadeira de rodas, mas vendo Carla tão vulnerável, quis me libertar daquela prisão e abraçá-la com força. Era tão nova para passar por aquele tipo de situação. Infelizmente, o máximo que pude fazer sem parecer patética foi me aproximar um pouco mais e segurar suas mãos dando-lhe um aperto leve para reconfortá-la. Ela se inclinou e me abraçou o mais forte que seus braços frágeis permitiram. Seu corpo todo tremia com soluços e apesar da posição não ser muito confortável, por algum motivo, aos poucos senti seu corpo relaxar mais.

— Muito obrigada, Sarah — agradeceu com um sorriso triste. — Obrigada por tudo. Mamãe me explicou que se não fosse você a ter entendido toda a situação rápido, poderia ter sido tarde demais. 

Já não sabia mais como aceitar tanto agradecimento. Se eu tivesse descoberto ainda mais cedo, talvez Hernández  estaria acordado. 

— Carla, por fav-

— Não, eu preciso dizer. Se não fosse por você, talvez eu nem teria um pai agora — disse tentando conter uma nova onda de choro. — Mas queria agradecer também por sua amizade. Sei que me convidou ontem para jantar com os rapazes porque você me vê como uma igual. E mesmo agora, sua amizade foi presente de novo. Você sabe que eu jamais poderia chorar na frente de mamãe desse jeito. Ela acabaria infartando e arranjando um leito ao lado de papai. Não sei como ela está aguentando até agora — apertei mais uma vez sua mão e sorri solidariamente. Eu não sabia mais o que fazer. — Nossa! Eu estou tomando muito o seu tempo. Você deve ir encontrar a Sra. Roberts imediatamente.

Me dando um último abraço, dessa vez um pouco mais rápido, ela me enxotou para fora do banheiro sem deixar que eu falasse qualquer coisa. 

Eu queria poder ajudar mais, confortar mais, mas eu sabia que não havia nada que eu pudesse fazer no momento e isso me deixava louca. Uma coisa era eu ser impotente fisicamente porque era algo que, ainda que difícil, dava para dar um jeito. Mas e quando eu era impotente diante de uma situação emocional? Estava além da minha capacidade fazer tudo ficar bem de novo e esse sentimento só me consumia.

Foi com uma cara de derrotada que provavelmente a Sra. Roberts me viu quando quase esbarrei nela em uma das viradas no corredor do hospital. Estava no meu caminho para o quarto de Hernández quando a vi.

— Srta. Wright, finalmente a encontrei.

Encurvei a cabeça em sinal de respeito.

— Sra. Roberts... — Quase perguntei como ela estava, mas felizmente parei no meio do caminho com a estupiz. — Soube que deseja falar comigo. Acredito que a nossa conversa de hoje poderia esperar a situação se acalmar.

— Sim, sem dúvidas — concordou, não pude evitar de soltar uma expiração de alívio interna. — Vamos conversar sobre aquilo uma outra hora, mas o que desejo lhe falar no momento se trata de outro assunto.

Ouvi uma música tocar. Eu conhecia aquela música, era a peça principal de Chopin. A Sra. Roberts tirou o celular de dentro de sua bolsa e suspirou ao ver a identificação na tela.

— Sim? — Atendeu; ela esperou quem quer que fosse falar do outro lado da linha. — Já a encontrei, Jonathan, não seja exagerado. Acabei de falar com o doutor Waltz e ele me disse que está a 5 minutos de distância daí — outra pausa. — Sim, vou passar para ela.
A Sra. Roberts estendeu o celular para mim e não pude processar muito mais de toda a situação do que um médico indo para o apartamento dos garotos.

— Alô? — Eu disse.

— Meu Deus, Sarah! Eu não sei se te abraço ou se te mato! — Exasperou Jonathan.

Franzi o cenho confusa.

— Seja mais claro, por favor.

— Por que não atendeu o telefone? Eu estava te ligando que nem louco!

Pigarrei massageando a nuca com a outra mão. 

— Eu estava ocupada — tentei falar o mais baixo que pude para a Sra. Roberts não entender.

Comer não é exatamente algo que me deixe tão ocupada a ponto de não poder atender uma ligação, mas considerando que eu estava sem nada no estômago o dia todo, naquela hora pareceu algo bem "atarefante" para mim.

— Que seja. Preciso que venha para cá agora — mandou.

Olhei para a Sra. Roberts que enviava raios para me eletrocutar através do olhar. Eu não tinha ideia do que eu tinha feito, mas parecia ser algo bem grave.

— Eu estava aí 4 horas atrás, o que foi que aconteceu? 

— Nada demais — senti o sarcasmo em cada palavra dele. — Você sabe, o de sempre. A única diferença é que Evan saiu de casa, teve uma crise e sofreu um acidente.


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Notas finais do capítulo

Okay, mais desgraças estão vindo na vida de Sarah. Produção, isso já está ficando fora de controle.
Alguém dê algodão doce para essa menina, por favor. Não aguento mais isso!
Então, não me matem! Esse é o fim da primeira parte da história. Semana que vem estarei atolada com provas, não era nem para estar postando isso agora e sim, estar estudando, mas enfim...
Até o próximo cap.
Boa semana!



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