Destinada escrita por Benihime


Capítulo 21
Capítulo XIX




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Lydia

Naquela noite

Sozinha na escuridão, eu caminhava cada vez mais rápido, impulsionada pelo fogo de minha raiva. Quanto mais eu pensava na possibilidade de Zeus ser o traidor, mais furiosa ficava.

— Lidy — Uma voz infantil chamou, a mesma garotinha que eu vinha ouvindo já há algumas semanas.

Ignore, ordenei a mim mesma Apenas ignore, Lydia. É só sua imaginação. Não é real.

— Lidy, me ajuda. — A garotinha insistia, seu tom agora magoado, cada vez mais cheio de desespero. — Venha comigo, Lydia. Quero te mostrar uma coisa.

O choro e as súplicas me seguiram por mais alguns minutos, até que não aguentei mais e ergui os olhos. A garotinha, uma angelical criança loira, abriu um sorriso brilhante, virou as costas e saiu correndo.

Ela parou depois de alguns passos e olhou por sobre o ombro como se me desafiasse a segui-la. A lua brilhava com força suficiente para que eu visse claramente a garotinha de vestido branco correndo pela paisagem nevada. Não consegui resistir. Eu simplesmente precisava segui-la.

Acabei em um aglomerado de pinheiros cobertos de neve. Não havia ninguém ali além de mim. Ouvi um sussurro atrás de mim, um som que reconheceria em qualquer lugar. Transfiguradores.

— E então, pronta para enfrentar um Transfigurador? — Olho com surpresa para meu pai, que ri alto. — É brincadeira, Lidy. Eu jamais deixaria que você enfrentasse um desses.

— Eu já sabia disso.

— Sabia. — Seu tom é malicioso — Mas mesmo assim assustei você.

Reviro os olhos, irritada com aquela atitude. Meu pai pode ser tão infantil às vezes!

— Apenas me diga o que fazer, pai.

— Está bem, mas lembre-se de que isso é realmente difícil. Não fique frustrada se falhar nas primeiras tentativas, certo? — Faço que sim com a cabeça. — O segredo é concentração, Lydia. Crie uma muralha em sua mente.

— Como?

— Foque todos os seus pensamentos em uma única coisa. Tente imaginar uma parede de tijolos, por exemplo, ou uma muralha de luz. Qualquer coisa, contanto que limpe sua mente e não pense em mais nada além disso.

— Entendi.

— Quer testar?

Sorrio involuntariamente, animada com o desafio.

— Quero!

— Está bem. Concentre-se e me avise quando estiver pronta.

Imagino uma muralha de luz branca. Fecho os olhos. Não vejo nada além do branco. Assinto para meu pai, sinalizando que estou pronta, e logo sinto sua mente tentando penetrar na minha. Consigo resistir por alguns segundos, mas logo perco o foco e ele consegue seu intento.

— Droga! — Exclamo, frustrada.

— Não, Lidy. Foi muito bom. Você resistiu.

— Só por alguns segundos.

Baixo a cabeça, frustrada com minha fraqueza. Sempre odiei falhar.

— Isso é questão de treino. — Ele põe um dedo sob meu queixo, erguendo meu rosto para que eu o olhe nos olhos. — Você é muito forte, minha filha. Não esqueça disso.

A lembrança me deu forças. Segurei minha espada com firmeza e preparei-me, escudando mentalmente com toda minha força de vontade. Com o escudo, o poder do Transfigurador não funcionaria em mim.

Ergui os olhos e encarei a criatura. Depois de um segundo ele parou, provavelmente surpreso por não me afetar. Sorri e preparei o golpe fatal.

De repente, senti um toque gelado nas costas e o frio de uma lâmina contra meu pescoço. Sem pensar, girei e passei uma rasteira ... No ar! Não havia nada atrás de mim. Tarde demais, dei-me conta de que era uma emboscada. Mal pensei nisso, senti a dor de uma lâmina atravessando meu peito e tudo se apagou.

