Silent Pain - Love Doesn't Have Legs escrita por UnknownTelles


Capítulo 11
Ultrapassando os Limites


Notas iniciais do capítulo

Gente, miiiiiiiiil perdões pelo atraso!
A semana de provas me pegou de jeito mesmo...
Fazem quase duas semanas que não posto, já era pra postar o capítulo 12 amanhã, mas não acredito que seja possível.
Maaaaaaas pretendo enviar o próximo cap. ainda essa semana.
Veremos....
Boa Leitura!



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Antes que eu pudesse pensar um pouco mais sobre o que tudo aquilo significava, Carla disse:

— Ele era tão diferente...

Ela havia voltado da cozinha com o copo de água e me entregou.

Dei um gole antes de perguntar:

— O que quer dizer?

Ela sorriu.

— O Sr. Evan era cheio de vida! Ele e o Sr. Jonathan tinham uma pista de corrida particular na mansão da família. Cada um deles tinham vários carros bonitos. Papai me dizia o nome de cada um, mas não lembro muito bem... — pensou por alguns segundos, mas desistiu — Eles também saíam muito juntos, principalmente para negócios da empresa. Soube que o Sr. Jonathan sempre levava o Sr. Evan para reuniões da empresa.

Por incrível que pareça, eu conseguia imaginar Evan em toda a narração de Carla. A situação na qual ele se encontrava é que era a errada, a que não combinava com ele. Toda a sua figura, seu semblante, seu corpo... Tudo dizia que ele pertencia lá fora, à vida social.

Total e completamente diferente de mim.

— Como foi que se conheceram? — Perguntei.

Ela corou e abaixou um pouco a cabeça.

— A gente não se conheceu exatamente.Talvez ele nem lembre que era eu na época.

Um sinal piscou em minha mente. O que ela queria dizer?

— Por que ele não se lembraria de você?

Ela mexeu no avental nervosa.

— Eu tinha ido acompanhar papai em seu trabalho, pois a Sra. Roberts estava precisando de uma empregada na mansão e queria me entrevistar. Quando chegamos lá, ela tinha saído para resolver uns problemas pessoais e papai me levou para dar uma volta na mansão para conhecê-la. Ele me mostrou os carros dos Roberts e o que ele usava para dirigir para eles — visualizei o carro com o qual Hernández havia me buscado, mas provavelmente não era esse na época. Ela continou: — Próximo da garagem tem uma enorme quadra para basquete na qual os irmãos estavam jogando na hora em que nós passamos. O Sr. Evan havia quase feito uma cesta, mas o Sr. Jonathan saltou e conseguiu jogar a bola para fora. Eu estava bem próxima dali e a bola veio na minha direção. O Sr. Evan veio correndo e pegou a bola, ele não me olhou mais do que um segundo e então voltou para a quadra.

Absorvi as palavras tentando entender onde ela queria chegar.

— E foi só? — Perguntei. — Por isso que disse que talvez ele nem se lembre de você?

Ela assentiu.

Imediatamente senti um peso enorme deixar meu peito. Jonathan não havia mentido para mim, ele mesmo não devia se lembrar do incidente ou estava longe demais para ver o rosto de Carla. 

Uma verdade maior me chocou: percebi que então pouco tempo, a amizade de Jonathan havia se tornado muito importante e significativa para mim. Tecnicamente, ele ainda era um estranho. Não havia nem um mês que nos conhecíamos, mas não entendia por que eu sentia tanto carinho por ele. 

Meu irmão mais velho, sorri me sentindo feliz.

— Sim, com certeza, Carla. Não sabe como me ajudou... — ainda com o copo em mãos, terminei de beber a água e entreguei para ela. — Evan está no quarto?

Ela pareceu confusa com a pergunta. Como que respondendo por ela, o dito cujo saiu da caverna. O cabelo estava todo bagunçado e as duas olheiras de antes estavam de volta abaixo dos olhos.

Espera... Aquilo debaixo do braço dele... Era o que eu estava pensando? Meu teclado?

Carla estava de boca aberta por algum motivo, não entendi o porquê. Parecia que tinha visto um fantasma.

— O que está fazendo com o meu teclado?

Ele bocejou e continuou andando até a cozinha, sem nem olhar para mim ou parar um segundo. Mal tinha acordado e já estava conseguindo um mal-humor.

— A única coisa possível de se fazer com um teclado — resmungou, quase não consegui ouvi-lo.

