Templo do Senhor escrita por Qualquer coisa


Capítulo 1
Templo do Senhor


Notas iniciais do capítulo

GENTE DO CÉU QUE NERVOUSO QUE EU TOU!
Não é minha primeira NaruSasu, mas é a primeira que posto e to tremendo dos pés à cabeça igual uma doente! HSUAHAUHSAUHSUHSAUHSAUA *rindo de desespero*
Sério, eu gostei de escrever, apesar de ser Gateen-3K-palavras, eu tentei fazer em menos de 999 e consegui, mas pode não ter ficado muito explicado ou detalhado, contudo, vai que me dá ar de amor e eu desenvolvo a fic? NUM SEI MAS JÁ QUERO!
Críticas construtivas são MUITO bem-vindas.
Espero que se divirtam!



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Templo do Senhor

— Em nome do pai. — Tocou a própria testa. — Do filho. — Tocou o meio do peito. — Do espírito santo. — Tocou ambos os lados do peito. — Amém! – Mais delicado que os movimentos anteriores, tocou os lábios partido, abertos num sorriso cínico e fraco. — Vim rezar, Deus. — Concluiu, juntando as mãos em frente ao rosto. — Mas, sabe, eu não sei rezar, então vou fazer do meu jeito. — Seu tom era jocoso, quase debochado, apesar de olhar sério para Jesus crucificado a frente. — Eu não tenho ideia do porquê as pessoas rezam, na verdade. Algo sobre agradecer alguma porcaria que nunca aconteceu. Sei lá. Eu não tenho o que agradecer, entende? Minha vida só não está pior porque sempre pode piorar. Então acho que vim pedir mesmo. — Suspirou cansado, abaixando os olhos para os pés em mármore de Cristo, algumas elevações simbolizavam sangue. — Você já tirou minha mãe, meu pai... meu irmão... — Suspirou, engolindo o nó na garganta. — Por que não me mata também? Iria ser muito mais fácil...

— Não é assim que o Senhor trabalha...

A voz de fundo ascendeu aquele ódio abafado dentro de seu peito. Levantou-se bruscamente, pois estava ajoelhado, e virou-se para o rapaz logo atrás. Queria que fosse algum desconhecido insuportável e arrogante, mas a imagem do loiro era o reflexo de seu passado perturbador. De olhos azuis brilhantes e sorriso piedoso, o agora homem vestia batina e sapatos sociais lustrados. Sob a luz fraca do grandioso templo, faltava-lhe apenas a auréola para se consagrar santo perto do inferno que sentia.

— Vai se foder! — Bufou numa arrogância própria, como se há pouco não abdicasse do orgulho em troca de redenção.

— O Senhor não vai lhe tirar a vida, Sasuke. Seria injusto com você — murmurou doce.

Com impaciência, rolou os olhos, cerrando os pulsos. Queria avançar no homem e encher aquele rosto bronzeado de roxos e vermelhos. Deixar todo o ódio que sempre sentiu aflorar e finalmente dar um motivo para que Deus o destruísse. Existiria pecado maior que tomar a vida de um servo direto do Senhor? Ainda assim, fervendo e queimando, apenas bateu os pés no chão para sair daquele lugar, querendo abandonar, mais uma vez, aquele passado imperfeito.

— Sasuke... — Num suspiro cansado, segurou-o pelo braço, não o deixando sair. Desta vez ele não iria embora. — Me deixe... me deixe cuidar de você... — As palavras eram difíceis de encontrar, mesmo após ter passado a vida inteira em busca delas. Em busca de Sasuke.

— Por que não me deixa em paz? — Ergueu os olhos avermelhados para o loiro. Apesar do costumeiro jeito de agir, ainda estava envolto pela maconha fumada antes de adentrar o templo. Cannabis nem tinha mais efeito, de qualquer modo.

— Porque eu te amo! — ditou, apertando com certa força o braço magricela do moreno. — E nem que eu precise arrancar seus braços e pernas, eu não posso te deixar ir de novo.

Sasuke até diria algo. Palavras, por mais diretas que fossem, nunca lhe faltaram. Ainda mais em frente à sua maior perdição.

Depois de perder o pai na guerra, ver a mãe se suicidar no meio da sala e Itachi morrer de subnutrição para que tivesse o que comer, deixou de acreditar na humanidade, entregue a versão caótica da existência. Era um pedaço de merda fadado ao fracasso. Roubava para ter o que comer e não hesitou em matar quando precisou reafirmar um ego fingindo. Até conhecer o doce rapaz que acreditava que todos podem ser salvos, doando suas roupas para mendigos podres e compartilhando seu alimento com prostituas drogadas. Roubou-o até o último centavo quando ainda tinha dezesseis anos, sendo espancando pelo próprio Minato, prefeito da cidadezinha pequena na qual se enfiara, após consumir cada moeda com cocaína. Passou meses numa prisão de menores, sendo visitado todos os dias pelo par de olhos azuis. Além das surras que recebia dos mais fortes, ganhava bolo e cuidados do loiro que nunca desistiu de sua alma desgarrada. Sendo ele muito religioso, seguia à risca os mandamentos imbecis de tal Deus. Sempre o achou patético, até ter comida quente e um videogame.

Contudo, o tempo era perturbador para todos. Depois da prisão ficara com os Uzumaki, até o mundo se abater na família. Minato falecera e Kushina ficara muito doente. Seu único amigo verdadeiro precisou partir para cuidar da mãe, servindo à Igreja a pedido da mulher. Abandonado, literalmente. No começo os odiou, pois, o dinheiro deixado durou apenas a primeira semana de ressaca. Gastou cada nota com cocaína e vodca barata, afogando-se num novo tipo de ódio que antes já nutria pelo próprio país, agora era por cada ser humano.

Até estar com quase trinta anos, decadente e caótico. Cansado demais para continuar. Pesado. A vida tornara-se um fardo impossível de continuar empurrando. Sem dinheiro, sem emprego, vivendo de restos de homens asquerosos e se alimentando do próprio orgulho, não tardou para ser abatido completamente por uma doença autoimune. Sem esperança, resolveu implorar a Deus o inevitável. Estava marcado para morrer desde o dia em que nascera, apenas queria acelerar o processo, desejando merecer ao menos essa redenção.

No entanto, em troca de seus pecados, Deus resolveu enviá-lo uma última esperança. Num sorriso gentil e num abraço carinhoso, Sasuke deixou-se cair pela primeira vez naqueles vinte e sete anos. Aos prantos, entregue a dor do corpo e ao cansaço da doença, agarrou-se à batina de Naruto, apertando-o contra si numa última despedida. Agarrava-se ao único anjo que conheceu, abdicando do ódio pela vida em troca daquela salvação com cheiro de vinho e mofo.

— Me ajuda... — murmurou.

Buscando mais que conforto, algum sedativo, tomou os lábios vivos do padre num beijo. Sua vida toda fora errada, contanto, não temia se concretizar no pecado. Acreditava que se estava alto o suficiente para chorar, não deveria temer a repudia. E ela não veio.

Descobrira salvação no templo do Senhor, Naruto Uzumaki.


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Notas finais do capítulo

Amores, obrigada a quem leu e obrigada ainda mais pra quem mandar review ♥
Pra quem tiver curiosidade, o grupo do desafio é esse: https://www.facebook.com/groups/1496203540645612/