Destinada escrita por Benihime


Capítulo 9
Capítulo VII




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Lydia

— Você está maravilhosa, Lidy. Pronta?

Suspirei, enfadada. Mais uma das festas de Apolo, exatamente a última coisa que eu queria.

— É claro. — Respondi, pegando o braço de minha irmã.

Entramos juntas no baile. Hermes foi o primeiro a me ver e veio falar comigo.

— Olá, princesa.

— Oi, Hermes. Vai dançar com alguém hoje ou vai se esconder?

Ele fingiu pensar por um segundo e então deu um sorriso maroto.

— Me esconder, obviamente. — Respondeu.

Rimos juntos e ele se afastou pouco depois. Reparei em Ares me olhando e não pude evitar sorrir para ele.

Ares

Desde que vi Lydia entrar no baile com Atena, não consegui tirar os olhos dela. Deuses, aquele vestido!

— Ela é linda, não? — Hefesto riu, vendo meu olhar abobalhado para a morena irritante.

— Linda, mas continua sendo uma peste. — Respondi. — E, além do mais, é minha irmã. Seria nojento.

— Pare com isso, cara. Você gosta dela.

  Eu o encarei, surpreso, me perguntando como aquele cabeça-dura adivinhara.

— Nem vem que não tem, mané. — Rebati, fingindo indiferença. — Não gosto daquele demônio em forma de mulher.

Até para mim, não soei muito verdadeiro. Eu sabia que era um péssimo mentiroso quando se tratava daquela mulher. Não conseguiria esconder o que sentia por ela nem que tentasse.

— Você não quer admitir que se apaixonou por ela. — Hefesto provocou. — Qualquer um se apaixonaria, não se sinta mal por isso.

— Eu não estou apaixonado por ela! — Protestei. — Isso é loucura, impossível, sem sentido algum. Ela é uma praga! Se eu pudesse, acorrentaria aquela morena dos infernos no Tártaro pela eternidade.

Hefesto ficou em silêncio por um momento, e achei que o tinha convencido. Isto é, até ele rir de novo.

— Por que você não para de fingir e vai atrás da mulher que ama? — Desafiou. — Sabe que, se não fizer isso, alguém fará. Mais cedo ou mais tarde.

— Eu não a amo.

— É claro que ama.

— Amo não.

— Tudo bem, se você quis dizer que a ama …

— Não! Eu quis dizer que a amo! Não, espera, saiu errado. Er ... Tem que ter a palavra não. E ... Espera aí! — Encarei meu irmão, finalmente entendendo tudo. — Você está tentando me confundir, seu desgraçado!

— Ares. — Ele bebeu mais um gole de vinho, me olhando com seriedade por sobre a taça. — Por que, exatamente, você a odeia?

— Porque ela me atormenta! Ela me deixa louco de raiva e ... E ... Eu odeio quando ela ... Odeio quando ela me desafia. Eu a odeio por ser mandona, irritante, complicada, peste, teimosa …

De repente, a própria Lydia apareceu, com um sorriso maroto que indicava que ouvira pelo menos parte do que eu dissera. Me calei na hora, conhecendo bem o seu mau gênio. Se aquela mulher sequer suspeitasse do que falei, haveria briga na certa.

— Oi, Hefesto. Oi, Ares. — Ela disse, beijando nós dois na bochecha.

— Oi, Lydia. — Dissemos juntos.

Ela riu para si mesma, girou nos calcanhares e se afastou. Hefesto me lançou um olhar do tipo "eu te disse", o que me fez querer lhe dar um soco.

Lydia

Conversando com Atena, me surpreendi ao sentir alguém tocar meu ombro. Virei-me e fiquei cara a cara com Ares. Tentei, e sei que falhei miseravelmente, em esconder o quanto ele me afetava.

— O que você quer? — Inquiri.

— Você, é claro. — Foi a resposta, enquanto ele estendia a mão direita num convite. — Dança comigo?

— Essa é uma péssima ideia.

— Só uma dança, morena. — O deus de olhos verdes insistiu. — Que mal há nisso?

— Argh! — Exclamei, contrariada. — Certo, seu brutamontes, contanto que você me deixe em paz depois.

— Tem a minha palavra quanto a isso.

— Está bem, então.

Dançar com Ares foi uma experiência e tanto. Ele era, para minha surpresa, um excelente dançarino, contanto que eu conduzisse, fato que me fez rir.

— Ora, ora, Deus da Guerra, estou surpresa. — Declarei jocosamente. — Você até que dança bem.

— Tive tempo para praticar.

E fora eu quem sugerira isso, muito tempo atrás. O fato de ele se lembrar me desconcertou.

