UM Príncipe em Minha Vida escrita por Vivi Alves


Capítulo 29
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Tam...Tam...Tam...



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Elisa apenas apertou a mão de Felícia nervosamente, quando o advogado afastou o telefone do ouvido ao ouvir a reação de Antonio, que com certeza não estava sendo das mais amigáveis. _concluiu Elisa ao ver Augustus enxugar a testa com um lenço várias vezes.
—Entenda, senhor, eu estou apenas fazendo o meu trabalho.... _dizia o advogado nervosamente, porém com certeza Antonio o interrompera novamente. Depois de ouvir por alguns minutos, Augustus continuou: _Acalme-se, senhor, por favor, não era minha intenção entrar em questões particulares, sinto muito... Tua esposa me procurou e ela está até aqui no momento. _ disse ele ignorando o sinal de Elisa para que ele não falasse que ela estivesse lá.
Depois de ouvir por alguns minutos o que Antonio falava, Augustus Gordoni estendeu o telefone a Elisa:
—Teu esposo quer falar com a senhora. _disse ele como se desejasse nunca ter conhecido Elisa em sua vida.
Elisa pensou que iria desmaiar naquele momento ao pegar o telefone das mãos do advogado; ela pensou consigo mesma que não estava preparada para ouvir a voz de Antonio, para falar com ele, mas parecia que não havia outra saída. Depois de quase um minuto, Elisa colocou o telefone no ouvido.
—Antonio! _disse ela tentando aparentar o mais natural possível.
—Sim, Elisa, sou eu! Eu posso saber o que você pretende com essa palhaçada? _perguntou Antonio visivelmente irritado. _Porque se sua intenção era me deixar irritado saiba que você conseguiu.
—Minha intenção nunca foi essa, acredite. _disse Elisa lutando para controlar as batidas aceleradas de seu coração ao ouvir a voz de Antonio. _Apenas acho que estou dentro dos meus direitos ao pedir o divórcio.
—Escute, Elisa: eu não vou te dar esse divórcio! Temos um acordo, caso você se esqueceu.
—Antonio, você não precisa mais desse casamento e sabe disso. Por que prolongarmos isso?
Antonio queria dizer que não daria o divórcio a ela, pois não suportava a ideia de vê-la completamente livre saindo com outras pessoas, se divertindo e sendo feliz longe dele, porém ele preferiu não demonstrar a ela o real estado em que se encontrava.
—Não entendo sua pressa, Elisa. _decidiu dizer ele. _Falta menos de dois meses para que o casamento seja anulado legalmente.
—Tenho meus motivos. _respondeu ela.
—Que motivos, Elisa? Me diga quais são então. Porque não compreendo a urgência a menos que...
—A menos que eu tenha conhecido outra pessoa? _o interrompeu Elisa. _E se for isso? _perguntou ela ignorando o olhar de espanto do advogado e de Felícia.
—Elisa eu espero sinceramente que sua intenção seja apenas a de me irritar com esse seu comentário. _disse Antonio contido.
—Pense o que quiser, Antonio, mas eu já tomei minha decisão e espero que você seja um cavalheiro e assine esse divórcio _disse Elisa tentando convencê-lo.
—Eu já disse que não vou assinar nada, Elisa. _disse Antonio saindo dos aposentos de seu pai para conversar com mais liberdade com Elisa: _Tudo bem se você não quer que eu a procure, tudo bem que você viva sua vida, eu respeito tudo isso, Elisa, porém uma coisa que eu não admito é que você viva com outra pessoa o que você não quer viver comigo. Isso nunca! Entenda uma coisa: você é minha esposa... Minha, Elisa e continuará sendo até que eu decida o contrário.
—Quem você pensa que é Antonio? O dono do universo? _perguntou Elisa sentindo que seu coração a qualquer momento iria saltar pela sua boca ao ouvir as palavras de Antonio. _Eu não sou propriedade sua e tenho o direito de reconstruir minha vida com quem eu achar melhor, independente de sua aprovação ou não! _disse Elisa desligando o telefone antes que Antonio dissesse mais alguma coisa.
—Podemos começar o processo de separação quando o senhor quiser doutor Augustus. _disse Elisa se voltando para o advogado.
