Uma multidão se aglomera nos mínimos recantos da praça, alguns chegam a estar em cima dos bancos e algumas crianças sentadas nos ombros dos pais, mas todos estavam ali por uma razão em particular, Lex Luthor iria fazer seu pronunciamento. A questão é que Lex Luthor não é um político, promotor, policial ou nada dessa natureza, mas sim um grande bilionário, extremamente inteligente, obstinado e determinado. Desde criança, nunca se vira alguém com tanta força de vontade a ponto de, sozinho, construir um império daquele tamanho. É fato que seu pai também ajudara a construir o patrimônio da família Luthor, mas fora o filho de Lionel, Alexander, que fez da companhia o símbolo de evolução e independência que todos conheciam. Lex sobe no palco e acena para a plateia, sorri com benevolência, dá uma estudada em seus papéis, então os mostra ao público e os rasga sem pensar duas vezes.
     - Imagino que queiram saber o que me motivou a fazer isso - Sugere ao ver a expressão surpresa da maioria - Fiz isso porque ninguém, nem eu ou você, precisa de um punhado de folhas medíocres e frágeis de papiro evoluído para expressar as coisas maiores e resistentes que existem em nossos peitos e presas em nossas entranhas. Há muitos que tentam negar a verdade, mas não é porque vivemos num mundo melhor que vamos deixar de questionar a razão de algumas coisas continuarem ruins, de serem o que são. Devemos agir com nossos parentes de tal maneira, devemos agir com nossos professores de tal maneira, devemos agir com os políticos de tal maneira, até com o papa se preciso for, então, porque com uma pessoa com causas filantrópicas e roupas chamativas e brilhantes deveria ser diferente? Todos nós trazemos exemplos em nossas vidas de situações onde ingenuidade nos custou caro, e muitas vezes custou um preço que não podíamos pagar e por conta disso sofremos com o peso de tais lembranças até hoje - Ele faz uma pausa para organizar os pensamentos, encara a multidão por um breve instante, então prossegue - Acho que todos aqui sabem de quem estou falando. Uma pessoa que deveria estar sob jurisdição política, ao menos responder por cada pedra que remove ao tentar nos tocar, exatamente como todos fazemos. O que dá a esse ser autoridade para estar acima de todos os que não podem voar? Afinal, nem todos temos asas, mas acredito que todos tem imaginação, e ela proporciona o maior de todos os voos, aqueles que nos conduzem aos nossos sonhos e esperanças, que não podem ser quebrados por alguém que se considera acima de todos - Lex olha de relance para sua jovem secretária sinoamericana, de óculos e vestido cinza, além de maquiagem e batom vermelho extravagante nos lábios - Espero que possam colaborar com a causa que expomos ao povo de Metrópolis em parceria com nossos maiores companheiros financeiros e executivos, mas também políticos. Isso não é por nós, senhoras e senhores, mas por seus filhos, pelos filhos dessa nação, que querem ter a liberdade que merecem, e eu ajudarei a entregá-la. Peço que assinem nosso baixo-assinado contra as ações do Superman. Digam "não" ao alienígena ilegal - Lex seca o suor que aparece em sua testa antes de descer do palco enquanto alguns assessores se apresentam no meio da multidão para recolher as assinaturas. Lex assina a foto de um garoto onde o empresário entrega um cheque gigante a uma família pobre, então tira meia dúzia de fotos com alguns apoiadores civis antes de entrar em um carro de luxo, onde seu semblante fecha e ele aproveita a ocasião para desabotoar a camisa após a chegada da assistente.
     - Sun Yo, que achou da minha performance hoje?
     - Genial, como de costume senhor Luthor.
     - Excelente, bom ver que apreciou, pois esse é apenas o começo da festa que pretendo iniciar.
     - "Iniciar" senhor? - Pergunta o motorista sem compreender.
     - Me expressei mal, obrigado pela observação, Tommy. O termo correto é anunciar. Pretendo anunciar uma festa em algum tempo.
     - Quer que eu começe os preparativos, senhor? - Questiona Sun preparando sua agenda.
     - Não minha cara, você me ajudará em outras ocasiões, os preparativos cuidarei pessoalmente.
     - Quanto àquele pedido que o senhor fez, o governo liberou os contratos de licença dos objetos requisitados. Deseja enviá-los à Lex Corp?
     - Sim, mas ao meu departamento pessoal, por favor. Quero brincar sozinho por enquanto.
     - Tem uma pessoa querendo vê-lo. Disse que marcou uma reunião com o senhor diversas vezes mas em todas o senhor terminou cancelando.
     - Ah sim, eu cuidarei disso. Diga que quero um encontro no escritório da Lex Corp aqui mesmo em Metrópolis e diga para ir bem vestida.
     - Senhor?
     - Não minha convidada, mas a assistente dela - Lex sorri sem ânimo antes de descer do carro e encarar dezenas de fotógrafos e jornalistas parados na entrada de seu edifício de cem andares com um letreiro tão chamativo quanto o prédio em si. Ao longe avistam-se prédios ainda em construção, a grande maioria deles com duas placas enormes ao lado da que indicava investimento público: "uma parceria da Corporação Luthor com a Corporação Wayne".