Por sorte, minha cadeira estava bem ao lado do sofá. Não sabia quem havia posto ali, mas agradeci mentalmente a quem quer que tivesse sido. Não pensei duas vezes. Sentei-me nela com agilidade e fui atrás do poço de educação que ainda tinha meu teclado em mãos. Ele não pareceu perceber a minha aproximação ou se percebeu, não demonstrou, pois continuou da mesma forma.

Eu já tinha chegado no meu limite. Desde que chegara ali no dia anterior, só saia arrogância da boca desse ser humano. Ele não conseguia pensar nem por um segundo como seria estar na pele de outra pessoa? Se comportava de forma egoísta, olhava com desdém para alguém que não tivesse tanto poder aquisitivo quanto ele e falava como se fosse algum tipo de sangue puro.

Chegando por trás dele parei no meio da cozinha.

— Vire-se — ordenei, minha voz estava tão firme quanto eu queria que estivesse.

Ele virou apenas o suficiente para ficar de perfil levantando as sobrancelhas, como se não estivesse acreditando que eu estava falando daquele jeito com ele. 

Empurrei as rodas para frente o máximo que pude até acertar a canela dele com o apoio para os pés. Kelly e meu pai uma vez me contaram o quanto aquilo doía enquanto ainda estava aprendendo a controlar a força e velocidade. A forma como se curvou e massageou o lugar dolorido, apenas confirmou o testemunho deles.

Ele me encarou furioso.

— Você tá maluca?

— Tô quase lá. Só preciso de mais cinco minutos debaixo de mesmo teto que você.

Ele inclinou em minha direção, colocando ambos os braços à minha volta sustentando-se nos apoios de braço da minha cadeira. Não consegui me mexer, nem respirar. Seu rosto estava a centímetros do meu e sua respiração fazia cócegas no meu nariz.

— Só porque é mulher, acha que não que não posso revidar? 

Senti minha espinha gelar.

Eu não estava com medo; não acreditava que ele fosse me machucar, mas seus olhos se endureceram de uma forma que nunca havia visto antes. Havia ódio líquido neles, mas principalmente dor, uma dor que senti apertar meu peito e me sufocar. Eu não sabia como, apenas sabia que aquilo não era direcionado a mim. Era algo que ele estava guardando dentro de si para outro alguém e que por algum motivo, eu acordei isso nele.

Senti uma urgência dentro de mim em saber o que havia acontecido com ele. A forma como se comportara estava relacionada com o que acontecera três anos atrás? Ou era outra coisa? Frustração era o sentimento que me dominava no momento, desde que conhecera aquela família, mais e mais perguntas surgiam na minha cabeça sem ter nenhuma respondida. Eu queria saber mais, entender mais.

Fitei-o com toda a coragem que pude reunir e deixei que esse pequeno momento de bravura tirasse o inesperado de mim. Levantei minha mão esquerda e coloquei no rosto de Evan. Meu coração estava batendo rápido e minha boca ficou seca. Perscrutei todo seu rosto como nunca pudera fazer, sua barba era tão clara quanto seus cabelos, estava desregular, áspera e precisava ser feita urgentemente. Ele tinha uma pequenina pinta amarronzada no ângulo da mandíbula. Não repararia se não estivesse não próximo. Seu nariz era fino e perfeito para o rosto que tinha. Seus cílios eram tão longos e da mesma cor que os cabelos e barba. 

Tudo nele era perfeito, com exceção daquele olhar. Não combinava em nada com seu rosto.

Voltei meus olhos para os seus, eles estavam surpresos e brilhando de uma forma excepcional. Parecia momentaneamente desequilibrado.

— O que aconteceu com você, Evan? — Sussurrei a pergunta que quis fazer desde o primeiro dia que entrara naquele apartamento.

A dor estava de volta aos seus olhos. Em apenas um segundo vi seu rosto se transfigurar de calmo para furioso novamente. 

Meu Deus! Aquela dor... Eu conseguia sentir, sem conseguir explicar. Aquilo estava consumindo-o por completo e sentia começar a fazer o mesmo comigo. Como ele havia conseguido viver com aquilo por tanto tempo, se apenas alguns segundos vendo tamanho sentimento refletido nele já era o suficiente para me sufocar?

Ele levantou bruscamente e jogou, literalmente, jogou o teclado em minha direção. Minha mão caiu no meu colo pesadamente. Ainda estava tão absorta na situação que não consegui ficar com raiva ou responder à altura sua grosseria.

