Produtos Uchiha escrita por ICLP, Hitari Amai, Evil Queen 42, ExoLina42


Capítulo 7
A fã do Sasuke


Notas iniciais do capítulo

Mais uma vez atrasadas por motivos de força maior, desculpem-nos --'
Pelo menos o capítulo está enorme u.u
E mais uma vez pedimos desculpas por não responder os comentários, deixa só termos um tempinho, que responderemos todos =D

Enfim, enjoy ;D



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Não estava conseguindo passar de fase no Game of Shadows, o mais novo lançamento da Uchiha Company ― que é muito bom, recomendo ―, então simplesmente parei de jogar.

Não me culpem por estar brincando na hora do trabalho, porque quando alguém está irritado, quer extravasar sua raiva de algum jeito, seja comendo, jogando, passando fome, seja fazendo qualquer coisa com raiva. Somos humanos e temos nosso próprio estilo, o meu é jogando.

Eu ainda não consigo acreditar que a Sakura fez o que fez. Vejo memes na internet e só fico com mais ódio. Nem fazendo uma boa ação esse povo vai me elogiar! Eu já entendi isso, só a Sakura ainda tem esperança.

“Nossa, Sasuke, ela só queria ajudar”, eu sei disso. Mas pensa bem, alguém que você nem tem intimidade, alguém que você nem considera amigo, chega na sua casa e doa suas roupas sem permissão? Isso é um absurdo! São minhas roupas, EU decido o que farei com elas.

Estou sendo egoísta? Não, porque, como eu disse a ela, tenho dinheiro o suficiente para comprar quantas roupas eu quiser das mais caras lojas. Mas são minhas coisas, ter doado as minhas coisas sem minha permissão é ridículo.

Confesso que ter gritado com ela foi um exagero, mas ela estava rebatendo tudo o que dizia, só “conversar” não resolveria porque ela não escuta. Tudo tem que ser do jeito dela! Ela tem boas intenções, mas de boas intenções o inferno está cheio! Tudo tem limite e eu estava aguentando calado por um bom tempo já, agora que eu falei o que eu tinha para falar tenho que ficar com pena? Meus ovos!

Fala mal do meu gato, das minhas roupas, grita comigo, me insulta, usa “senhor” sendo que não tem respeito nenhum, doa minhas roupas sem minha permissão... Quero ver aguentar alguém assim. Fora que eu já estou irritado com a Première que está chegando.

Ela fica tão obcecada em querer ser como minha mãe, que esquece de quem ela é. Ela fica me comparando com a dona Mikoto, caralho, eu não sou ela! Eu sou eu!

E daí que eu não me visto bem? É o meu estilo, me sinto confortável. Bem melhor do que vestir aquelas roupas de marca caras que incomodam. Eu tenho que mudar para ser respeitado? Nem sei se ainda concordo com isso.

Ela veio aqui para me propor um jantar e pedir desculpas. Embora ela tenha se arrependido, ainda estou muito chateado. Se eu for legal de novo, em breve ela cometerá de novo os mesmos erros. Não vou ser feito de trouxa de novo, me recuso.

Levei um susto imenso quando Naruto e Karin entraram em minha sala sem ao menos serem anunciados. É por isso que eu digo que intimidade é uma merda, mais um motivo para eu não dar muita asa para Sakura.

― Ninguém respeita mais o dono desse lugar? ― Resmunguei.

― Bem, Sasuke... ― Karin olhou em seu relógio de pulso. ― Pelo que eu estou vendo, estamos todos em horário de almoço, então tecnicamente você não é nosso chefe por enquanto.

Horário de almoço? Senhor, estou perdido no tempo!

Estou desde que amanheceu só no café, e ainda tomei um comprimido para enxaqueca. Pobre do meu estômago.

Sasuke, dê mais atenção a sua saúde, homem! O que será da M.U. se você morrer? Bem... Acho que vai ter quem fique feliz e provavelmente surgirão memes dizendo que eu fui pro inferno por assassinar a moda.

― O que é dessa vez? Vieram falar da Sakura de novo? Vieram falar que ela não se saiu bem nas fotos?

― Não é sobre as fotos, mas é sobre ela. ― Karin respondeu.

Dai-me paciência, Jesus! Olhei para cima e respirei fundo.

― Sasuke, vamos, se ajeita. ― Reclamou. ― Você quer ou não quer solucionar esse problema?

― Eu não quero solucionar, eu quero ficar puto! ― Bati na mesa. ― Não posso mais?

― Você fica engraçado quando está com raiva. ― Ela riu.

― Ridícula. ― Murmurei, ela ouviu e mandou um beijo no ar.

― Olha, a gente sabe que ela te propôs um jantar na casa dela e você recusou. Viemos aqui para te convencer a... ― Naruto começou.

― Ah, tchau. ― Interrompi o loiro e girei a cadeira 180°, ficando de frente para a janela.

― Sasuke! ― Karin saiu de onde estava e veio parar em minha frente. ― Deixa de ser infantil, garoto!

― Vocês ainda não perceberam que eu não estou bem? ― Bufei. ― Não quero falar disso, não agora. Só me deixem sozinho um pouco.

Karin cruzou os braços e suspirou.

― Olha, eu não tiro a sua razão de ficar magoado...

― Puto! – Corrigi.

― Tá... de ficar puto com essa situação, mas você é dono dessa empresa. Não é bom que você não tenha um bom relacionamento com os seus funcionários.

― Nunca tivemos um bom relacionamento, Karin. ― Olhei para a grande Omelas. ― Os únicos com quem tenho isso aqui na empresa são vocês dois...

Eles ficaram em silêncio por um tempo. Vi Naruto olhar para a tela do meu computador. Memes, memes por todo lado.

― O que foi? Você nunca ficava chateado com essas coisas. ― Ele disse.

― Uma hora a gente cansa. ― Dei de ombros. ― Na verdade, qualquer coisa está me irritando hoje. Até mesmo aquela mancha no meu vidro, tentei tirar, mas ela está do lado de fora.

― Sasuke, aceita! ― Ele uniu as mãos, implorando. ― Putz, ela só quer te agradar, pedir perdão. É um gesto bonito!

― Você vai ficar do lado dela? ― Indaguei.

― Sou libriano, meu amor, estou sempre imparcial.

― A questão é que essa relação de amizade de vocês está sendo boa. ― Karin se manifestou.

― Amizade? ― Uni as sobrancelhas ― Está mais para opressão!

― Chame do que quiser, mas a questão é que você está se vestindo melhor e isso é bom para a sua imagem e da M.U. ― Argumentou a ruiva.

― Não aceitarei. Ela vai confundir as coisas de novo, Karin. ― Esfreguei os olhos. ― Vai querer ser amiguinha e daqui a pouco está gritando comigo e jogando minhas coisas fora.

― Olha, suas roupas eram realmente ruins. ― Nauto falou e eu o fuzilei com o olhar. ― Tá, sem piadinhas.

― Por que eu tenho que mudar? É o meu estilo!

― Sasuke, roupas não definem caráter. ― Karin encostou-se na janela. ― Você tem roupas boas, só não sabe combinar, ela quer te ajudar a melhorar.

― Eu tenho que agradar todo mundo?

