Produtos Uchiha escrita por ICLP, Hitari Amai, Evil Queen 42, ExoLina42


Capítulo 41
Hoje é dia de TBT


Notas iniciais do capítulo

Voltamos a atrasar, sorry...

Enjoy ;D



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Depois de mais três dias de adaptação para o Mr. Black Label, ele finalmente está se acostumando com a casa da Sakura... Ou “está aceitando que o novo reino é digno de ser governado por ele”, nas palavras da minha noiva.

Ele já é melhor amigo da Condessa. Aceitou bem a cachorra... E a cachorra não o comeu, é um bom sinal...

A melhor parte, e mais difícil de acreditar, é que ele não está arisco com a Sakura. Ele até fica no mesmo sofá que ela... Ela numa ponta e ele na outra, o mais longe possível, mas fica.

Fechei a última caixa com roupas e passei a fita para lacrar.

― Ainda não acredito que a Ino te deu mesmo essas Crocs... ― Sakura resmungou, colocando os calçados numa caixa. ― Eu jurava que tinha sido um pesadelo.

― Eu amo a Ino... ― Ri.

Apesar de aquela maluca lembrar de cada detalhe da nossa noite de Natal... Como ela estava naquelas condições e lembra de tudo? Ela precisa ser estudada.

― Casa com ela, então... ― Ela deu a língua.

Tão madura...

― Não aguentaria aquele monte de cachorros. ― Dei de ombros. ― Ou o fato de que ela beija garotas...

Sakura jogou uma Crocs em mim, enquanto eu ria.

Se tem uma coisa que eu reparei que a Sakura se envergonha mais que os dates ruins dela, essa coisa é esse bendito beijo... Que ela sequer lembra.

― Boy, meus pais estão aqui! ― Ela brigou.

Os pais dela se prontificaram para ajudar na mudança, ainda estão por aqui, de férias, só vão embora na outra semana.

― Eu não citei nomes. ― Falei.

― Ino beija garotas, eu sou amiga da Ino. ― Ela enumerou nos dedos. ― Para eles, isso é suficiente.

Misericórdia! Ela era tão ruim assim, a ponto de meus sogros já pensarem o pior?

― E tem algo que você possa fazer que surpreenda eles? ― Perguntei.

― Acho que não. ― E ela fala numa naturalidade...

― Misericórdia! ― Ri.

― Sasuke, amor, você vai levar todos os seus brinquedos? ― Naruto apareceu na porta do closet.

Naruto, Karin e Ino apareceram de surpresa para ajudar na mudança... Acabaram descobrindo minha coleção.

― Não são brinquedos, são itens colecionáveis. ― Expliquei pela milésima vez.

― Tá... Mas vai levar tudo? ― Ele revirou os olhos.

― Claro!

Ora, eles acham que eu vou deixar algum item para trás?

Eu vou é me aproveitar que os quartos lá da Sakura têm o triplo do tamanho e vou aumentar minha coleção!

― Chefinho, não sabia que curtia bonecas... Olha essas aqui, Divas, né? ― Ino apareceu com umas réplicas das guerreiras Sailor.

Sakura concordou com a cabeça.

― Eu jurava que o gosto peculiar do Sasuke era um sadomasoquismo... ― Naruto pareceu decepcionado.

Senhor, é isso mesmo que os meus amigos pensam de mim?

― Ora, você acha que eles querem que a gente veja os verdadeiros brinquedinhos deles? ― Ino indagou. ― Eles sequer deixaram a gente vir ajudar aqui no closet, certeza que estão escondendo aí.

― Ino! ― Resmunguei baixo. ― Meus sogros estão aí!

― Não falei? ― Ela sorriu sacana.

Eu jurava que Ino ia esquecer toda a conversa daquela noite... Mas não, ela lembra mais que eu, provavelmente.

― Boy, se meus pais ouvirem vão pensar que eu sou uma safada... ― Sakura falou e depois fez uma careta. ― Acho que eles já pensam isso, na verdade... Enfim, não fala merda, Porca!

Eles pensam certo, mas não precisamos confirmar... E nós não usamos brinquedinhos. Sadomasoquistas, no caso.

― O que estão fazendo? Eles chamaram a gente para ajudar! ― Karin apareceu e puxou na orelha dos dois loiros.

― Não chamamos... ― Comentei.

― Não seja ingrato, delícia... ― Ela sorriu e saiu puxando os outros dois.

Karin é louca, mas é a mais madura do grupo.

― Você tinha que comentar sobre a mudança? ― Olhei para Sakura depois que eles saíram.

― Amor, eles estão ajudando. ― Ela falou e me deu um beijo. ― Vou lá ajudar, tem muitos itens... Já acabamos aqui.

― Eles vão me zoar pelo resto da vida... ― Supirei.

― Sasuke, qualquer coisa é motivo pra eles nos zoarem... ― Ela riu.

― Me fala algo para zoar a Ino. ― Pedi.

― Quer algo melhor que o nariz de porquinho dela? ― Sakura ergueu uma sobrancelha.

Ah! Por isso que ela chama a Ino de Porca, entendi!

Ah, mas eu acho o nariz da Ino fofinho, não parece com de um porquinho.

Me levantei, seguindo a Sakura para o quarto com meus itens de colecionador.

Meus sogros estão organizando na cozinha.

Nossos amigos estão embalando tudo com bastante cuidado... Um arranhão e eu os mato.

― Bebê, olha que fofinho! ― Ino mostrou a pelúcia de Espeon.

― Ah, é sim, foi eu quem deu a ele... ― Sakura sorriu.

― Já terminaram de guardar os brinquedinhos eróticos? ― Karin perguntou.

Retiro o que disse sobre ela ser a mais madura! O mais maduro sou eu mesmo...

― Não temos brinquedinhos eróticos... ― Resmunguei. ― E parem de falar isso, meus sogros estão aí!

Não temos aqui, mas na casa da Sakura é outra história. Ela não gosta de cair na rotina e aparece com umas surpresas de vez em quando. É a vida...

― Eles são de boas, eles falaram sobre algumas aventuras da Sakura pra mim... ― Ino deu de ombros.

― Quê? ― Minha noiva gritou. ― Quando isso?

― Mana, no dia que eles chegaram, você subiu pra tomar banho e eles ficaram comigo...

― Seus pais são um hino! ― Naruto gargalhou. ― Meu pai é super calmo, a minha mãe passa o dia brigando. Mas, também, né... Canceriana com ascendente em Áries, minha mãe é fogo! ― Ele se benzeu. ― Que ela jamais saiba que falei isso.

― Tia Kushina é ótima, mas quando estressa... ― Karin estremeceu.

― Eu já a vi estressada... ― Não foi uma cena bonita. Eu temi pela vida do Naruto. E eu antes pensava que dona Mikoto com raiva era o capeta encarnado... Minha mãe é um anjo, isso sim!

― No dia que você a vir sem estar estressada, por favor me avise. ― Naruto dramatizou.

― Karin, Naruto... ― Sakura chamou.

Notei que Ino ficou um pouco desconfortável com esse assunto, por isso Sakura deve estar mudando o rumo.

― Fala, Satanáries. ― Naruto respondeu.

― Eu estou fazendo uma pesquisa... O Sasuke já passou dos limites na bebida?

Lá vem... Ela agora está nessa de descobrir um podre meu...

Não vou revelar se tenho ou não, é claro, vou mantê-la na curiosidade. Isso vai ser divertido!

― Não... Nunca vi o mozão bêbado... ― Naruto ficou pensativo.

― Sasuke é resistente... Embebeda todo mundo e fica de boas. É tão santinho que até a bebida se recusa a deixá-lo alterado. ― Karin me abraçou.

― Dá certinho com a Sakura... ― Ino riu

― Meu Deus, você fica bêbada muito rápido... ― Karin começou a rir.

― Ei, crianças... ― Kizashi apareceu na porta. ― Nós vamos levar uma parte para a casa da Sakura e vamos arrumando, enquanto vocês ainda estão empacotando esses brinquedos...

Só não respondo porque é meu sogro... Ora, são itens de colecionador, não são brinquedos... Deus me livre de uma criança pegar em um objeto sequer.

Bruce e Diana podem tirar o cavalinho da chuva, isso vai ser herança, não é brinquedo! Os itens serão deixados em testamento, divididos igualmente entre os meus filhos!

