UM Príncipe em Minha Vida escrita por Vivi Alves


Capítulo 1
Capítulo 1




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Elisa estava dormindo profundamente, pois quando ouviu o barulho do telefone pensou que ainda estava sonhando. Ao perceber que era mesmo o telefone tocando, Elisa saltou da cama e correu até a sala do pequeno apartamento.
—Alô! _atendeu ela com a voz ainda sonolenta.
—Se esqueceu de que temos um acordo de trabalho Elisa? _perguntou uma voz irritada do outro lado da linha. Elisa logo reconheceu a voz de Paul, dono da boate em que ela trabalhava durante os finais de semana.
—Oh, Paul... _Elisa começou a se desculpar_ Que horas são?
—Que horas são madame? _trovejou ele novamente _ São quase oito horas da noite e o nosso compromisso era ás sete. Ou estarei enganado?
—Claro que não Paul. O problema é que fui passar o dia com o meu pai na Clínica, cheguei um pouco cansada, me deitei e acabei perdendo a hora...
—Olhe Elisa, não quero saber onde você esteve ou deixou de estar! _a interrompeu Paul. _ Quero-a aqui em vinte minutos ou colocarei outra pessoa em seu lugar. Ouviu?
Então ele encerrou a ligação sem deixar ela ao menos responder. Elisa teve vontade de retornar a ligação a Paul e dizer para ele desaparecer juntamente com aquele trabalho que ele pensava ser o melhor do mundo, mas ela sabia que não poderia fazer isso, pois precisava e muito daquele emprego.
—Se anima Elisa! _disse ela para si mesma, rindo ao perceber que estava falando sozinha. _É melhor que eu me arrume bem de-pressa antes que o Paul cumpra a sua promessa!
Então ela foi para o quarto tomar banho e se trocar para ir para o trabalho. Elisa era uma linda jovem de vinte e um anos, filha única morava com o pai desde os treze anos quando sua mãe, cansada da vida modesta que levavam, se separou de seu pai indo morar em outro país com o novo marido. Elisa e o pai viviam bem, até três anos atrás quando após uma decepção amorosa seu pai começou a consumir bebidas alcoólicas, o que antes era hábito tornou-se um vício compulsivo, até que se tornou um alcoólatra sem coragem nem mesmo para trabalhar, ficando o sustendo da casa por conta de Elisa, que tivera que abandonar os estudos para poder trabalhar. Há dois meses com a ajuda de sua melhor amiga Felícia, conseguira internar o pai em uma Clínica de Recuperação, porém a mensalidade da clínica consumia todo o salário que ganhava no Empório onde trabalhava, por isso aceitara a proposta de Paul para trabalhar em sua boate como ajudante de cozinha.
Elisa estava terminando de fazer uma trança em seus cabelos quando ouviu tocarem a campainha; ao abrir a porta deparou-se com sua amiga Felícia. Com seus cabelos loiros e olhos azuis Felícia era a melhor amiga de Elisa, estudavam juntas desde o primário; a moça era filha da dona do Empório onde Elisa trabalhava durante o dia. As duas eram da mesma idade, porém enquanto Elisa era responsável e sensata, Felícia era uma cabecinha de vento por trás de um rosto bonito, mas essa diferença apenas as completava.
—Oi Felícia! _cumprimentou Elisa feliz por ver a amiga. _Só não vou te convidar para entrar, pois estou atrasadíssima!
—Não se preocupe Elisa! Quando dona Clô disse que você ainda não havia ido para o trabalho, resolvi perguntar se você não quer uma carona até a boate.
—Claro que quero Felícia! E onde a senhorita pensa que vai tão bonita? _brincou Elisa.
—É segredo Elisa! _respondeu ela rindo. _ Só posso te dizer que a razão de toda essa minha animação hoje se chama Nick, ele está no carro, você vai conhecê-lo.
—Mas você não estava saindo com o Roger Felícia? _perguntou Elisa espantada com a leviandade da amiga.
—E eu sou mulher de me deixar prender Elisa? _gracejou ela. _Falando nisso, Elisa, sabe o que eu li em uma reportagem hoje?
—Nem imagino Felícia!
—O príncipe Antonio Braga de Castelamontes, soberano do reino de Monsália está aqui em Londres a negócios! _exclamou Felícia quase em histeria.
—Antonio de quê? _perguntou Elisa não entendendo a excitação da amiga ao falar daquele desconhecido.
—De Cas-te-la-mon-tes! _soletrou ela para Elisa rindo. _O novo herdeiro do trono de Monsália! O solteiro mais lindo e cobiçado do momento! Em que mundo você vive Elisa?