Como prometido, Ares me soltou assim que a música terminou, e imediatamente fugi para os jardins para ter um pouco de paz. Eu realmente precisava recuperar o controle, ou corria um sério risco.

Ares

Tomei coragem e fui encontrar Lydia. Ela estava perto da fonte no centro do jardim, olhando a lua cheia. Fiquei ao seu lado, em silêncio, por alguns minutos. Ela mal pareceu perceber minha presença.

— A noite está perfeita hoje. — Comentei enfim.

— Sim, está. — A morena concordou sonhadoramente. — Adoro noites de lua cheia. Mas tenho a impressão de que você já sabe disso.

— É. — Concordei. — Eu sei, sim.

Estendi a mão e coloquei sobre a dela, que não recuou. Ao contrário, virou-se para me olhar nos olhos. 

Me vi presa de suas íris de safira, completamente enfeitiçado. Tudo que eu conseguia pensar era em fechar a distância entre nós e beijá-la novamente.

— Lydia ... Sobre aquela noite ... O que eu disse era verdade.

— Aquela noite? — Ela inquiriu, parecendo confusa. — Do que você está falando, Ares?

— Você não se lembra?

— Eu me lembro de um sonho, mas … — Ela balançou ligeiramente a cabeça, parecendo querer convencer a si mesma. — Não tem como aquilo ser real.

— Não foi um sonho, Lids.

Ela apenas continuou imóvel, encarando-me com aqueles olhos azuis como oceanos. Pela primeira vez, pude entender o motivo de ela ser a Deusa do Infinito, pois eu poderia facilmente mergulhar nas profundezas daquele olhar e me perder pela eternidade.

— Ares, eu ... Você sabe que não podemos ficar juntos. Papai jamais permitiria.

— Zeus que se dane. — Declarei. — Eu não me importo com o que ele pensa. Só o que me importa é você, Lydia.

Lydia finalmente pareceu ceder e se aproximou, seus olhos se fechando em expectativa, seus lábios entreabertos esperando que eu fechasse a distância entre nós.

Quando a beijei ela colou o corpo ao meu, retribuindo com entusiasmo, toda e qualquer dúvida posta de lado. Não sei quanto tempo o beijo durou, mas foi longo o bastante para eu me sentir tonto pela falta de ar. Minha morena se afastou um pouco, mas manteve-se apoiada em meu peito.

— Está tonta?

Lydia assentiu, parecendo abalada demais para falar. Passei um braço por sua cintura para ampará-la e ela pousou a cabeça em meu ombro.

— Ares, querido,  quanto tempo! — A voz de uma ninfa com que eu costumava sair soou de repente. — Tem fugido de mim?

Antes que eu pudesse sequer pensar em responder, a ninfa se aproximou e me deu um beijo. Não um beijinho qualquer, mas um beijo na boca. Vendo isso, Lydia se afastou bruscamente, seus olhos azuis luzindo de fúria.

 — Pensei que você tivesse mudado. — A morena declarou. — Por um segundo, realmente pensei ... Mas é claro! Sempre a maldita lista, não é?

— Lydia, espera!

Ela simplesmente me ignorou. Não que eu esperasse qualquer coisa diferente daquela mulher insuportável.

Lydia

Entrei em meu quarto aos prantos, corri e me joguei na cama, enterrando o rosto no travesseiro.

— Merda! Idiota, idiota, idiota! Ares, seu babaca!

Escondi o rosto no travesseiro mais uma vez. Eu prometera a mim mesma jamais chorar por causa de um homem novamente, mas simplesmente não conseguia evitar. Doía demais, muito mais do que eu havia antecipado.

Ele brincara comigo, como eu sabia que faria. Todos os avisos para mim mesma para evitar me apaixonar por ele foram em vão, como eu também já sabia que seriam. Eu estava irremediavelmente envolvida por aquele brutamontes mulherengo.

Ares

— Mas que droga! — Xinguei, bebendo mais um gole de uísque.

— O que diabos aconteceu, afinal? — Hefesto inquiriu.

— Lydia é maluca, foi isso que aconteceu. Teve uma ninfa que me beijou e ... — Fui interrompido por um tapa na nuca, dado com força. Considerando o tamanho do homem ao meu lado, certamente não foi pouca. — Ei, essa doeu! Pra que isso, seu idiota?!

— Você é um babaca, sabia? — Meu irmão declarou acidamente. — Ainda não percebeu? Lydia tem medo de ser mais uma na sua lista, seu galinha!

— Galinha? Que história é essa, Hefesto?

— Pare de fingir, cara. — Ele bufou, irritado. — Quantas já foram só na última década? É claro que Lydia não confia em você. Ela está com medo.

Suas palavras me pegaram de jeito e eu grunhi, contrariado.

— Que droga, Hefesto! Por que diabos você sempre tem razão?


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