Destinada escrita por Benihime


Capítulo 3
Intermezzo*


Notas iniciais do capítulo

*Palavra de origem italiana. Significa "interseção", "pausa". Usada entre os atos de uma peça de teatro.



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Sorrio levemente comigo mesma, relembrando a confusão, o choque, o modo como minha vida mudara ... Mas como resumir tudo?

Penso por alguns minutos, batendo a caneta levemente no caderno aberto, tentando expressar em palavras o que senti, até finalmente conseguir algo que me parece aceitável.

Muita coisa pode ser aprendida com a dor. Violência. Vingança. Maldade.

Paro e fecho os olhos, deixando que as imagens me atinjam com a força de um tsunami. Medo, desespero e dor. Causados por minhas próprias mãos. Com a mão ligeiramente trêmula, volto a escrever.

Como pode ver, nem todas são boas. Algumas sim. Eu aprendi a ser forte, a lutar pelo que acredito, a jamais deixar minha dor me dominar.

Suspiro, sabendo que estou mentindo descaradamente em nome da tranquilidade. Eu não sou forte, sempre acabo cedendo à dor. Todas as noites, o peso me atormenta e me faz desabar.

Aprendi que sempre é possível encontrar um motivo para sorrir, mesmo nos piores dias.

Outra mentira. Há dias em que simplesmente fico sentada na janela, encarando o céu, em absoluto silêncio e imobilidade, desejando não existir.

Aprendi que a esperança é a arma mais poderosa do mundo e, enquanto a mantivermos, jamais cairemos realmente. Aprendi a me reerguer, não importando quantas vezes a vida me derrube. Aprendi que todos temos demônios dentro de nós, a única diferença é como lidamos com eles.

Toco a marca do infinito em meu pulso esquerdo, minha ligação com aquela outra vida há tanto perdida, renegada. Minha mente se perde no passado. Essa parte de minhas memórias não me fere. É algo que gosto de recordar.

Também aprendi sobre segundas chances. Jamais devemos julgar alguém, a não ser que tenhamos vivido o que aquela pessoa viveu. O perdão pode ser uma arma mais eficaz do que qualquer espada.

De todas as pessoas, jamais imaginei que justamente você me ensinaria isso. Mas eu deveria ter previsto, não é? A bem da verdade, acho que parte de mim sempre soube.

Sinceramente, meu amor, creio que a essa altura você já tenha percebido qual foi a lição que me ensinou durante o curto, porém eterno, momento em que ficamos juntos.

Uma lágrima rola pelo meu rosto. Eu a limpo rapidamente, irritada por esse momento de fraqueza, e acrescento uma última frase:

Somos o que escolhemos ser.


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