Produtos Uchiha escrita por ICLP, Hitari Amai, Evil Queen 42, ExoLina42


Capítulo 38
Tudo passa, até a uva


Notas iniciais do capítulo

É Natal e estamos vos presenteando com capítulo ♥ ♥

Enjoy ;D

Ministério Produtos Uchiha adverte: Comam muito hoje!



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Terminei de colocar a ponteira da árvore de natal, enquanto Ino arrumava o presépio sobre a mesinha de centro.

Sasuke furou comigo, e olha que é a decoração do apartamento dele. Ele iria me ajudar a montar a decoração, mas foi comprar presentes com a minha diva suprema... Sobrou para Ino me ajudar.

Infelizmente ela mais reclama do que ajuda.

― Mana, sério, agora tá bom, né? ― Ela me olhou indignada.

Olhei as posições dos personagens do presépio e concordei.

Na quinta tentativa ela conseguiu. Ficou perfeito!

― Está ótimo! ― Fiz joinha com o dedo. ― Me ajuda aqui.

Chamei para ela me ajudar a descer a escadinha que usei.

A árvore é grande, então precisei.

Mal cabe aqui nesse cubículo, na verdade.

Véspera de Natal, foi quando finalmente o Sasuke me permitiu decorar o apartamento dele.

― Eu devia te deixar cair. ― Ela resmungou.

― Você não suportaria a culpa...

― Não só suportaria, como riria da sua cara. ― Ela sorriu.

― Nossa, que engraçada. Estou morrendo de rir. ― Revirei os olhos.

O Mr. Black Label está encarando a Ino como se ela não fosse digna ― e não é mesmo ― de entrar em seu reino... Mas ele não foi arisco com ela, só a está julgando mesmo.

Por que só comigo, Senhor?

― Até que ele nem é tão feio. ― Ino encarou o gato.

Deus queira que ele não derrube essa árvore, ou teremos um gato acidentalmente jogado do vigésimo primeiro andar!

― Ele é exótico... O bilotinho dele é a coisa mais fofa! ― Me sentei ao lado dele, no sofá, para contemplar a árvore.

Sem agressões, acho que o Mr. Black Label está me aceitando... Ou está muito doente. Pode ser o espírito natalino, né?

Puta que pariu! Que porra esse gato tem contra mim?

Ino simplesmente pegou ele no colo e sentou onde ele estava!

Como assim, produção?

Ino tem cheiro de dez cachorros diferentes e o Mr. Black Label está aceitando carinho dela?

― Gato caningado da bexiga! ― Gritei.

― Quanta expressão nordestina numa frase só. ― Ino riu. ― O que foi? ― Ela perguntou, enquanto alisava o gatinho.

Até com os olhos semicerrados ele tá, curtindo o prazer de ser acariciado pela sua mais nova serva.

― Observa... ― Tentei encostar nele e ele rosnou. ― Viu?

― Ah, bebê, eu não estou disputando a fonte de carinho e alimento dele, você que tá. ― Ela deu de ombros.

― Temos que ir... Preciso comprar presentes ainda. ― Levantei, encarando o gato.

Estou chateada, real...

Tirei uma foto da decoração e postei no Instagram.

Ino e eu saímos do apartamento e fomos para o shopping.

― Já comprou meu presente, amorzinho? ― Ela me perguntou assim que chegamos.

― E nem vou... ― Resmunguei.

― Own, a satanáries está irritada porque o gatinho prefere a sua amiguinha librianja? ― Ela fez uma vozinha infantil.

― Vai catar coquinho! ― Mostrei o dedo do meio. ― Preciso comprar um presente pra Mikoto... E para o Fugaku... ― Comentei olhando em volta.

Não faço ideia do que comprar. E esse shopping lotado, todo mundo deixou as compras para última hora? tá parecendo o Alecrim lá em Natal, misericórdia. Só não é igual porque o povo rouba lá no Alecrim e os donos já são conformados com isso... Precisam ver em Black Friday, povo rouba até lençol, boy!

― Manda uma cartinha de fã, ela vai amar. ― Ino sorriu.

― Se não for ajudar, fica na sua. ― A empurrei de leve.

Parei brevemente em frente à loja da Polishop admirando aqueles equipamentos de limpeza... Sonho de consumo de qualquer pessoa, né?

― Mana, você não vai comprar isso pra sua sogra... Juro que vou fingir que nunca nem te vi na vida se você fizer isso... ― Ino saiu me arrastando pelo shopping.

― Ino! Não ia comprar aquilo pra ela... Era pra mim! ― Resmunguei me soltando do aperto.

Ela me encarou com uma sobrancelha arqueada e depois revirou os olhos.

― Viemos aqui comprar presentes, foco! ― Ela apertou minha bochecha.

Quem vê pensa que a Ino é super consumista, por trabalhar com moda e tal, mas pensa numa pessoa agarrada! Até hoje não sei o que deu nela para ter se oferecido para pagar minha parte da conta, naquele dia que fomos doar para a CAST...

― Quem você tirou no amigo secreto? ― Perguntei como quem não quer nada.

― Se fosse pra contar não seria secreto... Já comprei o presente. ― Sorriu maléfica.

Meu Deus, pela cara dela, o presente vai fazer a pessoa passar vergonha.

― Tá... Eu também já comprei... ― Dei de ombros.

Depois de rodar o Shopping inteiro duas vezes, sentei ao lado de Ino ― sim, ela parou de me acompanhar na primeira volta ― e deitei a cabeça no ombro dela.

― Me sinto totalmente derrotada. O que eu dou aos meus sogros? ― Choraminguei.

― Ah, bebê, dá uma viagem... Sei lá... Eles têm de tudo, mas viagens sempre são legais.

Puta que pariu, como não pensei nisso antes?

Mas e se eles estiverem ocupados no dia que eu marcar?

Ah, Deus, por que eu sou tão inútil?

― Pergunta ao seu namorado sobre a agenda deles, pra não marcar num dia que eles tenham algo importante... ― Gente, a Ino leu minha mente!

― Boa ideia, Porquinha... ― Peguei meu celular e mandei mensagem para o Sasuke.

Graças a Deus ele responde na hora.

“Em janeiro eles estarão bem livres, eles nunca marcam nada nesse mês”, ele falou e mandou emoji de beijinho. Fofo!

“Obrigada”, respondi e ouvi Ino rir.

― Que foi?

― Você é fria... ― Ela riu.

Ino pegou meu celular e mandou um emoji de coração para o Sasuke.

Gente, um emoji... UM! Vê se pode... Todos sabem que eu mando em número par, fica mais bonitinho.

Sasuke vai pensar que virei uma pessoa desleixada, desorganizada... Ai, gente, capaz de ele terminar comigo!

― Eita, porra, mandei só um... Você vai adoecer. ― Ino devolveu meu celular.

― Eu? Nem ligo... ― Que mentira!

Me levantei e dessa vez Ino me acompanhou.

Fomos até a agência de viagens, ver se tinha algo legal para janeiro.

Brasil ou outro país? Eis a questão.

Acabei por comprar um pacote para a Colômbia, combo de Cartagena e San Andrés. Vou agradar, certeza!

― Vamos... ― Chamei Ino, que estava olhando promoções.

Se alguém pensa que minha amiga viaja sem ser usando promoção, acha errado... E olha que ela é tipo meu noivo, nasceu em berço de ouro, e ambos são agarrados.

Não voltei para o apartamento do Sasuke, fomos para minha casa. Preciso temperar o peru para levar ao jantar de hoje... E fazer a sobremesa para a festinha com nossos amigos.

Quando cheguei em casa, eis que me deparo com meus pais.

O que eles fazem aqui? Meu Deus, eles nem avisaram!

Meu. Deus!