― Certo, painho... ― Sakura sorriu.

Ela sorriu meio nervosa.

Certeza que deve estar preocupada com a tal arrumação que os pais dela vão fazer.

― Até mais... Juízo! ― Ele saiu e logo ouvimos a porta da sala fechar.

― Certo, agora podemos conversar coisas sérias... ― Naruto ficou sério de repente. ― Ino, como é beijar uma garota? É muito ruim?

Bati em minha própria testa.

― Não querem mudar de assunto? ― Sakura fez um bico emburrada.

― Não... ― Karin e Naruto responderam, enquanto embalavam as réplicas dos personagens do Game of Shadows.

― Ah, é normal... É um beijo... ― Ino deu de ombros.

― Tem vontade de repetir? ― Karin perguntou.

― Mana, eu já beijei Sakura Haruno... Pra que mais? ― Ela riu.

― Porca! ― Sakura deu um tapa na nuca da Ino.

A Ino quase derrubou o cloth myth do Minos de Griffon por causa do tapa. A pintura do Minos é frágil, porra!

Ai, meu coração. Deu até um início de parada cardíaca aqui.

Calma, Sasuke, respira. Você não pode morrer antes do seu casamento.

― Ninguém bate em ninguém! O que vocês têm em mãos vale mais que a vida de vocês! ― Alarmei. ― Menos do que a da Sakura, claro...

― Já teve vontade de ir para outro nível? ― Naruto questionou.

Fui completamente ignorado. É assim, né? Beleza...

― Naruto, por favor, é da minha noiva que vocês estão falando... ― Balancei a cabeça em negativo.

― Amor, conversa de quem vive a vida intensamente, fica na sua. ― Naruto empurrou meu rosto.

Só o que faltava, vou sofrer bullying por ser comportado.

Se bem que “comportado” seria um termo forte demais. Talvez controlado, maduro... É, prefiro dizer que sou mais maduro.

― E então, Ino, teve vontade de ir além? ― Karin ergueu uma sobrancelha.

A loira olhou com um sorrisinho safado para Sakura.

― Não vou mentir, tive curiosidade, mas a Sakura estava bêbada, eu não faria isso com ela... Não naquele estado.

― Mas me beijou... ― Sakura resmungou.

― Quer comparar um beijo com sexo? ― Ino ergueu uma sobrancelha.

― Nem me imagino fazendo com uma mulher... ― Naruto comentou.

― É ótimo... ― Sorri sacana.

― Sasuke! ― Sakura me deu um tapa.

Quase derrubei o cloth myth do Camus de Aquário de Soul of Gold.

Jesus, tira a força da Sakura, senão ela mata!

― Sem bater, amor, sem bater... ― Falei com calma.

Camus é o meu segundo cavaleiro favorito, Deus me livre arranhar isso aqui...

― Só você aqui gosta de mulher, Sasuke... ― Karin riu.

― E a Ino... ― Provoquei.

― Não é ruim. — A loira disse com naturalidade.

Começo a acreditar que Ino joga no time do meu irmão. Eles curtem as duas frutas, certeza...

― Alguém já fez sexo a três? ― Sakura questionou. Captei a indireta.

Ela vai se dedicar por muito tempo a isso.

― Ai, queria... ― Naruto se pronunciou.

― Minha experiência deu errado. ― Karin riu. ― Um dos caras brochou porque o outro tentou... Ah, vocês entenderam. ― Ela gargalhou.

― Eu entendo... Olha, não é bom. ― Naruto estremeceu.

Ino me olhou com ar de riso.

Sakura contou para ela que eu brochei? Meu Deus, eu não acredito! Ainda bem que a Ino é realmente uma pessoa de confiança.

― Amor, você já fez? ― Sakura me olhou com a cara mais sonsa do mundo.

― Não vou falar... ― Dei de ombros.

Ora, estou com a Sakura há alguns meses, o que eu vivi antes dela não tem importância alguma agora, tal como o que ela aprontou ― e não foi pouco ― antes de mim. Por que ficar se batendo com isso? Passado é passado.

― Ih... eu não duvido que ele fez, mas também não apostaria tanto nisso... ― Naruto me encarou desconfiado. ― Ele sempre foi bom em esconder a vida pessoal. Tem jeitinho de quem come quieto.

Sempre fui desses mesmo. Pra que sair espalhando as coisas, né?

― Se quiser, estou disponível... ― Ino me deu uma cotovelada de leve.

― Sai dessa! ― Sakura levantou e ficou entre Ino e eu. ― Esse bilotinho é meu e ninguém pega!

Olha, acho que o interesse maior dela é na Sakura e não em mim... Mas minha noiva é ciumenta.

― ‘Inho’ mesmo... É pequeno. ― Naruto riu.

Alguém estava sentindo falta do assunto sobre o tamanho do meu companheiro? Não, né? Desnecessário.

O importante não é o tamanho da varinha, mas a mágica que ela faz. Se não souber usar, de que adianta?

― É muito satisfatório. ― Sakura sorriu.

Acho que eu fiquei vermelho.

Intimidade é uma coisa que faz as pessoas perderem completamente a vergonha na cara.

― Olha isso... ― Karin alarmou.

Ela mostrou uma réplica pequena do sabre de luz do Luke Skywalker.

― O que tem isso? ― Sakura perguntou.

― Tem 42 centímetros? ― Karin perguntou acendendo o sabre.

― Tem, por quê? ― Perguntei.

Karin está bem entendida sobre essa réplica, não sabia que ela curtia Star Wars...

― Referências... ― Ino riu.

― Sakura curte uma espada Jedi? Vocês podiam tentar usar camisinha neon. ― Karin deu de ombros.

― Vocês estão falando daquele filme idiota? ― Sakura fechou a cara.

― Sasuke curte Star Wars, tenho certeza que ele curtiria ter a própria espada Jedi... ― Karin riu.

Camisinha neon? Eu não teria maturidade pra isso. Iria apagar a luz e começar a rir.

― Já pensaram em trabalhar na Praça é Nossa? ― Resmunguei.

― Amor, seria melhor termos o nosso próprio programa. ― Naruto pegou o cloth myth do Hyoga com a armadura divina de Cisne. ― Você tem quantos desse? Já vi um monte desse.

― A armadura muda ao longo da série... ― Expliquei. ― Depois ele vira o cavaleiro de Aquário... Foda demais!

― Vixi, é aquariano? Madonna me free! ― Ele largou o boneco e pegou o Dohko de Libra. ― Esse é o de Libra, né?

― É...

Esse preconceito com Aquário bate no cosmo do Camus e volta em forma de Execução Aurora...

― Esse aqui é o protagonista do Game of Shadows, né? ― Karin pegou o boneco.

― Sim... Foda demais também! ― Falei animado.

― Eles não são ninjas? ― Perguntou confusa.

― São. ― Respondi.

― E onde já se viu um ninja vestido de laranja? ― Naruto indagou.

― Mais respeito, por favor! Ele é foda, ok? ― Ora, se eles forem falar mal dos meus personagens favoritos, eu boto eles para fora.

― Me admira o Pelanquinha nunca ter destruído isso aqui... ― Naruto mudou de assunto.

― Ele é educado. ― Falei... Só que ele não é.

― Sei... ― Sakura resmungou.

― Só espero que sua cachorra não entre em contato com meus colecionáveis. ― Falei.

― Mais fácil seus brinquedos atacarem a Cherry que ela chegar perto deles... ― Ino falou.

― Parem de falar da minha bebê assim... ― Sakura olhou entre a gente.

Não confio!

Eu não confio naquela coisa daquele tamanho chegando perto dos meus bonecos, minhas réplicas... Nada!

Sakura insiste em dizer que ela não faria mal a ninguém... Mas ela a derrubou no dia do Natal! Pulou em cima da dona enquanto perseguia o coitado do gato...

Ela acha mesmo que eu vou confiar naqueles dentes perto dos meus itens de colecionador? Está muito enganada, Sakura Haruno!

A porta será fechada o dia inteiro, a Cherry que nem tente chegar perto. Ela vai engolir peça por peça...

― Quero ela a uma distância segura... ― Continuei. ― Porta trancada sempre.

― Sasuke, a Cherry é uma lady! ― Sakura rebateu.