— Já não está na hora de você ir? — Ele disse.

Minha forma embasbacada permaneceu imóvel até que ele saiu da cozinha.

Eu não estava conseguindo pensar com clareza, precisava de um tempo só. Despedi-me de Carla dispensado a oferta de me chamar um táxi. Eu precisava vagar por mim mesma e limpar a mente. Não poderia ir para casa a essa hora, pois meu pai estaria se sentindo sozinho e eu não seria uma boa companhia. Central Park foi minha opção. Cheguei em menos de 15 minutos, pois era próximo ao apartamento deles.

Com certeza tinha sido a melhor escolha a se fazer. O parque estava calmo e fresco. A grama estava tão verde e as árvores cheias de folhas proporcionavam o ar puro que meus pulmões precisavam fornecer ao meu cérebro. Não consegui ficar com raiva de Evan, nem sequer queria descontar nele tudo o que tinha acontecido. Era tudo minha culpa ter me deixado levar pelo momento e perguntado aquilo que mais devia machucá-lo. Ainda era muito cedo para tocar naquele tipo de assunto, eu mal o conhecia e poucas vezes nos tínhamos encontrado. Com exceção da primeira vez em que ele me chamara para conversar e que havia formado em mim uma relativa agradável primeira impressão, todas as outras vezes ele havia se mostrado arrogante e com certos valores invertidos. Ele não conseguia se colocar no lugar de outra pessoa...

... talvez porque ninguém nunca se colocou no lugar dele.

Que tipo de mágoa e sofrimento poderiam ser tão grandes a ponto de fazer uma pessoa se isolar do mundo? De ter medo dos outros? Até mesmo de sua própria família? Que tipo de horror ele deve ter vivenciado para que toda sua mente e corpo cedessem à tamanha escuridão que vi em seus olhos?

E por que raios eu fui deixar minhas emoções falarem mais alto do que a razão? Eu não era assim, eu nunca fui assim...

Quanto mais pensava naquilo tudo menos conseguia entender. Eu me sentia impotente. Queria fazer algo, qualquer coisa, para ajudá-lo a sair do poço em que estava. Mas como? A única coisa que eu sabia era que ele não devia dormir bem, que a música que eu tanto amava e que tantas vezes minha mãe tocara para mim ajudou ele a descansar de alguma forma...

Estava tão absorta em todos os planos que minha mente rapidamente começara a traçar que não havia percebido meu celular tocando em meu bolso.

Peguei-o e vi duas ligações perdidas.

Da Sra. Roberts.

Meu Deus, o que foi que aconteceu agora?

Atendi no primeiro toque da terceira ligação consecutiva que ela me fazia.

— Srta. Wright? — Sua voz soava inquieta. Alguma coisa não estava certa. — Espero não estar interrompendo nada. 

— Está tudo bem, Sra. Roberts. O que deseja?

— Preciso conversar com a senhorita o quanto antes. Tenho uma certa urgência quanto a isso. Quando podemos nos encontrar?

Passei a mão na testa. A dor de cabeça de quando acordara ameaçava voltar com força.

— Pode ser agora mesmo. Onde deseja me encontrar?

— Hernández vai buscá-la onde estiver. Venha até minha casa para conversamos.

Tentei impedir a surpresa escapar meus lábios em forma de exalação. Ela estava me convidando para ir na mansão dos Roberts?


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Notas finais do capítulo

Agora a trama começaaaaa! Tretaaaaaaas! Finally!!!
Sei que não tem sido fácil ler até aqui porque assim como todos vocês, eu odeio história que dá rodeios antes de começar o romance dos personagens, mas infelizmente essa introdução era necessária. A história tomou um rumo mais longo do que eu esperava, mas acreditem, é necessário para o que vai começar a partir de agora.
E para agradecer a todos que leram, favoritaram e comentaram, gostaria de deixar aqui um tira gosto: gente, muitas coisas fofas vão vir. É serio! Sou doida por histórias com situações originais e trabalhei duro até aqui para que essa história tivesse um bom contexto antes do romance fofo vir... Por isso, queria informar que há apenas mais um capítulo com o drama que preciso para o romance começar a fluir. No capítulo 13 as coisas vão ficar muuuuuuuuito boas, por isso, sejam só um pouquinho mais pacientes e aguentem mais um capítulo!
Boa semana!

P.s.: Desculpa a nota longa!



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