― Não adianta, Sasuke. Você pode fazer muitas coisas boas, sempre haverá alguém para te criticar de alguma forma, isso se multiplica quando se é famoso. ― Mexeu nos cabelos. ― Acha que a Sakura nunca recebeu um comentário de ódio? Acha que ela nasceu encantando a todos? Já pensou em conversar com ela para a conhecer? Ela tem um passado incrível.

― Karin, eu ainda estou puto com a Sakura!  ― Respondi ― Nos desentendemos feio, ela não é o que eu pensei que fosse, e se mostrou extremamente infantil.

― Você também, já que, pelo visto, se trocou com ela. ― Naruto disse tranquilamente. ― Até onde eu saiba, um adulto não se troca com uma criança... Se você agiu como ela, certamente está no mesmo barco. A questão é que é leonino demais para admitir qualquer erro.

― Eu estou decepcionado com ela, esperava mais. ― Desviei o olhar.

― Aceita! ― Disseram em uníssono.

― Não!

― Ah, então fica para sempre esquentando a cabeça! ― Karin falou irritada. ― Fica com raiva! Passe a trabalhar mal! Nesse mundo, Sasuke, não podemos fazer o que sempre queremos, mesmo com todo o dinheiro do mundo. Seja mais humilde, como sua mãe.

Ela pisou lindamente no meu calo!

Sou filho de Mikoto Uchiha, todos depositam expectativas em mim desde o momento em que eu fui fecundado! Esperam que eu seja como ela, ainda mais porque assumi a empresa.

Esfreguei tanta coisa na cara da Sakura, mas será que eu um dia chegarei aos pés daquela que me deu à luz? Eu devo ser mais humilde?

― Acha isso mesmo? ― Indaguei inseguro.

― A impressão que você está passando para Sakura não é boa. ― Disse Naruto. ― Ela deve te ver como um egoísta mimado.

― Esses adjetivos se encaixam nela! ― Resmunguei.

― Porra, aquela mulher é uma diva! ― O loiro exclamou. ― Se a vida tivesse trilha sonora, toda vez que ela passasse por um lugar iria tocar "Pretty woman, walkin’ down the street. Pretty woman..." ― Naruto cantarolou e ainda fez uma jogada de cabelo para o lado.

― Todo mundo tem um lado bom e ruim, Sasuke. Você só a conheceu um pouco e já a está julgando. Imagina se eu fosse te julgar pelas roupas que você veste? Não iria nem querer me aproximar com medo disso ser contagioso. ― Karin comentou.

― Isso foi uma tentativa de me convencer? Porque não está funcionando...

A ruiva riu, mas ficou séria rapidamente.

― Essa empresa depende dela. Ela está mal, Sasuke, e se ela pedir demissão?

― Ela venera a M.U., acha mesmo que ela sairia? ― Fiz cara de tédio.

― Pode não sair por conta própria, mas se ela continuar indo mal, ela não será mais a modelo principal da M.U., a mídia vai pressioná-la até sair. ― Disse. ― Mesmo que ela seja muito amada, se ela não vender, ela será descartada.

― Você não está exagerando, Karin? Acha mesmo que ela se deixaria abater por causa da nossa discussão? Ela é profissional.

― Quando eu preciso tomar uma decisão, eu faço um jogo. ― Sorriu. ― Penso na possibilidade mais grave para saber o que farei.

― Ainda assim, foi muito exagero.

― Está com medo? ― Arqueou uma sobrancelha. ― Não foi você quem disse que ela era só um rosto e corpo bonitos na passarela? Você contou isso para nós dois.

Cocei a cabeça olhando para ela e respirei fundo.

― Eu te odeio, sabia? ― Falei e ela riu.

― Aja como um profissional. Você pode ainda estar chateado, mas não envolva seus problemas pessoais com o trabalho. ― Naruto cruzou os braços. ― Mikoto Uchiha só chegou onde chegou porque ela sacrificou muitas coisas. Se quer manter esse império, se esforce mais.

Os dois passaram por mim, me deixando perdido em meus pensamentos.

― Aceita a droga do convite ou a gente nunca mais fala com você! ― Karin gritou e eu ouvi a porta se fechando.

Ah, se não tivesse drama no final não seriam os Uzumaki. Ri.

Se é isso que eles querem, beleza! Mas se eu perceber, nesse jantar, que ela não mudou e que essas aulas de moda não têm nada para dar certo, eu não vou prosseguir.

Peguei meu celular e mandei mensagem confirmando o jantar na casa da Sakura.

 

(...)

 

― Que tal? ― Me virei para o Mr. Black Label, que está sentado sobre a minha cama.

Talvez eu esteja exagerando, mas Sakura é uma mulher fina, então acho que um terno slim combina com a ocasião. Estou usando uma camisa social branca com listras cinza discretas, sem gravata, Sakura disse que assim dá um ar mais despojado. Estou usando um sapato preto.

Pelo menos tenho a certeza de que não estou malvestido. Estou com um visual 100% recomendado durante as aulas da Sakura.

Lógico que ainda estou puto com ela, mas prometi que iria dar uma segunda chance, e quanto menos ela falar em roupas, melhor. Então estou aqui me esforçando para ir o mais bem vestido possível.

Meu gato me encarou como se me analisasse minuciosamente, então respondeu com o "miau" de sempre.

― Você tem razão, Mr. Black Label, acho que ficou bom. ― Brinquei.

Ele miou novamente. Será que não gostou?

― Acha que eu devo trocar? ― Uni as sobrancelhas, perguntando em tom de brincadeira e fingindo indignação. ― Ora, não vou de bermuda e crocs! ― Revirei os olhos e soltei um riso anasalado. ― Cacete... Estou com medo de errar. Prevejo que ela dará gritos histéricos se não gostar. ― Murmurei. ― E a chance que eu estou dando será perdida para sempre.

Qualquer um me acharia um lunático por estar conversando com o Mr. Black Label, mas, quando se mora só na companhia de um animal ele passa a ser quase como um filho e conversas casuais são inevitáveis. Me sinto sozinho às vezes... Talvez por isso eu tenha arrumado um gato.

Acho que não estou me produzindo somente para agradar a minha professora de moda. Acredito que meus amigos e a demônia rosa estejam certos e meu trabalho será mais admirado se eu deixar de ser desleixado.

O Mr. Black Label parece estar insatisfeito. Ele não gosta da Sakura e parece sentir que eu vou me encontrar com ela. Infelizmente ele vai ter que aceitar. Nós dois teremos, afinal eu também não gosto mais dela como gostava antes. Ela passa longe do que eu achei que ela fosse!

Anoiteceu e está fazendo um pouco de frio, então peguei uma roupinha de lã para vestir o Mr. Black Label e evitar que ele passe frio. Quando arrumei um Sphynx, pensei que todos os meus problemas estariam resolvidos, porque não precisaria me preocupar com pelos espalhados pela casa. Mas a vida é uma caixinha de surpresas e, por não ter pesquisado sobre a raça antes de obter um filhote, descobri que os gatos Sphynx são extremamente sensíveis e exigem muitos cuidados. De qualquer forma, me apeguei ao Mr. Black Label e não o troco por nenhum outro bicho.

Saí de casa no horário certo, pois sou bastante pontual e odeio atrasos... A Sakura odeia mais ainda.

