Clichês escrita por Miss A
Notas iniciais do capítulo
Olá miladys e milorde.
Hoje temos: tentativa de poesia, referências literárias e crushes UHSAUHSUAH
Boa leitura!
Acontece que aquela cena foi causada por uma temida sigla: TPM. É claro que foi só o começo um longo período de chocolates, reflexões, emocional aflorado e mudanças de humor repentinas.
Para começar não havia chocolate na casa, então tive que violentar Fred para que ele fosse buscar chocolate. Foi o Fred, porque James não estava em casa.
Depois já com os chocolates, houve longas reflexões sobre eu estar me apaixonando, ou não, pelo meu melhor amigo. Na verdade, 90% dessa reflexão se focou em como James definitivamente era o meu melhor parceiro sexual e em como ele tinha um sorriso lindo.
Acabei me cansando de pensar essas asneiras e fui assistir “A origem dos guardiões”¹ o que causou outra crise de choro.
Para fechar com chave de ouro eu fui de carinhosa à agressiva e grossa e neurótica em menos de um minuto com James.
O diálogo foi tão ridículo que nem vale relembrá-lo.
Mas é isso o que acontece quando você bebe demais
e ao invés de contar veias do braço,
você dorme com o seu primo:
a vida fica um regaço.
Estávamos tomando café da manhã na cozinha e eu tentava provar para James que ele era um babaca.
— É claro que unicórnio são melhores do que cavalos alados!
— Por quê? O que eles podem fazer?
— Eles urinam arco-íris!
— Grande merda.
— Você urina arco-íris?
— Claro. Quem nunca?
Encarei-o irritada.
— Babaca.
— Pelo menos eu urino arco-íris e você não.
Fred abaixou lentamente sua caneca de café enquanto nos encarava.
— Vocês são ridículos.
— Está falando com o espelho, anjo? - Retruquei.
Ele sorriu.
— Virei anjo agora?
— Até Lúcifer era um, não é mesmo.
— Cuidado ou ele vai achar que isso é um elogio - James disse.
— Espera, não era?
Revirei os olhos e bebi meu chá.
— Cadê as garotas rotineiras, James? Seu feitiço não está mais funcionando?
Bebi mais chá. Aquela pergunta estava demorando.
— Feitiço? É assim que você chama o charme natural?
Eu ri.
— Não seja tão leonino, James. Não lhe cai bem - Menti. Na verdade, lhe caia extremamente bem.
— As garotas não reclamam.
— E quando vamos conhecer o seu... crush, Rose? - Perguntou Fred.
— Crush? Sério, Fred?
— Qual palavra você usaria?
— Nenhuma. Não sou fã de rótulos.
— Quando vai nos apresentá-lo?
— Quando você nos apresentar com quem você está saindo - Devolvi.
Ele sorriu.
— Isso não vai acontecer.
— Por quê?
— Não posso contar.
— Por que não?
— Porque esse lance é meio... Proibido.
— Você não está transando com a Roxanne, está?
— Claro que não!
— Eu só perguntei - Eu dei de ombros - Não vamos julgar.
— Exato. Eu até acharia excitante – Comentou James.
Fred franziu o cenho.
— Descobrimos quem é o Lúcifer entre nós.
Eu ri.
— Pobre James. Ele não tem culpa por ser um pervertido - Eu dei alguns tapinhas em seu braço.
— Como eu disse antes, as garotas não reclamam.
— Esse é esse slogan? - Zombou Fred.
— Com toda a certeza. Estou pensando até em fazer cartões de visita.
— Certo. Vou cair fora antes que ele pense em fazer um portfólio.
— Você vai sair? - Perguntou Fred.
— Não. Vou me trancar no quarto e tentar não me matar enquanto faço um trabalho da faculdade.
— É fazer trabalho e não ver pornô, hein.
— Fred, eu não sou você.
— Uma pena.
Dei um leve tapa em seu braço quando passei por ele.
— Esses tapas de amor não me machucam!
— É uma pena - Eu gritei por sobre os ombros.
Mais tarde, James foi me procurar.
— Já terminou o seu trabalho?
— Quase. Mas posso terminá-lo depois.
Ele se sentou na cama.
— Quero aprender a dançar minueto, James.
— O que é isso?
— Uma dança. Anterior à valsa.
— E você quer aprender isso por quê...?
— Porque eu quero. É cultura.
— Ninguém dança isso mais. Vai ser como aprender latim. Inútil.
— Não diga isso perto de alguém que saiba latim.
— Não vai ser difícil já que eu não conheço ninguém que fale latim.
Silêncio. Ele se deitou na cama. Coloquei o notebook na mesa e me deitei também.
