Summer Dream escrita por Weird


Capítulo 1
He was Beautiful Like a Summer Dream




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"Esses homens...", Cetim Flowers pensou assim que chegou À Muralha, deparando-se com seus novos companheiros de patrulha, "eles nunca me verão como um irmão". Ele não poderia estar mais certo. Cetim era um garoto de dezoito anos que, apesar da idade, ainda era verde como a grama. Não era tão alto, tinha grandes olhos escuros e cabelos pretos que caíam em lindos e macios cachos até seus ombros estreitos, emoldurando seu rosto de porcelana. Bonito. Bonito demais para aquele lugar.

Por apenas cinco segundos, ele se arrependeu. “Quero voltar à Vilavelha”. Então mudou de ideia. Pelo menos em Castelo Negro não teria que se deitar com ninguém. Estava cansado daquela vida e por este motivo decidiu servir à Patrulha. “Haveria uma melhor opção?”, pensava observando os rostos das pessoas com quem conviveria o resto de seus dias. Homens velhos e novos, em sua maioria com feições rudes, olhos amargurados. “Homens tão vazios”, Cetim pensou, percebendo assim a única semelhança entre ele e seus irmãos.

Mas então, o viu. Jon era lindo como um sonho de verão. Olhos cinzentos, tão escuros e profundos quanto uma tempestade, tão melancólicos, cabelos castanhos um pouco mais curtos que os seus, um pouco mais alto também, apesar de ser mais novo. E os lábios… Pareciam convidativos demais para que pudesse controlar a vontade de beijá-los. Provavelmente o homem-menino mais bonito que Cetim já havia conhecido em sua vida. Por um momento, também breve, desejou voltar a ser um prostituto. Seduzi-lo-ia. Os homens eram fáceis de se seduzir. Balançou a cabeça para afastar aqueles pensamentos idiotas, isso nunca aconteceria.

À medida que foi o conhecendo, teve mais certeza disso. Jon não era como os outros homens. Ele o tratava como um igual, não olhava-o de cima, muito menos julgava seu passado. “Você é meu irmão agora”, disse certa vez. Uma parte de Cetim ficou feliz de finalmente sentir-se aceito, entretanto a outra parte de si, essa bem maior, ficou decepcionada com a afirmação. Não queria ser irmão mais velho de Jon. Não,  não queria isso. Queria os braços de Jon ao redor de seu corpo, queria levantar o rosto e ter os lábios bonitos pressionados contra os seus. Queria que os olhos tempestuosos olhassem-no com a devoção de um amante e não a lealdade de um irmão. Queria senti-lo dentro de si, cada parte dele. Sussurrar seu nome para que apenas a noite o escutasse, para que somente Jon o escutasse. Esses pensamentos o assustavam. Não lembrava-se de ao menos uma vez desejar alguém como desejou o garoto do Norte, que tinha um nome frio, mas emanava calor em tudo que fazia. Tão quente…

❄❄❄

Selvagem.

Jon envolveu-se com uma selvagem.

Primeiro Cetim sentiu inveja, depois ódio e então inveja novamente. As mãos de Jon tocaram-na. Ele a beijou e sabe-se lá  o quê mais fez com ela. O pensamento deixou-o com vontade de vomitar. Ele odiava a garota selvagem, que descobriu depois chamar-se Ygritte. Odiava-a.

Porém, quando ela morreu, Cetim não conseguiu ficar feliz. Quando ela morreu, Jon estava triste. Nunca vira tanta tristeza nos olhos dele, não até aquele momento, não quando observou-o queimar o corpo de Ygritte. “Ele a amava”, concluiu para si mesmo. “Ele realmente a amava”. Ygritte tinha sorte, pois mesmo meses depois de sua morte, aquele olhar de Jon permaneceu. Mesmo quando foi eleito Senhor Comandante. Cetim tinha a sensação de aquele olhar nunca o deixaria. Enquanto Jon vivesse, Ygritte nunca seria esquecida. E por isto, ela tinha sorte.

Todos os dias ele tinha a prazer de vê-lo de perto. Receber ordens educadas e gentis, porém firmes. Viu o garoto tornar-se um homem como em um piscar de olhos. Jon parecia mais velho que Cetim agora. Tão sério…

As mãos que escreviam rapidamente no pergaminho, eventualmente foram parar em seu rosto, suspirando. Jon apoiou o queixo na mão outrora queimada. Ele tinha o hábito de flexioná-la, o garoto de Vilavelha observava. Não sabia o que tinha em Snow, mas toda vez que o olhava, parecia estar mais bonito. Fantasma estava ali também. Deitado no canto, observando quaisquer movimentos que os homens faziam. Com o passar do tempo, começou a se acostumar com a presença do lobo gigante.

“Parece preocupado, meu Senhor”, Cetim aproximou-se, pegando o pergaminho com cuidado, pronto para logo enviar em um dos corvos com destino até onde quer  que seja. “Não fique tão preocupado, estamos à salvo na Muralha, o senhor está à salvo aqui.”

“As coisas ficam cada vez mais complicadas, Cetim”, respondeu-o. “O inverno está chegando. Nenhum de nós está à salvo. Muito menos eu”. Soava sombrio. Sombrio demais. Como se já soubesse do que estava por vir. “Talvez soubesse”, refletiu.