A casa de Sakura ― que eu julgo caber umas dez famílias ―, onde ela mora sozinha, fica um pouco afastada da cidade, em uma parte mais alta, mas por esse horário as ruas nem estão muito cheias e o trânsito está fluindo legal, então cheguei dentro do horário.

Fui recebido por Sakura, ela parecia alegre por me ter em sua casa. Só espero que o jantar não esteja envenenado e que ela se mostre suportável.

Só que ela está tão... simples. Está usando um vestido longo, mas bem leve, com estampa florida, nada extravagante. Por causa do frio, ela colocou um bolero branco de mangas longas também simples, mas com o tecido muito bonito. Nos cabelos ela fez um rabo de cavalo, não usa joias e nem nada além de pequenos brincos de ouro em suas orelhas. Os sapatos não consigo ver por causa do vestido que cobre seus pés, mas, pela ausência de barulho ao pisar no chão ― e por causa da altura da Haruno ―, deduzi que ela está usando sapatos baixos. Está sem maquiagem forte, não usa sombra e nem lápis nos olhos, apenas um batom nude.

Ela está linda, claro. Simples, mas linda. Na verdade, até vestida num saco de estopa ela ficaria linda. Mas eu me sinto ridículo, pois vim de terno achando que o negócio ia ser chique, já que a Sakura é uma perua nata, e ela me recebe de uma forma casual.

― Oxente! ― A rosada colocou as mãos na cintura. ― Vai pra algum baile, senhor Uchiha? ― Ela questionou risonha. Pelo menos não disse que eu estou malvestido.

― Na verdade, vi essa roupa e pensei "Não tem como errar"...

― Não teria, se o senhor fosse para algo menos casual. ― Tornou a rir. ― O senhor podia ter vindo mais casual...

É, Sasuke, parece que você errou. Pelo menos ela não está me insultando.

― Já disse que não precisa me tratar com formalidade, Sakura. ― Desconversei. ― Lembra do que você disse lá na empresa? Me chamou para recomeçar e sermos amigos. ― Quase revirei os olhos, afinal ainda acho que ela se portará de maneira infantil como sempre. ― Portanto, não sou seu chefe e você não é minha professora.

― Prefiro manter o respeito. ― Disse mais séria. ― Não quero confundir as coisas... de novo.

Ok, eu deveria ter gravado isso para jogar na cara dessa criatura num momento em que ela se descontrolar e começar a gritar em cima de mim. Quem grita com o chefe?

― Se você prefere assim. ― Dei de ombros.

A casa de Sakura é um verdadeiro palácio. Nada muito exagerado, mas muito refinado. Ela tem muito bom gosto, creio que minha mãe iria gostar muito de conhece-la. Ambas se parecem, até mesmo um pouco no temperamento. Mikoto pode ser doce e extremamente amorosa com os fãs, mas os filhos e o marido sabem muito bem quem ela é quando desce dos saltos... Mas minha mãe não é infantil como a Sakura.

Só não entendo para que uma casa enorme se ela mora só... Começa já na porta, enorme e pivotante, dando em um hall de entrada com um jardim de inverno, pé direito duplo, um lustre muito bonito.

Chegando na sala, espaçosa e muito refinada, senti um cheiro que não foi do que quer que seja que a Sakura está preparando, mas um cheiro que denunciou uma coisinha: Aqui tem cachorro.

Não estou dizendo que a casa da Sakura fede, mas toda casa que tem cachorro possui, mesmo que leve, um cheiro característico. Quem convive nem percebe, mas quem não convive logo nota.

No mínimo é um daqueles cachorrinhos de perua, desses minúsculos e endemoniados que usam lacinho no pelo. Se essa praga chegar perto de mim, eu piso nele e mato. Não suporto aqueles demônios versão pocket.

A sala dela provavelmente é quase do mesmo tamanho do meu apartamento, com o piso em porcelanato, ornamento de madeira no teto, móveis projetados muito bonitos, próximos a uma parede de vidro em L, que dava vista para o jardim frontal e o lateral.

Ela me conduziu, passamos por uma área de circulação, com parede espelhada, uma escada flutuante de madeira que ia para o andar superior e uma que levava para o que creio ser um subsolo.

Quando chegamos à varanda gourmet, havia um sofá e poltronas e mais à frente uma mesa de seis lugares.

Paramos... Havia uma porta de vidro de correr, tomando toda a parede, estava aberta e logo começava uma piscina de borda infinita.

Depois da piscina vinha a vista incrível de Omelas que o local proporcionava, já que é em um ponto mais elevado da cidade.

Do outro lado da varanda, havia um jardim menor que o jardim frontal. Mas tão lindo e bem cuidado quanto. Havia uma casinha de cachorro um tanto quanto exagerada, já que o cachorro dela deve ser do tamanho do meu pé.

― Senhor Uchiha, quer tomar alguma coisa? ― Indagou, me tirando do momento de admiração.

Soou tão doce, nem parece que grita com o chefe.

― Não, obrigado.

― Fique à vontade, vou lá na cozinha e já volto.

Sentei-me no confortável sofá da varanda, ficando na companhia apenas do silêncio quando Sakura saiu.

A cozinha ficava ao lado da escada, com paredes revestidas de madeira. Tudo nesta casa exala bom gosto, sofisticação e conforto... Apesar de grande pra caralho, a casa da Sakura é aconchegante.

Por enquanto a noite está sendo agradável, tirando a parte que eu me arrumei todo pensando que seria algo mais formal. Mas tudo bem, isso a gente supera. Acho que hoje não teremos brigas e nem nada do tipo, já que não é um encontro para falarmos de roupa, é somente um encontro... Ora, não é um encontro! É um jantar para a Sakura se redimir.

Sakura foi rápida, não demorou a voltar.

― Vamos comer? ― Chamou.

Estou curioso para provar o tempero dela. Acho que não existe um talento que a Sakura não tenha. Provavelmente ainda não foi inventado pelo ser humano.

― Sim, vamos.

Me levantei do sofá e nesse momento, do nada, uma criatura enorme entrou no meu campo de visão.

Tudo bem, o que é isso?

Não tive nem tempo de reagir. Tem um monstro nessa casa e ele pulou em mim, me derrubando imediatamente no chão.

Me enganei ao imaginar que Sakura criasse uma miniatura de cachorro, pois ela cria um animal enorme que me derrubou com extrema facilidade e começou a me lamber e se esfregar em mim... Senhor, esse cachorro quer me estuprar!

― Sakura! ― Gritei. ― Tira esse bicho de cima de mim!

E a coisa rosa faz o que? Fica rindo!

― Boy, ela gostou do senhor!

Por que ela fica rindo e não faz nada? Ainda tem esse "boy" irritante! Sakura mora há tanto tempo aqui no sudeste que perdeu bastante seu sotaque nordestino, mas as expressões ainda a acompanham.

Enquanto isso a cachorra está sarrando em mim! A boca dela está perto do meu rosto, um movimento em falso e ela crava esses dentes enormes em mim!

Por que a Sakura cria um monstro?

― Sakura! ― Gritei.

― Condessa Cherry Haruno!  ― Falou autoritária. ― Anda, saia daí!

O monstro, digo, a cachorra obedeceu sua dona rapidamente e saiu de cima de mim.

Incrível, ela tem um animal desse tamanho que a obedece... Até o bicho já entendeu, e a Karin e o Naruto querendo que eu seja amigo dela.

