Produtos Uchiha escrita por ICLP, Hitari Amai, Evil Queen 42, ExoLina42


Capítulo 4
A desolação de Sasuke


Notas iniciais do capítulo

Sorry pela demora... Minha internet resolveu não prestar por umas horinhas... Mas como ainda tô acordada, resolvi vir postar logo...

Enjoy u.u



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Cheguei ao trabalho um pouco mais cedo hoje. Muito mais cedo, pois só tenho fotos mais tarde, para um catálogo.

Mas ainda assim estou curiosa sobre a roupa que meu querido e amado chefe vai aparecer usando hoje. Verei se ele absorveu minhas dicas ou se entrou por um ouvido e saiu pelo outro.

Caminhei para perto da sala dele, Sasuke não vai demorar para chegar, pois ele é extremamente pontual.

― Bom dia! ― Naruto passou por perto de mim e parou para me cumprimentar, sorridente e educado como sempre. ― Chegou mais cedo hoje. Poderia estar aproveitando seu sono da beleza, é importante estar bonita e disposta para as fotos.

 ― Naruto, eu...

O QUÊ?!

Calma, Sakura! Respira, não pira! Que merda é essa que eu estou vendo? Alguém me diz que estou sonhando!

Acabei de ver o Sasuke chegando na empresa e adivinha?! Ele não está com nenhuma das combinações de roupa que mostrei no final de semana com as roupas que compramos!

PIOR: ele até está usando uma peça que compramos, mas combinou com outras nada a ver!

― Ai, meu Jesus... Naruto, com licença.

Parei de falar com o Uzumaki e fui até meu chefe. Não desejei bom dia e nem nada, o segurei pelo braço e saí arrastando para dentro de sua sala. Naruto, coitado, ficou sem entender nada, e espero que não se meta ou vai sobrar pra ele também.

― O senhor está ficando doido?!

― Ah, eu devo ter tacado pedra na cruz, só pode! ― Lamentou ao me ver. Eu quem deveria estar lamentando!

― Posso saber por que não está usando as roupas que compramos?

― Eu estou usando a calça. Achei que fosse combinar com essa camisa xadrez...

― O senhor achou?

É louco, com certeza louco!

― Errei?

Sonso! Sonso! Ele jogou meus esforços aos cães, massacrados e triturados! Isso não se faz, merda!

― E muito! ― Bufei. ― Primeiro que um empresário não usa xadrez para vir trabalhar! ― Numerei nos dedos. ― Segundo que essa calça jeans é para o dia a dia! Terceiro que o senhor com essa jaqueta jeans e essa bota parece que está indo numa festa junina!

― Festa junina, Sakura? ― Indagou com cara de tédio.

― É!  Só falta riscar a barba com lápis de olho e colocar o chapéu de palha! Pronto, está perfeito para fazer uma fogueirinha esperando seu amor! ― Bradei.

― Você é um pouco exagerada demais... Xadrez tá na moda, isso eu sei.

― Boy, o problema não é esse, o problema é que o senhor não sabe combinar nada! E esse look não é adequado para um ambiente de trabalho.

― Nossa, isso é complicado. ― Suspirou.

Não é nada complicado! Ele é complicado... Ele!

― Já sei! ― Uma lâmpada se acendeu em minha cabeça, como nos desenhos animados. ― Hoje, quando eu terminar de fotografar, espero o senhor sair.

― Pra quê? Noite de compras no Shopping?

― Vou para a sua casa.

― Minha casa? ― Ele perguntou meio desconcertado, pareceu sem graça. ― Tudo bem então, mas eu posso saber o motivo?

― Vou separar suas roupas.

― Separar? Olha, você vai demorar uma eternidade, pois tenho muitas roupas.

Isso é uma verdade, Sasuke raramente repete uma roupa, mas são todas feias. Quer dizer, tem as bonitas ― que ele não sabe combinar com nada, então não adianta ―, tem as mais ou menos, as aceitáveis, as feias, as horrorosas, as monstruosas, as que fazem os olhos sangrarem e as Crocs.

― Sim. As boas ficam, as horríveis vão pro lixo!