Queria fazê-lo relaxar, porém só conhecia um jeito de fazer homens relaxarem e Jon não parecia o tipo que se “aproveitaria” de seu intendente. Por mais que, do jeito que era a história, fosse mais provável Cetim se aproveitar de Jon. Não que já não o tivesse tentado.

Na primeira noite em que Jon Snow nomeou-o seu intendente pessoal, Cetim despiu-se por inteiro e sentou-se sobre os joelhos na cama de seu Senhor, com um manto branco cobrindo parte de seu corpo. Iria servi-lo da melhor maneira que pudesse e com o maior prazer possível, se assim fosse de seu agrado. Entretanto, quando Jon entrou no recinto, mesmo com a sombra de desejo em seus olhos cinzentos, apenas disse-o para vestir logo roupas quentes, antes que pegasse um resfriado e que não estava ali para servi-lo daquela maneira. “Eu não poderia me importar menos com o seu passado, Cetim. Porém é isto que é: seu passado. As coisas aqui são diferentes de onde você veio. Não sou os homens com quem está acostumado, espero que saiba disso”, então pôs-se atrás da mesa, a escrever mais cartas.

“Não… Você não é”. Não sabia se estava surpreso ou decepcionado. Decidiu, por fim, que os dois. Jon era tão diferente dos outros. Ele não o via como um brinquedo, como um objeto, como uma puta… Cetim detestava essa palavra.

Não, Jon o via como mais. Via-o como um homem, como um guerreiro, como um irmão. Mas esse pensamento não deixava-o feliz como gostaria que deixasse. Ele gostaria de aceitar as coisas como elas deveriam ser. E certamente gostaria de não desejar seu "irmão".

Então passou a desempenhar sua tarefa como intendente pessoal. Fazia aquilo que Jon pedia, às vezes até se adiantava. Se não pudesse satisfazê-lo na cama, faria isto fora dela. Embora aquelas palavras trouxessem significados mais excitantes do que realmente eram para Cetim. Olhando as mãos do Comandante sobre a mesa, imaginou-se ali. Despido de qualquer roupa, vergonha ou hesitação, com aquelas mãos acarinhando toda a extensão de sua pele, fazendo-o se sentir bem como ninguém nunca fez. Jon era dele e ele era de Jon. Aquela doce ilusão fazia-o suspirar como uma donzela pelo valente cavaleiro. Mas Jon Snow não era um cavaleiro e Cetim certamente não era uma donzela.

❄❄❄

Era uma noite tão fria quanto qualquer outra. Todavia, algo no ambiente não parecia certo. Não parecia encaixar-se. Então o rapaz de Vilavelha levantou-se, vestindo-se rapidamente. Quando entrou nos aposentos de seu Senhor, não o encontrou. Uma sensação ruim percorria todo o seu interior e, antes que percebesse, estava correndo. Correu até o encontrar. Mas não da maneira que queria.

A neve branca entrava em contraste com o sangue de Jon Snow. Ele estava lá. Imóvel. Os olhos tempestuosos abertos, vazios, sem vida, sem nada.

As lágrimas escorriam pelo rosto de porcelana de Cetim, sem a menor menção de serem detidas. Pareciam congelar em suas bochechas avermelhadas. Mas Cetim não se importou. Quando abraçou o cadáver de Jon, não se importou. Quando sujou as vestes com o seu sangue, não se importou. E quando beijou seus lábios, os mesmos lábios atrativos pelos quais passou incontáveis horas perguntando-se qual seria o sabor deles, aqueles lábios que agora estavam tão frios, não se importou.

Se o espancassem agora, se o estuprassem e o matassem, ele não se importaria. Seu coração estava tão quebrado. Ele estava tão quebrado.

Ficou abraçado ao homem que amou pelo que pareceram horas. Então, algo que não esperava aconteceu: Jon começou a respirar novamente. Quando o olhou, parecia assustado, como quem acorda de um pesadelo, a respiração pesada, s olhos confusos. E foi ali que Cetim o beijou outra vez, sem procurar explicação para o que acabara de ver. Beijou Jon, pois ele estava ali. Estava vivo. Poderia ser seu. Poderia… Poderia…

Jon finalmente poderia ser seu. Faria de tudo para conquistar seu coração da mesma maneira que a garota selvagem fez. Quem sabe com ainda mais intensidade.

Jon poderia ser seu, porque não desistiria. Aquela vida era incerta e parecia ser curta demais para não tentar.

Jon poderia ser seu…

E ele poderia ser de Jon.

Era uma ideia tão bonita quanto um sonho de verão. Tão bonita quanto uma canção de primavera e tão bonita quanto Jon.

E Cetim não pediria mais nada.

Só queria Jon.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, porque eu gostei de escrever essa breve narrativa. Gosto de imaginar que o Cetim tenha mesmo tido sentimentos por Jon, sentimentos fortes, independentemente de que tipo sejam estes. Gosto de Cetim, seria bom ver mais coisas sobre ele.
Talvez eu escreva algum lemon no futuro... Talvez.
Bem, obrigada por ler.
Beijos de luz.



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