Manda quem pode, obedece quem tem juízo...

Sakura foi uma anfitriã gentil e me ajudou a levantar do chão, então alonguei meu pescoço ― aliviado por tê-lo salvo ― e encarei a criatura que parecia feliz, abanando o rabo para mim.

― Acho que... ― Sakura parecia sem jeito e risonha ao mesmo tempo. ― Lembra do seu moletom que eu peguei para mim? Então... ela deve estar reconhecendo o cheiro.

Ah, está explicado, ela trouxe estrategicamente minha roupa para a casa dela. O objetivo era me matar desde o começo.

― Caramba, eu poderia ter morrido!

― Boy, não exagera! ― Revirou os olhos, fazendo carinho na cabeça da tal Condessa.

Isso não é um cachorrinho minúsculo e fofinho, é um Malamute e deve ser dos gigantes.

― O quê? Sakura, eu poderia ter batido o pescoço em algum canto, ou essa Condessa poderia ter feito um estrago em mim com esses dentes! ― Exclamei. ― Como é que você cria um bicho desse tamanho?

― Ela é um amorzinho, sabia? Super mansa...

― Ela queria cruzar comigo!

Ouvi a rosada segurar um riso. Está gozando com a minha cara por acaso? Já estou vendo que a chance que estou dando será desperdiçada!

Ela respirou fundo, voltou a ficar séria e prosseguiu:

― Que bom que ela é fêmea, então. Se fosse macho, além de tudo ainda estaria com o bilotinho de fora.

Prefiro não perguntar o que diabos é "bilotinho", porque posso imaginar.

A noite já foi estragada, obrigado, Condessa Cherry Haruno!

― Isso não está ajudando. ― Suspirei. ― E é sério que você deu seu sobrenome pra sua cachorra?

Mr. Black Label Uchiha, será que ficaria legal? Posso acrescentar o sobrenome na carteira de vacinas dele.

― Não chame ela assim! ― Reclamou. ― Tenha mais respeito. É Condessa Cherry.

― Ora. Você chama meu gato de Sméagol, de Dobby, diz que ele dá agonia, que parece estar ao avesso, mas eu não posso chamar a Condessa de cachorra?

― Seu gato é horroroso, a Condessa é maravilhosa. ― Respondeu simplesmente, ajoelhada ao lado da Condessa e acariciando aquele monte de pelos.

― Condessa é maravilhosa. ― Revirei os olhos.

Essa coisa está me encarando. Ela deve estar querendo pular em mim de novo, no mínimo.

Devo admitir, é um monstro muito bonito, uma raça bonita, mas só de longe ou em fotos, de perto é um monstro enorme...

― Pelo menos um nome decente eu escolhi, né? ― Esboçou um sorriso de canto. ― Que tipo de pessoa bota nome de bebida em um gato?

― Eu estava com o gato e precisava de um nome, vi uma garrafa de Black Label e pensei em batizar o gato. ― Dei de ombros. ― Não dou tanta importância para nome de bicho, ele teve sorte de não ser chamado só de bichano.

― Chamasse de Gato então, igual em Bonequinha de Luxo!

― Bonequinha de Luxo, é? ― Arqueei uma sobrancelha. Minha mãe ama esse filme. ― Legal. Mas, voltando ao assunto, você poderia manter este monstro longe de mim? Eu ficaria eternamente agradecido.

― Ora, senhor Uchiha, deveria se sentir honrado. ― Falou risonha. ― As pessoas não simpatizam muito com o senhor, então veja pelo lado bom: O senhor ganhou uma fã. ― Riu. ― De outra espécie, mas é uma fã.

― Uma fã que quase deformou meu rosto com os dentes dela.

― Condessa não faria isso! Ela é uma lady.

Uma lady endemoniada, isso sim!

― Por favor, contenha ela. ― Pedi.

Condessa Cherry Haruno ― agora conhecida por mim como enviada do Satanás ― está usando uma coleira rosa como os cabelos de sua dona. A coleira é cheia de pequenos cristais que brilham pra caramba, sem falar no pingente em forma de coroa, em ouro rosé.

Será que a cachorra é mimada pela dona? Nadinha...

― Ela está empolgada com a sua visita. Realmente gostou do senhor, então aproveite, pois Condessa Cherry é muito seletiva.

Mereço...

Não é que eu não goste de cachorros, só não sou muito fã deles.

Naruto diz que é mais um de meus vários traumas de infância, Itachi diz que é frescura, mas eu digo que não é um nem outro. Sou apenas desconfiado.

Itachi criou um Pinscher na nossa infância, aquilo era o mal compactado! Na adolescência, pra variar, quando o pequeno Pinscher voltou pro inferno ― de onde nunca deveria ter saído ―, meu irmão adotou um Chihuahua, outro cachorro que também não tinha pra onde extravasar sua maldade e talvez por isso vivesse tremendo.

Tenho motivos de sobra para ser desconfiado com cachorros! O Pinscher do Itachi cresceu conosco, em nossa casa, e ainda assim mal deixava o dono dele chegar perto! Eu vou confiar nesses bichos? Lógico que não!

E agora temos o exemplo da Condessa, que mal me conheceu e quase cravou seus dentes no meu rosto. Sem falar que ela deve ter mais ou menos a minha altura em pé.

Um bicho desse tamanho deveria viver apenas no quintal, não deveria entrar em casa!

― Você tem cara de quem cria cachorrinhos de perua, sabia?

― Meu sonho sempre foi um Malamute! ― Disse com brilho nos olhos. ― Amo Condessa, ela é meu xodó.

Xodó? Nossa...

A cachorra me olha com expectativa, como se quisesse pular em mim. Mas pelo visto a Condessa respeita a presença de sua dona, e como Sakura a mandou sair de cima de mim, está obedecendo.

― Não confio em cachorros... ― Desabafei.

― Como não? ― Questionou indignada. ― Condessa é ótima, faça amizade com ela...

― Da mesma forma que você fez com o Mr. Black Label? ― Retruquei.

― Boy, Sméa... Mr. Black Label não gosta de mim. Mas a Condessa gostou do senhor. ― Argumentou. ― Passe a mão nela, vai ver que ela é um amor.

Ela respeita a dona, acho que a Condessa não vai me matar se eu passar a mão nela.

Péssima ideia! Cachorro é bicho atrevido... Eu fiz carinho na Condessa e ela novamente pulou em mim. Claro, dessa vez eu estava prevenido e ela, mesmo forte e pesada, não me derrubou, mas literalmente me abraçou e começou a lamber meu rosto.

Essa cachorra gostou de mim mais do que deveria. Podia só manter o respeito mesmo, não precisava disso tudo.

Tenho certeza de que ela quer me derrubar para outra tentativa de estupro! Sakura criou um monstro!

― Condessa Cherry Haruno, pare já com isso! ― A rosada brigou e imediatamente a cachorra obedeceu.

A história que diz "quando a mãe chama o nome completo é porque a porra tá séria" vale para outras espécies pelo visto.

Ouso dizer que a Condessa respeita mais a Sakura do que o Mr. Black Label respeita a mim. Meu gato é ótimo de se criar, mas não respeita o espaço ou a privacidade de seu dono. Quando eu mando o Mr. Black Label sair da minha cama, ele simplesmente me olha com uma cara de "foda―se" e volta a dormir.