― Lixo? ― Empalideceu. ― Ora essa...

― É por uma boa causa. ― Insisti. ― O senhor não vai ter as roupas medonhas ao seu alcance.

― Não senhora, tem roupa minha com etiqueta!

― O senhor tem dinheiro para comprar uma loja de roupas por dia, pare de ser miserável!

― Não estou sendo miserável. Ter dinheiro não significa que eu tenho que jogar minhas roupas fora!

― Aquilo não é roupa, é alguma coisa que eu preciso encontrar uma denominação... Poluição visual, talvez.

― Não senhora!

― Chefinho, please... ― Amansei a voz. ― Não vão ser todas, só as horrendas. Aquelas impossíveis de usar.

 ― Já falei que você não vai mexer nas minhas roupas!

― Boy, mas se eu não jogar, o senhor só fará essas combinações bizarras novamente! ― Resmunguei. ― Caramba, como consegue errar um look? É só copiar o manequim!

― Uma vez encontrei um manequim que parecia que estava vestido de Caixa Econômica Federal... Azul e laranja...

― Melhor do que essa roupa que o senhor está usando agora.

Sério, esse traje de caipira empresário está bizarro mesmo!

 Sasuke precisa de uma sessão de descarrego, porque esse mau gosto dele só pode ser encosto!

― Mas minhas roupas não são feias.

― Bom, a maioria não. ― Cruzei os braços. ― Mas o senhor é horrível combinando, vou ter que deixar um look pronto na sua casa. Assim o senhor não erra.

Ele pareceu pensativo.

Tomara que aceite. Por favor Deus, eu nunca pedi nada! Ok, já pedi muita coisa, mas tenha dó desse seu filho super brega e zoado nas redes sociais!

― Pode ser.

Ótimo, ele caiu. Quando eu for na casa dele montar os looks, pegarei umas roupas e jogarei fora.

 Boa, Sakura. Você é uma gênia!

― Por que está sorrindo assim? ― Ele me olhou desconfiado.

― Nada não. ― Sorri, indo em direção à porta e acenando para ele. ― Tenha um ótimo dia, senhor Uchiha.

Vou jogar e não estou nem aí!

 

[...]

 

Entramos no apartamento do Sasuke, o ambiente estava escuro, pois já era noite, mas vi duas luzinhas amarelas brilhando, parecia que nos encarava. Comecei a estranhar. Me perguntei se aquilo seria sobrenatural...

Antes fosse!

Quando o Sasuke acendeu a luz tomei um susto da porra.

― O que foi? ― Sasuke me olhou e olhou ao redor, provavelmente procurando a origem do meu susto.

― Boy, o que diabos é isso? ― Apontei para a origem do meu susto.

Sasuke olhou para o alien no chão e me olhou com a cara fechada.

― "Isso" é o meu gato. ― Respondeu irritado.

― Seu mau gosto é crônico... Além dos looks horríveis, o senhor também escolhe um gato horrível, parece que está do avesso. ― Continuei encarando o gato.

Sabe aquela raça de gato sem pelos? Então, este é o gato do Sasuke. Com essas orelhas e esses olhos enormes. Pelo menos ele estava com uma roupinha de lã fofa.

― Ele é feio, mas, tenho que admitir, ele se veste bem... ― Sorri para o Sasuke. ― Melhor que o senhor, inclusive.

― Você insulta minhas roupas, vem até minha casa, me insulta de novo e ainda fala do meu gato? ― Me encarou com raiva. ― Fale das minhas roupas, mas não fale do meu gato!

E a Ino querendo dizer que o Sasuke não é gay... Cria um gato, ainda mais um sem pelo, que deve ser cheio de frescuras...

― Qual o nome dele? ― Resolvi ser simpática.

Mas já imagino o nome dele com esses enormes olhos azuis.

― Mr. Black Label. ― Respondeu.

Ergui uma sobrancelha. Sério que ele deu o nome de uma bebida para o gato? Sem falar que o gato é rosado... Black Label não combina de maneira alguma.

― Achei que fosse Sméagol. ― Dei de ombros. Sasuke estreitou os olhos. ― Acho melhor eu ficar calada.

