Destinada escrita por Benihime


Capítulo 23
Capítulo XXI




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— Vai ser fácil. — Garanti a Atena — Apenas feche os olhos e concentre-se na Espada.

Ela assentiu, indicando que entendera. Concentrei-me, formando em minha mente a imagem que vira no espelho. Continuei imaginando-a até que, ao fechar os olhos, pude vê-la claramente.

Quando os abri de novo minha visão ficou turva por um momento e, assim que meus olhos se ajustaram, vi que estávamos no pé de uma enorme formação rochosa. A cascata congelada estava bem à nossa frente.

— Weeping Wall. — Reconheci. — A Parede que Chora.

Minha irmã indicou o paredão rochoso com um gesto de cabeça, erguendo uma sobrancelha de modo desafiador. Lancei-lhe um olhar zombeteiro e  saltamos ao mesmo tempo, agarrando as rochas escorregadias. Eu disparei à frente, escalando como uma aranha maluca. Cheguei primeiro ao topo. Não havia como negar que a vista era bonita, e me distraí por um momento admirando-a.

— Ei, Atena, você vem? — Provoquei.

Ouvi pedras rolando e os resmungos familiares de minha irmã, provavelmente dizendo alguns palavrões. Cheguei mais perto da beira. Ela não estava muito abaixo, mas uma das pedras tinha se soltado e feito-a escorregar. Estendi uma das mãos para ajudá-la.

— Não preciso de ajuda.

— Teimosia só atrapalha, Atena. — Lembrei, contendo uma risada — Mas tudo bem, se quiser ficar aí …

Por um momento pareceu que ela ia discutir, mas então Atena simplesmente segurou minha mão e deixou que eu a puxasse.

— Para onde agora?

Olhei para os pinheiros, tentando decidir onde procurar. Eu podia sentir Edellyn escondida lá, em algum lugar.

Mas onde ela está? , pensei com raiva. Minha vontade era colocar tudo abaixo até encontrar aquela mulher e então fazê-la pagar por ter me traído. Respirei fundo uma vez, me controlando e expandindo meus sentidos …

Posso ver Edellyn de mãos fincadas na cintura, irritada. Seu olhar emana ódio.

— Suas galinhas super desenvolvidas! — Ela grita. — Era para terem capturado aquela desgraçada!

— É ... É culpa da Dorrie, senhora. — Uma das três harpias acusa nervosamente.

— Não importa de quem é a culpa! Eu quero que a capturem, só isso. E façam isso antes que eu resolva fazer churrasco de harpia.

— S-s-sim, senhora. — A menor das harpias gagueja.

As três levantam voo em sincronia …

— Temos que ir. — Avisei. — Harpias. Três. Vamos para as árvores.

Atena me acompanhou sem discutir. Menos de um minuto depois, ouvimos as harpias passarem voando acima de nós.

Saímos quando consideramos seguro, andando rápido para evitarmos ficar muito tempo expostas e andando o máximo possível sob a proteção das árvores. Caminhamos por um longo tempo, até chegarmos à clareira que eu vira.

— É aqui. — Garanti-lhe. — Este é o lugar certo.

— Tem razão. 

A voz zombeteira soara às nossas costas. Atena e eu nos viramos juntas, como se fôssemos uma só. A mulher morena abriu um sorriso frio e debochado.

— Olá, princesa. — Ela zombou. — Bela como sempre, se me permite dizer.

— Cuidado, bruxa. — Enfatizei o termo propositalmente — Não sou mais a menina que você derrotou.

— Não é o que parece. — Edellyn riu. — A propósito, onde está Ares? Não devia estar aqui para proteger você?

Rosnei de raiva. Eu jamais aceitara bem o fato de Ares ter precisado me salvar quando Edellyn armou aquela cilada.

— Devolva a espada, Edellyn. — Ordenei. — Talvez então eu não a machuque.

— Me machucar? — Edellyn zombou. — Vejo que não perdeu seu senso de humor, Lydia.