― Acho que está claro que eu devo manter uma distância significativa da Condessa.

― O senhor não tem que ficar longe de Condessa, é só saber se impor que ela obedece. ― Disse Sakura. ― Mas o que esperar de um dono de gato, não é mesmo?

Vai começar a criticar meu gato...

― Não gosto desse atrevimento dos cachorros. É bom eu ficar longe mesmo.

― Tudo bem então, manterei Condessa longe do senhor. ― Amém. ― Agora, avia, vamos comer.

Melhor notícia dessa noite, só espero que a Condessa Cherry Haruno se contenha.

Sakura apontou para a mesa da varanda, que inclusive é muito bem iluminada por um lustre magnífico. Minha mãe iria amar essa casa. A mesa já estava posta.

Condessa foi para o quintal e deitou na grama, de olho em mim. Ouso dizer que ela está apaixonada por mim.

Bem que podia ser a dona, né... A Sakura não é flor que se cheire, está mais para espinhos e ainda estou puto com ela, mas ela é linda e qualquer homem em sã consciência iria gostar de ter uma boa noite com ela... Desde que ela não começasse a gritar ou a cachorra dela quisesse sarrar junto.

Sakura voltou com uma bandeja com dois pratos com um creme, que pelo cheiro maravilhoso, dever ser de camarão. A apresentação do prato está digna de restaurantes cinco estrelas, não sei o gosto. Espero que esteja tão bom quanto está bonito e cheiroso.

Junto vinha uma garrafa de Château Climens... Cacete, ela caprichou. É um vinho branco da região de Bordeaux.

― Espero que goste de vinho branco, senhor Uchiha. ― Ela sorriu e sentou-se de frente para mim.

― Gosto. ― Sorri de volta.

Ela serviu o vinho para nós dois.

― Bon appétit! ― Falou e ergueu a taça de cristal para brindarmos.

Finalmente pude provar este prato que parece bom. Parece tão bom que ignorei o fato de poder estar envenenado... E ignorei a Condessa me olhando com cara de quem quer meu corpo nu.

Caralho... Como o esperado dessa mulher quase perfeita: O prato está divino. Será que existe algo que ela não seja boa?

Ser gentil comigo, ela definitivamente não é boa nisso... Daqui a pouco ela começa a gritar e vai mandar a Condessa Cherry Haruno me comer... literalmente.

― Senhor Uchiha? ― Ela me chamou. ― Está tudo bem? Não gostou da comida? ― Questionou preocupada. ― Eu nunca errei nesse prato. Camarão é bem comum em Natal, minha mãe me ensinou a fazer bem cedo, não deveria ter errado... Me desculpa, senhor Uchiha!

Nem notei que eu estava encarando a Condessa com olhos semicerrados.

Olhei pra Sakura, ela estava nervosa.

― Ah, não... Está perfeito, relaxa... ― Sorri nervoso também. ― É só que ela fica ali me encarando...

Voltei a olhar a Condessa com os olhos semicerrados.

― Boy, ela não vai te atacar, ela gostou do senhor... Mas só vai chegar perto se eu deixar, ela é obediente. ― Sakura voltou sua atenção para o próprio prato.

― Tá... ― Não posso baixar a guarda.

Voltei a me deliciar com essa maravilha que a Sakura fez. Talvez eu fique menos puto se ela cozinhar assim para mim todos os dias. Acho vou lançar essa proposta!

― O senhor está bem vestido, senhor Uchiha... Me impressionou. ― Ela puxou assunto. ― Mas, bem, isso aqui é um jantar bem casual, o senhor poderia ter vindo mais... ― Me olhou receosa, como se ponderasse se completava ou não a sentença. ― confortável.

É... Ela realmente não queria dizer isso.

Até fiquei indignado, quis impressioná-la para a noite não ser desagradável, acabei deixando meu tão prezado conforto de lado.

― Eu achei que seria mais formal, já que você é tão... perua... ― Falei e ela riu.

― Mas eu estou em casa, boy. Estamos aqui como amigos... ― Não somos amigos, estamos tentando. ― O senhor precisa identificar quando usar certos trajes, dependendo da situação, sem ninguém precisar falar. ― Ela respondeu e suspirou fechando os olhos em arrependimento.

Ela não queria falar isso, acha que vai me deixar puto. Mas nem deixou, ela até que tem razão... Eu poderia ter vindo de moletom e Crocs!

― Mas não vamos falar sobre nossas aulas ou trabalho. Vamos nos conhecer...

Como se ninguém soubesse sobre a vida da Sakura... Sabemos até quando ela está indo comprar pão, graças aos paparazzi.

― O que quer saber? Não sei por onde começar. ― Dei de ombros.

― Do que o senhor gosta? ― Ela perguntou dando de ombros.

Gosto de ler HQs, gosto de videogame, gosto de tecnologia, gosto de colecionar figuras de ação, réplicas de equipamentos de filmes e séries que gosto... Coisas de Nerd em geral...

― Muitas coisas... ― Dei de ombros.

Vamos evitar ela pensar que sou infantil e vamos deixar a noite menos desagradável.

― O senhor gosta de super-heróis? ― Ela foi mais específica.

― Gosto.

― O senhor viu o novo filme do Homem-Aranha? De Volta ao Lar... ― Ela sorriu.

Olhei para ela. Ela gosta dos filmes da Marvel?

― Vi.

Voltei meus olhos para a comida.

― O que achou?

Por dentro eu queria me empolgar, afinal foi um dos melhores filmes da Marvel, mas ainda estou puto!

― Foi um ótimo filme. ― Me limitei a responder.

― Senhor Uchiha...

― Hum? ― Murmurei sem olhar para ela, mastigando minha comida.

― Eu... O senhor... ― Ouvi ela suspirar. ― Quer que eu pare de falar?

Seria ótimo, afinal estamos comendo.

― Você é irritante... ― Olhei para ela e ela abaixou a cabeça.

Só agora notei que Sakura mal tocou no próprio prato.

Ótimo... Está tudo dando certo! Parabéns, Sasuke... Ela vai acabar se demitindo e dona Mikoto vai matar você. Naruto e Karin vão te abandonar. Ino vai abrir a própria marca e te deixará na mão. A M.U. vai falir. Você está indo muito bem!

Mas que culpa eu tenho? Eu ia saber que a única modelo no mundo capaz de alcançar o sucesso da Gisele Bündchen ia ser insegura assim?

Caralho, ela é sensível demais... Misericórdia!

― Tem mais? ― Apontei para meu prato.

Vi o rosto dela se iluminar...

― O senhor gostou? ― Ela sorriu.

― Está divino, Sakura... Você tem talento. ― Isso, conserte a situação, Sasuke!

― Obrigada, senhor Uchiha... Vou buscar mais! ― Ela retirou meu prato e foi quase saltitando para a cozinha.

Olhei para Condessa na grama. Tenho que ficar alerta enquanto a Sakura não está. Agora entendo o tamanho da casinha... Mas ainda é exagerada!

Sakura não demorou e colocou mais um prato em minha frente.

Quando ela sentou, finalmente tocou de verdade na própria comida, que já deve estar gelada...

Parece que meu comentário a deixou menos desconfortável.

Observei a maneira que ela está sentada... A garota tem classe até em casa, a não ser que esteja se passando por estar em minha frente.