—Me desculpe, senhora, porém eu não poderei ajuda-la. Teu esposo é um dos homens mais influentes do continente, apenas se eu fosse um louco pra levantar um processo contra ele. Sabe o que ele me disse?
—Nem imagino. _respondeu Elisa.
—Ele disse que se eu ligasse para ele mais uma vez, ele acabaria com minha carreira e meus negócios em um dia. _respondeu o homem enxugando o suor da testa novamente..
Elisa viu que seria inútil argumentar com o nervoso advogado, então ela chamou Felícia e as duas saíram para rua.
—Qual sua próxima ideia? _gracejou Felícia.
—Eu não sei Felícia, sinceramente.
—Conte a verdade a ele, Elisa! É o melhor a fazer.
—Não Felícia, eu já decidi; vou conversar com meu pai. O trabalho já está arranjado, por ele já teríamos ido; caso ele queira nos mudaremos ainda essa semana.
—Elisa, fugir não é a solução. O melhor a fazer é você e Antonio conversarem.
—Felícia, eu não conseguiria conversar com ele sem demonstrar que o amo, sem me atirar nos braços dele. Eu o amo demais Felícia, e quando eu me lembro de tudo o que vivemos em Monsália, em Jersey e aqui mesmo em Londres, eu sinto tanto a falta dele Felícia. E depois que eu descobri que estou grávida, eu fico quase o tempo todo imaginando qual seria a reação dele ao saber que será pai.
—Eu tenho certeza que ele ficará feliz irmãzinha. Não negue esse direito a ele, ao filho de vocês e acima de tudo não negue a você o direito de ser feliz, Elisa!

##############
Já eram quase cinco horas da tarde daquele dia Antonio havia acabado de arrumar sua mala, enquanto dava suas últimas instruções a Juan acerca dos novos projetos, quando Jácomo entrou no quarto:
—Cheguei agora de Kalebi, e já descobri que nosso soberano está de viagem marcada. _gracejou ele.
—Sim, Jácomo, e, por favor, cuide de tudo em minha ausência.
—E posso saber o que você vai fazer em Londres?
—O que eu já deveria ter feito a tempos meu caro ministro! _disse ele batendo no ombro de Jácomo antes de pegar a mala e sair dos aposentos apressado.
##############

Já eram quase dez horas da noite, Elisa havia chegado há pouco tempo da casa de Felícia, como estava se sentindo bem, resolvera dormir em seu apartamento, mesmo que seu pai estava viajando a dois dias para a casa do único tio de Elisa. Enquanto sentava-se no sofá com uma tigela de sorvete, Elisa concluiu que a gravidez havia triplicado seu apetite, mesmo que na maioria das vezes, ela vomitava quase tudo o que ingeria.
Depois de devorar todo o sorvete que estava na tigela, escovou os dentes e foi para o quarto se preparar para dormir; a noite estava calorenta e então Elisa decidiu tomar outro banho, logo depois do banho ela vestiu um conjunto de baby- doo bem fresquinho de seda, que ganhara de Rúbia no dia em foram fazer compras quando se conheceram. Elisa estava se preparando para deitar, quando ouviu tocarem a campainha. Quem seria àquela hora? _se perguntou Elisa. Dona Clô nunca deixaria nenhum visitante entrar no condomínio depois das dez, a menos que estivesse acompanhado por algum morador. Deveria ser algum morador do condomínio precisando de alguma coisa, talvez. _pensou Elisa se dirigindo a sala.
—Quem é? _perguntou Elisa chegando a porta.
—Sou eu Elisa! _respondeu uma voz que ainda que se passassem cem anos Elisa ainda seria capaz de reconhecer, uma voz que estava tirando seus sonhos todas as noites.
Elisa pensou que seu coração pararia naquele momento. O que Antonio estava fazendo ali diante do seu apartamento àquela hora da noite?
—Elisa, você vai me deixar aqui do lado de fora de seu apartamento durante toda a noite? _insistiu Antonio. _Acredito que daqui a pouco os seus vizinhos começarão a reclamar com a síndica que tem um maluco gritando no corredor.
Elisa teve que concordar com Antonio naquele momento, o que menos precisava naquela noite era de um desentendimento com dona Clô. Reunindo toda a coragem que tinha, Elisa abriu a porta do apartamento, torcendo para não desmaiar ali mesmo ao ver Antonio.