― Ela te derrubou na segunda... ― Acusei.

― Perseguindo seu gato!

― Quer comparar um gato com aquela cachorra daquele tamanho? ― Ergui uma sobrancelha.

― Seu gato já me arranhou um monte de vezes... E para de chamar a Cherry de cachorra, é sua filha agora!

― Ainda bem que ela nunca te mordeu, então... Capaz de arrancar um membro.

― Se quiser eu a mando testar essa mordida em você...

Pra que discutir, né? Que besteira... Vamos todos ficar em paz.

Alguém quer ser cobaia da Cherry? Ninguém quer.

― Eu estava brincando, amor... Nossa bebê jamais faria algo assim. ― Dei um beijo na Sakura e ela sorriu toda fofa.

― Frouxo... ― Ino falou em meio a uma tossida falsa.

― Pode testar na Ino, amor... ― Falei.

― É uma boa...

― Ela gosta mais de mim e do Sasuke que de você, aceita, Bebê... A Condessa não nos atacaria, nem mesmo sob ordem sua. ― Ino sorriu em deboche.

― Pior que é verdade... ― Sakura suspirou.

― Vou começar nos do Batman... ― Karin anunciou.

― NÃO! ― Gritei.

Eles me olharam meio assustados pelo grito.

Ora, mas me entendam. O Batman é o meu grande herói, são meus itens com maior valor sentimental. Eu não quero que qualquer pessoa arrume.

É muito melhor se eu deixar alguém com bastante experiência em organização cuidar disso. Alguém que tenha cuidado ao limpar, que saiba fazer tudo certinho, sem arranhar ou danificar a cor.

― A Sakura cuida disso, né, amor? ― Acariciei a perna da minha noiva.

― Tá... ― Ela deu de ombros e levantou para ir embalar os itens do Batman.

Naruto e Ino se levantaram para começar a encaixotar os quadrinhos.

― Não tirem da ordem! ― Resmunguei.

― O TOC da Sakura é contagioso agora? ― Ino ergueu uma sobrancelha. ― Tá passando por osmose?

Sakura está bem concentrada com os bonecos do Batman.

Quando ela está planejando e/ou organizando algo, ela fica tão feliz que nem se liga ao que está acontecendo a sua volta.

― É só com os quadrinhos, pra ficar em ordem de publicação... ― Cocei a nuca.

― Amor, e essa aqui? ― Naruto mostrou a Detective Comics #27.

― Essa é especial...

― Sério? Nem notei... Achei que estava numa moldura para em caso de incêndio você quebrar o vidro... ― Ele me encarou indignado.

Realmente minha resposta foi idiota.

― É a primeira aparição do Batman nos quadrinhos.

― Valia dez centavos de dólar... Você comprou por quanto? ― Ino perguntou.

Se eu disser, ela cai morta, já que Sakura disse que Ino é meio agarrada.

― Não lembro...

― Uns mil dólares? ― Ela ergueu uma sobrancelha.

Mil dólares... Que meiga, ela...

― Por aí... ― Soma mais 549 mil.

― Amor... ― Sakura chamou e eu fui até onde ela está. Vai que aconteceu alguma coisa com os meus bonecos do Batman, né? ― Busca um pouco de água pra mim, tô com sede.

Fui até a cozinha e peguei um pouco de água pra Sakura. Os copos já foram todos levados, mas por sorte a garrafinha que eu uso nas raras vezes que vou à academia ainda está aqui... e vai ser nela mesmo.

Voltei para onde o pessoal está e eis que me deparo com Naruto cantarolando:

― Vem aqui, que agora eu tô mandando. Vem, meu cachorrinho, a sua dona tá chamando...

Estaria ele querendo zoar com a minha cara porque eu fui buscar água pra Sakura? Ele vive dizendo que eu faço tudo o que ela quer.

― Boy... ― Sakura começou a rir. ― Quando eu era mais nova e ouvia essa música, jurava que ela estava falando de um cachorro mesmo. Eu cantava numa inocência...

Santa lerdeza.

Mas é fato que quando a gente cresce certas músicas, ou até mesmo trocadilhos de filmes, fazem mais sentido. Lembro que eu assistia muito Liga da Justiça quando pequeno, um desenho cheio de piadas adultas, mas que eu só fui sacar depois de uma certa idade.

― E aquela Adoleta, você sacou a realidade com quantos anos? ― Naruto riu.

― Nossa, eu acho que lembro dessa música. ― Entreguei a garrafinha pra Sakura. ― Quando fez sucesso, mano, tocava em todo canto... Era chiclete demais.

― Conheço Adoleta, o que tem de mais nessa música? ― Sakura indagou curiosa.

― Sério? ― Ino olhou incrédula para Sakura. ― Lerda...

Sakura mostrou o dedo do meio.

― Ué... ― Naruto sorriu maliciosamente. ― Ela fala que não quer mais brincar de adoleta, ela quer... ― Disse sugestivamente. ― Nunca entenderam o real sentido daquelas onomatopeias?

― Quer brincar de outra coisa. ― Karin gargalhou.

Meu Deus, cara... Mano, era uma música inocente até agora há pouco.

― Faz sentido... ― Sakura falou meio surpresa. ― Eu, pirralha, cantava isso numa inocência naquela época em que era moda usar sapatilha de plástico com meia colorida...

Nossa, cara, eu vivi isso. As meninas achavam um máximo! Umas meias coloridas, sandália transparente, quase sempre com uma sainha rodada e algum acessório com pompom. Pior foi a época da estrelinha colada na testa por causa da novela Rebelde... Se bem que na época do Restart teve umas paradas estranhas também.

― Naruto, você acabou de destruir minha infância. ― Sakura falou indignada.

Infância? Nossa... Mas, espera, estamos falando de que ano mesmo? Acho que 2003, por aí. É, ela tinha uns 7 ou 8 anos, faz sentido. Eu que já era um pouco mais velho.

Tem coisa que você começa a lembrar e parece que aconteceu ontem, mas não, já faz uns 15 anos! Caralho...

― Vamos parar com essa nostalgia antes que o Naruto encontre indecência nas músicas do Rouge. ― Karin riu. ― Ou do KLB.

Ah, o maior marco pra quem viveu no início dos anos 2000. Eu só sinto falta dos Pokémons que vinham com as garrafinhas de Guaraná e dos bichinhos e cards de brinde nos pacotes de salgadinho. Eu fazia coleção!

― Boy, pra que tanta coisa do Batman? ― Sakura resmungou.

Ora, como ela ousa contestar? Porra, é o Batman! Sou fã desde criança.

― Sasuke é fanboy do homem morcego. ― Naruto riu. ― Se vocês tiverem um filho um dia, é bem capaz de ele querer chamar o garoto de Bruce como forma de homenagem.

Parece que temos um Sherlock Holmes por aqui.

― Ah, tá! ― Sakura riu em deboche. ― Ele que nem ouse! Tem nem conversa! Ora, Bruce... Só se ele for muito leso pra querer botar esse nome num filho nosso!

Estreitei os olhos.

Olha só, o que temos aqui, minha futura esposa querendo estragar meus planos.

Veremos como as coisas serão no futuro...

― Ah, Sakura, fica legal! ― Ino riu, mas acho que seu tom tá mais pra deboche mesmo. ― Bruce Uchiha. Olha só!

Combinou. Gostei.

― O garoto vai sofrer bullying por causa do nome! ― Sakura enfatizou. ― Nem vem!

Mano, como é que alguém que carrega o nome do Batman pode sofrer bullying?

― É difícil um famoso que dê um nome bonito aos filhos, ninguém vai nem estranhar. ― Ino deu de ombros.

Como assim, Deus? Ela quer dizer que Bruce é um nome feio?

Ah... Vou esquecer que ela me deu Crocs lindas, porque ninguém ofende o Bruce!

― Os meus terão nomes bonitos. ― Sakura deu de ombros. ― E eu não quero falar nisso. Bebês só daqui a uns três anos, então não me amolem com essa história de filho.

É, ela traumatizou mesmo. Não aguenta mais ouvir falar em gravidez. Acho que, depois dessa, a Sakura esquece de comer, mas não esquece de tomar o anticoncepcional. E eu não esqueço de usar camisinha nunca mais, pense num susto no dia que Sakura me trollou!