Pude ouvir as asas das harpias batendo bem perto de onde estávamos, aproximando-se rapidamente.

— Eu adoraria bater papo, mas acho melhor assistir enquanto minhas garotas acabam com você.

Eu cuido das harpias. Atena disse. Faça o que veio fazer.

Obedeci prontamente, partindo para cima de Edellyn. A bruxa me lançou uma bola de fogo, que aparei e joguei de volta. Ela gritou ao ser atingida e desapareceu em fumaça. De algum modo, eu sabia exatamente para onde ela fora, e a segui.

Era uma caverna em um paredão de rocha maciça. Eu podia ouvir o som de ondas quebrando vários metros abaixo de nós, indicando que a caverna era um lugar alto.

— Uma caverna — Zombei — Perfeito para uma ratazana como você.

— O lugar perfeito para nosso acerto de contas, princesa. — Ela rebateu. — Finalmente, não?

Afastei levemente minha mão direita do corpo, concentrando-me por um momento no feitiço de invocação. Meus dedos logo se enrolaram ao redor do cabo de minha adaga.

— Não foi nada inteligente fugir para cá. — Comentei.

— Sério? Só vejo uma menina desarmada. Você é ainda mais imprudente do que eu me lembrava.

Contive o riso. Se ela não podia nem sequer ver a adaga em minhas mãos, então seria fácil demais. Quase fazia aquilo não valer a pena.

Deixei que ela alcançasse sua chibata, deixei que lutasse. Eu apenas me desviava rapidamente de cada golpe, que errava o alvo por uma margem humilhante. Até que era divertido.

Edellyn

Eu tinha certeza de que venceria. Já podia antever o momento em que a Deusa do Infinito enfim cairia sob minha chibata.

Lydia ergueu o braço e minha chibata enrolou-se ao redor dele. De algum modo ela usou esse movimento a seu favor, fechando a mão ao redor da ponta de minha arma e sorrindo. Foi aí que percebi que caíra numa armadilha. Aquela desgraçada estivera brincando comigo o tempo todo.

Ela puxou o braço com força, o que me fez perder o equilíbrio. Num segundo, eu estava cara a cara com a parede rochosa.

— Não. — Tentei. — Por favor. Eu poupei você.

— Ares me salvou — Ela rebateu — Caso contrário eu não estaria aqui. Não te devo nada.

Depois, só o que senti foi a dor de algo penetrando meu coração.

— Lydia. — Chamei. — Lydia, me escute. Ele …

— Ele? Cronos? — Consegui assentir. — O que tem ele? O que você fez?

— Ele ... Sabe sobre você.

 Ela enterrou a arma ainda mais fundo e arquejei de dor.

— Você sempre foi fraca, garota. — Lydia sibilou. — Fraca e indigna da vitória. Nunca valeu a pena.

E essas foram as últimas palavras que ouvi.

Lydia

Quando apareci novamente na clareira, penas voavam por todos os lados. No meio da confusão estava Atena, de lança em punho, abrindo um largo sorriso ao me ver.

— Conseguiu a Espada? — Ela inquiriu.

— Claro.

Mostrei a ela a espada prateada que carregava. O cabo se encaixava em minhas mãos como se fosse feito para estar ali.

— Nada mal. — Minha irmã zombou amigavelmente.

— Pronta para voltar?

Ela assentiu. Num segundo, estávamos de volta à base. Gaia foi a primeira a nos ver. Seus olhos verdes recaíram diretamente sobre mim, ela sorriu e depois cumprimentou Atena com um movimento de cabeça.

— E então? — Perguntou.

Em resposta, eu lhe mostrei a espada. Ela pareceu surpresa.

— Duvidou que conseguiríamos.

A Mãe-Terra deu de ombros delicadamente ante meu comentário ferino.

— Talvez por um momento.

Eu ri de sua resposta, mas em seguida fiquei séria.

— Essa missão está longe do fim. — Declarei.

— Temos que devolver a Espada e Zeus vai ficar furioso quando souber que o desobedecemos. — Atena completou, ecoando meus pensamentos.


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