Produtos Uchiha escrita por ICLP, Hitari Amai, Evil Queen 42, ExoLina42


Capítulo 25
Pra quando é o casório?


Notas iniciais do capítulo

Então... Ia ser ontem, mas por motivos técnicos, ficou pra hoje...

Enjoy...



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Preciso dizer qual foi a pauta do jantar na casa dos meus pais? Não, né?

Ficaram a noite toda me questionando sobre meu "relacionamento" com Sakura, e meu pai me repreendeu por não tê-la levado para jantar.

"Seu irmão traz a Izumi para as reuniões de família", tive que ouvir isso pelo menos cinco vezes da boca do meu pai, e fiquei imaginando por que o Deidara não apareceu dessa vez.

Sim, meu irmão corta para os dois lados, estou profundamente convencido disso. Meus pais dizem que é exagero, que Deidara é somente um grande amigo de infância do Itachi, mas Naruto ― com exceção do Sai, que vira o rosto masculinamente ― sabe reconhecer um dos dele. Itachi é bi, certeza!

Mas, ao contrário de Itachi, eu nunca senti atração por homem, sempre fui totalmente hétero e nunca cogitei ficar com alguém do mesmo sexo, nem que esse alguém fosse o Batman. E olha que o Batman é... porra, o Batman!

Me limitei a respostas como "Somos amigos", "Não acreditem em fake news" e coisas do tipo, fingindo não ouvir as claras provocações do meu irmão à mesa... Argh, ele faz isso desde que éramos pirralhos! Não preciso que Itachi insinue que eu tenho uma... namoradinha?! Ah, vá se foder!

E qual foi o prato que mamãe mandou preparar especialmente para seu bebê mais novo? Camarão! Porque eu amo camarão, mas fiquei me lembrando da Sakura e do constrangedor acontecimento na casa dela, e eu não estou falando da Condessa sarrando em mim.

Eu, sinceramente, ainda estou processando tudo o que aconteceu. Num dia eu estava naquela brotherzone eterna, aí, do nada, a Sakura me vem com uma bomba sobre minha sexualidade e, logo em seguida, diz que gosta de mim.

Caralho, isso parece uma fanfic! Mas não, não é fanfic, isso é a vida real, a mais pura realidade... minha realidade!

Ok, não foi a declaração de amor que eu estava esperando. Na verdade, cheguei à conclusão de que, na outra vida, a Sakura foi o iceberg que afundou o Titanic... E antes disso ela foi a era do gelo. Certeza!

Todavia, ela gosta de mim. Caralho, ela gosta de mim!

Não canso de pensar nisso, meu coração até se aquece com o pensamento. Sakura gosta de mim, porra!

Quando ela veio com aquele papo de eu ser gay, primeiro fiquei puto. Mas é claro que muita coisa fez sentido. Depois eu achei graça, porque eu fui muito retardado e ela muito lerda. Agora eu estou mais do que de boa.

Eu nunca engatei um relacionamento na minha vida. E agora, como faz?

Tipo, eu gosto da Sakura, a Sakura gosta de mim... Em que época do ano marcamos o casamento?

Não sei resolver essas coisas. Não sei como diabos isso vai ficar.

Resolvi pedir ajuda para a pessoa mais recomendada nessas horas: Minha mãe.

Depois do jantar, chamei a dona Mikoto para tomar um ar no jardim, e ela imediatamente percebeu que eu gostaria de falar com ela.

Esse lugar nunca mudou desde a minha infância, eu adorava correr por aqui com uma capa preta amarrada ao pescoço como o Batman. Bons tempos... Eu tinha a máscara também, claro. E a roupa. E acessórios. E vários bonecos. HQ's. Fitas cassetes. Quebra-cabeças. Roupas de cama. Materiais escolares. Toalha. Escova de dentes. Enfim, eu tinha muita coisa do Batman.

Na verdade, até hoje quando vou comprar escova de dentes eu fico olhando as infantis com design de heróis ― muito mais bonitas do que as da minha época ― e fico pensando entre minha dignidade e minha extrema felicidade.

― Você quer conversar comigo sobre o que? ― Mikoto me tirou de meus devaneios, então baguncei os cabelos com um sorriso meio amarelo no rosto. ― Eu sei que você não me chamou pra vir até aqui somente pra andar e olhar o jardim. Até porque você conhece esse jardim melhor do que a palma da sua mão.