Só pra ressaltar, Bruce e Diana são nomes lindos, tá?

Senti meu celular vibrar no bolso, então o peguei e vi uma mensagem da minha mãe.

“Sasuke, vem aqui em casa agora.”

Tão doce...

Eu deveria deixar meus amigos aqui sozinhos com meus itens? Gente, e agora? Mikoto está me intimando. Alguma coisa séria deve ter acontecido, ou mamãe está nos momentos de exagero extremo dela.

Se bem que já está quase tudo arrumado.

“15 minutos”, respondi.

― Gente, vamos agilizar aí. ― Falei meio apressado, dando atenção às minhas revistas enquanto Sakura cuida dos bonecos.

Minha noiva fica tão concentrada quando tá organizando algo, chega a ser emocionante. Tipo, o teto pode cair na cabeça dela, ela continua organizando. Aí ela diz que não tem TOC.

Conseguimos terminar de embalar tudo em dez minutos, mais rápido do que eu pensei. Meus amigos e minha noiva foram levar as coisas para a minha futura casa, enquanto eu seguia para a casa dos meus pais.

Por que meus pais moram tão longe do meu apartamento? Misericórdia, o tempo que perdi no trânsito demorou cinco músicas! Sim, eu meço o tempo com músicas, não me julguem.

Assim que desci do carro, peguei o celular pra ver se tem alguma mensagem da minha mãe me esculhambando, mas tem só mensagem da Sakura.

Ela mandou uma foto do Mr. Black Label.

“Olha a cara do seu soberano quando nos viu chegando com as suas coisas. Ele já deve estar bolando um plano maligno pra dominar tudo.”

Revirei os olhos.

Sakura não sabe que gatos são animais irracionais?

“ATA”, respondi, então imediatamente ela respondeu:

“Sasuke, ATA é um documento.

Escreve certo, amor.

É 'Ah, tá’. Com vírgula, não esqueça dela.

Entendeu?”

Aí ela diz que não tem TOC.

É claro que eu sei escrever certo, mas na hora de mandar mensagem eu faço as regras.

Soltei um riso anasalado, guardei o celular no bolso após responder com um emoji, então fui procurar por minha mãe. A encontrei na sala.

― Quinze minutos mais demorados, hein... ― Ela balançou a cabeça em negativo.

Gente, eu só demorei o dobro do tempo, nem foi muito.

― Trânsito. ― Respondi, cumprimentando minha mãe com um beijo na bochecha, então sentei ao lado dela no sofá. ― O que a senhora queria? Parecia meio urgente.

― É, você não me fala nada. ― Disse um pouco irritada. ― Desde que existe Instagram, ninguém esconde nada de ninguém.

Até pra dar bronca ela tem classe, levanta a voz como uma dama. Naruto diz que minha mãe pisa com salto fino.

― O que eu tô escondendo, mãe?

― Eu vi uns stories... Você está se mudando pra casa da Sakura?

Ah, é, eu não comentei isso com a minha família. Ora, mas estamos noivos, deveriam ter deduzido isso. E eu não dependo mais dos meus pais, não devo satisfações de cada passo que eu dou.

― Estou.

Mikoto respirou fundo, massageando as têmporas.

― Meu filho, você enlouqueceu? ― Ela questionou com a voz firme, mas sem se alterar... por enquanto.

― Ora, eu amo a Sakura.

― Vocês oficializaram esse namoro há, o quê, três meses, quatro?

― Quase quatro.

― Então, filho... ― Disse meio indignada.

Ora, sei que sogras implicam com noras, mas minha mãe às vezes parece gostar mais da Sakura do que de mim.

― E daí, mãe? Eu não vi essa comoção quando Itachi e Izumi foram morar juntos. ― Resmunguei.

― O Itachi já estava há quase dois anos com a Izumi quando os dois resolveram morar juntos, você está namorando há menos de quatro meses com a Sakura. ― Enfatizou.

Mas Sakura é minha noiva, Izumi nunca passou de namorada do Itachi. Se bem que os dois vivem como marido e mulher, pra eles isso basta.

― Ela é a mulher da minha vida.

― E é a nora dos meus sonhos. ― Disse. ― Eu admiro demais a Sakura, fora que fico feliz que você esteja com uma pessoa tão maravilhosa quanto ela...

― Ela é incrível mesmo. ― Falei todo bobo.

― Mas ela pode ser incrível no canto dela e você no seu.

― Mãe, nós estamos juntos, temos um compromisso, difícil o dia que ela não dorme no meu apartamento ou eu na casa dela... Não é melhor morarmos juntos logo?

― Namoro é compromisso, não precisam casar e nem morar juntos por agora. Você tá atropelando as coisas, Sasuke!

― Mas a gente não vai casar por agora.

― Não importa a data, ela já tem a bosta de um anel de noivado no dedo! ― Brigou.

Minha mãe é bem temperamental. Não é como a mãe do Naruto, mas é.

― O anel foi caro pra caramba, não fala assim.

― Eu sofri pra te colocar no mundo, se quiser chamo até você de bosta!

A que ponto chegamos, hein...

Como é que meu pai aguenta viver com essa pessoa?

― A Sakura aceitou o pedido, então ela também errou. ― Dei de ombros.

― Mas meu filho é você! Juízo na cabeça da Sakura quem tem que colocar é a Mebuki! Inclusive Mebuki é um amor de pessoa... Adorei aquela família. ― Mamãe pareceu mais calma. Ela é meio bipolar, inclusive Itachi herdou isso, é igualzinho, já eu já tenho a personalidade mais parecida com a do meu pai. Naruto diz que é por causa dos signos, eu chamo de genética. ― Eu não vejo a hora de ter netinhos pra estragar... O jeito vai ser esperar pela Sakura, porque a Izumi tá difícil...

Isso me lembrou uma coisinha que eu ainda não tinha comentado...

― Então, mãe, eu meio que pedi a Sakura em casamento por causa disso...

― Como é? ― Ela me interrompeu. Mano, deixa nem eu terminar de falar. ― A Sakura tá grávida, Sasuke? ― Mikoto arregalou os olhos. ― Você engravidou a Sakura, moleque? ― Vinte e seis anos nas costas, minha mãe me chamando de moleque, é a vida... ― Deus, o senhor viu que eu tentei criar direito... eu tentei... Me dá coragem, porque se der força eu mato o meu filho.

Por que ela ficou fula da vida desse jeito? Se eu tiver um filho, quem vai sustentar não é ela e nem meu pai. Mas tem que ter um drama... Eu sou o caçula, mas não sou mais criança.

― Mãe...

― Vocês não têm juízo! ― Brigou. ― Não têm um pingo de juízo! Você não sabe o que é camisinha, Sasuke? E ela, nunca ouviu falar em anticoncepcional?

― Mãe, ela não tá grávida. ― Tive que falar um pouco mais alto pra ela me escutar. ― Foi... ― Uma trollagem filha da puta. ― Um alarme falso.

― É bom mesmo que não esteja. ― Estreitou os olhos. ― E você não grita comigo! ― Ela apontou o dedo na minha cara.

Certeza de que eu levaria um belo tapa na boca se não já fosse homem feito.

― Não entendo esse desespero da senhora. Não sou mais adolescente.

Ela respirou fundo, aparentando estar mais calma.

― Sasuke, não vai achando que vida de casado é parque de diversões. Ok, vocês não pretendem casar por agora, mas já vão viver como marido e mulher, isso com quatro meses de namoro. Dormir um na casa do outro de vez em quando é uma coisa, morar junto é outra! Pergunta pro seu irmão, ele vai saber te responder isso muito bem. ― Disse séria. ― E sobre filhos, bem, concordo que ainda é muito cedo, principalmente vocês indo morar juntos, imagine começar um relacionamento já com uma criança. É um baque grande, bebê não é boneca, criar filho não é brincadeira. Imagina só, vocês dois curtindo o início do namoro e num estalar de dedos virando pai e mãe. A vida de vocês já iria começar a girar em função de filho, o “nós” ficaria em segundo plano. É uma mudança radical, não é fácil... não é a hora.

Mikoto também quando começa a falar, só Jesus na causa!

― Eu sei, mãe. Sakura comentou que só quer pensar em filhos daqui a dois ou três anos.

― Se o relacionamento de vocês der certo até lá, sim, é o mais sensato.