Quando abriu a porta do apartamento e viu Antonio parado
dela em toda sua beleza e simpatia das quais ela se lembrava tão bem, Elisa se perguntou como conseguira ficar um mês longe do único homem a quem amara em toda sua vida.
—Boa noite Elisa! Não vai me convidar para entrar? _perguntou Antonio tentando não olhar muito para o fino conjunto de baby-doo que Elisa estava vestindo que evidenciava o corpo perfeito que ele conhecia tão bem.
—É que já está tarde, e meu pai não está em casa. _argumentou Elisa sentindo borboletas voarem em seu estômago.
—Ótimo, porque eu não vim falar com o seu pai. _disse Antonio passando por ela e parando no meio da pequena sala.
—Você não pode ir entrando nas casas das pessoas uma hora dessas Antonio. E se eu estivesse acompanhada? _perguntou Elisa tentando ignorar as aceleradas batidas de seu coração.
—Pare de querer me irritar, Elisa, porque você não vai conseguir, não mais do que eu já estou depois da ligação daquele advogado. _respondeu Antonio com um sorriso que sempre fazia o coração de Elisa acelerar. _ Agora se eu não tivesse certeza que ninguém esteve aqui desde que nos separamos aí sim eu estaria muito irritado.
—E como você tem tanta certeza disso? _perguntou Elisa dando um passo atrás quando Antonio se aproximou dela.
—Por alguns motivos simples, Elisa: 1º -Você é uma bomba relógio, apenas um homem que estivesse procurando a morte seria louco o suficiente para se aproximar de você. _disse Antonio encerrando a distância entre eles, porém sem tocá-la ainda. _ 2º -Sei que você não esteve com ninguém desde que nos despedimos naquele hospital porque Estevan tem vigiado cada passo seu desde aquele dia.
—Não acredito que você colocou seus seguranças para me vigiarem! _disse Elisa tentando livrar-se do desejo que estava se apoderando dela de acordo que Antonio se aproximava mais. _Isto é invasão de privacidade, Antonio, é crime! Sabia?
—Você não me deu outra alternativa, Elisa _murmurou Antonio em seu ouvido enquanto pousava uma das mãos sobre a cintura de Elisa sentindo a maciez da seda contra ao corpo da moça. _Como eu senti falta disso... _disse ele roçando os lábios pelo pescoço de Elisa fazendo arrepios percorrerem todo o seu corpo.
—Pare com isso, Antonio, por favor... _murmurou Elisa tentando se manter indiferente, inutilmente.
—Por quê? Se você quer isso tanto quanto eu. _disse Antonio com voz rouca beijando o canto da boca de Elisa, enquanto suas mãos acariciavam suas costas.
—Você é muito prepotente, sabia? _perguntou Elisa resistindo a vontade avassaladora que estava de abraça-lo, de beijá-lo, de se entregar a tudo que sentia por ele.
—Não é prepotência, e você sabe disso. O que estou dizendo é a pura realidade.
—Não de minha parte. _disse Elisa.
—É o que vamos ver. _disse Antonio ignorando os protestos de Elisa e a beijando apaixonadamente.
Antonio pensou consigo mesmo que não planejara as coisas naquela ordem, sua intenção era conversar com Elisa e decidir como ficariam as coisas dali para frente. Porém encontra-la tão casual e desejável naquele fino conjunto de baby-doo de seda, somado ao desejo reprimido durante mais de um mês fizera-o esquecer todo auto controle.
A principio, Elisa tentou resistir, mas quando os lábios de Antonio tomaram os seus com paixão e urgência, Elisa percebeu que todo o resto perdia importância naquele momento, e a única coisa que importava era que estava novamente nos braços do amor de sua vida. Naquela hora Elisa se arrependeu pelo mês que perdera longe de Antonio por causa de suas dúvidas e medos... Amava Antonio... E era isso que importava._ pensou Elisa abraçando-o pelo pescoço e acariciando os cabelos de Antonio, enquanto ele beijava seu pescoço, seus ombros.