Eles vão querer ir ao jantar...

Eles vão contar histórias constrangedoras...

Mikoto vai me demitir!

Não, espera, quem vai fazer isso é o Sasuke... Ai, Senhor!

Eles vão falar de todos os meus dates ruins e meus PTs... E não são poucos!

Senhor, me ajuda!

E por que diabos eles estão sentados do lado de fora? Eles têm a chave da minha casa, mesmo nunca tendo vindo aqui.

― O que fazem aqui? ― Perguntei.

Sem querer ser mal-educada, mas já sendo...

― Isso é jeito de falar com a gente depois de dois anos sem pisar em casa? ― Minha mãe deu um tapa na minha cabeça e depois me abraçou.

A abracei de volta e meu pai se juntou a nós.

― Minha fofinha tá tão magrinha... Não tá comendo direito? Eu sabia que esse negócio de modelo não ia dar certo. Deve tá comendo só folha... Quer que a gente prepare uma buchada pra você, uma carninha de sol na nata com macaxeira e um queijinho coalho para acompanhar? ― Meu pai me apertou mais no abraço.

Realmente estou comendo mal, comi quase nada hoje. Daria minha vida por essa carne de sol na nata... Com macaxeira frita e queijo coalho então. Gente, melhor comida da vida!

― Ela está se alimentando bem, garanto... ― Ino se pronunciou rindo.

― Ah, Ino... ― Minha mãe falou a abraçando. ― Nem apresenta o povo... ― Ora, elas se conhecem pelas chamadas de vídeo. ― Sakura, você não se cria mais não, meu Deus! Saiu de casa e perdeu a educação.

― É um prazer conhecê-los pessoalmente. ― Ino sorriu. ― Cuidei muito bem dela... Ela é magra de ruim mesmo.

Isso, ajuda...

― Por que estão do lado de fora? ― Indaguei meio confusa.

― Você já viu o tamanho dessa coisa que você cria? ― Minha mãe reclamou.

Chamando minha bebê ― única neta dela, diga-se de passagem ― de “coisa”. Só não reclamo porque é minha mãe.

― Ela só tem amor pra dar, não morde... ― Dei de ombros e fui abrir a porta.

Assim que abri a porta, Cherry veio distribuir amor para os avós.

Ora um bebê desses e mainha chama de “coisa”, vê se pode!

Ela cheirou meus pais e depois pulou na Ino.

― Quem é a bebê mais trouxa, quem é? ― Ela usou uma vozinha infantil pra falar com Cherry que, por ser trouxa, respondeu alegremente com um latido.

― Então, meu genro bonitão nos informou do jantar em família. Ele até foi nos buscar no aeroporto... Deus abençoe, que rapaz abençoado, Sakura, parece que tu acertou dessa vez... Pela primeira vez na vida. ― Dona Mebuki me abraçou e apertou minha bochecha. ― Por que não nos avisou?

Alguém acha que o Sasuke me avisou que os chamou e que foi buscá-los no aeroporto? Não. Quero nem imaginar o que eles três falaram de mim.

― Estava ocupada demais, acabei esquecendo... ― Mentira, esqueci de lesada mesmo.

― Mebuki não me deixou trazer minha carabina... ― Para honra e glória do nosso Senhor Jesus! Capaz de meu pai meter bala para cima do Sasuke.

― Kizashi... Eu lá ia deixar você atirar no único rapaz normal que a Sakura já namorou? ― Minha mãe cruzou os braços.

― Quero saber mais sobre esses rapazes que a Sakura namorou. ― Ino me encarou rindo.

― Minha filha, olha, gosto nem de lembrar... É cada desgosto! ― Mainha passou a mão na testa.

― Ora, Mebuki, tem que ser um santo pra aguentar nossa fofinha... A bichinha o que tem de linda tem de fria. Sem falar que é metódica, falta pouco redigir um contrato pros meninos que ela fica. ― Meu pai argumentou.

Não vou mentir que quis fazer isso com um dos meus namorados na adolescência. O menino não tinha nem uma ordem certa para lavar a louça, dá pra acreditar? Quem não tem uma ordem para lavar louça? Não é questão de ser metódica, é questão de lógica, lavar do menos gorduroso para o mais: copos, talheres, pratos, vasilhas e panelas.

― Querem alguma coisa? ― Ofereci.

― Mana, mostra ao menos o quarto que eles vão ficar... ― Ino sugeriu.

Que bela anfitriã eu sou, não é mesmo?

― Ah é... Venham! ― Comecei a subir as escadas e meus pais me seguiram.

Cherry ficou com a Ino na sala. Minha bebê ama a Porquinha e o Sasuke mais que tudo na vida. Quem sou eu perto deles?

Mostrei uma das suítes de hóspedes e meus pais foram se acomodando.

― Querem comer aqui? Ou querem ir comer fora? ― Perguntei.

― Estamos cansados da viagem, pode ser aqui. ― Mainha respondeu.

― Vou ver algo para fazer então. ― Fechei a porta para deixá-los à vontade e desci.

― Amei seus pais. ― Ino sorriu, me seguindo para a cozinha, levando a Cherry com ela.

― Ah, são minhas pessoas preferidas no mundo. Devo a eles tudo o que sou. ― Comentei feliz.

― E mesmo assim é fria... Você se supera, Satanáries. ― Começou a rir.

― Não sou fria... ― Resmunguei.

Tirei o peru do freezer, e tirei algumas costelas suínas para o almoço.

― Vai almoçar aqui? ― Olhei para Ino.

― Não sou nem louca de perder sua comida e um bom papo com seus pais. ― Ela sorriu debochada.

Na verdade ela não é nem louca de perder comida de graça...

― Vou chamar o Sasuke...

Liguei para ele e deixei no viva voz.

― “Sasuke Uchiha”, é assim que você salva o contato do amor da sua vida? ― Ino olhou para a tela do meu celular.

― Ué, é o nome dele... ― Dei de ombros.

― Oi, amor... ― Sasuke atendeu.

― Boy, tu nem me avisou que meus pais vinham... ― Foi a primeira coisa que falei.

― Eu falei e você só disse “Ok”. ― Ele respondeu. ― Achei bem frio da sua parte, então achei que tava tudo normal.

Gente, que calúnia, eu sempre presto atenção no que ele fala e não lembro disso... E eu não sou fria, gente, que é isso?

― Que dia foi isso?

― Naquele dia que você tava planejando minha decoração de Natal...

― Ah, mano, se ela tava planejando uma decoração, certeza que não te ouviu. ― Ino falou.

― Eu não faria isso! ― Reclamei.

― Faria sim... ― Os dois responderam.

Ótimo, os dois contra mim.

― Ok, ok... Pelo menos eles estão aqui e eu estou super feliz. ― Sorri toda alegre. ― Enfim, estou fazendo um almoço, venha também para conhecer melhor os meus pais.

― Ah, perco por nada! Chego aí em alguns minutos. Até mais, amor.

― Até...

Ouvi ele suspirar e desligar.

― Realmente, seu pai está certo, tem que ser um santo pra te aguentar. ― Ino riu.

― Oxente, o que eu fiz?

― Fria...

Não demorei muito para encaminhar o almoço e temperar o peru. Subi para tomar um banho e meus pais foram para a sala, conversar com a Ino.

Assim que voltei para a sala, Sasuke ia chegando. Cherry já foi toda feliz para perto dele.

Me aproximei e dei um selinho.

― E aí, rapaz! ― Meu pai cumprimentou animado.

Fala de carabina, mas ama o Sasuke.

― Olá, meu genrinho amado! ― Minha mãe levantou e deu um abraço.

― Olá de novo. ― Sasuke sorriu. ― Oi, Ino. ― Ele olhou estranho para ela.