Ora, “se der certo”. Vai dar certo. Sakura e eu nascemos um para o outro.

― Vai dar.

― Eu espero. ― Assentiu. ― E sobre essa história de morar junto com a Sakura, eu acho besteira apresar as coisas, maluquice da sua parte! Mas, você é maior de idade, dono do seu nariz, então faz o que quiser.

Exatamente, eu vou fazer o que quero, e eu quero morar com a Sakura.

― A gente vai se esforçar pra fazer dar certo.

― E o seu apartamento?

― Vou vender.

― Sasuke! ― Me engole logo... ― Agora sim eu acho que você perdeu mesmo o juízo!

“Faz o que quiser”, mas tá aí me dando bronca. Ah, mães...

― A senhora quer me deixar surdo?

― Não, eu quero te dar todos os tapas que não te dei quando você era criança pra ver se coloco um pouco de juízo nessa cabeça! ― Disse pausadamente, em tom ameaçador. ― Meu filho, vender o apartamento?

― Eu vou morar com a Sakura!

― Filho, deixa pelo menos o apartamento alugado. Se não der certo, você volta pra lá.

Nossa, odeio quem já começa as coisas pensando que vai dar errado. Tipo o Itachi, não quer casar com a Izumi porque se separar não precisa ter dor de cabeça com divórcio.

Se bem que minha mãe está certa. Não dá pra fechar os olhos pra outras possibilidades, mesmo que eu queira mais que tudo que dê certo, há a possibilidade de não dar.

Ok, nisso aí minha mãe está completamente certa, foi maluquice pensar em vender meu apartamento se eu posso alugar.

― Vou repensar sobre isso. ― Respondi, claro, sem querer dar o braço a torcer que ela está coberta de razão.

Olha, o aluguel daquele apartamento vai ser uma grana, dá pra eu aumentar minha coleção rapidinho. Talvez eu compre outra armadura de ouro, o espaço na casa da Sakura dá pra isso.

― Vai fazer o quê com aqueles brinquedos?

Ora, brinquedos... Ninguém respeita meus itens de colecionador? Aquilo vale mais do que o preço do meu apartamento.

― Levar tudo pra casa da Sakura.

― Sério que ela aceitou aquilo?

Gente, como ela poderia querer que ficasse tudo pra trás? Mais fácil eu deixar minhas roupas.

― Sim, lá tem até mais espaço.

― Ela tem muita paciência, viu...

Paciência? Sakura nem sabe a existência disso.

― A casa dela é cheia de cômodos, não vai fazer diferença nenhuma.

Mikoto riu.

― Engraçado, ela veio aqui ontem e nem comentou sobre esse negócio de vocês morarem juntos.

Meu sangue gelou.

Ah, aí tem.

― Ela não comentou comigo que viria aqui.

― Foi uma visita rápida... Ela me pediu umas fotos suas, pra copiar, claro que eu dei alguns álbuns pra ela.

Puta que pariu!

― Pois é... ― Cocei a nuca todo sem graça. ― Mãe, eu preciso mesmo ir. Tenho que ajudar a Sakura a arrumar a mudança.

Me levantei apressado.

― Nossa, já?

― Já.

Mal me despedi da minha mãe, corri para o carro e saí voando para a casa da Sakura.

Ela está bem pensando em postar alguma foto daquele tempo em que eu não era um ser humano apresentável.

Eu já falei pra minha mãe queimar aquelas fotos, mas adianta?

Cheguei na casa de Sakura ― agora minha também ― e não vi o carro do Naruto e nem o da Ino, somente o da Sakura. Segui para o quarto e me deparei com Sakura sentada sobre a cama, concentrada em um álbum de fotos enquanto várias outras estão espalhadas pelo colchão.

― Oi, amor! ― Ela falou com um sorriso. ― Sente aqui. ― Deu batidinhas no colchão.

Sentei ao lado dela, foi quando reparei que Sakura está olhando meu álbum de conclusão da graduação. A foto em questão é uma da minha turma completa ― começamos com 50, formamos com 30 ―, tirada num estúdio, todos vestidos com a cor do curso.

― Nossa, eu mudei até bastante de lá pra cá. ― Comentei. Bem, eu era novinho, tinha 22 anos.

― Quais dessas você já comeu? ― Sakura perguntou na maior naturalidade do mundo, quase me engasguei.

― Tenha dó!

― Essa aqui... ― Ela apontou para uma garota dos cabelos loiros e cacheados. Lembro dela, uma das nerds da sala, tinha a voz irritante. ― Você já fez saliência com essa, né?

― Por que ela?

― Ela tá muito feliz nessa foto.

Revirei os olhos.

― Claro que ela tá feliz, Sakura! Ela estava se formando.

Cinco anos de sofrimento, a gente tem mais é que ficar feliz quando acaba. Todos destruídos, mas felizes.

― Mas ela tá com um brilho diferente no olhar... ― Analisou.

Deve ser porque ela foi laureada... Mas adianta eu falar?

Sakura não vai descansar até que eu lhe diga tudo o que já aprontei nessa vida. Como se isso fosse relevante agora.

― Tem nada diferente. ― Respondi.

― Então aponta aqui quem foi.

Ela não vai sossegar.

― Já fiquei com essa. ― Apontei para uma garota dos cabelos escuros, lisos e de franja. Lembro que ela vivia dando em cima de mim desde a primeira semana de aula, aí na nossa primeira confraternização no final do semestre eu aproveitei.

― Ela parece com a Hinata!

― O quê? Claro que não!

― Claro que sim, boy, olha esse cabelo!

― Só o cabelo, Sakura. O rosto não tem nada a ver.

― É, pode ser... ― Disse pensativa, analisando o rosto da garota cujo nome eu nem lembro. Ela tinha um nome estranho. ― Quem foram as outras?

Respirei fundo.

E lá vamos nós.

― Essa. ― Apontei para uma garota dos cabelos ondulados e castanhos, às vezes ela fazia umas mechas coloridas, era bem maluquinha. Com essa aí eu fiz amizade, a gente até se falava bastante, ela veio pra cá só para estudar e então morava sozinha, já fui algumas vezes para o apartamento dela, se é que me entendem. Mas perdemos o contato quando nos formamos e ela voltou para sua cidade. Só me lembro que ela era da Bahia, apenas... e me mostrou direitinho o que é que a bahiana tem.

― Ela é bonita...

Ih, não gostei desse tom seco.

― Ciúme? ― Provoquei.

― Boy, eu lá sou de ciúme?

Ela tá com ciúme sim.

― O nome dela é Jenifer, fiz vários trabalhos com ela... ― Provoquei mais.

― Hum...

Ora, ela perguntou sobre as minhas antigas ficantes porque quis. Sim, ficantes, a Sakura é minha primeira namorada de verdade.

― Parece que está com ciúme. ― Apertei de leve o nariz dela.

― Tem mais alguma daqui que você pegou?

Ela ainda aguenta?

― Ah, fiquei com essa lá pelo quarto período. ― Apontei para uma garota com os cabelos pintados de ruivo, mas que na verdade era naturalmente loira. Lembro que ela era metida a CDF, a famosa sabe tudo da sala. Era meio chatinha, eu sinceramente não gostava muito dela. Aí um dia a dita cuja começou a dar em cima de mim, eu não dei muita moral, ela continuou dando em cima, eu continuei ignorando, ela continuou insistindo... Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.

― Eu posso cortar os rostos delas da foto?

― Sakura! ― Não contive um riso. ― Tem dó, amor. Eu nem sei o que foi feito dessas meninas. Mesmo que soubesse, faz diferença nenhuma.

― Fofo. ― Ela me deu um selinho. ― Foram só essas da sua sala?

Não, mas é melhor não prosseguir.

― Só essas.

― Da sua sala, né? ― Indagou desconfiada, levantando uma sobrancelha.

― Então... ― Falei sugestivamente.

Ela não vai se contentar em saber que eu já levei pra cama três ― cinco ― garotas que eram da minha turma. Ela quer saber mais, quer os detalhes sórdidos.

Será que pra Sakura só importam as garotas da minha turma com quem eu transei, ou também são relevantes as que eu só beijei? Nesse caso o número aumentaria de cinco pra oito ou nove...  