― Com certeza...

O Mr. Black Label permanecia lá, olhando para mim, como se me julgasse. Gatos se acham os soberanos dos humanos, isso é fato.

Olhei para o lado novamente e o Sasuke não estava mais no recinto. Diabos, me deixou só com o Sméagol. Onde ele se meteu?

Passei os olhos pela sala e vi uma torre de gato... Dessas grandes mesmo, com casinha, almofada, arranhador, brinquedos e outras coisinhas mais. O Sméagol subiu e deitou, mas ficou me olhando com aquela cara de tédio que todo gato faz.

Esses olhos gigantes e azuis. Sinto que ele pode ver todas as minhas qualidades e defeitos, como se julgasse se sou boa o suficiente para entrar em seu reino e me aproximar de seu humano.

Vi que o Sasuke voltou. Pela cara de alívio, deve ter ido ao banheiro.

― Então... ― Resolvi ir direto ao assunto. ― Me mostre a entrada para o inferno... Digo, seu closet. ― Sorri.

Sasuke estreitou os olhos para mim e me guiou até seu quarto.

O apartamento é muito bem decorado, certeza que não foi ele quem decorou. Porém é muito pequeno. Tão rico, poderia ter um apartamento enorme, uma mansão. Mas mora em um cubículo... Lindo, moderno, mas pequeno.

― Nossa, chefinho, seu apartamento é um cu. ― Comentei.

― Cacete! ― Me assustei levemente com o grito. ― Você fala das minhas roupas, do meu gato e agora do apartamento?

― Não é "cu" porque é feio, é pequeno. ― Respondi. ― E não grita comigo! ― Gritei também.

― Um apartamento de quase 80 m² é pequeno para mim e o Mr. Black Label? ― Me olhou incrédulo.

Ele parou em frente às portas do closet. Pareceu hesitar por um momento. Qual é... Ele não confia em mim sobre não jogar as roupas dele fora?

Não que ele esteja errado, mas podia me dar um pouco de confiança.

― Senhor Uchiha, eu não vou jogar as suas roupas, lembra? Vim apenas preparar algumas combinações. ― Usei meus dons de atuação para lançar um sorriso doce e encantador.

Ele suspirou e abriu as portas do inferno.

Adentrei... Hum, assim como o apartamento, o closet também é pequeno, mas muito organizado.

Primeiramente, passei os olhos pelos calçados, encontrei o tênis horrível que ele usou quando nos encontramos no outro dia. Alguns sapatos sociais bonitos, outros nem tanto. Tênis esportivos bonitos, outros nem tanto. Havaianas... Ele escondeu as Crocs. E pelos espaços vazios, ele tem uns três pares daquilo. Resolvi deixar quieto por enquanto. Mas eu vou jogar fora, nem que eu tenha que procurar. Como deu tempo ele esconder? Minha visita não estava marcada. Será que foi naquele momento que me deixou só com o gato?

― Vamos começar pelas roupas de trabalho. ― Me virei para os ternos e camisas. Se bem que ele mal usa isso no trabalho, mas deveria.

Juntei tudo em um bolo. Estava voltando para o quarto, deixar sobre a cama as roupas que peguei. Mas adivinha o que eu encontrei em cima dela? O Sméagol do Sasuke!

Eu tomei um susto tão grande que joguei as roupas ― que estavam um pouco pesadas, devido a quantidade que peguei ― sobre a criatura de espécie desconhecida.

O meu chefe me fuzilou com o olhar.

― Louca! ― Gritou e foi socorrer o gato.

Eu quem preciso de socorro! Sinto meu coração na garganta!

― Você quer matar ele? ― Perguntou enquanto acariciava o seu pelo... sua pele... que nojo.

― Como você não sente agonia passando a mão nisso? ― Fiz uma careta.

― Vai continuar insultando o meu gato? A porta da saída você já conhece, é a mesma da entrada. ― Céus, ele está puto!

― Desculpa... ― Olhei para o animal que me encarava com uma cara que me dava medo, tentando lembrar o nome dele. ― ... Dobby.

Ouvi um suspiro do meu patrão.