― Não me olha assim... Eu estou na família há mais tempo. ― Ela deu de ombros.

Só eu que acho que esse almoço vai dar errado? Tanta gente para contar as vergonhas que passei na vida...

Mas, como tenho muita sorte, acho que vão guardar para o jantar de mais tarde... Na frente dos meus sogros e do meu cunhado.

Fui preparar a mesa de jantar, enquanto a comida fica pronta.

― Então, rapaz, como andam as coisas com minha fofinha? ― Meu pai perguntou.

― Estão ótimas, estamos curtindo a vida de noivos e...

― Quê? ― Meus pais gritaram.

Sasuke me olhou com uma sobrancelha arqueada.

Ah, é, ainda não contei a ninguém. É verdade.

― Estamos noivos... ― Sorri e mostrei o anel.

Acho que ainda não me acostumei com o anel... Gente, é lindo demais, tal hora eu bato o carro porque estarei observando meu anel. Coisa mais linda!

O Sasuke é perfeito demais, tem como não amar meu moreninho delícia?

― Sakura... ― Minha mãe massageou as têmporas.

― Minha filhinha está noiva... ― Meu pai apertou o peito.

Agora pronto, os bonitos morrem de elogiar o Sasuke e agora estão fazendo esse drama.

― Realmente você vai largar a vida de farras. ― Ino suspirou. ― Tá grávida?

― Ai, minha nossa... ― Meu pai levantou e começou a respirar fundo.

Ai, meu Senhor, ele vai passar mal aqui!

― Claro que não! ― Respondi com a voz esganiçada.

― Bebê, você só fez uma refeição hoje... E já passa de meio dia. Tem certeza?

Sasuke arregalou os olhos e me olhou meio desesperado.

― Aquela foto era real ou não? ― Ele perguntou nervoso.

― Não! ― Gritei.

― Que foto? ― Mainha perguntou.

― Um teste de gravidez positivo. ― Respondi.

― Você está grávida? Sakura, você não tem maturidade nem para comer bolo, como vai criar um filho? ― Minha mãe levantou também.

― Eu não estou grávida! ― Resmunguei.

Vou nem reclamar por ter sido chamada de imatura...

― Sakura, se você só comeu uma vez hoje, tem algo de errado. ― Sasuke se aproximou e encostou a mão em minha testa. ― Já foi se consultar?

― Sério, bebê, se consulta. ― Ino falou.

― O teste não era meu e eu tô morrendo de fome! Eu estou normal... Vamos almoçar, pelo amor de Deus! Eu não estou grávida, eu diria se estivesse!

― Assim como falou que está noiva? ― Mainha me olhou feio.

Ela tem um bom argumento...

― Vamos almoçar! ― Me virei para ir até a cozinha.

― Desde quando minha fofinha está noiva? ― Meu pai me seguiu.

― Faz uns dias. ― Dei de ombros e peguei a travessa com a carne.

Meu pai pegou o arroz e a salada e me seguiu para a mesa.

― Tá com umas três semanas... ― Sasuke falou.

― Sakura, por Deus... Sabe quantas vezes a gente se falou nesse meio tempo? Como você não contou? ― Minha mãe sentou e graças a Deus Cherry, Ino e Sasuke estão aqui, ou eu levaria uma surra aos 22 anos de idade.

― Eu estava esperando o momento certo para contar... Sabe, pessoalmente. ― Sorri amarelo.

― E por que não me contou? ― Ino dramatizou...

― Eu estava aguardando o momento certo... E você não parece surpresa. ― Apontei.

― Naruto e Karin me falaram. Sasuke tem consideração pelos amigos... Queria saber quando você iria contar. ― Ela está chateada mesmo.

Não a julgo, eu também estaria.

Por que não contei a ninguém que estou noiva deste homem perfeito? Eu já deveria ter colocado em tudo quanto é rede social.

― O anúncio oficial era para ser hoje, no jantar. ― Menti e espero que o Sasuke sustente... Se bem que foi ele quem trouxe o assunto, a mentira não vai colar.

― Eu falei sem querer agora... Mas iríamos falar hoje, com as famílias reunidas... ― Sasuke sorriu.

Um homão desses, bicho... Que sustenta sua mentira, meu Deus, quero casar logo!

― Vamos comer, tô quase azul de tanta fome! ― Falei já me servindo. ― Fiquem à vontade...

― Fofinha, você tem certeza que não está grávida, né? ― Meu pai perguntou.

Respirei fundo.

― Tenho... Não há nada mais em dia que minha menstruação e meu anticoncepcional. ― Falei. ― A única neta que os senhores terão por um tempo é a Cherry.

― Essa coisa gigante... Não é nem gente. ― Minha mãe resmungou.

Quase morrem por achar que estou grávida e reclamam que minha bebê não é gente? Vai entender...

― E tem o netinho felino também... ― Sorri.

― Aquele projeto de gato que deu errado? ― Meu pai perguntou.

― Ei! ― Sasuke olhou ofendido.

― Contem-me mais sobre os namorados da Sakura... ― Ino fez o favor de mudar de assunto... para um tão péssimo quanto o anterior...

― Por que não falamos sobre como está Natal? ― Sasuke sugeriu.

― Acho uma boa. ― Concordei.

― Sem graça... Falem sobre os ex da Sakura... ― Ino colocou um pouco de comida na boca.

― Ah, querida, a Sakura sempre nos deu muito desgosto... Até virar gente. ― Minha mãe começou.

― Eu dava desgosto? Imagina aqueles ridículos, o que não me davam... ― Revirei os olhos.

― Ela achou pouco ser assaltada por um crush...

― Não era um crush! ― Interrompi meu pai. ― Ele estava olhando bastante e era gatinho, então eu comecei a corresponder... Só que ele estava interessado era em minha bolsa.

― Enfim, você foi assaltada, achou pouco, aí fez outro crush ser assaltado. ― Ele começou a rir.

― Não foi minha culpa... E o caningado ainda gritou “Boy, você não levou o dinheiro dela”. ― Foi péssimo.

― Morta! ― Ino gritou.

― Quantos namorados você teve? ― Sasuke me olhou.

Tenho certeza que o Sasuke não vai gostar da informação...

― Ao todo ou os que eu obtive sucesso? ― Perguntei.

― Ao todo...

― Não sei... ― Dei de ombros.

― E que obteve sucesso? ― Ino perguntou.

― Tirando o Sasuke... ― Fiquei pensativa por um momento. ― Nenhum.

― Teve um que saiu com você e comprou um milkshake pequeno... ― Mainha tinha que lembrar?

― E ele sequer me ofereceu... ― Resmunguei.

Todos sabem que comida é um ponto importante em um relacionamento. Não passei de meio encontro com ele.

― Você caprichou em sua decoração. ― Meu pai olhou em volta.

― Imagina os gastos, já dissemos para não gastar com algo desnecessário. ― Minha mãe reclama bastante, mas é um amor.

― Boy, é Natal... Deixa eu decorar minha casa. ― Resmunguei.

― Até a coleira da nossa netinha é natalina. ― Meu pai riu.

Sim, a Cherry está usando coleira vermelha com floquinhos de neve. E tem mais coleiras natalinas...

― Ah, amor, eu comprei um gorrinho pro Mr. Black Label, esqueci de levar quando fui montar sua decoração... ― Coisa mais fofa o gorrinho.

― Comprou um gorrinho pra um Whisky? ― Meu pai me olhou estranho. ― Achei que tinha parado com essa vida de bebedeira, Sakura Haruno! ― Eita, porra! Se não me chamou de fofinha, o moído é grave.

― Mr. Black Label é meu gato. ― Sasuke riu.

― Ah... Acho bom não estar bebendo. ― Ele me olhou sério.