—Senti tanto sua falta, Elisa... _disse ele com voz rouca sem parar de beijar a nuca, a garganta e a curva entre os seios de Elisa expostos pela blusa de seda. _Pensei que iria enlouquecer longe de você esses últimos dias. Você nem imagina o que eu passei esse último mês, meu anjo, desejando você, me lembrando de cada momento de paixão entre nós dois... É por isso que estou aqui hoje, Elisa, porque eu não vou me afastar de você, ainda que você peça, ainda que você me mande embora, eu não vou me afastar nunca mais, porque eu descobri que eu não posso viver sem você, Elisa.
Elisa pensou que seu coração pararia naquele momento, ao ouvir a declaração de Antonio.
—Eu também não posso viver sem você. _confessou Elisa._ Mas, você é um príncipe, ou melhor, um futuro rei, que pode ter a mulher que desejar...
—Elisa, mas eu quero você. _a interrompeu Antonio.
—Deixe eu terminar Antonio, por favor. O teu povo nunca me acetaria, além do mais eu nunca saberia me comportar como esposa de um rei. Sem contar que com certeza, você se cansaria de mim, Antonio, pois eu não sou culta o bastante, e muito menos sofisticada como a maioria das nobres de Monsália, e também....
—Chega! _disse Antonio a beijando. _Eu não quero um modelo de sofisticação e nobreza como esposa, eu quero apenas uma mulher, uma mulher que me complete de tal forma que eu não precise olhar para nenhuma outra, eu quero uma mulher que me entenda e me veja não como o príncipe Antonio, mas como o homem que existe dentro do príncipe, uma mulher que tenha sentimentos nobres, que se preocupa com o meu povo, e acima de tudo uma mulher que me ame e que me deixa insano de paixão e desejo todas as vezes que fizermos amor. E eu encontrei todas essas mulheres em você, Elisa. Você se tornou meu vício, meu anjo. É por isso que eu estou aqui porque é você que eu quero para ser minha mulher, a mãe de meus filhos, e eu vou lutar por isso até te convencer.
Antonio a beijou novamente, e Elisa lembrou-se que ainda não falara com ele sobre a gravidez, porém era quase impossível pensar com clareza com Antonio beijando-a e acariciando-a daquela forma.
—Antonio, eu preciso te dizer uma coisa... _começou Elisa parando de beijá-lo, por um momento.
—Depois, meu anjo. _disse Antonio tirando a blusa de Elisa sem parar de acariciá-la. _Tenho algumas prioridades no momento que não podem esperar.
Dizendo isso, Antonio tornou a beijá-la novamente acariciando a pele de Elisa como se ansiasse fazer aquilo durante toda sua vida. Elisa decidiu que poderia esperar para falar com Antonio sobre a gravidez, pois como ele mesmo dissera, eles tinham prioridades urgentes naquele momento _pensou Elisa ao sentir espasmos de prazer tomarem seu corpo no momento em que Antonio pressionou-a contra a parede tomando um de seus mamilos entre seus dedos sem parar de beijá-la, enquanto ela pensava que desmaiaria ali mesmo no chão daquela sala.
Esquecendo de tudo naquele momento, Elisa abraçou-se mais a Antonio enquanto tentava abrir os botões de sua camisa para sentir a pele dele contra suas mãos, naquele momento ela se lembrou do que a médica lhe dissera naquela manhã sobre o fato de que a gravidez mexeria bastante com seus hormônios, com certeza, seus hormônios estavam bem fora do controle. _pensou Elisa, quando lembrou-se que não havia trancado a porta.
—Acho melhor trancarmos a porta. _murmurou ela, antes de sair dos braços de Antonio e ir trancar a porta.
—Havia me esquecido desse detalhe. _gracejou ele abraçando-a novamente.
—Você chama o fato de não trancarmos a porta de simples detalhe? _perguntou ela.
—Perto das prioridades que temos no momento, sim. _respondeu Antonio antes de toma-la nos braços e beijá-la apaixonadamente, fazendo Elisa esquecer tudo naquele momento.
Quando Antonio deitou-a na pequena cama de solteiro, minutos depois, Elisa concordou que todo o resto eram apenas detalhes, ao sentir os lábios de Antonio contra sua pele, as mãos dele a acaricia-la, fazendo-a se arrepender do último mês em que o mantivera afastado.
—Nunca mais faça isso, meu anjo... _murmurou Antonio com voz rouca traçando um caminho de beijos pelo corpo de Elisa. _Você não imagina o martírio que eu vivi esses últimos dias, sentindo falta de seu cheiro, de sua pele, de seus beijos. Eu não consigo viver sem você Elisa simplesmente não consigo.