― Mr. Black Label.

― Isso, me desculpa, Mr. Black Label. ― Sorri amarelo.

Comecei a separar as roupas.

Logo de primeira eu já revirei os olhos.

― Boy, onde o senhor compra as suas roupas? ― Perguntei indignada.

― No lugar que eu quiser e achar algo que me agrade... ― Deu de ombros.

Suspirei e levantei a camisa de seda vermelha. Senhor, há algo mais brega que isso?

E não tinha apenas essa de seda, parece que ele tem uma coleção.

― O senhor tem dinheiro suficiente para comprar em lojas de grife. Tenho certeza que essas camisas de seda não foram mais que dez reais cada. Comprou onde, na feira livre? ― Eu meio que comecei a me alterar.

― Olha, eu achei que como estavam usando muito brilho hoje em dia, essas camisas iriam ser legais. ― Ele também se alterou.

― Boy, essas camisas são horríveis sendo femininas, imagina masculinas. ― Tá que o Sasuke é gay, mas não precisa usar brilho, isso é bem feminino. ― O senhor quer se fantasiar de Sidney Magal, por acaso?

― Será que dá pra passar pra próxima? ― Ele gritou.

― Eu tenho até medo da próxima... ― Falei alto revirando os olhos.

Quando me virei de novo, lá estava ele, deitado sobre o monte de ternos e camisas. Estava me encarando com os enormes olhos azuis. Com cara de “Por que está gritando com o meu humano?”. Certeza que era isso. Com aquela voz chiada, baixa e lenta... Igual ao Sméagol!

― E tira esse gato daqui, ele fica aí me encarando! ― Resmunguei.

Sasuke pegou o gato no colo e o acariciou.

― Não vou nem dizer quem eu prefiro que se retire. ― Me olhou com os olhos semicerrados.

O Sméagol esfregou a cabeça no Sasuke, marcando seu território. Tenho certeza que fez isso para dizer que o Sasuke é dele e eu não tenho direito de chegar perto.

― Viu? Ele é carinhoso. ― Sasuke soltou o Mr. Black Label.

O gato fez o mesmo na cama. A cama deve ser mais dele do que do Sasuke.

― Ele só está marcando território. ― Murmurei, voltando a separar as roupas. ― Quase posso ouvi-lo falar: “Meu precioso!”. ― Imitei a voz do Sméagol.

Joguei todas as camisas de seda que achei em um canto.

― Não vai parar de insultar o Mr. Black Label? Por isso ele fica te encarando aí. ― Sasuke está muito puto. ― E vai continuar, não é garoto? ― Acariciou mais uma vez aquele monte de pele.

Sasuke tem alguns ternos de risca de giz lindos... Mas usa eles com umas gravatas horríveis e usou a camisa de seda uma vez. Dá pra imaginar? Sem falar que vez ou outra usa calça jeans com o paletó.

― Que merda é essa, Senhor Uchiha? ― Peguei um paletó cuja estampa formava o traje do Capitão América. ― Que idade o senhor pensa que tem?

― Ah, qual é, é legal para ir à Comic Con Experience. ― Ele deu de ombros.

― O senhor usou isso em público? ― O olhei horrorizada.

― Ainda não, vou usar em dezembro, na CCXP, em São Paulo.

― Compre uma fantasia descente, com esse terno o senhor não vai! ― Joguei o terno para o monte das roupas que vão para o lixo.

Ora, já acho ridículo um cara de 26 anos, dono de um empresa, ir para esses eventos, imagina usando esse terno ridículo.

Percebi que o Sasuke estava analisando os dois montinhos de roupas que eu estava fazendo.

Ficamos assim por um tempo: Eu pegava roupas, reclamava ou dava dicas, ele retrucava, o Mr. Black Label nos encarava, nos julgando, minha palavra era a final e eu separava as roupas em dois montes.

Até me surpreendi com a quantidade de roupa bonita que ele tem. As combinações que ele faz são horrendas, então tira a beleza das roupas bonitas. Mas deu pra aproveitar muito.

Não demorei tanto quanto esperava, não separei tudo, mas já tinha separado muita roupa.