—Com certeza não no seu mundo, Felícia! _devolveu Elisa rindo. _Agora vamos esquecer esse seu príncipe-perfeito-não sei-das-quantas e ir embora, pois eu estou mais que atrasada!
—Elisa eu já te disse que você está precisando urgentemente de um namorado para se divertir, se distrair? _perguntou Felícia descendo as escadas com a amiga.
—Eu não preciso de um namorado Felícia, eu precisarei é de um novo emprego se eu não chegar à boate em dez minutos! _respondeu ela fazendo Felícia rir mais ainda.
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  O príncipe Antonio Braga de Castelamontes estava sentado à mesa do escritório na mansão que pertencera a seu falecido irmão Enrico em Londres, diante de uma pilha de papéis referentes ás dívidas e finanças do reino de Monsália; cuidar de um país como aquele não era tarefa fácil, ou talvez fosse ele que não nascera para ser rei, pensou Antonio desistindo de ler toda aquela papelada e se recostando na confortável poltrona. Enrico sim daria um ótimo rei, se não fosse a negligência de seu pai e aquele maldito e trágico acidente. Lembrar-se da morte inesperada do irmão sempre o deixava deprimido e aquela mansão não estava ajudando nenhum pouco; Enrico a comprara dois meses antes de falecer para passar sua lua de mel depois do casamento que seria realizado quinze dias depois do trágico acidente. A nostalgia daquela mansão estava a ponto de leva-lo a loucura:
—Preciso sair daqui antes que eu fique louco! _murmurou ele para si mesmo apertando o interfone sobre a mesa:
—Sim alteza? _perguntou o segurança pelo interfone.
—Estevan, Jácomo se encontra na mansão? _perguntou Antonio.
—Não alteza, o ministro saiu há uns quarenta minutos. Posso ajudá-lo em alguma coisa, meu príncipe?
—Sim, ou melhor, não se preocupe Estevan, já resolvi meu problema. Obrigado!
Ao encerrar a comunicação Antonio pegou o celular e discou o número de Pieter, sorrindo, pois sabia que se alguém poderia indicar um ótimo lugar para ele terminar a noite agradavelmente esse alguém era Pieter, seu melhor amigo e futuro cunhado, que conhecia Londres como ninguém. Antonio conhecia Pieter desde criança quando Jácomo encontrou o rapaz sozinho pelas ruas de Monsália e o levou para o palácio; o rei Alfredo permitiu que Pieter fosse criado ao lado de Antonio e Rúbia e garantiu-lhe a devida educação até que completou a maioridade. Quando completaram quinze anos o rei Alfredo mandara Antonio e ele para Londres para terminarem seus estudos e desde essa época os dois tornaram-se amigos inseparáveis, companheiros de aventuras na juventude e na vida adulta, até o dia em que Pieter decidira pedir a mão de Rúbia, irmã de Antonio em casamento.
—Alô! Em que posso servi-lo alteza? _atendeu Pieter desatando a rir.
—Muito engraçadinho, não é Pieter? _disse Antonio rindo também. _Tenho pena de Rúbia que terá que suportá-lo pelo resto da vida dela.
—Confesse Antonio que você também não conseguiria viver sem esse seu amigo aqui!
—Tudo bem Pieter: confesso que você é o amigo mais inteligente, simpático e querido que tenho neste mundo. E então te convenci? _perguntou Antonio se segurando para não rir.
—Tudo bem Antonio... Chega de me enrolar com elogios e diga logo o que você quer.
—Certo Pieter, me indique um lugar aqui em Londres onde eu possa terminar a noite agradável e prazerosamente.
—Você não conserta mesmo não é Antonio? _brincou Pieter. _ Falando sério agora: por que você não segue o meu exemplo e pensa em se casar e construir uma família?
—Depois que ficou noivo, você virou conselheiro sentimental Pieter? _riu Antonio.
—Não é isso Antonio. É que depois que decidi me casar com Rúbia só então eu percebi quanto tempo eu perdi com tantas aventuras; entendeu? Penso assim e você deveria pensar também; pois além do mais, essas aventureiras com quem você tem se relacionado ultimamente além de apenas roubarem o seu tempo, no ritmo em que vão as coisas daqui uns dias te levarão à falência!
—Você está inspirado hoje, não é Pieter? _disse Antonio divertido. _ Porém eu não vou escutar teu conselho por dois motivos, primeiro: Como um homem apaixonado você não está no seu juízo perfeito, e segundo: essa moça que você tantas vezes já me desenhou que irá prender meu coração de tal forma que me fará pensar na ideia ab-surda de casamento ainda não nasceu! Digamos que essa moça nasça este ano, até que ela tenha a idade de casar eu já estarei com quase cinquenta anos. Então enquanto isso não acontece, por favor, deixe-me viver minha vida. Agora pare de se comportar como um velho casamenteiro e me indique e logo o lugar que eu lhe pedi!