—Eu também não Antonio. Me perdoe, eu te amo. _respondeu Elisa se entregando ao que ela tanto ansiara também naquele último mês.
Naquele momento, todos os medos e dúvidas de Elisa se dissiparam, em relação ao seu futuro e de Antonio, pois uma coisa ficara clara: viver sem ele era uma tarefa praticamente impossível. _pensou Elisa enquanto Antonio a levava a um mundo de paixão e prazer , onde só ele a sabia levar...
#####

Elisa acordou no meio da madrugada com uma sensação de vazio em seu estômago, como vinha acontecendo desde que descobrira que estava grávida. Ao lembrar-se do que acontecera entre ela e Antonio, por um momento, ela pensou que havia sonhado tudo o que acontecera como vinha acontecendo durante todo aquele mês longe dele, mas ao sentir o calor do corpo de Antonio contra o seu, ela constatou que não estava sonhando.
Levantando-se da cama com todo cuidado para não acordá-lo, Elisa foi até a cozinha procurar algo para comer, pois como não jantara bem, estava sentindo uma grande fraqueza, ainda mais depois da noite de amor que vivera com Antonio. Elisa havia acabado de comer uma pequena tigela de salada de fruta, quando Antonio chegou a cozinha.
—Desde quando você come de madrugada? _gracejou ele se aproximando dela. _Por isso que notei que você deve ter engordado uns cinco quilos!
—Verdade? _perguntou Elisa espantada parando diante do vidro do armário. _Dá para notar assim?
—Estou brincando, meu anjo. Você está deliciosamente e perfeitamente igual a última vez que nos vimos. Mas desde quando você se preocupa com a silhueta perfeita? _brincou Antonio a abraçando. _E antes que eu me esqueça, me desculpe se eu fui um pouco... afoito essa noite.
—Eu gostei... _respondeu ela sorrindo aproximando seus lábios dos de Antonio.
—Percebi _gracejou ele a beijando. _Pensando assim, acho que adotarei a tática de deixar que você sinta minha falta, se todas as vezes eu tiver essa recepção.
—Se você conseguir ficar longe de mim, tudo bem. _gracejou ela.
—Você só diz isso porque sabe que não consigo. _respondeu ele tornando a beijá-la antes de se sentar em uma cadeira diante da mesa de quatro lugares. _Mas, o que você estava comendo mesmo? Acho que me deu fome também.
—Salada de frutas. Aceita?
—Não, obrigado. Do que é este doce? _ perguntou Antonio se referindo a um vidro de doce em calda sobre a mesa.
—De damasco... _respondeu Elisa sentindo seu estômago dar voltar só de falar o nome da fruta da qual ela tanto gostava, mas que enjoara desde que começara a sentir os primeiros sintomas da gravidez.
—Delicioso! _disse Antonio servindo-se de uma porção. _ Coma um pouco, meu anjo.
Quando Antonio aproximou a tigela com doce de Elisa, ela pensou que seu estômago sairia para fora naquele momento, e antes que pudesse evitar Elisa se viu despejando dentro da pia, em uma crise de vômitos, toda a salada de fruta que ingerira minutos atrás,
—Elisa, o que você tem? _perguntou Antonio preocupado amparando Elisa, enquanto afastava o cabelo de seu rosto, durante a crise.
—Não se preocupe, Antonio, eu já estou bem. _disse Elisa lavando a boca após a crise de vômitos. _Você não precisava ter visto isso. Desculpe-me!
—Pare de falar bobagens Elisa. Vou leva-la para um hospital agora mesmo.
—Não precisa, Antonio, estou bem, é apenas... _começou Elisa sentindo como se toda a cozinha girasse em torno de si.
—Elisa, o que está acontecendo com você? Fale comigo, Elisa! _disse Antonio desesperado quando Elisa desmaiou em seus braços.

Londres, Hospital Gutemberg, horas depois...