― Nunca mais irei... ― Isso eu garanto. Já passei por muito aperreio na vida.

― Como estão seus pais, Sasuke? ― Minha mãe perguntou.

― Ah, estão ótimos... Minha mãe não pôde vir almoçar aqui. Eu estava com ela, mas ela disse que já tinha marcado com meu pai. ― Respondeu.

― Ah, vamos conhecer duas pessoas famosas, sei nem o que usar. ― Minha mãe falou toda animada.

― A senhora tem alguém famosa na família. ― Murmurei.

― Que passou dois anos sem pisar em casa...

― Ei, mas eu sempre ligo para vocês! ― Resmunguei.

― E leva cem por cento do tempo falando do Sasuke, da Ino e da sua cachorra... ― Mainha reclamou. ― Falar que está noiva, você nem fala.

― Já não superamos esse detalhe? ― Sorri amarelo.

― A gente pretende fazer mais filantropias neste fim de ano... ― Ino mudou de assunto novamente... Como não amar essa mulher?

― Ideia da Sakura, vamos tentar conseguir um abrigo maior para a CAST. ― Sasuke falou.

― Ai, minha filhinha me mata de orgulho! ― Mainha quase chorou de emoção.

Viram? Ela briga, mas é um amor.

― Sakura é um serumaninho incrível. Sou fã dessa bebê. ― Ino passou a mão em minhas costas.

― Por que “bebê”? ― Sasuke perguntou. ― Sempre tive essa curiosidade...

Ela sempre me chama assim mesmo...

― Sakura é um mulherão da porra, mas tem maturidade zero... E olha a carinha dela. ― Respondeu.

― Nunca teve, querida... Era sempre o mesmo moído nos aniversários, ter que dar uns puxões de orelha pra ela não ir meter a mão no bolo dos outros. E sempre tinha que repetir os salgadinhos e doces. Sem falar que ela pegava docinho antes do tempo. Quando chegava em casa quem tinha que limpar a merda era eu. ― Minha mãe podia ter pulado esse final... Na verdade podia ter pulado toda a informação...

― Eu pago minhas próprias contas... E já vou começar a formar uma família, como podem dizer que não tenho maturidade?

Sasuke cuspiu o suco que estava tomando. Ai, meu Deus, sujou a toalha de Natal!

― Você não disse que não estava grávida? ― Meu pai estava alarmado.

― E não tô...

― Então não diz que vai começar uma família! ― Minha mãe bebeu água para acalmar.

― Melhor almoço da vida. ― Ino comentou.

― Ué, eu estou noiva e temos a Cherry e o Mr. Black Label... Uma família. ― Gente, isso é tão óbvio!

― Ainda bem que você não vai ter filhos agora... Que tipo de criação eles teriam? ― Minha mãe falou e olhou para o Sasuke. ― Você parece um rapaz responsável, mais maturo que a Sakura, com certeza. Coloque juízo na cabeça dela, agradeço.

Devo contar sobre os gostos peculiares nada adultos dele?

― Pode deixar. ― Falou limpando o suco que escorreu pelo queixo.

― Casar aos 22 anos é como ir embora da festa antes de meia noite. ― Ino comentou como quem não quer nada.

― Ino, fica na sua... ― Resmunguei.

E a gente vai casar depois de março, eu acho, então já terei 23...

― Só comentei, relaxa... Um casalzão desse, bicho, shippo demais! ― Ela sorriu. ― Se eu não for madrinha, pode acabar com isso.

― Vou pensar. ― Dei de ombros.

― Pelo menos ela desencalhou... Se tem alguém que espanta macho, essa pessoa é minha fofinha. ― Meu pai falou rindo.

― Painho! ― Corei até o ar que me rodeia.

― Um mulherão desse... ― Ino me encarou risonha.

― Minha filha, uma vez ela acabou o rolo porque o garoto não seguia o ritual de comer Tortuguita... Não sei que ritual é, mas o rapaz não seguia. ― Meu pai deu de ombros.

― E ele era bonito, tinha uma presença legal, achei que ia pra frente aquele namoro. ― Minha mãe continuou.

― Ele mordia a Tortuguita de qualquer jeito, também comia o Kit-Kat de qualquer jeito. E ainda ficava me caningando por separar M&M’s por cor... ― Resmunguei.

Sério... Começa a Tortuguita pelas patinhas, depois o rabinho, cabeça e, por último, o corpo. Quem não segue o ritual nem é gente!

― Você separa o M&M’s por cor? ― Sasuke perguntou.

― E come em ordem, a cor que ela menos gosta para a que mais gosta... Amarelo, marrom, verde, laranja, vermelho e azul. ― Ino respondeu. ― Às vezes ela está com um humor maravilhoso e me deixa ficar com os amarelos...

― Ah... ― Sasuke balançou a cabeça.

O resto do almoço foi tudo na mais santa paz, ninguém falou mais nada constrangedor sobre minha pessoa.

Porém ficaram me caningando sobre eu estar ou não grávida.

Que fique bem claro: Eu não estou!

Não tenho psicológico para filhos agora... Se bem que se for esperar eu ter psicológico para isso, não darei filhos ao Sasuke nunca, não é mesmo?

Meus pais foram para o quarto, para descansar da viagem e eu voltei para a cozinha para ajeitar tudo. Ino e Sasuke me seguiram.

― Amor, comprei uva passa para colocar no arroz... ― Sasuke falou.

― Sério? ― Ino o encarou.

― Sim... Fim de ano, colocam essa maravilha em tudo, amém fim de ano! ― Meu noivo sorriu.

― Sasuke, você ainda tem muito a descobrir sobre a Sakura... ― Ino riu. ― Aproveitem o tempo de noivado para se conhecerem melhor.

― Ué, o que foi? ― Sasuke perguntou.

― Eu não gosto de uva passa, amor... ― Soltei um riso anasalado.

Não estou entendendo essa cara de choque do Sasuke... Até paralisado ele parece estar. Gente, é supernormal não gostar de uva passa... Tipo, na internet sempre reclamam das passas no fim de ano.

Aliás, tem uva passa até na uva passa, sério! Qual a necessidade de usar tanta uva passa no fim do ano? Se uva passa fosse bom se comeria o ano todo...

― Traz água para ele, o coitado entrou em estado de choque... ― Ino ria enquanto dava tapinhas nas costas dele. ― Eu também fiquei assim quando descobri.

Peguei um copo com água e entreguei ao Sasuke.

― Amor, você tá bem? ― Gente, estou preocupada, real... Ele nem se move!

Meu noivo demorou um pouco para pegar o copo e beber a água, mas ao menos voltou a se mover.

― Você não gosta de passas? ― Ele me encarou.

Esse choque todo é por isso mesmo? Fala sério!

― Não... E por que a surpresa? Uva passa é horrível! ― Resmunguei.

― Você... ― Ele enfatizou bem o “você”. ― Você não gosta de uva passa... Você não come uva passa?

― Ai, Sasuke, normal... Gosto é igual a cu, cada um tem o seu. ― Revirei os olhos.

― Não... Isso ok, é normal... O que não é normal é você não comer alguma coisa... Tipo você come de tudo e não é pouco... Você come buchada, não é? Aquilo é nojento...

― Não fala assim de buchada, amor... É uma comida ótima, ok? Você nunca provou para saber... ― O interrompi.

Ora, já pensou? Sasuke falando mal de buchada. Gente, comida maravilhosa!

― Nem quero provar, obrigado... ― Ele riu. ― Sério que você não gosta de passas? Eu estou feliz por saber que existe algo no mundo que você não come. Até parece que você é normal.

― Eu sou normal, Sasuke! ― Dei um tapa de leve na nuca dele. ― É fácil de me criar, como qualquer coisa, desde que não tenha passas.