Mano, parando pra pensar agora, minha sala tinha doze mulheres, eu peguei nove delas... Foi mais da metade, cacete! Falando um português direto, peguei todas as que eram solteiras... E todas eram bonitas, puta merda, minha sala era um paraíso! Nossa, eu também não prestava, viu...

Engraçado que eu não namorei nessa época, mas quase todas as garotas com quem fiquei na faculdade apareceram namorando pouco tempo depois de ficarem comigo. Eu me sentia um rito de passagem, acho que minha boca tinha alguma macumba, sei lá. Tipo “Dê um beijo no Sasuke e encontre seu amor em três dias”, eu nem falava nada pra não virar motivo de zoação.

― Eu quero saber quem foi a dupla.

― Que dupla? ― Questionei como quem não quer nada.

― A dupla que você levou pra cama!

Eu quis rir.

Ela não vai descansar até saber. Então, vou provocar a fera mesmo sabendo que não é seguro.

Não vou negar e nem afirmar nada.

― E você, Sakura, nunca teve essa vontade? ― Provoquei.

― O que, eu? Boy, se for pra decepcionar duas pessoas ao mesmo tempo, eu fico em casa com meus pais.

Ela não decepciona. Muito pelo contrário.

― Não mente, Sakura, você deve ter essa curiosidade.

― Eu não curto mulher. ― Enfatizou. ― Não rola.

Ino ficaria decepcionada ouvindo isso...

― Nem com dois homens?

Ela uniu as sobrancelhas.

― Não mesmo! E do jeito que eu sou azarada, seria capaz de algum amigo gay me usar pra conseguir pegar o amigo, aí eu acabaria ficando de fora... ― Suspirou.

― Mas o contrário também é verdade. ― Ri. ― Geralmente uma menina quer pegar a amiga e aproveita a situação.

Ino toparia fácil, por exemplo... Será que consigo convencer a Sakura?

― Ah, e o senhor tá bem entendido disso, né?

Dei de ombros.

― Só constatei um fato.

Ela é bem paranoica, é até engraçado, mas tem certas coisas que Sakura não precisa saber.

Se eu já fiz ou não sexo com duas mulheres? Ah, deixo a resposta por conta das mentes férteis.

Sakura entortou os lábios, então voltou a olhar para as fotos. Dessa vez deixou de lado as minhas fotos de formatura, até fechou o álbum, então se concentrou em outras fotos soltas. Que por acaso são fotos de quando eu era pequeno.

― Iti malia, olha só. Neném mais lindo. ― Ela pegou uma foto de quando eu devia ter um ano e alguns meses, quase dois anos, sentado dentro de uma banheira branca e com uma chupeta azul na boca. ― Olha só esse bilotinho, que fofo!

Revirei os olhos.

Ela pegou o celular e tirou uma foto da foto.

Espera... Por que caralhos a Sakura tá abrindo o Instagram? Não... Não... Espera aí!

― Ei, psiu, você não vai postar isso!

― Boy, relaxa. ― Disse tranquilamente. ― O mundo não vai ver o seu bilotinho... Bem 'inho’ aqui, inclusive. ― Eu não tinha nem dois anos de idade, ela queria o quê? ― O Naruto diria que não cresceu muito de lá pra cá. ― Gargalhou.

Mano, ela tá me zoando na minha cara mesmo?

E em algum momento da vida o Naruto me viu nu? Porque eu realmente não estou lembrado.

O que a Sakura fez com a foto? Bem, ela pegou um emoji de um pintinho amarelinho e botou em cima do meu... enfim, deu pra entender. Usou “#TBT” e publicou a foto.

Suspirei derrotado.

Pelo menos eu estava com uma idade em que eu já era bonitinho nessa foto.

Sakura pegou outra foto minha, eu devia ter uns quatro anos, estava com uma camisa branca toda suja de chocolate, tal como minha boca.

― Essas bochechas, boy! ― Sakura falou com a voz infantil. ― Iti malia modesu, vontade de morder.

Sim, eu fui uma criança fofa.

Ela tirou foto dessa foto também.

― Mais uma? ― Questionei.

― Hoje é quinta.

Não entendi o que tem a ver, mas tudo bem.

Nessa outra foto ela escreveu “#TBT mais fofinho que vocês vão ver hoje”, e eis que foi mais uma foto minha pros stories dela.

― Eu pego essas suas fotos e tenho vontade de te esmagar. ― Ela pegou outra, eu tinha cinco anos nessa, estava todo empacotado. Foi numa viagem para o Chile, estava muito frio, minhas bochechas estavam ridiculamente vermelhas. ― Boy, parece que alguém passou um blush super forte em você! Fofinho...

Espero que não esteja fazendo muito frio na Rússia quando formos pra lá no ano que vem, caso contrário a Sakura vai me ver desse jeitinho aí, com as bochechas praticamente pintadas de vermelho.

― Essa também? ― Indaguei quando vi que ela tirou foto dessa também.

― O mundo precisa ver essa carinha corada. ― Disse com a voz meiga. ― Iti malia. Fofinho demais.

“Hoje o fofurômetro do #TBT vai estourar!”, Ela escreveu na foto.

É o preço que a gente paga por ser lindo de berço, né?

A quem quero enganar? Eu nasci horroroso! Pelo menos o tempo me recompensou.

O problema foi que as três primeiras fotos eram bonitinhas, fofinhas, mas Sakura começou a apelar... Bem, na verdade quem apelou foi minha mãe quando tirou a foto anos atrás, porque isso foi sacanagem!

Na foto eu devia ter dois anos, no máximo, estava deitado de bruços na cama, pelado, usando somente um par de meias azuis.

Por que mães têm essa necessidade de tirar fotos dos filhos pelados quando eles são pequenos? Gente, que falta de privacidade!

― Nem ouse! ― Falei em tom de aviso.

― Olha esse bumbum gordinho... Não tem coisa mais fofa nesse mundo!

― É, mas o mundo não precisa ver!

― Conta um podre seu, aí eu não posto. ― Provocou.

Cínica!

― Eu não tenho podre.

― Hum... Acho que o Brasil vai ver sua bundinha gordinha.

― Tô nem aí. ― Fingi indiferença.

Sakura riu, deixou a foto de lado, mas pegou uma pior.

― Que tal essa? ― Indagou com a voz mansa.

Nessa eu tinha seis anos, por aí. Estava trocando os dentes, então os dois da frente estavam ausentes, a famosa janelinha. Enfim, lembro que eu tinha machucado o pé nesse dia, o dedinho que foi de encontro a um móvel da sala, então abri o berreiro e o Itachi fotografou... E nossa mãe revelou a foto.

― Nem me abala... ― Mentira desgraçada.

― Então vou postar no feed. ― Ela mandou um beijinho no ar.

― O quê? ― Berrei.

― Hoje é quinta, dia de TBT, tenho que postar alguma coisa no feed.

― Pode ser alguma coisa fora as minhas fotos de criança! Ou posta uma decente, não uma onde eu tô com boca de caçapa! ― Falei irritado.

― Ah, mas tá tão bonitinho chorando, sem os dentinhos da frente...

― Não.

― Tem uma outra que você tá lindo... Na copa de 98, com a camisa do Brasil. Boy, tão lindo!

― Deixa pra postar no TBT em junho do ano que vem. ― Brinquei.

― Por falar nisso, seu alemão tá afiado, né?

Então, eu aprendi por causa de um jogo, mas não é como se eu falasse tudo perfeitamente. Até porque se não praticar, a gente enferruja.

― Por quê?

― Porque eu vou xingar muito alemão no ano que vem, quero garantir que eles me entendam! ― Ela não supera o 7x1. ― Se bem que o próprio idioma já é um xingamento!

― Eu não vou xingar ninguém em alemão!

― Boy, só me ensina a xingar. ― Pediu. ― Mas acho que em inglês eles devem entender, né?

― Não aprendi a xingar. ― Respondi. ― Eu acho que vou tentar aprender um pouco de russo no ano que vem. ― Falei pensativo. ― Só o básico.

Eu estava querendo aprender um pouco de francês, mas já que vamos para a Rússia, então que venha o russo!

― Parabéns por ser autodidata, eu não conseguiria aprender um idioma daqueles sozinha.

Ora, eu aprendi alemão! Minha pronúncia não é lá essas coisas, o idioma é difícil, mas consigo ler e entender.