Quando Elisa abriu os olhos, algumas horas depois, sentiu uma estranha sensação de que já havia passado por aquilo ao deparar-se com as paredes brancas de um cômodo que só poderia ser o quarto de um hospital. Voltou-lhe a lembrança de quase dois meses atrás quando acordara naquele quarto de hospital com Antonio sorrindo para ela quando ela acordara depois de dez dias em coma; e como em sua lembrança Antonio também estava ali naquele momento quando ela abriu os olhos, mas ao contrário de quase dois meses atrás, ele não estava sorrindo para ela, mas sim estava bem sério, ou melhor, dizendo, quase irritado... _pensou Elisa e ela adivinhava bem qual deveria ser o motivo.
—Oi! _disse Elisa sorrindo.
—Oi. _respondeu ainda sério.
—Eu iria te contar sobre a gravidez, eu juro. _disse ela.
—Iria me contar quando Elisa? Quando você se mudasse para o interior da Inglaterra com o teu pai sem ao menos me avisar de que estava esperando um filho meu?
—Eu não iria viajar com o meu pai!
—O teu pai me disse que você havia dito a ele que vocês iriam se mudar assim que ele chegasse da casa de seu tio.
—Você falou com o meu pai?
—Sim, ele ligou para o apartamento e conversamos.
—Tudo bem, esqueçamos meu pai. Antonio, eu disse a ele sim, porém foi antes de falar com você ontem. Depois que conversamos por telefone do escritório daquele advogado, eu já havia decidido que iria te contar toda a verdade.
—E por que você não me contou então, quando eu cheguei no apartamento? _perguntou Antonio.
—Ora, Antonio, por que você não me deu tempo! _disse Elisa já se irritando. _Eu tentei, mas você disse que tínhamos outras prioridades. Lembra-se?
Antonio iria respondendo, mas desistiu do que iria dizer, rindo em seguida ao se aproximar de Elisa:
—Você é a única pessoa do mundo que tem o poder de me irritar ao extremo, Elisa.
—Vou receber isso como um elogio. Mas, não era minha intenção, Antonio, eu juro.
—Mas foi o que você fez, Elisa. Você iria simplesmente esconder de mim algo que eu tinha todo o direito de saber. Você queria entrar com um pedido de divórcio contra mim, mesmo sabendo que estava esperando um filho meu. Por que você fez isso, Elisa?
—Eu procurei aquele advogado porque eu não queria que você me visse daqui a dois meses e descobrisse que estou grávida. Eu não queria lhe causar problemas, Antonio. Eu juro que não planejei isso, eu nunca imaginei que eu poderia ficar grávida naqueles poucos dias que estivemos juntos em Jersey, e...
—Elisa chega! _disse Antonio a interrompendo, como se ela estivesse dizendo a maior das blasfêmias. _O que você está dizendo sobre me causar problemas? De onde você tirou isso?
—Eu conheço as leis de Monsália, Antonio, o teu povo nunca aceitará o meu filho.
—Nosso filho Elisa! _corrigiu Antonio. _E Monsália não tem ou não que aceitá-lo. Ele é meu filho, meu herdeiro por direito.
—Mas, você mesmo me disse Antonio que nunca aceitaram a seu irmão Enrico.
—É diferente, Elisa. Não compare nosso filho a Enrico, por favor.
—Mas, a história é quase a mesma. Eu sou inglesa assim como a mãe dele era.
—Mas, você é minha esposa, o que torna a história completamente diferente, já que meu irmão era filho da amante de meu pai e não de minha mãe que era sua esposa legítima. Entendeu?
—Entendi, Antonio, mas mesmo assim, esse não é o futuro que eu quero para ele.
—Como assim, Elisa? Não tem como mudarmos isso, como meu filho, ele naturalmente é um membro da família real, um sucessor ou sucessora ao trono do meu povo.
—E é exatamente isso que eu não quero, Antonio. Eu não quero que nosso filho ou filha cresça com o pensamento de que será um futuro rei de um país ou uma futura rainha, eu quero que ele cresça como uma criança normal deve crescer. Pois, eu acredito que ele não será nosso único filho, Antonio, e eu não quero que ele ou ela seja diferente dos seus outros irmãos só porque apenas ele será treinado para ser rei um dia. Eu não quero isso para nossos filhos Antonio, eu quero que eles tenham uma infância normal, que tenham todos uma mesma oportunidade, que não tenham motivos, como um trono ou uma coroa, para serem rivais.
—Como Enrico e eu? _perguntou Antonio.