Gaia

O dourado do sangue de Lydia manchava a neve. Por um momento, pensei que fosse tarde demais, mas então vi sua aura pulsar, indicando que, apesar de muito ferida, ela estava bem.

Suspirei de alívio, quase feliz que o plano não tivesse dado certo. Ela arfou e levou uma das mãos ao ferimento em seu peito. Percebi que sua respiração acelerara, tornando-se superficial e rápida. Tudo em menos de um segundo.

Só precisei de uma olhada para concluir o que havia de errado. Então, como se ela ainda fosse uma criança, eu a peguei no colo e comecei a correr.

Lydia

Pude ouvir Ártemis e Atena correndo até nós.

— O que aconteceu? — Miss perguntou. Seu tom frio e calmo me surpreendeu, pois imaginei que ela seria a mais hostil entre as duas.

— O que você fez? — Atena praticamente rosnou.

Tentei dizer a ela que não era culpa de Gaia, mas eu estava fraca demais para falar.

— Eu não sei. — Era óbvio que Gaia estava respondendo à Ártemis. — Deve ter sido uma armadilha de Cronos.

— Mentirosa! — Atena quase gritou. — É óbvio que isso foi obra sua!

Deixe-a em paz, idiota. Ordenei. Gaia diz a verdade. Foi um Transfigurador.

— Deixe que eu cuido disso, Atena — Ouvi Ártemis dizer. Seu tom era firme, cheio de autoridade, com certeza para convencer uma Atena furiosa.

Ouvi Atena se afastar e então senti Gaia me passar para os braços de Ártemis. Isso fez cada músculo do meu corpo doer como se eu estivesse sendo queimada viva. A essa altura, eu já estava meio aérea, então não tenho certeza, mas devo ter ofegado de dor, porque imediatamente senti Ártemis enrijecer.

— Desculpe, Lydia, desculpe. — Ela dizia enquanto praticamente corria pela neve. Depois disso, não consegui mais me manter consciente.

Ártemis

Vinte minutos depois

Dei mais uma olhada em Lydia. O horrível corte em seu peito agora estava curado, mas ela ainda não acordara e, mesmo inconsciente, era óbvio que sentia dor, pelas exclamações baixas que saíam de seus lábios de tempos em tempos.

Sondei sua mente e só o que senti em resposta foi uma névoa pesada de torpor, misturada com uma dor excruciante, uma sensação que eu conhecia muito bem.

Atena. Praticamente gritei. É veneno de Hidra. Por isso Lydia ainda está inconsciente. Preciso de sua ajuda. Lembra-se de quando eu fui mordida? Você me curou.

Não! A Deusa da Sabedoria protestou. Sem chance de eu fazer isso de novo!

Então me diga o que fazer.

Primeiro, é preciso refazer o ferimento original. Depois o ar sustenta, o fogo purifica, a água cura, a terra nutre e o espírito completa.

Isso é magia arcana. Reconheci, surpresa. Da era dos Titãs.

Ainda quer fazer isso?

Com certeza.

Horas depois

Conferi as horas novamente. Meia noite, e eu ainda não descobrira como fazer o que Atena dissera. Suspirei, desejando que a resposta fosse um pouco mais fácil.

— Eu sei como ajudá-la. — Uma voz soou às minhas costas.

Virei-me e me vi olhando direto nos olhos verde-musgo de Gaia. Ela me encarou de volta, não parecendo surpresa com minha desconfiança.

— Sabe? — Inquiri, surpresa.

Ela simplesmente assentiu em resposta.

Gaia

— Venha comigo. — Foi só o que Ártemis disse.

Fiquei surpresa por sua reação, mas não perdi tempo com isso. Estava mais preocupada com Lydia, e com o que aconteceria a ela se não agíssemos rápido.

Me perguntei por que, afinal, eu me importava tanto com o que aconteceria a ela. O fato de não conseguir dar uma resposta satisfatória apenas me deixou mais nervosa.


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