Eu quando estou em casa me sento sem classe alguma.

Bem, de acordo com Naruto e Karin, eu não tenho classe alguma em canto nenhum. Mas eles são exagerados.

― Senhor Uchiha...

Olhei para ela.

― Me desculpa... Eu realmente não queria irritá-lo tanto. Eu disse que ia doar, mas não liguei para sua opinião. Eu não sei o que fazer para corrigir meu erro. Se o senhor conversasse comigo, eu saberia o que fazer. ― Ela soltou de uma vez.

Suspirei pesadamente... O que responder? A criatura está mesmo arrependida. Até fico menos puto com ela falando assim.

― Não faz isso de novo, Sakura. ― Respondi. ― Nós nem somos próximos para você simplesmente pegar as minhas roupas e doar...

― Eu sei, senhor Uchiha, sinto muito. ― Ela respondeu.

O que eu faço? Nem sei como agir. Não sei o que fazer. Qual é, ela é o rosto da M.U., não dá para deixar as coisas entre a gente assim.

― Olha, não é como se pudéssemos corrigir isso, não é? Já foi feito, você doou as roupas, os sem teto já estão com elas... Apenas... ― Suspirei, pensando no que falar. ― vamos usar isso de aprendizado, ok?

Ela me encarou como se me interrogasse.

― Eu aprendo a não subestimar o que você diz e você aprende a não agir como dona de tudo, certo? ― Expliquei.

― Sim, senhor Uchiha. ― Ela sorriu.

Voltamos a comer em silêncio... Um silêncio menos desagradável.

Terminei meu segundo prato e ponderei se pedia mais. Me sinto um animal, mas essa porra está boa.

Resolvi não pedir mais, apenas olhei para ela terminando ainda o primeiro. Nem parece o animal que comeu o cardápio inteiro do McDonald’s naquele dia.

― Então... ― Falei e Sakura me olhou. ― Os sem teto ficaram felizes com as roupas?

Sakura sorriu animada.

― Claro que ficaram, senhor Uchiha! Eles são eternamente gratos ao senhor... ― Ela parou e mordeu os lábios.

― Tudo bem... O importante é fazer a boa ação, não é? ― A rosada concordou acenando. ― Talvez eu faça mais, em breve. Ainda há mais roupas que eu preciso me livrar, certo?

Ela me olhou com uma cara meio estranha. Algo que dizia mais ou menos: “Se eu concordar o senhor me demite, mas se eu discordar seu guarda-roupa ainda vai parecer a entrada do inferno”... Enfim, algo meio estranho.

― Vou entender isso como um “sim”. ― Ri da cara dela. ― Então, Sakura, ainda quero sua ajuda, mas você não pode mais doar minhas roupas sem permissão, entendido? ― Estendi minha mão para apertar a dela.

― Sim, senhor Uchiha! ― Ela abriu mais o sorriso. ― Será uma hon...

Eu devia ter previsto que aconteceria algum desastre. Nada flui normalmente quando Sakura e eu estamos juntos.

Bom, a culpa não foi minha, mas de certa forma foi. Tipo, creio que minha presença tenha influenciado de alguma forma. Na verdade, eu estou viajando mesmo.

Sakura sorriu sem graça quando deixou cair bebida em seu vestido, na hora em que ela iria apertar minha mão.

Bom, eu também fiquei sem jeito, afinal, ela é quase perfeita, então como comete um vacilo desses? O vinho não deveria ter se recusado a sujá-la?

― Que desastre. ― Comentou risonha, com a voz calma.

― Acontece...

― Acho que ficar com a roupa molhada não é agradável. ― Ela se levantou. ― Boy, já comeu tudo? ― Disse ao olhar para o meu prato e eu fiquei até sem graça.

Ora, o negócio está bom! Camarão é uma delícia, mas são poucas as pessoas que sabem preparar de forma que me agrade. Sem falar que esse tempero é diferente de tudo que eu já provei, realmente não consigo dizer o que ela usou e seria indelicado se pedisse a receita.

― Você tem mãos de fada. ― Isso, Sasuke, elogie. Assim o clima tenso vai acabar de vez! ― Está realmente muito bom, agradeço pelo seu convite... Apesar das circunstâncias.

― Podemos marcar mais vezes, já que vamos continuar com nossas aulas, será um prazer. ― Riu. ― Tenho que ir trocar de roupa, vamos comigo.

Ela falou de forma tão natural que eu realmente não soube dizer se estava falando sério ou zoando com a minha cara.

Isso seria alguma mensagem subliminar? Não... Acho que se ela tivesse segundas intenções não me chamaria dessa forma.

― Eu espero aqui. ― Respondi.

Tomara que a Condessa acompanhe sua dona, pois vai ser horrível ficar aqui sozinho com ela. Na pior das hipóteses ela vai querer sarrar em mim de novo.

Os cachorrinhos do meu irmão, por causa do tamanho, sarravam nas pernas dos outros e isso já era desagradável. A Condessa sarra na pessoa mesmo.

― Não seja tímido. ― Sakura já foi me puxando pelo braço. ― É bom que eu já te mostro o resto da casa. A vista lá de cima é ainda mais bonita.

O único lugar dessa casa que eu realmente tenho vontade de conhecer é o quarto da Sakura ― talvez o banheiro também ―, mas não acho que essa noite vai terminar em sexo, afinal as coisas ainda não se acertaram 100% entre nós.

Subimos a escada de madeira. O quarto da Sakura já fica ao fim da escada, enquanto do outro lado tem mais uma sala, onde vi um piano, e as portas dos outros quartos. Tudo minuciosamente decorado.

Não havia muita coisa no quarto da Sakura, apesar de espaçoso, exceto a enorme cama king size, uma bancada em madeira, com uma TV enorme na parte, e um divã. A pequena parede próxima ao divã é coberta por um espelho do chão ao teto. Duas das paredes do quarto eram de vidro, um sendo porta de correr, como a da varanda, dando acesso a outra varanda, com uma vista ainda mais incrível de Omelas.

Voltei minha atenção para Sakura, quando ela retirou o bolero e jogou sobre sua espaçosa cama, logo em seguida entrou em seu closet.

― Venha, me acompanhe. ― Me chamou.

Como Sakura pediu, entrei e, claro, a Condessa acompanhou. Essa cachorra me amou!

Esse closet é anos luz mais espaçoso do que o meu. O piso é de madeira, os móveis brancos, minuciosamente planejados. Tem um enorme tapete de veludo cinza no centro, com um banco acolchoado branco no centro. Tem até um lustre aqui.

Nem é consumista essa pessoa.

Há uma porta embutida entre os armários do closet, deve ser o banheiro... Já imagino que tem uma banheira enorme. Sakura ama um luxo pelo que estou vendo.

Além de todas as habilidades que a Sakura possui, ela ainda é organizada. Há uma parede inteira apenas com sapatos em prateleiras, eles são organizados por cor e tipo. As bolsas do mesmo jeito, organizadas por cor e tamanho.

Quem tem TOC deve ter uma paz da porra se entrar aqui.

Sakura olhou algumas roupas, eu somente acompanhei com o olhar cada movimento seu. Ela não é um amor platônico, tampouco sou apaixonado por ela, mas, apesar dela ser uma louca que acha ser a dona do mundo, a admiro muito pelo que ela se tornou em tão pouco tempo.