Aprender inglês pra mim foi a coisa mais fácil do mundo, por causa dos jogos que desde pequeno eu tive que me virar pra traduzir. Eu conseguia ler muito bem, mas falar, conseguir conversar em inglês, demorou mais. Devo 80% do meu inglês aos jogos, 15% a músicas, filmes e séries, 5% à escola ― onde eu só aprendi verbo to be.

― Eu tenho muito mais facilidade pra aprender sozinho, sério. ― Comentei.

― Pois aprenda palavrões em alemão!

Se eu fizer isso, é bem capaz de ela criar confusão por lá. Sakura não pensa muito antes de agir.

― Não vou aprender palavrões pra quererem linchar você lá.

― Vá pra baixa da égua, Sasuke! E eu vou postar a sua foto chorando!

Ela postou a foto...

Peguei meu celular e mandei mensagem para dona Mebuki... Estamos na mesma casa, sim, mas falei por mensagem.

Pedi fotos da Sakura criança. Capaz de não ter aqui, né, mas vale a tentativa.

Para minha surpresa e imensa felicidade, ela tem fotos da Sakura salvas no celular... Eu amo minha sogra!

Ela mandou algumas e eu franzi o cenho...

Sakura suja de chocolate; Sakura tomando banho; Sakura chorando; Sakura banguela; Sakura coberta de ovo; Sakura chupando manga... Sim, seriam fotos ótimas para vingança, se não fosse o fato de que são todas fotos fofas e lindas.

Puta que pariu! Minha noiva era um bebê lindo, uma criança linda, meu Deus do céu, quero uma filha assim... Coisa mais linda, Senhor!

― Amor, tá fazendo o quê? ― Sakura perguntou.

― Você é o bebê mais lindo que já vi, estou apaixonado! ― Falei.

― Onde conseguiu minhas fotos? ― Ela chegou mais perto e olhou meu celular. ― Mainha mandou, foi?

Ela não se importa de eu estar vendo essas fotos?

Ah, claro que não, né? Linda desse jeito... Eu já estaria louco se fosse comigo. Se bem que depois de uma certa idade eu era lindo, mas nem todo ângulo me favorecia.

― Foi... Eu ia me vingar, mas você era a coisa mais linda, tem nem graça...

Mas postei mesmo assim! Inclusive a foto dela suja de chocolate, provando que o tempo passa e algumas coisas não mudam, o amor por doces só aumentou.

― Amor, seus pais falaram algo sobre a gente morar junto? ― Ela começou a organizar os álbuns de novo.

― Minha mãe brigou um pouco, mas me deixou livre para escolher o que eu queria. ― Respondi. ― E os seus?

― Só faltaram me chamar de carne assada... ― Ela riu. ― Disseram que estamos muito avexados... Até a Ino deu uma de Elsa e disse que não posso me casar com um homem que acabei de conhecer.

― Será que deveríamos esperar mais? ― Indaguei.

― Eu nunca me senti assim antes... Sabe, como os livros de romance meloso que já li. Achava que era só melosidade, achava ridículo, inclusive. ― Sem sentimentos... ― Mas eu sinto com você. Eu sei que é com você que quero compartilhar meus lanches no futuro...

Tive vontade de rir da declaração dela, mas me contive.

― Eu te amo... Não me imagino com outra mulher, a não ser você. ― Dei um selinho, mas não aprofundei, pois senti um cheiro ótimo no ar. ― Amor, tá sentindo esse cheiro? ― Indaguei.

Sakura sorriu de orelha a orelha.

O cheiro até fez meu estômago roncar, juro. A boca salivou.

― Boy, minha mãe está assando algo!

Parece biscoito... Talvez pão de queijo.

Hum, deu vontade. Com café, claro, porque café é vida.

― Eu tô com muita vontade.

― Duvido que esteja mais do que eu... Anos longe da comida de mainha.

― Quem chegar por último é a mulher do padre. ― Falei divertido, me levantando. Eu devia ser criança quando usei essa frase pela última vez.

Mas Sakura permaneceu sentada. Como assim, Deus? Estamos falando de comida, ela deveria ter saído correndo na velocidade da luz antes mesmo de eu fazer menção de sair do quarto.

A encarei com uma interrogação no olhar.

― Então, amor, é o padre Fábio de Melo?

Mereço, viu...

É assim? Ainda estamos noivos e ela fala em casar com um padre?

― Imagina se confessar com ele por ter pecado pensando nele... ― Ela continuou pensativa.

Meu Deus, Sakura não presta mesmo!

― Olha, ele é bonito, mas fez voto de castidade.

Sakura saiu correndo.

É, eu vou ser a mulher do padre.

Está decretado, esse padre não será nem cogitado pra realizar nosso casamento. É capaz de Sakura querer fugir da igreja com ele e me largar no altar.

Quando cheguei à cozinha, Sakura já estava sentada à mesa com vários pães de queijo num prato e um copo de suco ao lado.

― Sasuke... ― Mebuki falou ao me ver. ― Eu fiz café pra você.

― A senhora tá me acostumando mal. ― Brinquei. ― Obrigado.

― Como se eu também não fizesse, né, lazarento? ― Sakura brigou.

Gente, eu só quis ser educado com a mãe dela, não falei que Sakura não faz café pra mim.

Isso tem cheiro de TPM... preciso memorizar o ciclo dela, isso já passou de hora.

― Não seja grossa com ele. ― Minha sogra me defendeu. ― Bem, tem mais uma fornada saindo daqui a pouco. Come logo, Sasuke, ou Sakura te deixa sem.

Ah, ela acha que eu não aprendi a lidar com a filha dela?

Os pães de queijo estão fumaçando de quentes e ainda assim a Sakura já comeu três... Quatro agora.

Dona Mebuki subiu, nos deixando sozinhos na cozinha.

Peguei um pão de queijo e parti ao meio pra esfriar um pouco.

― Que saudade eu senti disso! ― Sakura falou toda feliz, fechou os olhos e suspirou. ― Hum, que delícia! ― Eu poderia dizer que ela está quase tendo um orgasmo.

― Comida de mãe é outra coisa, hein...

Mikoto pode ser a diva que for, mas ela sempre amou estar na cozinha, principalmente pra fazer o que Itachi e eu gostamos desde que nós éramos pequenos. Ela sempre fazia alguma coisa pra nós quando estava em casa, e faz até hoje quando vamos pra lá. O tempero dela é especial.

― Ai, eu só queria comer uma buchada preparada por mainha.

Provei um pedaço do pão de queijo. Nossa, isso tá divino.

― Buchada, Sakura?

― Não gosta?

― Nunca provei.

― Então não aja como se fosse coisa de outro mundo!

Buchada é uma comida esquisita, é feio, não dá água na boca, não é algo que você olha e fica com vontade de provar. Acho que pra se equiparar a ela só a tal da maniçoba que eu conheci numa viagem que fiz a Belém. Não bastasse parecer bosta de vaca, aquilo ainda fica uma semana cozinhando simplesmente pra não matar envenenada a pessoa que vai comer. Eu vou arriscar provar um negócio desses? Jamais!

― Aquilo parece ser ruim. ― Fiz uma careta.

― Você não ofenda a buchada! ― Brigou. ― Quando bem preparada, boy, é dos deuses!

― Bode vivo já fede...

Não que eu já tenha entrado em contato com um, mas todo mundo diz que fede, então é porque fede.

― É, tem o cheiro forte, o gosto também, mas é bom.

― Meu paladar não curte muito essas coisas.

― Fresco... ― Murmurou. ― Quando formos a Natal, você vai provar uma buchada.

― Não mesmo.

― Não pode dizer que não gosta se não provar.

― Eu sei que não vou gostar, não é o tipo de comida que eu gosto.

― Gosta de panelada? Bucho de boi.

― Nunca comi.

― Sarapatel?

― Também nunca comi.

― Ai, esse povo que nasce rico. ― Revirou os olhos.

― Não é que eu nunca tenha tido a oportunidade de provar... Sério, minha mãe gosta dessas coisas. Menos a buchada.

― Vou nem te responder...

― Eu sei o que você tá pensando.

Ela iria dizer que Mikoto não nasceu nadando em dinheiro e não cresceu cheia de frescura. Ora, minha mãe não me criou com frescura, eu só nunca tive vontade de provar alguns tipos de comida, ué. Se já comi alguma vez, eu era muito pequeno e não lembro.