—Você não tem jeito mesmo príncipe Antonio! _tornou a brincar Pieter. _Vamos ver... Você quer um lugar animado e ao mesmo tempo sofisticado?
— Algo mais ou menos assim.
—Então não há lugar melhor que a Ilícita!
—Ilícita? Isto é uma boate?
—Sim, e a meu ver uma das melhores de Londres. O dono de lá é um velho conhecido meu; tenho certeza que você irá gostar: bebida de primeira, petiscos de ótima qualidade e antes que você me pergunte, as mais belas mulheres de Londres frequentam lá. E, por favor, An-tonio não comente isto com Rúbia.
—Não se preocupe Pieter. Passe-me o endereço. _disse Antonio não muito animado, porém qualquer coisa serviria para tirá-lo da-quela nostalgia.
Pieter passou o endereço para Antonio e perguntou como es-tava o reino de Monsália, a saúde do rei Alfredo e em como ele estava se sentindo como príncipe regente de um país. Antonio respondeu e perguntou como estavam os negócios na concessionária que os dois tinham em sociedade, pergunta desnecessária, já que Pieter o mantinha informado de toda e qualquer negociação da empresa. Conversaram mais alguns minutos e Antonio foi para seu quarto a fim de tomar banho para ir a tal boate.
Fazia dois dias que Antonio chegara a Londres, viera para negociar com os representantes de uma empresa de fertilização para conseguir com que as terras arenosas de Monsália tornassem férteis para plantações, para assim tentar tirar o reino da crise em que este se encontrava. Seu pai, o rei Alfredo sempre fora tolerante demais com seu primogênito Enrico, não o instruindo como um bom rei deveria ser; nos últimos anos, Enrico negligenciara demasiadamente suas funções como príncipe regente, gastando desnecessariamente e afundando o reino em uma crise sem precedentes.
Antonio acabou de vestir-se e visualizou novamente o endereço da boate que Pieter lhe passara deixando-o sobre a escrivaninha em seguida. Aos vinte e oito anos, Antonio era um belo homem: a pele de um moreno claro, os cabelos negros e olhos de um verde fascinante. Não era de se admirar que não faltassem aventureiras, como dissera Pieter para tentar prender o cobiçado coração do futuro rei de Monsália; porém após uma grande decepção amorosa na juventude, Antonio trancara seu coração contra qualquer sentimento que ameaçasse sua condição de solteiro convicto. Jácomo, ministro do pequeno reino de Monsália, e que era como um segundo pai para Antonio sempre o criticava pela facilidade com que ele mudava de relacionamentos, ao que ele respondia rindo:
"_Ora, Jácomo, eu acredito que todas as belas mulheres do mundo merecem ser amadas; focar o meu amor em apenas uma, seria uma indelicadeza para com as outras."
Ao chegar ao grande estacionamento da mansão, Antonio avistou Estevan que estava ajudando a fazer a vigilância noturna. Estevan era o mais fiel e eficiente integrante da guarda pessoal de Antonio, o homem a quem o príncipe confiaria sua própria vida, depois de seu querido ministro Jácomo, é claro.
—Boa noite alteza!_ Cumprimentou Estevan indo até onde Antonio estava. _Vais sair?
—Sim Estevan.
—Quer que eu chame um motorista ou prefere que eu o leve? _perguntou o segurança.
—Nem um dos dois Estevan; eu mesmo irei dirigir não se pre-ocupe.
—Irei chamar Sebastian então para que possamos acompanhá-lo, meu senhor.
—Não quero que você chame ninguém, Estevan. _respondeu Antonio entrando no carro, já começando a se irritar com o solícito segurança. _Vou sair sozinho.
—Mas, meu senhor, o ministro não aprovará isso. _argumentou Estevan.
—Escute Estevan, a quem vocês devem obedecer em primeiro lugar? _perguntou Antonio.
—Ao meu senhor, é claro... Mas o que direi ao ministro se ele perguntar onde o senhor está?
—Diga a verdade Estevan: que você não sabe onde eu estou. Ou melhor, diga à Jácomo que eu tenho idade suficiente para cuidar de mim mesmo. Entendeu?
—Claro, meu senhor! _respondeu Estevan, quando Antonio deu partida no carro, saindo em disparada pelos portões da mansão.
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Notas finais do capítulo

E então? Espero que estejam gostando! O próximo capítulo promete grandes emoções!



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