Destinada escrita por Benihime


Capítulo 33
Capítulo XXXI




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/740354/chapter/33

— Não. — Gaia foi categórica. — Você não tem a mínima chance contra Nyx.

— Acha mesmo que sou tão fraca?

Eu me irritei. Ela não era a primeira a me dizer que eu não conseguiria. Amaldiçoei minha aparência. Quase todos que olhavam para mim viam apenas minha beleza, e não prestavam atenção em minha verdadeira capacidade.

— Claro que não. Você é uma excelente guerreira, mas ainda precisa melhorar muito se quiser vencê-la.

— Está bem, então. Me ensine.

Seus olhos brilharam como se eu tivesse dado a resposta certa. Depois de alguns aquecimentos básicos, começamos o treinamento propriamente dito.

— Lembre-se: jamais aja primeiro. — Gaia instruiu. — Só terá uma chance, então trate de fazer valer a pena. Nyx é mais forte, então não a ataque diretamente. Seja sutil. Ela logo vai perder a cabeça e é aí que você age. Intercepte seus movimentos, use a força dela a seu favor.

— Quão forte ela é?

— Forte o bastante para me vencer em meu auge.

Não posso negar, isso me assustou um pouco. Eu conhecia a verdadeira força de Gaia, sabia o quanto era difícil vencê-la.

— Não tenho medo.

— Prove. Venha cá e me enfrente.

Minutos depois

— Já chega, Lydia! — Gaia exaltou-se — Você nem está se esforçando.

Eu estava furiosa. Apesar do meu esforço, Gaia bloqueava todas as minhas tentativas. Ela era mais rápida e mais inventiva do que eu, me vencia quase sem fazer esforço.

— É claro que estou. — Meu tom não escondia minha frustração.

— Então que tal fazermos uma aposta?

— Estou ouvindo.

— Se você perder essa luta, Ares entra na batalha na linha de frente. Se vencer, dou um jeito de você lidar com Nyx sozinha, sem julgamentos.

— O que? — Quase gritei. — Deixe Ares fora disso!

— Parece que alguém aqui se importa mais do que admite, não é Lydia?

— Pare com isso. — Reclamei. — Sabe que eu gosto dele.

— E então, vai aceitar a aposta?

— Claro. E vou vencer.

— Veremos.

Quando Gaia arremeteu contra mim eu pulei para o lado, evitando seu golpe e revidando com um chute. Ela se desequilibrou, mas não caiu, e tentou me dar um soco. Desviei e revidei com uma cotovelada no estômago. Enquanto Gaia estava curvada de dor, tentei dar um soco cruzado. Ela o aparou e torceu meus pulsos, fazendo-me ofegar de dor.

— Desiste?

— Só depois que eu vencer.

— Pouco provável.

— Veremos.

Larguei a espada e passei-lhe uma rasteira, mas a segurei antes que caísse, passando um braço por sua cintura e usando o outro para imobilizar seus braços. Minha real intenção era fazer com que ela largasse a espada, de modo a deixá-la vulnerável.

— Precisa de mais do que isso, querida Lydia.

Ela se livrou de meus braços e saltou para longe com uma pirueta, desferindo um soco. Evitei seu golpe e ataquei com um chute, do qual ela também desviou. Gaia investiu com outro soco, mas o aparei cruzando meus punhos.

— Nada mal, garota. — Ela sorriu — Mas precisa agir mais rápido se quiser vencer.

Antes que eu percebesse ela me tinha imobilizada contra uma árvore, sua espada ameaçando minha garganta.

— Ah, não pense que me entrego tão fácil assim.

Dei um chute na árvore com a maior força que consegui e algumas folhas secas se soltaram, confundindo Gaia por tempo o bastante para que eu escapasse pela esquerda.

— Sua cobrinha! — A Mãe-Terra ralhou. — Você é mais astuta do que eu pensava.

— Você ainda não viu nada.

Por um momento nós apenas nos encaramos, uma tentando prever o próximo movimento da outra. Eu pretendia ser mais rápida do que Gaia e atacar para vencer.

Com a Espada do Destino, chicoteei um golpe alto, que minha oponente defendeu sem problemas. Sorri. Ela caíra em minha armadilha. Girando minha lâmina, forcei a dela para baixo, pondo pressão até que ela não aguentou mais e soltou a espada. Aproveitei seu breve momento de surpresa para estocar com o cabo da Espada do Destino e derrubá-la, minha lâmina ameaçando sua garganta. Gaia riu alto ao se ver derrotada.

— Muito bom — Elogiou, afastando despreocupadamente o fio da espada com uma das mãos. — Muito bom mesmo.

— Acha que já estou pronta para enfrentar Nyx?

Ela aceitou a mão que estendi e deixou que eu a ajudasse a levantar.

— Eu acho que você sempre esteve pronta, Lydia.

Horas depois

Gaia era uma treinadora exigente e, apesar de minha vitória, continuamos com o treinamento até eu estar cansada. Obviamente eu sabia que vencia apenas por causa de meus estratagemas. Em matéria de pura habilidade, Gaia arrasaria comigo, e era por isso que eu não podia me dar ao luxo de relaxar no treino.

— Quer parar por hoje? — Inquiriu.

— Não. — Respondi, notando que estava um pouco ofegante. — Mais um round. Preciso melhorar aquele golpe duplo.

— Lydia, vá com calma. Não vai fazer bem nenhum se você se esforçar demais aqui e acabar se machucando.

Aquiesci, deitando-me na grama, e Gaia se sentou perto de mim. Mais cansada do que havia percebido, permiti que meus olhos se fechassem por um momento, virando o rosto na direção da brisa.

Ouvi Gaia cantarolando uma canção e abri os olhos para fitá-la. Sua blusa era quase transparente, permitindo que eu visse sua pele. Foi então que notei uma enorme cicatriz denteada, já esbranquiçada pelo tempo, que ia do começo de seu ombro esquerdo até quase o quadril direito. Gaia notou que eu a observava e me olhou por sobre o ombro.

— Como conseguiu a cicatriz? — Perguntei.

— Uma espada. Foi assim que os olimpianos me derrotaram da primeira vez. Zeus, se quer saber.

— Aquele covarde! — Ela me olhou, surpresa, o que me fez abrandar o tom. — Posso fazer a cicatriz sumir, se você quiser.

— Não, Lydia. — Ela respondeu gentilmente. — A cicatriz é um lembrete para que eu jamais volte a ser aquela mulher. É algo que eu não quero esquecer.

O silêncio caiu entre nós. Eu pensava em sua determinação de ser diferente, admirando a força que ela tinha.

— Lydia ... — Sua voz me tirou da linha de meus pensamentos. — Durante a batalha, Nyx fará qualquer coisa para derrotar você. Precisa ter cuidado e ... — ela tirou do pescoço um colar cujo pingente parecia feito de todas as pedras preciosas existentes. — Prometa-me que usará isto. Chama-se Cristal de Almas, e já me ajudou mais vezes do que posso contar.

— Está bem, eu prometo.

Ela colocou o colar em meu pescoço. Quando o delicado fecho de prata encostou em minha pele, pareceu queimar, como um pacto silencioso sendo firmado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Destinada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.