UM Príncipe em Minha Vida escrita por Vivi Alves


Capítulo 6
Capitulo 6




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Eram mais de oito horas da manhã quando Elisa acordou, graças ao barulho dos carros que passavam na rua àquela hora do dia. Chegaria atrasada no Empório e dona Francine com certeza lhe passaria um sermão daqueles. Mas como acordaria ás sete horas da manhã se o pai chegara em casa às cinco e meia da manhã e ela ainda tivera que esquentar comida para ele?
Elisa levantou-se, tomou um rápido banho e se vestiu para ir trabalhar.
Seu pai estava dormindo no sofá, Elisa foi até ele, deu-lhe um beijo no rosto e saiu trancando a porta em seguida.
—Elisa? _chamou-a a dona do condomínio quando ela estava passando pela portaria.
—Sim, dona Clô? _perguntou Elisa já esperando o que ouviria.
—Escute Elisa, gosto muito de você, pois é uma moça esforçada e responsável, porém se teu pai chegar de madrugada naquele estado novamente, eu não poderei permitir a permanência dele aqui.
—Desculpe-me dona Clô! Falarei com papai, isso não vai mais acontecer.
Elisa despediu-se da dona do condomínio e foi para a rua esperar um táxi. Mais um gasto que poderia ser evitado se não es-tivesse atrasada, pensou.
Dentro do táxi, Elisa começou a pensar em como sua vida mudara em uma semana, desde que seu pai voltara para casa: acordara em um sábado de manhã com a ligação do diretor da Clínica dizendo que não poderia manter a vaga de seu pai, pois a mensalidade estava atrasada há dois dias; Elisa pediu um adiantamento à dona Francine que se recusou a ajudar, Felícia ficou irritada com o comportamento da mãe e dera a metade do valor da mensalidade para a amiga pagar a Clínica. Porém o diretor não quis aceitar apenas a metade da mensalidade e mandou Clóvis para casa naquele dia mesmo; desde que chegara em casa o pai começara a beber novamente, para a preocupação de Elisa.
—Chegamos moça! _disse o taxista tirando-a de seus pensamentos.
Elisa pagou a corrida e correu para o Empório, onde Felícia atendia a um jovem casal no mostruário de joias; Elisa colocou o avental e foi para trás do balcão.
—Onde está sua mãe? _perguntou ela à Felícia depois que o casal saiu. _Ela deve estar uma fera comigo.
—Não se preocupe Elisa! Mamãe não vem trabalhar hoje, acordou com dores nas costas. E o teu pai?
—Chegou em casa de madrugada, Felícia. Perdi a hora, por isso e atrasei.
—Oh Elisa... Queria tanto te ajudar amiga!
—Mais do que me ajuda, Felícia? Não sei o que eu faria sem você. _disse Elisa emocionada.
—Amiga é para isso! _respondeu Felícia. _E o teu príncipe? Não teve notícias dele?
—Ele não é meu príncipe, Felícia!
—Porque você não quis Elisa! _respondeu Felícia. _Como você pôde ter uma perfeição daquela no teu apartamento e deixar ir embora sem tirar ao menos um pedacinho?
—O que você queria Felícia? Que eu esquecesse tudo e me atirasse numa aventura de uma noite?
—Ora, Elisa, ao menos eu tenho certeza que você nunca iria se lamentar pela sua primeira vez; duvido que ele fosse te decepcionar...
—Por favor, Felícia, vamos trabalhar! _disse Elisa corando indo atender uma jovem mulher que entrara no Empório.
Porém Felícia estava certa, pensou Elisa, esquecer Antonio estava sendo uma tarefa quase impossível. Já fazia três semanas que o príncipe fora embora, porém era como se Elisa pudesse ainda sentir cada toque dele, cada beijo que eles trocaram... Na noite em que Antonio foi embora, Elisa sentiu como se houvessem aberto um buraco em seu peito, chorara sem perceber em sua cama abraçada ao urso branco que ele lhe dera de presente; acordara no outro dia ainda abraçada ao urso de pelúcia e desde então ele nunca mais saíra de sua cama.
O dia passou voando, pois o movimento no Empório foi intenso como era todas as sextas feiras, já que não o abriam nos finais de semana. Eram cinco e meia quando Elisa despediu-se de Felícia e seguiu de pé para seu apartamento, gastando quase quarenta minutos para chegar ao condomínio.
Ao abrir a porta do apartamento constatou que o pai saíra novamente, Elisa estranhou, pois a louça estava toda limpa e o pai odiava lavar louça. A moça foi até o armário e notou que a lata onde havia guardado algum dinheiro naquela manhã estava vazia, no lugar do dinheiro havia um bilhete do pai:

"Filhinha querida peguei o dinheiro emprestado para tomar um drinquezinho; te devolverei em breve. Te amo, filha! A louça está limpa"

—Agora entendo o porquê da louça limpa! _ironizou Elisa lutando para não chorar.
Mesmo estando com fome Elisa preferiu tomar um demorado banho antes de providenciar o jantar. Após o banho vestiu um moletom e foi preparar alguma coisa para comer, optando por uma sopa de macarrão; estava picando alguns legumes quando ouviu o telefone tocar. O coração de Elisa começou a disparar. Seria alguma notícia ruim sobre seu pai? Esperava que não.
—Alô! _atendeu Elisa ainda preocupada.
—Boa noite Elisa! _respondeu uma voz que ainda que se passassem cem anos Elisa não esqueceria.
Elisa constatou que deveria estar imaginando coisas, pois aquela voz não poderia ser de Antonio, não haveria motivos para ele procurá-la. Haveria?
—Elisa, você está me ouvindo? _perguntou Antonio, preocupa-do com o silêncio de Elisa.
—Estou sim! _respondeu Elisa recuperando a calma. _Boa noite príncipe Antonio!
—Pensei que já não existiam essas formalidades entre nós dois Elisa. _respondeu ele naquele tom de brincadeira que fazia o coração de Elisa acelerar.
—Claro... Antonio.
—Melhor assim! Espero não estar te incomodando.
—Não, eu estava apenas preparando o jantar.
—Não tem lugar para mais um? _brincou ele.
—Se você não se preocupar com uma indigestão. _respondeu ela sorrindo.
—Para ter o prazer de sua companhia, valeria a pena. _respondeu ele fazendo o coração de Elisa acelerar novamente.
—Acredito que não foi para falar da falta de meus dotes culinários que você me ligou. _disse Elisa para mudarem de assunto.
—Claro que não. O assunto que tenho para tratar com você é um pouco mais importante e delicado.
—Delicado, como assim? _perguntou Elisa curiosa.
—Prefiro falar pessoalmente Elisa. As linhas de condomínios não são muito confiáveis.
Elisa não quis discordar de Antonio, pois não seria a primeira vez que desconfiava que dona Clô ouvia suas conversas telefônicas.
—Pessoalmente? Você está aqui em Londres? _perguntou Elisa ansiosa.
—Não. Estarei viajando para aí amanhã bem cedo. A que horas posso encontrá-la em casa?
—Creio que o dia todo. Mas, qual é o assunto?
—Já disse Elisa, lhe digo amanhã. Vou deixá-la terminar o seu jantar; durma bem...
E antes que Elisa o respondesse, Antonio já havia encerrado a ligação. Se ela não significava nada para ele, então por que ele tinha que voltar a procura-la? E qual seria o assunto que ele queria tratar com ela?
Elisa estava pensando essas coisas quando a porta da sala se abriu e seu pai entrou, aparentando já estar meio embriagado:
—Oi, filhinha!
—Oi, papai! Que bom que você chegou, já estou preparando o jantar.
—Não vou jantar, filha!
—Como não papai? Você precisa se alimentar.
—Não se preocupe Elisa, vou sair com alguns amigos e com certeza não dormirei em casa, para evitar problemas com a dona Clô. Passei aqui só para dizer pra você não me esperar hoje. Amanhã de manhã estarei aqui.
Dizendo isso Clóvis saiu pela porta novamente, deixando Elisa mais que preocupada no meio da sala do apartamento.

Não eram ainda dez nove da manhã quando o helicóptero de Antonio pousou no aeroporto de Londres. Um dos empregados que cuidavam da mansão os aguardava em um dos carros.
—Jácomo irei diretamente para o apartamento de Elisa, se preferir Joan te deixará na mansão.
—Prefiro acompanhá-lo Antonio, já que se trata de um assunto de importância para todo o reino.
—Como achar melhor Jácomo! _concordou Antonio.
Talvez fosse mesmo melhor o ministro acompanhá-lo, pois Antonio não confiava em si mesmo quando o assunto era Elisa.

