Destinada escrita por Benihime


Capítulo 1
Prólogo




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A jovem morena olhou para o caderno antigo aberto sobre sua escrivaninha, no mesmo lugar onde já repousava há várias semanas.

  Honestamente, o motivo de ainda não ter começado, de ainda não ter cumprido sua promessa, era que aquelas páginas em branco a assustavam. Tinha medo do que poderia acontecer caso decidisse andar novamente por ali, pelo caminho tortuoso das memórias que mantivera escondidas até de si mesma durante tanto tempo.

Sabia, porém, que não podia mais protelar, e finalmente sentia que conseguira reunir forças para a tarefa. Sentando-se na cadeira estofada de veludo negro, começou a escrever.

Vermelho

A mão que escrevia estremeceu, a caneta pairando a centímetros do papel. A escritora respirou fundo, perguntando-se se era realmente uma boa ideia mexer com memórias mantidas intocadas por tantos anos. Ela sabia das consequências, se o fizesse.

Com um suspiro profundo, afastou do rosto alguns cachos de seu cabelo negro, que já começava a apresentar mechas grisalhas devido a passagem dos anos, e voltou a escrever.

Para alguns é a cor do fogo. Para outros, da paixão. Para mim, sempre será a cor da morte. Eu não queria escrever nada disso. Queria que a história a seguir jamais tivesse acontecido.

Não, isso não é exatamente verdade. Se nada tivesse acontecido, eu jamais o teria encontrado. O amor da minha vida. O que eu realmente queria era poder ter dado um fim diferente à nossa história.

A morena parou mais uma vez. As lembranças voltavam em flashes que eram como tapas na cara. Merecidos tapas na cara. Ela fechou os olhos e se entregou à dor por um momento, mas logo retomou sua tarefa.

A história que vou contar é real. Ninguém jamais acreditará nesta afirmação, mas é. Tudo bem. Tem dias em que eu mesma duvido, não fosse pela marca que ainda carrego, prova incontestável de que tudo aquilo foi real.

Parte de mim ainda deseja descobrir que tudo desde então não passou de um sonho ruim. Em alguns dias, me pego pensando que vou acordar disso a qualquer momento.

Na verdade, foi preciso muita persuasão para me fazer escrever estas palavras. 

No final eu realmente precisava escrever, contar a alguém. Que seja a você. Não existe ninguém mais adequado, já que é sua história também. Ela tem razão, você merece conhecer minha versão dos fatos. Não posso deixar que a verdade morra comigo.

Lydia largou a caneta e enfim permitiu que as lembranças a invadissem por completo. Como sempre, sentiu-se sufocar sob seu peso.


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