— Nós estamos lidando bem com isso, não é? - Ele perguntou.
— Com isso?
— Nós - Ele fez um gesto com a mão para englobar nós e todo o resto.
Não, não estamos. Ou sim. Não faço a mínima ideia.
— Claro. Acho que sim. Você não acha?
Ele ficou alguns segundos em silêncio.
— Acho que sim.
— Agora desfaça essa expressão Emily Brontë² ou vou te enxotar daqui.
— Serei obrigado a dar um de Philip Roth³ e...
— Não ganhar o Nobel?
Ele revirou os olhos.
— Isso também. Mas eu estava pensando na putaria.
Senti meus olhos brilharem.
— Falando em putaria, encontrei um livro maravilhoso sobre o assunto...
— Não era disso que estava falando também. Eu estava pensando em algo mais prático.
— Foda-se - Eu disse, levantei para pegar o tal livro e comecei a discursar sobre ele.
Fred bateu na porta no meu quarto.
— Se arrumem. Vamos sair às 20hr.
James e eu trocamos um olhar angustiado. Estávamos assistindo Dexter, e eu, particularmente, preferia ficar com um serial killer do que com vários jovens numa boate qualquer.
— Temos que ir?
— Se você não quiser ouvir as lamentações de Albus, temo que sim.
— Albus vai ir? - Perguntei mais animada.
— Sim.
— Vamos levantar o rabo da cama então ou vamos nos atrasar - Eu logo levantei e fechei o notebook.
— Tudo isso é pelo Albus? - Ele ergueu uma sobrancelha.
Revirei os olhos.
— Não enche, James.
Eu gostava da companhia de Albus e James sempre implicava com isso.
De brincadeira, mas implicava.
Dei um sorriso.
— Espera, isso é ciúmes?
— Não enche - Ele me imitou.
Continuei sorrindo só para irritá-lo.
— Vaza do meu quarto, parvo.
— Sabe, você fala e eu só escuto mimimi - James provocou.
— Você deveria consultar um médico. Talvez sua mente seja incapaz de interpretar simples palavras, ou seja, você pode estar ficando retardado. Ah, espere, você sempre foi.
Ele tocou a orelha de maneira teatral.
— Desculpe, ainda não consegui entender.
— Vá se arrumar e para de me encher o saco, idiota.
Isso ele parece ter entendido, porque riu antes de sair do quarto.
Bufei.
Às vezes eu o odiava.
Mas é claro que amor e ódio andavam juntos.
Quando eu o vi todo arrumado, com o cabelo bagunçado, se olhando no espelho do elevador eu fiquei em dúvida. Não sabia se ria ou se fechava a boca para não babar.
— Nós vamos para uma boate gay? - Perguntei para Fred.
— Não. Por que iríamos?
— Porque elas são mais divertidas.
— Discordo. Numa boate gay eu dificilmente conseguiria transar com alguém.
— Pois, eu discordo. Numa boate gay você iria encontrar pessoas que gostariam de transar com você. A questão é se você gostaria de transar com elas.
— No fim eu não transaria com ninguém, ou seja, eu estou certo.
— Ao menos que você mudasse de ideia e aceitasse uma nova aventura - Levantei as sobrancelhas sugestivamente.
— Você e sua mania de sempre querer estar certa - James resmungou.
— Querer estar certa? Eu sempre estou certa.
Ambos fizeram sons de discordâncias. Ignorei-os e olhei nosso reflexo no espelho. Formávamos um belo trio. Imagine um ménage? Seria algo fantástico, aposto.
Sorri com esse pensamento.
— O que foi? - Perguntou Fred.
— Nada não, querido – Respondi, rindo por dentro. Eu definitivamente era feliz por nenhum dos dois serem telepatas.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
1. A origem dos guardiões é o filme onde o meu querido Jack Frost aparece ♥
2. Emily Brontë: escritora inglesa, autora de “Os morros dos ventos uivantes”. A piada consiste no nome da escritora ser usada no lugar da palavra tristeza/melancolia/depressiva, já que esse é o tom do seu livro e até da sua vida, já que ela morreu de tuberculose ainda jovem.
3. Philip Roth, escritor americano, sempre cotado para ganhar o Nobel, mas ainda não deu sorte. Muitos de seus livros possuem cenas de sexo e perversidades sexuais.
Sobre o livro que a Rose menciona, ele é “A casa dos budas ditosos” do João Ubaldo Ribeiro. Super recomendo.
Alguém tem algum palpite sobre com quem Fred anda saindo? Será um et? Um panda? Se for, a Rose vai se sentir muito traída.
Próximo capítulo será bem legalzin, aguardem.