Eram nove e meia da manhã quando Elisa acordou, mesmo sob aviso ela ainda esperou o pai até quase três horas da manhã, quando viu que ele realmente não voltaria resolveu ir dormir. Elisa estava terminando a escovação quando ouviu tocarem a campainha; o pai não tocaria a campainha, pois tinha sua própria chave, com certeza era Jeremias que viera lhe trazer os pães. Elisa nem se preocupou em trocar a quase transparente camisola que ganhara de Felícia, indo abrir a porta para o pequeno Jeremias.
Elisa abriu a porta sorridente esperando encontrar Jeremias, mas seu sorriso desapareceu quando se deparou com Antonio e Jácomo parados na porta do apartamento. Elisa sentiu seu rosto em chamas quando notou que o príncipe a olhava dos pés a cabeça com um olhar que a fez corar imediatamente; já o ministro a olhava com o mesmo ar de reprovação com que a olhara na boate.
—Bom dia! _cumprimentou ela quebrando o silêncio desconfortável._ Você não me disse que viria tão cedo.
—Desculpe-me, não queria acordá-la. _disse Antonio.
—Vocês não me acordaram. Vamos entrar?
—Talvez fosse melhor deixarmos a moça se compor, meu príncipe. _sugeriu Jácomo. _Podemos voltar mais tarde.
Só então Elisa se lembrou de que ainda estava usando a camisola de Felícia com a qual dormira.
—Oh desculpem-me, já vou me trocar; pensei que fosse o garoto que entrega os pães. Podem me esperar na sala, por favor. _disse Elisa.
—Se preferir, voltaremos depois. _sugeriu Antonio não que-rendo pensar na ideia de que Elisa poderia estar acompanhada.
—Claro que não! Esperem que não vou me demorar.
Antonio e Jácomo sentaram-se no único sofá da sala, de três lugares, enquanto Elisa corria para o quarto a fim de se trocar, optando por um conjunto de calça moletom e camiseta e voltou para a sala.
—Sou toda ouvidos! _brincou ela se sentando em uma cadeira de frente ao sofá.
Antonio se colocou de pé para articular melhor as palavras, sem desviar os olhos de Elisa; não conseguia esquecer o quanto ela estava tentadora naquela camisola.
—Elisa o assunto que nos traz aqui é o seguinte: nosso país está passando por uma crise devastadora que pode levá-lo à falência em menos de dois anos. Nossa única esperança é a plantação para que com a exportação dos produtos possamos pagar as dívidas de Monsália; porém para isso teremos que fertilizar nossas terras...
—E? _perguntou Elisa não entendendo onde o príncipe queria chegar.
—Então Elisa a empresa de fertilização irá fertilizar os solos de Monsália, mas para isso eles querem uma espécie de aliança entre os dois países, ou melhor, eu teria que ter um vínculo com a Inglaterra... E é nessa parte que você entra.
—Eu? Como assim Antonio? _tornou a perguntar Elisa.
—Eles disseram Elisa que só assinarão o contrato comigo se eu me casar com uma mulher inglesa e devo manter esse acordo nupcial por pelo menos três meses. E então?
—Então o quê?
—Eu pensei em você Elisa... Aceita?
Elisa ficou por quase dois minutos observando Antonio, não acreditando no que acabara de ouvir. Antonio estava pedindo-a em casamento?
—Entenda Elisa, não seria um casamento de verdade, apenas conveniência mesmo. Será um acordo de apenas três meses, e você será generosamente recompensada ao fim do acordo.
—Não! _respondeu Elisa se levantando depois que Antonio terminou.
—Não, por quê? _perguntou ele.
Eu não posso aceitar Antonio, isto vai contra os meus princípios.
—Você não quer ao menos pensar? _sugeriu Antonio.
—Não há no que pensar!
—Senhorita, pense bem, será uma ótima oportunidade..._começou Jácomo falando pela primeira vez.
—Não duvido senhor, mas não para mim._ o interrompeu Elisa._ Se era apenas isso...
—Tudo bem Elisa! _disse Antonio. _Não era minha intenção incomodá-la ou ofendê-la. Vamos Jácomo?
—Claro! Prazer conhecê-la senhorita! _disse o ministro saindo para o corredor.
—Elisa, vou deixar meu cartão aqui, caso você pense melhor no assunto.
—Duvido que seja preciso.
Como Elisa não quis pegar o cartão, Antonio deixou-o sobre o sofá, acompanhando Jácomo em seguida.
Depois que eles saíram, Elisa trancou a porta do apartamento e sentou-se no sofá deixando algumas lágrimas rolarem pelo seu rosto. Que tipo de mulher aquele príncipe pensava que ela era? Ela não venderia seus sentimentos daquela forma em um casamento de conveniência, mesma que ela estivesse...
Naquele momento Elisa teve a constatação do óbvio: ela não poderia viver um casamento de aparências com Antonio porque estava realmente apaixonada por ele! Apaixonara-se justamente pelo único homem que nunca teria motivos para amá-la de verdade. _pensava Elisa.
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Notas finais do capítulo

Como não há comentários, não sei se devo ou não continuar postando...

Brincadeirinha... Bjs! Até o próximo capitulo!



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