—Sim, como Enrico e você.
—Elisa... _começou Antonio sentando-se ao lado dela na cama. _ Eu não odiava a Enrico, como a maioria das pessoas pensa. Como eu poderia odiar meu próprio irmão?
—Eu sei, Antonio, mas é que...
—Por favor, me deixe terminar, meu anjo. Ele era meu irmão mais velho. Quando eu era pequeno eu imaginava o dia em que eu iria sair do colégio e poderia brincar com Enrico pelo palácio de Monsália, porém quando eu saí daquele Colégio Interno e fui morar no palácio eu, infelizmente descobri, que Enrico nunca teve o mesmo desejo que eu, de vivermos como irmãos...
—Não precisamos falar sobre isso, Antonio. _o interrompeu Elisa notando o quanto aquelas lembranças mexiam com Antonio.
—Mas, eu quero falar Elisa. Eu preciso me abrir e só com você meu anjo, eu tenho essa confiança. Um dia Elisa, você me perguntou o porquê de eu não estar em Monsália na data da morte de meu irmão, se era ás vésperas do casamento dele, eu irei te responder. Enrico teoricamente me pediu para manter-me o mais longe possível de Monsália.
—Por causa de Kate? _perguntou Elisa.
—Sim, e também por causa do trono, porque ele temia que de uma hora para outra meu pai pudesse mudar de ideia e me coroar a rei no lugar dele porque eu era o filho legítimo de seu casamento. Mas, Enrico estava tão cego pela paixão doentia que sentia por Kate e tão obcecado em ser rei que não conseguia enxergar que nem o trono de Monsália e muito menos Kate me interessavam. Eu me lembro Elisa que quando ele me pediu para não comparecer no casamento dele e não pisar em Monsália, tivemos uma briga horrível, nos ofendemos um ao outro de uma forma deplorável... E foi essa a última vez que vi meu irmão com vida. _concluiu Antonio enxugando os olhos sem perceber. _E ao vê-lo sem vida naquele ataúde Elisa, eu disse a mim mesmo que nunca iria me perdoar por não ter me aproximado mais dele, por não tê-lo obrigado a viver com minha presença, não tê-lo feito enxergar o que realmente éramos: irmãos.
—Você não pode se culpar Antonio.
—Eu sei, meu amor. _respondeu Antonio. _Depois que te conheci só então eu percebi que a vida é feita de escolhas e são essas escolhas que regem nossas vidas. Eu entendi que tudo o que aconteceu a meu irmão foram consequências de suas escolhas... E é por isso Elisa que eu não vou abrir mão de você e muito menos do nosso filho. Você foi a melhor escolha que eu já fiz, Elisa e nada e nem ninguém vai mudar isso. Outro fato que não pode ser mudado também Elisa, é o fato de que querendo ou não nosso filho é herdeiro ao trono de Monsália.
—Não, Antonio, ele é nosso herdeiro, fruto do nosso amor... E para mim, esse título já basta.
Antonio ficou por quase dois minutos ponderando o que Elisa dissera, era verdade: o trono, a coroa de Monsália, a obsessão de Enrico em ser rei sempre os mantivera separados. Antonio pensou consigo mesmo que entendia a preocupação de Elisa sobre o futuro daquela criança, pois ele mesmo nunca fora feliz em Monsália ou tivera uma infância como a maioria de seus amigos tiveram; seria coroado a rei dali a dois meses e mesmo com Elisa ao seu lado estaria confinado a governar um país enquanto vida tivesse, colocando o reino em primeiro lugar em sua vida sempre, sem tempo para desfrutar a vida com a mulher que ele amava, sem tempo para realmente ser feliz. Seria esse futuro que queria para si mesmo? _se perguntava Antonio.
—Em que está pensando? _perguntou Elisa.
—No quanto eu te amo. _respondeu Antonio a beijando enquanto acariciava o ventre de Elisa onde estava crescendo aquela pequena vida que era fruto do amor de ambos.
—O que você disse? _perguntou ela sem acreditar no que ouvia.
—Que eu te amo, meu anjo. Eu te amo.


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Notas finais do capítulo

Finalmente...Uuup! Amei escrever esse capítulo. Espero que gostem, pois deu pra notar que o amor que sentem um pelo outro é verdadeiro!



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