― Não acho que isso seja uma facilidade, dada a quantidade de coisa que você é capaz de ingerir de uma vez só. ― Ino riu e Sasuke concordou.

Gente, olha, Sasuke e Ino juntos é uma coisa que não tá dando certo...

― Amor, não se junte com a Ino, pelo amor de Deus... ― Suspirei derrotada e voltei a lavar a louça.

― Ela só falou verdades... ― Sasuke riu.

― Olha, Sakura, eu tenho que me dar bem com meu cunhado, tá? ― Ela abraçou o Sasuke pelos ombros. ― Está chegando o Natal, época de todo mundo se dar bem, uma ótima oportunidade para me aproximar de meu chefinho.

― Pois é, amor... ― Sasuke a abraçou de volta.

Eu vou enlouquecer, certeza.

Acabo de descobrir que joguei pedra na cruz de Cristo... E é bem capaz de ter atingido Ele...

― Boy... Esse fim de ano vai ser barra. Eu prometo ficar sem doces em janeiro se eu sair com minha dignidade intacta destas festas de fim de ano... ― Falei alto sem querer.

― Espera... ― Ino falou e pegou o celular. Não vi direito o que ela fez. ― Repete... ― Apontou o celular para mim, segurando o botão de gravar áudio.

― O quê? ― A olhei confusa.

― O que você prometeu... ― Sasuke falou.

― Ficar sem doces em janeiro se eu terminar esse ano com minha dignidade intacta? Pra q... ― Foi aí que me toquei da minha estupidez. ― Ei! Não grava isso!

― Já foi, amor... ― Sasuke mostrou a tela do celular dele.

Ino criou um grupo chamado “Sakura sem doces”, incluiu o Sasuke, o Naruto, a Karin e eu. Primeira mensagem: o áudio sobre a promessa.

Me lasquei todinha...

O que eu faço?

Ai, meu Senhor... Promessa desgraçada da bexiga...

Se eu manter minha dignidade, eu fico sem doce... Mas eu não quero ficar sem doce! Mas aí eu teria que deixar minha dignidade de lado e assombrar o Sasuke com as histórias do meu passado e/ou ficando bêbada. Se eu ficar bêbada, meu pai me mata...

Ah promessa desgraçada... Ah promessa sem jeito!

― Boy, vocês são péssimos... ― Estreitei os olhos. ― Não vou convidá-los para meu casamento.

― Ué, vai casar com quem? ― Sasuke arqueou uma sobrancelha.

Cruzei meus braços e inflei as bochechas, emburrada. Posso nem desconvidar o noivo do meu casamento...

― Viu? Um bebê... ― Ino apontou para minha cara e Sasuke concordou.

Meu celular vibrou e eu peguei. Áudio do Naruto no grupo que Ino acabou de criar.

“Gente, eu levo a Vodka, vamos embriagar a Sataná...”

“Ela tá no grupo...”, Karin o interrompeu no áudio.

“Eita...”

E o áudio acabou.

Estou lascada, real...

― Não vamos permitir isso, amor, prometo. ― Sasuke me abraçou por trás e me deu um beijo.

― Não mesmo. ― Ino concordou.

Confio no Sasuke, tenho certeza que ele não quer cuidar de gente bêbada... Muito menos se for eu, tenho certeza que ele não quer passar por esse trauma... Mas na Ino... Bem, confiaria minha vida a ela, mas, nesta ocasião, não... Ela já tem experiência em cuidar de mim, então ela nem liga.

― Meu maior medo da vida é ficar bêbada na frente do Sasuke... Pelo amor de Deus, não deixem isso acontecer! ― Pedi... Implorei... Quase fico de joelhos.

― Não quero ver você dar PT... ― Sasuke riu.

Ino me olhou com cara de quem quer me ver dar PT.

― Quero muito te ver dar PT, bebê, mas pode confiar. ― Ela sorriu.

Eu amo essas duas pessoinhas mais do que comida, eles podem ter certeza disso.

E que venham nossa confra e uma hipoglicemia em meu janeiro sem doces!

― Eita, porra! ― Bati na testa. ― Eu deixei a coleira nova da Cherry em sua casa, amor!

― Eu trago depois...

Estreitei os olhos.

― Sasuke, você não conhece mesmo a Sakura... ― Ino riu.

― Você não vai conseguir descansar à tarde com a droga da coleira fora do canto, não é? ― Ele arqueou a sobrancelha.

― Droga é sua coleção de Crocs! ― Resmunguei. ― E é pra ela usar hoje à noite!

E é isto... Fomos para o apartamento do Sasuke. Aproveitei para levar o gorrinho do Mr. Black Label. No caminho, deixamos Ino em casa.

Chegamos ao condomínio e fomos ao apartamento.

Sasuke abriu a porta e fechou super rápido, quase desesperado.

― Amor, eu pego a coleira e te entrego, espera aqui... ― Ele falou olhando para tudo quanto é canto, menos para mim.

― Oxente, e o gorrinho? ― Perguntei desconfiada.

― Ele nem vai te deixar colocar, eu entrego... ― Ele puxou o gorrinho de minhas mãos e entrou.

Acreditam que ele trancou a porta? Ele TRANCOU a porta...

Ai, meu Deus!

Será que finalmente ele percebeu que eu sou uma pessoa horrível e me trocou por outra?

Que bosta, Sakura, Sasuke não é assim e você sabe disso...

Peguei a chave que ele me deu do apartamento e o abri.

Estanquei na porta mesmo.

Minha boca abriu e meus olhos estão arregalados.

Bem que o Sasuke avisou que eu ia fazer a decoração por minha conta em risco...

― Eu mandei você não entrar... ― Sasuke começou a rir.

O infeliz está me filmando!

Ele não está vendo o caos que está essa sala?

― Sasuke, eu vou matar o seu gato! ― Resmunguei. ― Dobby!

E o gatinho tá lá, a coisa mais linda, no meio do caos, todo arreganhado, com o bilotinho mais fofo à mostra e enrolado no fio do pisca... Vale ressaltar a maior cara de sonso do mundo que ele está fazendo.

“Não fui eu”, foi o que ele disse quando miou.

― Ai, que amor! ― Sorri. ― Filma ele, amor, coisinha mais linda!

― Bipolar... ― Ele riu e filmou o Mr. Black Label. ― Achei que você ia matar sua mamãe hoje, garoto...

― Ah, deixa eu colocar o gorrinho! ― Falei tirando o gorrinho do pacote.

― Agora ela morre... ― Sasuke falou.

Como o gatinho está enroscado no fio do pisca, ele não teve muita opção a não ser aceitar o gorrinho.

― Faltou só a Cherry pra família ficar completa, eu disse para trazer, amor... ― Falei sorrindo para o gatinho que tá fazendo uma cara de ranço para mim.

― Daqui a pouco a gente reúne todo mundo, amor... ― Ele me abraçou e mudou a câmera para a frontal. Ele é péssimo enquadrando selfies, mas até que tá evoluindo. ― Feliz natal a todos. ― E beijou minha bochecha.

― Feliz natal! ― Acenei para a câmera e ele encerrou a live. ― Agora vamos salvar o Dobby... ― Me abaixei perto do gatinho.

― Estou tocado... Quer salvá-lo antes de organizar a árvore? ― Sasuke se abaixou ao meu lado e começamos a desenrolar o gato.

― Ora, as pessoas boas devem amar seus inimigos... ― Dei de ombros.

Mr. Black Label saiu correndo quando o tiramos do fio... Possuído, certeza...

Encarei a bagunça. O fio do pisca enroscado, a árvore caída, uns enfeites rolando, o presépio só os cacos... Era de porcelana ...