Ela escolheu um outro vestido no meio dos incontáveis pendurados em cabides. Esse possui estampa geométrica em tons claros de verde, mas diferente do outro e menos rodado.

― Quer que eu lhe mostre minhas roupas? ― Indagou divertida.

Sakura gosta mesmo dessas coisas, mas eu não entenderia nada! Simplesmente prefiro admirá-la com qualquer roupa que ela vista. Se quiser ficar sem, também não me importo.

Entre ver as roupas da Sakura e voltar lá para baixo, onde me espera um delicioso creme de camarão, fico com a segunda opção eternamente... Estou realmente pensando em comer um terceiro prato!

― Não precisa. ― Respondi. Porra, esse closet é maior do que o meu quarto e meu banheiro juntos! ― Eu mal entendo de moda masculina.

Ouvi uma sonora gargalhada.

― Perdão.  ― Disse após se recompor. ― Verdade, vamos evitar confundir sua cabeça.

― Sim. ― Não pude evitar um riso.

Olhei para trás e vi Condessa, me encarando enquanto abanava o rabo que mais parecia um chicote. Se isso pega na perna de alguém, deixa roxo com certeza.

― A Condessa tá me olhando com cara de tarada.

― Boy, não acredito que o senhor tem medo de cachorros! ― Revirou os olhos.

― Não é medo, é desconfiança.

― Então deixe de ser desconfiado!

Sakura passou por mim com seu vestido em mãos, voltando para o quarto. Encarei por uns segundos a criatura canina que nem se abalou quando viu sua dona passar, o que reforça minha teoria de que ela gamou em mim.

Virei crush de cachorro!

Ignorando a louca ninfomaníaca que a Sakura diz ser seu bicho de estimação, voltei para o quarto. 

― Eu vou voltar lá pra baixo. ― Comentei quando vi a rosada parada de frente para o espelho, desabotoando seu vestido.

― Ora, sente aí! ― Apontou para a cama. ― É rápido, não vou demorar.

Tudo bem, somos duas pessoas adultas e por isso eu não tenho que ficar agindo como um adolescente que está descobrindo as coisas.

Temos um banheiro e um closet aqui, não há motivos pra ela... Cedo demais. Falei cedo demais!

Nem em meus mais doces sonhos isso chegou a acontecer, eu fiquei chocado e feliz. Sakura realmente tirou o vestido sendo que estou aqui, em sua frente. 

Será que ela tem segundas, terceiras ou quartas intenções? Provavelmente não. Nenhuma mulher a fim de levar um homem para a cama usaria lingerie bege. Ainda assim, Sakura consegue ficar extremamente sexy. 

Ela não é a rainha das curvas. Não possui o bumbum muito grande, tal como não é dona de seios avantajados. Sakura é magra, mas todo o seu corpo tem medidas proporcionais. Ela tem a cintura fina, mas sua barriga é definida, nada exagerado, apenas dá para notar que ela faz exercícios e sei que ela pratica Muay Thai, graças a cotovelada que me deu. Os seios têm o tamanho perfeito e são tão durinhos que nem precisa de bojo ― sei disso porque já vi fotos de Sakura usando biquíni nos catálogos.

As pernas dela são muito bem torneadas. Acho que até os pés e as mãos dela são bonitos...

Eu diria que Sakura tem o corpo escultural, perfeito, não há uma única estria ou celulite. Em outras palavras: Ela é gostosa pra caralho! Um mulherão da porra, com certeza.

Será que é assédio eu continuar olhando? Ou será que eu serei muito fresco se virar o rosto?

Senhor, por que ela está tirando a roupa? Não que eu não esteja gostando, mas eu não estou preparado e a Condessa está aqui! Começo a achar que vamos sarrar os três juntos!

Calma, Sasuke! Ela só vai trocar de roupa. Deve ser normal para modelos fazerem isso, já que fazem várias sessões de fotos. Isso, é isso, ela não vai te estuprar!

― Estou achando que não dá pra usar esse sutiã com esse vestido.  ― Suspirou, encarando a peça de roupa.

Espera, ela vai tirar o sutiã também?

Beleza, agora deu medo.

Ou melhor, não medo no sentido exato da palavra. Eu disse que não me incomodaria se ela quisesse ficar sem roupa, mas agora acho que estou incomodado, pois, mesmo que dê a entender que Sakura quer meu corpo nu ― se ela realmente quiser será um prazer ―, parece que ela está interagindo com uma amiga, não com um cara que pretende levar para a cama.

Isso tudo está confuso!

Com uma mão apenas, Sakura desabotoou a peça íntima. Não entendo esse dom das mulheres, pois sutiã é obra do cão, feita para homem nenhum abrir de primeira.

Mas ela não me deu a visão de seus seios expostos, pois segurou a peça de roupa antes que subisse, indo direto para seu closet, de onde saiu logo com um outro sutiã, também bege, mas dessa vez tomara que caia.

Sakura definitivamente não pretende tirar o resto das roupas que usa, tampouco arrancar as minhas. Não parece que ela me deseja para uma noite de sexo casual, então com qual objetivo me chamou para vir aqui em seu quarto?

Porra, ela está seminua na minha frente e não quer sexo, será que ela tem noção do esforço que eu estou fazendo para não me animar aqui? Isso é crueldade!

Ainda bem que já passei daquela fase onde os hormônios estão a flor da pele, incontroláveis, e ereções involuntárias acontecem várias vezes ao dia. Hoje em dia eu sei me controlar, mas às vezes simplesmente não dá!

Sakura se vestiu, acabando com a minha visão do paraíso, então vestiu novamente seu bolero e me encarou com um sorriso que soou como um pedido mudo para que eu me levantasse.

Ah, ela acha que é assim? Acha que pode ficar só de calcinha e sutiã na minha frente e depois agir como se nada tivesse acontecido, sem ao menos dar um tempo para eu me recompor? Não é assim que a banda toca, rosada!

― Espera só um pouco. ― Tentei soar o mais normal possível, mas a verdade é que estou constrangido.

― O que o senhor tem? ― Indagou.

Estou de pau duro! Claro, não vou responder isso.

― Estou um pouco... um pouco tonto.

Merda! Tem desculpa melhor não? Daqui a pouco ela fica preocupada, chama o SAMU e eu vou para o hospital nessa situação constrangedora.

Não posso me levantar agora!

― O senhor é fraco com bebida? ― Ela está realmente preocupada, foi tocante.

Tenho que fingir essas coisas mais vezes.

― Um pouco. ― Menti. ― Você poderia, se não for muito incômodo, pegar um pouco de água pra mim?

― Claro!

Fiquei aliviado, afinal ela vai descer e eu terei tempo para descer meu parceiro.

Mas o que a criatura fez? Abriu uma porta da bancada, mostrando que era um frigobar embutido e pegou uma garrafinha vermelha com água.

Cacete... É claro que ela teria um frigobar no quarto, porque descer as escadas é muito esforço para a beleza da lady Sakura. Quase revirei os olhos... Quase, afinal estou meio desesperado com a situação.

A culpa é do camarão, certeza! Frutos do mar são afrodisíacos, está explicado agora porque fiquei excitado.

Deus, eu nunca pedi nada, por favor faz esse troço descer. Eu não posso levantar daqui!