― Boy, você não pode dizer que não gosta se não provar! ― Insistiu.

― E quando a gente não gosta nem do cheiro, faz o quê?

― Prova pra ver se gosta do gosto! ― Brigou. ― Boy, eu vou comprar bucho e mainha vai fazer panelada pra você! Pelo menos isso você vai ter que provar.

Mereço... Sério que ela vai me fazer comer estômago de boi? Mano, pra quem come bode isso não é nada, mas eu não gosto dessas coisas.

Se bem que do jeito que ela é, é bem capaz de comer tudo e não deixar pra mim. Vai nem lembrar de me fazer experimentar a bendita panelada!

― Eu provo um pedacinho. ― Falei.

― E quando formos a Natal, tem o bode.

Não, eu não vou comer bode.

― Não serve um carneiro?

― Bode, Sasuke... Bode.

Em algum momento da minha vida ela vai me fazer comer bode, tô sentindo.

Vou ter que adiar essa viagem pra Natal o máximo possível. É capaz desse bode me fazer até mal.

― Você já comeu maniçoba? ― Indaguei como quem não quer nada.

― Já! ― Disse com os olhos brilhando. ― Boy, é uma delícia! Eu tenho uma tia que mora no Norte.

Ela come aquele negócio que tem o cheiro forte e aparência de bosta de vaca, mas não come uva passa. Vai entender...

― Você não acha aquilo nojento?

― Depois da primeira garfada você nem lembra que o negócio é feio, porque é muito bom! É tipo uma feijoada, mas sem feijão.

Claro, porque o problema da feijoada é o feijão. Gênio foi quem pensou em cozinhar carne de porco com folha, que ainda por cima tem veneno! Fico me perguntando quantos morreram até descobrirem que aquele negócio tem que cozinhar por uma semana pra não matar um.

― Engraçado que você tem uma tia que mora no Norte e vai gostar logo da comida mais bizarra que tem lá. ― Não contive um riso.

― Bizarra mesmo é a folha que deixa a boca dormente, jambu o nome. Fazem até cachaça daquilo... Eu adorei, a sensação é ótima.

Eu acho que a vontade da Sakura é viajar o Brasil todo, depois o mundo todo, só pra experimentar comidas diferentes.

― Você não existe. ― Balancei a cabeça em negativo, rindo.

― É claro que eu existo. ― Ela me deu um beijinho na bochecha. ― Eu sou a azeitona da sua empadinha; O molho da sua pizza; A Nutella do seu doce de Ninho; O arroz do seu feijão; O leite do seu café; O creme do seu sonho...

Gente, existe pessoa melhor do que essa?

Me aproximei mais de Sakura e a abracei pela cintura, então lhe dei um beijinho na bochecha.

― Você me completa mesmo... Agora mais do que nunca.

― Temos tudo pra dar certo, né?

― Nós vamos fazer dar…

Sakura pegou o celular no bolso, então abriu o Instagram. Logo começou a rir.

― Boy, até sua mãe já comentou na sua foto... ― Gargalhou. ― Naruto, Karin, Ino, Izumi, Itachi, até o Sai...

― Você posta a foto mais horrorosa que acha. ― Bufei.

― Claro que não, amor, você está lindo. Você sempre foi lindo.

Sabemos bem que ela não acha isso das minhas primeiras fotos, de quando eu era bebê. Acho que só minha mãe me achava bonito naquela época ― ainda tenho minhas dúvidas.

― Não força, Sakura...

Ela sorriu tímida.

― Acho que nossos filhos vão ser parecidos com você.

Tenho pena deles.

― Acha mesmo?

― Uhum... Acho sim.

― Eu já penso que vão se parecer com você. ― Contei. Pelo bem das crianças, precisam se parecer com a Sakura.

― A gente faz um parecido com você e outro parecido comigo. ― Ela riu. ― Imagina aí, amor, um mini Sasuke e uma mini Sakura.

Prefiro um Bruce e uma Diana.

― Ou um parecido com nós dois.

Sakura assentiu com um sorriso.

― Eu tenho muita vontade de ter uma menininha.

Sério? Sakura nunca havia comentado sobre isso.

Imagino que a menina já nasceria perua. Ícone baby da moda. M.U. teria que lançar uma linha para bebês, Diana já cresceria com uma carreira de modelo.

― Jura?

― Sim. ― Respondeu.

― Quando você quiser encomendar, estou aqui. ― Falei sugestivamente e Sakura me deu um tapa no ombro.

― Nada de bebês agora. ― Brigou. ― Mas, sim, sempre tive vontade de ter uma filha.

Está decidido, vamos ter uma filha.

― Eu gosto de Diana. ― Comentei.

― Sarada. ― Sakura respondeu.

Uni as sobrancelhas.

― Oi?

― Sarada. ― Disse ela. ― Vai ser o nome da minha filha.

Nossa filha. NOSSA! Como ela escolhe o nome assim, sem consultar a mim, o futuro pai?

Nome esquisito. A menina vai sofrer bullying.

― E isso tá decidido desde quando? ― Questionei.

― Desde sempre. ― Riu. ― Eu gosto de Sarada. Tive uma boneca com esse nome, sabia? Minha primeira boneca, a que eu mais gostava. Tenho ela até hoje.

Não poderia ter sido uma boneca da Mulher Maravilha?

A bonequinha Funko Pop da Mulher Maravilha que eu dei pra Sakura também não tem valor sentimental? Ela poderia considerar, né?

Mano, Sarada? Quem chama Sarada? Não existe ninguém com esse nome, a Sakura inventou ele.

Vão fazer memes com a criança... Já posso até imaginar.

― É um nome... ― Estranho. ― exótico.

― Eu acho lindo. Sempre quis ter uma filha com esse nome.

Teremos duas, uma se chamará Diana... Mas tem o Bruce também. Mano, três filhos, será? Eu pensava só em dois. Vai que venha mais de um de uma vez, né? Há possibilidades.

Eu poderia criar argumentos pra fazer minha noiva mudar de ideia, mas a conheço muito bem pra saber que isso não vai rolar. E também Mebuki voltou pra tirar mais pães de queijo do forno, ou seja, meu cérebro entendeu que tem algo mais interessante vindo por aí nesse momento.

Céus, acho que minha sogra vai me fazer virar uma bola!

A Cherry deu as caras, trazendo seu fiel companheiro, o Mr. Black Label, nas costas dela.

Estreitei os olhos.

Imagina essa cachorra perto de um bebê... Cabe na boca dela, certeza. Um perigo!

E o Mr. Black Label? Será que vai aceitar mais um humano? Três, no caso...

Depois que todo mundo comeu, Sakura e eu fomos para a cozinha. Ela lavando e eu enxugando a louça. Água evapora, mas a Sakura não aceita, ela diz que fica manchado...

― Temos que decidir outra coisa importante, amor... ― Sakura falou quando terminou.

― O quê?

― Qual vai ser o modelo dos talheres e a cor dos utensílios de cozinha. ― Ela me encarou séria. ― Não pode ficar esse carnaval... tem que ser monocromático, ou cores que combinem, tipo cores análogas, cores complementares...

Ela quer que eu me livre de meus utensílios?

Gente... A Sakura tem um conjunto de facas coloridas ― uma azul, uma roxa, uma rosa e uma vermelha ―, mas não quer aceitar utensílios de outras cores?

― E seu conjunto de faca?

― São cores análogas... ― Ela explicou.

― Tá... A gente vê isso depois. ― Suspirei. ― E os conjuntos de inox?

― Desde que sejam guardados separados, pra não misturar, os dois podem ficar. ― Deu de ombros.

Ela é dessas que se vier a faca diferente do garfo, no restaurante, ela pede pra trocar... Mas ela é tão simpática, que ninguém acha que é frescura.

Bem... Ela aceitou meus itens de colecionador na casa dela, sem falar nada. Muita mulher por aí não iria aceitar, ou me acharia muito infantil e ia desistir de mim. Mas a Sakura sempre aceitou de boas, inclusive limpou um dos quartos para eu colocar minha coleção.

É, da pra relevar essa história dos utensílios...

Vamos ver no que vai dar morarmos juntos.


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