Sasuke me ajudou a colocar tudo no canto. Limpei os cacos do que um dia foi o presépio. Era lindo... Meu Deus, por que eu fui ser teimosa? Além de ser um gato, ele me odeia, era óbvio que ele iria destruir tudo!

Olhei para a decoração, agora quase perfeita ― faltando apenas o presépio.

Ai, amo essa época, gente... Melhor época do ano... Melhor que carnaval e festa junina, apesar das passas na comida.

A ternura do passado, o valor do presente, a esperança do futuro... Natal é isso... É muito mais do que um peru delicioso na mesa, comida cheia de passas ou uma decoração destruída por um gato psicopata com um bilotinho fofo... É o espírito da amizade que brilha o ano todo. É consideração e bondade, esperança renascida para a paz, para o entendimento e para a benevolência da humanidade...

É amor!

― Vou indo, amor, tenho pais para atender e tenho que me arrumar para a noite... ― Dei um selinho. ― Você contou aos seus pais que estamos noivos?

― Só você não contou... ― Ele riu.

― Desculpa... Meu Deus, você é tão perfeito, já era pra estarem sabendo até em Nárnia! Eu vou postar depois, amor... O universo tem que saber que você tem dona! ― Falei determinada.

Que o anel lindo, maravilhoso e perfeito que ele me deu não me distraia mais, amém!

― Relaxa... O importante é você saber... ― Ele me beijou.

Eu mereço esse homem? Não... Mas tenho e não abro mão!

Peguei a coleira da Cherry e as passas que meu moreninho delícia comprou... Passas são horríveis? São, mas se o Sasuke gosta, então vamos usar.

Voltei para minha casa, verifiquei o peru, já está sendo preparado... Meus pais estão descansando, a Cherry está de frente para o forno, louca pelo peru. Tudo normal. É a calmaria antes de passar vergonha na frente dos sogros.

Fui deitar no sofá enquanto esperava o peru ficar pronto. O arroz eu faço quando estiver mais perto da hora de ir para a casa dos Uchiha.

Quem será que me tirou no amigo secreto? Tenho trauma dessa brincadeira, mas a Ino faltou chorar para eu participar também, então resolvi ceder. Por que tenho trauma? Melhor não comentar.

 

[...]

 

― Fofinha, o peru vai queimar...

Caí do sofá com essa notícia e corri para a cozinha. Puta que pariu! Perder comida não!

Acabei dormindo... Gente, que bosta eu sou!

Suspirei aliviada quando vi que estava no ponto certo.

― Vai matar outro, vai! ― Olhei para meu pai.

― Não entendo dessas coisas... ― Deu de ombros.

Cherry ficou abanando o rabo e dando pulinhos... Ah, filha, tu não toca nesse peru enquanto meus sogros não virem o quão lindo ele tá!

Ok, peru pronto... Pus o arroz no fogo e fui tomar banho.

Meus pais já começaram a se arrumar... Usando apenas um banheiro... Tem cinco banheiros aqui em casa, eles estão usando o mesmo. Mas ok, né, deixa eles.

Quando terminei o banho, fui concluir o arroz... Colocar passas, argh! Mas é pelo Sasuke...

Ok, tudo certo com a comida, agora é meu momento!

Sequei meu cabelo com o secador, vou deixa-lo solto mesmo e natural... Passei uma make leve, já que meu vestido é vermelho e de renda, já chama muita atenção... Sem falar na sandália dourada e acessórios na mesma cor... Ah, o anel, o que há de mais lindo em meu look! Já falei que o Sasuke é perfeito? Meu Deus, ele escolheu o melhor anel, tenho certeza!

Ok, tudo pronto... Agora vamos passar vergonha no jantar!

Sasuke chegou bem na hora para nos buscar.

Boy, minha mãe está linda... Uma diva dessas, senhor!

Ela está usando um macacão verde lindo... Que deixa ela ainda mais linda...

E meu pai? Gente, homão da porra!

Tá de terno, mas sem gravata... Lindo demais...

Meus pais são muito lindos, real!

E, claro, meu homão da porra... MEU... Meu noivo... Boy, esse homem é de uma perfeição, que eu não sei nem explicar.

Ele tá usando calça preta, camisa azul clarinha e terno cinza... Gostoso demais!

Dei um beijo nele, sorrindo.

Sei lá, cada vez que o vejo bate essa vontade de ficar sorrindo, sabe... Tipo, ele é meu noivo... Sasuke Uchiha, o cara mais perfeito que eu já vi na vida, é meu noivo... O filho da minha maior inspiração. Gente que eu achei que nunca nem ia chegar perto. Eu, a reles Sakura Haruno, nascida em Natal, no Rio Grande do Norte, de família humilde, estou noiva de um homem lindo, fofo, gentil, encantador, bem-sucedido, cheiroso, inteligente... Sério, parece surreal. Parece conto de fadas...

― Vão ficar aí se encarando ou vamos para o jantar? ― Minha mãe me tirou de meus devaneios.

― Vamos... ― Pigarreei.

Minha mãe trazia o arroz e meu pai trazia o peru.

Pus a coleira nova da Cherry nela e fomos para o carro.

Meu pai foi na frente com o peru, para a Cherry não atacar. Não que ela vá fazer isso, ela é bem-educada, mas não dá pra convencer meus pais assim do nada, né?

Eu fui entre minha mãe e Cherry atrás, “Pra ela não babar no arroz”, Cherry não baba, tá? Ela é uma bebê muito educada... Bem, só quando ela dá lambeijos, mas ela não vai lambeijar o arroz...

O Dobby também veio, só a nível de informação, está na caixa dele em meu colo... Quietinho, nem parece que me odeia. Está com cara de ranço, nada de novo.

― Esse gato tem uma cara de ranço... Ele é normal? ― Minha mãe olhou meio desconfiada.

― Estranho seria se ele não estivesse com essa cara de ranço... ― Ri.

― Esse é o Mr. Johnnie Walker? ― Meu pai perguntou.

― Mr. Black Label… ― Sasuke corrigiu.

― É tudo Whisky… ― Meu pai deu de ombros.

― É... É ele... ― Sasuke riu.

― A sua cachorra não vai comer ele? ― Minha mãe olhou para a Cherry.

― Mãe, a Cherry é disciplinada, já falei... ― Revirei os olhos.

― Nunca se sabe... ― Deu de ombros.

― Ela é fofinha, Mebuki... ― Meu pai defendeu.

― Você chama a Sakura de fofinha, sabemos bem que ela não é. ― Minha mãe retrucou.

― Ora, eu sou um amor. ― Resmunguei.

Sasuke pigarreou... O bonito me pede em casamento e não me acha um amor?

Finalmente chegamos à casa da família do meu noivo... Reparem bem, “meu noivo”, não é mais namorado...

― Rapaz... Isso deve dar um trabalho para limpar... ― Minha mãe falou admirada com o tamanho da mansão.

― Ela tem TOC? ― Sasuke perguntou baixinho.

― Não... Ela já foi diarista... Imagina o trabalho que deve dar para arrumar uma mansão. ― Respondi.

― Ah... Tem mais de um empregado para limpar... ― Sasuke falou.

― A Sakura seria feliz, limpando isso daí. ― Meu pai riu.

― Com certeza... ― Sasuke concordou rindo.

Finalmente entramos na mansão.

Gente do céu! Minha decoração ficou no chinelo com essa aqui!

No jardim mesmo eu já vi que a decoração ia dar na minha cara.

Meu Deus, que perfeito!

O melhor de tudo é que a Mikoto ― olha minha intimidade com ela ― faz questão de fazer a própria decoração!

Tem gente rica que contrata alguma empresa para fazer. Mas o melhor dessa época é a união com a família para montar tudo... No meu caso, a união com a Ino, foi ela quem me ajudou.

Perde toda a magia quando se chama alguém para fazer a decoração.