Com um sorriso meigo, mas preocupado em seu rosto, Sakura me estendeu a garrafa com água e eu peguei, claro.

― Espero que o senhor melhore. ― Ela se abaixou um pouco para tocar em minha testa, nesse momento a visão que eu tive foi seu decote quase esfregando na minha cara. ― Não está quente.

Ah, rosada, eu tô sim... Você não pode imaginar o quanto!

E o decote em minha cara não está ajudando!

Eu realmente deveria ter ignorado o Naruto e a Karin e permanecer puto com a rosada, nada de desculpas. Agora estou aqui de pau duro no quarto da Sakura.

Ela tem 22 anos, deveria ter noção do efeito que ela causa nas pessoas, mas ela é sexy sem ao menos ter noção de que está sendo!

― Não, eu não estou com febre. ― Esbocei um pequeno sorriso. ― Só me senti um pouco tonto, só isso.

― Ai, o senhor tem pressão baixa? Toma remédio controlado? Comeu direito hoje? É alérgico a alguma coisa? Tem anemia? ― Ela jogou as perguntas tão rápido que eu mal consegui assimilar a parte que ela pergunta se minha pressão é baixa. ― Quer que eu leve o senhor a um hospital?

― O quê? Não... Não precisa. Está melhorando.

Tira esse decote da minha cara, rosada dos infernos!

― Tem certeza?

― Sim... ― Respirei fundo. ― Tenho sim.

Não, não tenho certeza de nada! Não está nada bem aqui, a situação está crítica, principalmente dentro da minha cueca.

Fechei os olhos e respirei fundo, tentando mentalizar coisas ruins.

Droga, maldito camarão delicioso, a culpa é toda dele. Tudo culpa do camarão.

Pense em coisas brochantes, Sasuke, você consegue. Lembre dos seus tempos de escola, quando isso acontecia na sala de aula, pense em sua professora de matemática de fio dental... Com certeza a visão mais medonha da face da terra, e isso sempre funcionou. Pense na senhora Chiyo de biquíni, até Chuck Norris iria brochar com esse pensamento. Mas brochar com a Sakura esfregando o decote em minha cara, exalando aquele perfume adocicado e com uma das mãos sobre minha coxa, é um tanto quanto complicado.

Me sinto virgem de novo, puta que pariu!

Eu nunca mais quero ver outro camarão na minha frente!

― Senhor Uchiha, o senhor está suando. ― Ela levou sua mão até minha testa, tirando alguns fios de cabelo que estavam grudados em minha pele por conta do suor. ― Tem certeza de que o senhor não é alérgico a camarão?

Se não sou, estou ficando.

― Tenho sim. ― Assenti.

― Algumas pessoas desenvolvem alergia depois de adultos, sabia? ― Ela suspirou. ― Eu devia ter preparado frango...

Droga, agora a Sakura acha que a noite foi estragada por causa dela. A gente só erra um com o outro, misericórdia!

― Já vai passar. ― Sorri.

Ela bem que podia esconder esse decote, tal como também podia parar de passar a mão na minha coxa, perto demais da zona de risco. Argh, isso está me incomodando, se eu pudesse pelo menos desabotoar a calça e abrir o zíper...

― Vou pegar um antialérgico pro senhor.

Ela se levantou e então saiu do quarto.

Ufa, agora posso me concentrar na senhora Chiyo de biquíni. Vamos lá, Sasuke, você consegue. Esqueça a Sakura só de calcinha e sutiã, esqueça o corpo perfeito dela e o decote quase esfregando na sua cara... Esqueça isso, não pense nisso nesse momento, espera chegar em casa!

Coloquei a garrafinha gelada perto do meu parceiro... Coisas geladas vão ajudar em minha missão.

Consegui me recompor em pouco tempo

Glória! Nunca mais venho aqui, nunca mais!

Quando abri os olhos, vi a maldita Condessa parada na minha frente, me encarando com alegria e o rabo abanando.

― Nem pense! ― Ameacei, então ela se abaixou com o rabo entre as pernas e uivou.

Esse bicho está fazendo drama?

― Não se aproxime de mim, sua maníaca canina! ― Briguei, então Condessa novamente começou a uivar num tom que soou claramente como drama.

Mulheres...

Eu aumentei um pouco o tom de voz e a cachorra já ficou magoada. Pois ela que nem pense em mover uma pata na minha direção.

Sakura voltou para o quarto e a cachorra virou de barriga para cima, abanando o rabo como se pedisse carinho.

Ainda não compreendo como a Sakura deixa esse bicho desse tamanho dentro de casa. Se bem que, a julgar pelo tamanho da casa, eu não iria me surpreender se a Condessa Cherry tivesse uma suíte só para ela.

Essa Condessa é mimada demais! Eu só compro roupas para o Mr. Black Label porque ele praticamente não tem pelos, então sofre no frio. E, claro, ele tem uma coleira cujo pingente tem o nome dele na frente e atrás tem meu endereço e número de celular, para o caso dele fugir e alguém encontrar. Mas nada além do necessário.

― Tome, senhor Uchiha. ― Ela me estendeu um comprimido.

Olhei para o medicamento em sua mão, indagando internamente se seria loucura aceitar para manter a mentira.

― Não precisa. ― Sorri sem graça.

Esse negócio só vai servir para me deixar dopado e eu não vou conseguir trabalhar quando chegar em casa. Ainda tenho muito o que fazer, tirei tempo sei lá de onde para vir aqui, por insistência da dupla dinâmica Uzumaki.

― Ah, deixe de ser teimoso! ― Brigou. ― Anda, avia, tome logo o comprimido.

Antes que ela possa pensar em abrir minha boca e enfiar esse comprimido na minha garganta a força, eu peguei o comprimido de sua mão e engoli, tomando alguns goles de água.

Ótimo... Quase fui abusado por uma Malamute, me animei ao ver Sakura trocar de roupa e foi constrangedor, agora não vou conseguir trabalhar quando chegar em casa porque esse remédio vai me deixar grogue!

Eu realmente deveria continuar com raiva dela.

― Obrigado. ― Agradeci. Mesmo tendo tomado o antialérgico contra a minha vontade e sem necessidade, Sakura foi gentil comigo.

― Podemos voltar lá pra baixo?

― Sim, agora podemos... ― Respondi, me levantando. ― Na verdade, acho que já vou embora.

― Ora, senhor Uchiha, fica mais um pouco até se sentir melhor, podemos conversar um pou...

― Eu já vou, Sakura! ― A interrompi. ― Agradeço pela comida e pela recepção. Vamos continuar nossas aulas, estamos de boas!

― Tudo bem... Desculpa por ter te causado essa crise alérgica, senhor Uchiha, eu deveria ter perguntado antes. E desculpa mais uma vez por suas roupas. ― Ela falava enquanto me guiava para a porta. ― Se cuida quando chegar em casa.

Ela tocou meu rosto, para ver se eu realmente não tinha febre.

― Não se culpe. ― Sorri. ― Estou bem. Obrigado, Sakura!

Me despedi dela e saí.

A noite foi uma loucura mesmo. Vejam bem:

1- Uma cachorra quase me estuprou;

2- Eu mesmo propus continuar com as aulas de moda;

3- A Sakura trocou de roupa em minha frente;

4- Eu tive uma ereção;

5- Tomei remédio sem necessidade.

Quero distância daquele creme de camarão!


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