Sasuke até saiu do quarto para comer e nem me chamou. Rolou outra discussão por isso. De acordo com ele, ficou traumatizado com o meu pedido no McDonald’s no outro dia. Acabei fazendo ele ir comprar comida para mim.

Na verdade, foi uma deixa para eu jogar parte das roupas fora. Pensei bem por um tempo e resolvi não jogar no lixo, apesar de feias, são de ótima qualidade e podem ser doadas. Juntei tudo em um saco grande que achei no apartamento e fui deixar em meu carro. Sorri satisfeita, dois atos de caridade em uma cajadada só.

Tá, eu joguei o terno do Capitão América no lixo mesmo, porque não tem cabimento um negócio desses.

A única roupa que infelizmente não vai para a doação é a de caipira que ele está usando agora e...

Espera! Não acredito! Ele saiu pra comprar comida pra mim com essa roupa! Meu Deus, como eu pude deixar isso acontecer? Estava tão concentrada que nem me toquei. Mas vida que segue... Difícil, mas segue.

Voltei para o apartamento e lá estava o Mr. Black Label me encarando logo na entrada. “Estou vendo você jogar as roupas de meu humano fora”, era isso que ele transmitia pelo olhar.

― Deveria me agradecer, bebê! ― Sorri docemente, dessa vez de forma sincera e me aproximei para acariciar o gato.

Mas o que o ingrato fez? Eu vou toda simpática acariciá-lo e ele vira as costas, indo para a sua torre.

Bufei e voltei para o quarto do Sasuke, sempre olhando ao redor para tentar achar as Crocs. Olhei em baixo da cama, nas gavetas do closet. Acabei encontrando a gaveta de roupas do Mr. Black Label.

Que lindinhas, meu Deus! Que amor!

Por que o Sasuke não se veste bem como veste o gato dele?

Ouvi um miado alto e me virei para a porta do closet. Só vi o demônio pulando em minha direção, nem deu tempo reagir, acabei caindo no chão e derrubando alguns sapatos.

DIABO! PORRA!

Olhei para o gato deitado entre suas próprias roupas. Ele me encarava com cara de: "Por que está tocando nas minhas roupas, humana?! Vai jogar elas fora também?", como se eu fosse jogar as coisinhas mais lindas da casa.

― O que tá acontecendo? ― Ouvi a voz aflita do Sasuke.

Ele olhou do gato para mim e de mim para o gato e começou a rir. Infame!

Joguei aquele tênis horrível no Sasuke e ele me olhou.

Estendeu a mão para me ajudar a levantar e voltamos para o quarto.

Ele me entregou a embalagem com algumas peças de sushi que pareciam muito saborosas.

Vi que ele olhou para o local onde antes estava o monte de roupas que vou doar, depois olhou ao redor. Nem me importei, se eu não der atenção fica mais fácil de fugir do assunto. Sem falar que tenho coisas bem mais importantes para discutir. Continuei minha refeição.

― Sasuke e os seus moletons? ― Perguntei desviando a atenção dele.

― O que tem eles? ― Perguntou desconfiado.

― Boy, você precisa saber como usá-los! ― Resmunguei.

― Eu sei usá-los... ― Aham, claro... ― Você não pretende bani-los do meu dia a dia, não é? ― Perguntou nervoso, com a carinha pidona.

Ai, até deu dó, gente... Passou já.

― Use-os apenas em casa ou quando for se exercitar. ― Reclamei.

Ele suspirou aliviado.

Passamos um tempo em silêncio, enquanto eu comia.

Quando terminei fui olhar os moletons do Sasuke.

Peguei um em especial e fiquei encarando.

― Sakura, você disse que eu podia usar...

― Eu sei.

― Então por que está olhando para o meu casaco de rosquinhas assim? ― Arqueou uma sobrancelha.

― Vou pegar para mim. ― Sorri.

― Você tem dinheiro para comprar um. ― Fechou a cara.

― Eu vou levar. ― Dei de ombros.

― Como se não bastasse insultar minhas roupas, meu gato e meu apartamento, ainda vai levar um casaco para você? ― Ele está muito puto comigo.