Não tenho maturidade para decorações de Natal.

― Bem-vindos! ― Ouvi a voz da minha diva.

Ela estava descendo a escada, junto com o Fugaku ― olha a intimidade aí de novo.

― Que mulherão... ― Meu pai comentou baixinho.

Minha mãe pisou no pé dele e Sasuke fez um bico emburrado.

Iti malia, meu amorzinho tem ciúmes da mãe!

Mas não culpo meu pai, minha sogra parece ter uns dez anos a menos que o que realmente tem... Quero chegar a essa idade desse jeito!

― É um prazer receber a família da Sakura... Venham, coloquem isso na mesa... ― Mikoto foi guiando meus pais para a sala de jantar.

― Casa bonita... ― Minha mãe elogiou.

― Obrigada! ― Minha sogra respondeu feliz.

― Nunca me imaginei numa casa muito grande... Sempre moramos em lugares pequenos. ― Meu pai comentou.

― Ora, o tamanho da casa não importa, desde que estejamos com a família. ― Fugaku respondeu.

― É verdade... ― Concordei.

― Ora, vejam só, essa é a bebê da Sakura? ― Mikoto se abaixou um pouco e acariciou o pelo da Cherry. ― Ah, e o gatinho do Sasuke. ― Pegou a caixa que o Mr. Black Label estava e a abriu.

O gatinho saiu todo acanhado... Quem diria, né... Mas é isto, deve ser um reino desconhecido para ele, logo mais ele começa a desbravar tudo aqui e talvez destrua a decoração.

Cherry lambeu o gato e logo deitou agarrada com ele.

Fofos!

Tirei uma foto dos dois e postei nos Stories.

Segunda foto da noite, a primeira foi do meu look.

― Cadê o Itachi e a Izumi? ― Perguntei.

― Devem chegar a qualquer momento. ― Mikoto respondeu. ― Vamos para a sala...

― A princesa deve estar arrumando o cabelo. ― Sasuke revirou os olhos.

― A Izumi nem tem o cabelo muito longo... ― Estranhei.

― E quem disse que ela é a princesa? ― Sasuke riu.

― Olha como fala do seu irmão! ― Mikoto o repreendeu. ― Acha que é fácil manter aquele cabelo?

― Mikoto, não dá corda! ― Fugaku riu.

Zoar com os filhos, essa sou eu no futuro...

― Chegamos! ― Itachi gritou enquanto abria a porta.

O cabelo dele está maravilhoso, como sempre...

― Ih, olha se não são os noivos! ― Izumi alarmou.

― Você não disse que iam contar hoje à noite? ― Minha mãe me beliscou.

― Sasuke deve ter contado, já que contamos a vocês... ― Dom da atuação, eu te amo.

― Hum... ― Resmungou.

― Minha cunhadinha linda! ― Itachi me abraçou. ― E aí tiozão, tia! ― Abraçou meus pais. ― Feliz Natal a todos!

― Que felicidade é essa todinha? ― Perguntei.

― Ele fica assim todo Natal... ― Sasuke deu de ombros.

Será que já tá na hora de comer?

Olha, nunca fui muito adepta a esse negócio de esperar pra comer no Natal... A comida tá toda pronta, pra que esperar?

― Por que não vamos logo para a mesa? Nossos bebês têm uma festinha mais tarde, né? ― Mikoto nos olhou.

Eu amo uma mulher!

Duas, tem a minha mãe... Ah, e tem a Ino... Misericórdia, estou amando muita mulher!

― É, amigo secreto com nossa galera... ― Sasuke respondeu.

― Superou seu trauma de amigo secreto? ― Pronto, o negócio vai começar a desandar. Mainha tinha que fazer essa pergunta?

― Ora, querida, por que tem trauma? ― Mikoto franziu o cenho.

Cherry apareceu do nada, com o Mr. Black Label deitado nas costas dela... Minha bebê tá servindo de cavalinho... Olha que fofos! Será que ninguém quer desviar a atenção desse assunto para essa fofura que são nossos filhos?

― Começou quando ela tinha uns seis anos... ― Minha mãe deu início ao meu passamento de vergonha. ― Ela ia participar de um amigo doce na escolinha... ― Ela já foi começando a rir. ― Nossa, eu preparei uma cestinha bem bonitinha pra ela levar, ela estava toda feliz... Porque se tem alguém que ama doce, esse alguém é a Sakura. Enfim... Teve uma professora super sem noção que a presenteou com uma toalha.

E aí minha mãe começou a rir e todos a acompanharam.

― Ficou tão tristinha ela, tadinha. ― Meu pai complementou.

― As outras professoras se juntaram e deram uns chocolates a ela. ― Minha mãe acariciou minhas costas.

― O melhor foi quando ela chegou chorando em casa. A Mebuki falou “Olhe pelo lado bom, se você se sujar com os chocolates, já tem a toalhinha pra limpar”... ― E meu pai começou a rir escandaloso.

Alguém está vendo graça? Sim, todos estão, menos eu. Ora... Uma toalha? E vocês pensam que a toalha era pelo menos com desenhos bonitinhos? Não, era uma toalha amarela... Eu odeio amarelo, gente!

― Amor, me lembra de botar bastante toalhas na lista de presente do casamento. ― Sasuke me encarou.

Me segurei para não fazer gesto obsceno na frente da família dele. Espera a gente chegar em casa!

― Nossa, sem noção dar uma toalha... mesmo que não fosse amigo doce. ― Mikoto riu.

― Pois é... Outra vez ela participou de um amigo secreto com os amiguinhos da escola de rico que ela estudou... Tinha bolsa ela, era a única lascada da turma... ― Meu pai continuou.

― Foi um moído medonho conseguir um presente à altura, para ela não se sentir deslocada. ― Mainha falou.

― Aí eu recebi uma caixinha de maquiagem super brega... Caramba, eu fiquei puta! ― Resmunguei.

― Olha o palavreado! ― Mainha me deu um tapa.

Ah, claro, bater pode, né?

― Teve uma vez um amigo secreto entre a vizinhança... ― Meu pai já foi rindo.

― Esse é o pior de todos... ― Bufei.

― A Sakura ganhou um espremedor de laranjas... ― Minha mãe riu também.

Cherry me encarou transmitindo toda sua empatia. Isso, pelo menos alguém que não quer que eu passe vergonha.

― Ela chorava alto e eu fui consolar minha fofinha... Disse que ela não precisava chorar, que de manhã cedo eu ia à feira e compraria um saco de laranja pra ela espremer!

Dá vontade de chorar até hoje... E meu pai nem comprou as laranjas, boy!

― Ah, amor, ótimo item para a lista de casamento... ― Sasuke riu.

Sasuke está muito gaiato hoje...

― Ela chorou mais ainda... ― Minha mãe riu.

― Vocês são muito divertidos, mano... Aqui sempre foi meio sério por causa dos nossos status na sociedade. ― Itachi falou.

― Sim... Mas sempre tentamos quebrar um pouco disso... Fico feliz em tê-los aqui. ― Mikoto falou e levantou... Sim, já estávamos todos sentados ouvindo minhas desgraças. ― Vamos para a mesa?

Palavras lindas... Até emocionei.

― Vamos! ― Acho que respondi muito empolgada, pois começaram a rir de novo.

Ora, comer é vida!

Fomos para a mesa e Mikoto e Fugaku começaram a trazer os pratos que eles prepararam.

Senhoras e Senhores, é hoje que eu me revelo para meus sogros. Não vou me acanhar, vou comer como se não houvesse amanhã. É isto!

Tem um lombo recheado... Meu Senhor, essa farofa parece estar divina. Meu peru não fica atrás, modéstia à parte. O arroz está delícia, apesar de ter passas... A salada que Izumi trouxe... Meu Deus, vou morrer de tesão!