― Finja que está me dando um presente por te ajudar. ― Continuei sorrindo. ― E espero que cumpra sua promessa sobre uso de moletom, ou queimo eles em sua frente.

Ele suspirou.

― Sakura, onde está o outro monte de roupas?

― Hein? ― Me fiz de desentendida.

― As camisas de seda, o terno do Capitão América... Onde estão? ― Cruzou os braços e me olhou desconfiado.

― Tenho uma pergunta melhor: Onde estão suas Crocs? ― Olhei ao redor. ― Procurei e não achei.

― Por que quer saber? ― Acho que a desconfiança aumentou.

― Vai ser a primeira coisa que vou jogar fora... E vou doar aquelas roupas. ― Respondi também de braços cruzados.

― Não, nem vem, são confortáveis demais pra serem jogadas fo... Espera, o quê?

― Aquilo é horrível! ― Respondi.

― Não, não... As roupas... Você vai fazer o quê? ― Ele se aproximou de mim e eu me afastei.

― Eu vou procurar as Crocs... E se eu achar, jogo fora e ainda queimo. ― Fui me aproximando da porta do quarto.

― Não,  não, não... Por favor... Eu uso apenas em casa, prometo! ― Ele falou em desespero.

Começamos a nos encarar com raiva um do outro.

― Vou procurar. ― Anunciei e saí correndo do quarto.

― Volta aqui, sua louca! ― Ouvi-o gritar atrás de mim.

Fui até a cozinha e comecei a abrir os armários, procurando aquilo. Mas senti braços rodearem minha cintura e me erguerem do chão, me afastando dali.

― Me solta! ― Gritei e dei uma cotovelada certeira no rosto dele.

O problema foi que ele caiu para trás e me levou junto.

― Caralho, boy... Não faz isso! ― Gritei com ele.

Nem liguei, ele que se vire com a cotovelada que levou. Me levantei e apenas continuei procurando.

― Caralho digo eu, porra! De onde tira essa força toda sendo tão magra? Cacete! ― Ele resmungou. ― Podia ter acertado meu olho.

― Não me pega de surpresa, não me pega... ― Olhei dentro do forno elétrico. ― Onde estão, senhor Uchiha?

Ele agora fazia compressa com gelo no local e eu revirei os olhos.

― Caralho, onde aprendeu isso? ― Ele me olhou pasmo.

― Muay Thai... Agora responde. ― Ergui a sobrancelha.

― Eu não sei... Quando você disse que vinha, eu liguei para a minha empregada esconder. Não sei onde ela deixou. ― Ele resmungou, parecia sincero.

― Se você der um passo fora do apartamento com um troço daqueles, senhor Uchiha, eu te mostro o que mais eu sei de Muay Thai! ― Ameacei.

― O que fez com minhas roupas? ― Ele perguntou depois de alguns segundos em silêncio.

― Nada, ué... ― Dei de ombros e me virei para a bancada.

Ia pegar um copo quando me deparei com aquele monte de pele engelhada rosnando para mim. “Você ousa ameaçar meu humano, humana?”, senti ele proferir com raiva por meio daquele rosnado. Logo ele pulou para perto do humano dele.

― Ai, Senhor... ― Pus a mão no peito.

― Sakura, você disse algo sobre doar, o que fez com minhas roupas? ― Sasuke insistiu.

― Eu não fiz nada, já disse... Mas vou doar. ― Respondi como quem não quer nada.

― Com a permissão de quem?

― Vai se recusar a ajudar os mais necessitados? ― Peguei um copo e enchi com água do dispenser da porta da geladeira. ― Mas o terno do Capitão América eu joguei no lixo. ― Falei.

― O quê? Eu ainda nem tinha usado! ― Me olhou atônito.

― De nada... ― Sorri.

― Ainda está em tempo de desistir de suas aulas? ― Ele perguntou derrotado.

― Não mesmo. Nem pense nisso! ― Olhei as horas em meu relógio de pulso, quase onze da noite. ― Minha nossa, olha a hora, amanhã a gente continua.

― Nem fodendo eu te deixo entrar aqui de novo! ― Se sobressaltou.

― Veremos...


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