Acho que meus olhos estão brilhando... Não me culpem, isso aqui está maravilhoso!

Amém Natal!

Todos sentamos... Ai, eu começo por onde? Eu já estou pensando na sobremesa...

Boy, é hoje que eu engordo!

― Fiquem à vontade! ― Mikoto falou e começou a cortar o lombo.

Ah, sogrinha, hoje você vai me conhecer à vontade!

Só espero que não se assustem...

― Hoje pode sair da dieta de modelo, não é, Sakura? ― Izumi perguntou.

Tu não faz ideia!

― Claro... ― Sorri.

― Pois é, Sakura e a dieta dela... A dieta do “só se vive uma vez”... ― Sasuke falou baixinho a última parte.

― Só se for a dieta dos olhos... ― Meu pai falou. ― Come tudo que vê.

― Não creio que a Sakura fará dieta algum dia. ― Minha mãe está partindo o peru.

― Sério? Ela sempre come pouquinho com a gente. ― Mikoto serviu o prato do Sasuke.

26 anos e sendo servido pela mãe, meu noivo é mimado ou não?

Mas também ela só serviu o Sasuke e ela mesma.

Minha mãe me serviu, se passando. Desde meus oito anos de idade que quem me serve sou eu mesma.

― Deve ser pra não assustar... Ela sempre comia antes de ir para um encontro com algum garoto. ― Mainha falou.

Ah, foda-se, tem comida natalina na minha frente, vou nem ligar para as histórias.

― Desde aquele garoto que comprou um milkshake e não dividiu. ― Meu pai riu.

― Sakura já teve outros namoradinhos? ― Essa palavra saindo da boca do meu sogro... Nem parece ele...

― Vixi! Mudava mais de crush que de calcinha! ― Tem informações que não precisam ser passadas, alguém fala isso para minha mãe.

― O Sasuke sempre foi mais reservado, nunca trouxe uma garota aqui além da Sakura... ― Mikoto sorriu.

― Foi pouco usado, meu irmão... ― Itachi riu.

― Cala a boca! ― Sasuke revirou os olhos.

Vou ficar de boas aqui na minha, só curtindo a comida. Quem liga para meu leque de date ruim? Ninguém! Estou noiva, estou comendo uma comida maravilhosa, estou ao lado de gente que amo... Pode cair o mundo!

― Sakura só ficava com gente sem futuro, ela sabia disso, então nem levava. Nunca levou nenhum... ― Minha mãe balançou a cabeça em negação. ― Estamos esperando ela levar o Sasuke, esse sim tem futuro! Seu filho é um amor, estão de parabéns.

― Obrigada... Sempre tentamos criar nossos filhos da melhor forma possível. ― Mikoto sorriu.

― O Sasuke é um rapaz de ouro, nossa fofinha acertou dessa vez... E com uma família incrível, vocês são gente boa demais... Passem lá em Natal pra tomar um cafezinho, qualquer dia... ― Meu pai deu uns tapinhas nas costas do Fugaku.

― Ah, eu já viajei muito, mas nunca fui em Natal, acreditam? ― Mikoto riu. ― Fugaku já deu palestra por lá, mas eu nunca fui.

― Cidade bonita, mas passei pouco tempo. Nunca curto muito as viagens sem a Mikoto. ― Ele sorriu para minha sogra.

Ai, que fofos!

― Sakura, leve o Sasuke e a família dele... Seu apartamento lá vive fechado, deve tá só o mofo. ― Minha mãe reclamou.

Concordei com a cabeça.

― Meu apartamento estará de portas abertas... ― Sorri e voltei a comer.

― Ela tem um apartamento enorme lá, desses de rico mesmo, um apartamento por andar... Em Areia Preta, bairro de gente fina. Mas acham que ela já pisou lá? ― Minha mãe soltou um resmungo. ― Pediu a uma arquiteta pra fazer a decoração, deu as opiniões daqui mesmo e mandou a gente cuidar de tudo. Merecia uma surra!

― Eu estava ocupada aqui, mãe, ainda estou no início da minha carreira! ― Revirei os olhos.

― Apesar de não ir em casa, nossa fofinha nunca parou de olhar por nós... Nos ajudou muito, sempre tivemos dificuldade financeira. Apesar de desistir da medicina, ela nos dá muito orgulho. ― Meu pai sorriu.

― Sim... Um fato, a Sakura sempre foi uma filha maravilhosa, apesar dos desgostos no quesito namorados... ― Minha mãe afagou minhas costas.

Olha aí o assunto melhorando... Venci na vida!

― Vocês não têm ideia do quanto eu me sinto vitoriosa por ter certa exclusividade com a Sakura para minha marca. Pensa numa garota concorrida! ― Mikoto riu. ― Todo encontro de moda é a mesma ladainha dos concorrentes... Todo mundo quer a Sakura. É claro que ela posa para outras marcas, mas ela é da M.U. e não abro.

Ouvir isso da pessoa que você sempre admirou é incrível. Acho que meus olhos se encheram de lágrimas. Não sei se pela comida maravilhosa em minha boca ou se pelo elogio.

― Eu é que agradeço por ser tão bem acolhida na M.U. ― Sorri.

― Quem não é fã da Sakura hoje em dia? ― Izumi riu.

― E eu achei que ela não duraria um dia aqui no Sudeste... ― Mainha comentou. ― A gente ralou para conseguir o dinheiro pra ela vir... Ela ajudou muito, sempre batalhou pelo sonho dela. Mas...

Bateu uma bad agora... Eles não acreditavam em mim? Porque, tipo, eu nunca fui muito de acreditar em mim. Adeus carreira, se meus pais não acreditam!

― Bem, sempre acreditamos no potencial dela... Minha fofinha é linda demais para ser rejeitada por esse mundo aí de vocês. Mas, a verdade é que a gente achava que ela ia gastar tudo com lanches. ― Meu pai falou.

Engasguei com a droga da farofa depois dessa. Farofa deliciosa, desperdício eu tossir nesse momento...

― Eita! ― Mainha começou a bater em minhas costas. ― Mas é verdade, ela nunca foi muito madura... Não podia ver uma coxinha.

Precisavam falar isso? Não precisavam! Boy, que vergonha!

Todo mundo riu dessa.

Eu estou mais vermelha que meu vestido, certeza, e não é pela falta de ar.

― Eu tô vendo que ela come bem. ― Itachi riu.

Faz um tempinho que ele está só me encarando, então é isso. Eu já vou no segundo prato... Não me julguem, a comida tá uma delícia!

― Pode comer mais, querida, tem muita comida aqui... ― Mikoto sorriu toda simpática.

― A Sakura é incrível, podem ter certeza que ela tem potencial para crescer cada vez mais. ― Sasuke me olhou todo apaixonado. Como não amar este homem? ― Pode deixar que vou alimentá-la direitinho. ― Mas tem hora que dá vontade de bater nessa perfeição, né?

― Será que temos um sobrinho aguardando? Por isso ela está comendo muito? ― Itachi indagou com um sorrisinho travesso.

Esse assunto de novo?

― Meu sonho ter netinhos para estragar! ― Mikoto sorriu radiante.

― Zero bebês, menstruação 100% em dia, anticoncepcional sempre. ― Sim, estou saturada do assunto.

― Está muito cedo mesmo, curtam um pouco a vida de casados... Criança dá trabalho. ― Fugaku riu.

― Isso porque quem tinha que limpar os bonitos aqui era eu... ― Mikoto revirou os olhos.

― Mãe é mãe... ― Mainha concordou rindo.

Morro de vontade de ser mãe, mas não agora... Deus me livre, juro que não tenho uma gota de psicológico para isso agora!


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