Conheço mesmo, pois adorava explorá-lo. À noite eu costumava pegar uma lanterna para desbravar os cantos mais remotos desse enorme jardim. E uma vez apanhei por ter cavado buracos para esconder "tesouros" e encontrá-los depois... e por ter sujado a casa com terra.

― A verdade é que a Sakura e eu estamos enrolados. ― Admiti.

― Enrolados? ― Arqueou uma sobrancelha. ― Ah, esses relacionamentos modernos...

― Não é relacionamento. Mas eu quero que seja.

― Então pede pra ela.

Ah, como se fosse tão fácil assim.

― Eu gosto da Sakura, e hoje descobri que ela também gosta de mim.

Não vou entrar em detalhes sobre ela ter passado meses acreditando que eu sou gay.

― Pede ela em namoro. ― Deu de ombros. ― Ah, eu adoraria tê-la como nora... Creio que ela e a Izumi vão se dar muito bem! ― E o Deidara. ― Quem sabe eu não organize um jantar para ela...

Ela se empolga. Mulheres...

― Eu não sei como resolver isso. ― Expliquei. ― Não tenho experiência em relacionamentos sérios. ― Dei de ombros.

― Chama-a para jantar amanhã. ― Mamãe falou empolgada. ― Compra algum presente, uma joia talvez. ― Alianças de casamento, será? ― Ou algo que seja significativo... Agrade-a. Chame-a para comer num lugar que ela goste. ― Quiosque de temaki doce. Definitivamente não... ― Diga o quanto você gosta dela... Diga que quer compromisso.

― Foi assim com a senhora e o papai?

― Não. ― Ela riu. ― Seu pai era tão lerdo que eu tive que pedi-lo em namoro.

Acho que já sei de quem herdei essa lerdeza.

― Não me parece muito romântico.

― E não foi. ― Tornou a rir. ― Eu falei "Eu gosto de você, você gosta de mim. O que acha de a gente namorar?". E foi assim.

Tão direta e fria quanto a Sakura.

Mamãe propôs relacionamento como alguém propõe um passeio.

E, conhecendo a Sakura como eu já conheço, suponho que se eu falar um "eu te amo" ela vai me responder com um "eu sei".

― Acho que a ideia da senhora foi a mais clichê possível. Chamar pra comer, levar um presente, falar de romantismo... Típico de filme.

― Sempre dá certo.

"Sempre" é uma palavra muito forte.

― Acho que vou chamá-la pra almoçar. ― Dei de ombros. ― Vou passar o dia ocupado na M.U., o aniversário da empresa está chegando. É certo que à noite vou estar moído.

― O que vale é a intenção. Mas tire um tempo pra comprar alguma coisa pra ela. ― Enfatizou.

Meu horário de almoço é de 11:30 até às 14:00. Acho que posso estender até às 14:30... 15:00... Ora, sou o presidente!

Tenho até amanhã para pensar no presente perfeito e no restaurante perfeito para almoçar.

Não posso acabar marcando esse encontro no McDonald's... ou posso?

 

[...]

 

Dei uma pausa no trabalho para tomar um café e me esticar um pouco. Não tem coluna que aguente essa minha rotina.

É tão chique quem tem a coluna boa. Eu tenho 26 anos com humor de 50, mentalidade de 10 e coluna de 90. Tenso.

Terceiro copo de café... Terceiro ainda.

Olhei no relógio de pulso. São 9:30, ainda falta um pouquinho para o meu horário de almoço.

Já mandei mensagem para Sakura ontem, e confirmei hoje, vamos sair para almoçar. Eu não sou muito bom em escolher locais românticos, e precisamos ir num lugar não muito longe para eu não perder muito tempo do meu almoço ― então nada de Susano'o ―, por isso eu decidi que deixarei a Sakura escolher o local do encontro. Melhor jeito de agradar.

― Bom dia, chefinho. ― Naruto apareceu cantarolando e pegou um copo descartável para pegar um pouco de café também.

Naruto é aquela pessoa que chega a irritar por começar o dia feliz da vida. Gente, quem amanhece sorrindo até para o vento? Ok, Sakura é assim, mas ela é... Sakura.

― Rolou o que ontem à noite pra você estar nessa felicidade toda?

― Ai, tem tanto homem lindo no Tinder! ― Os olhos dele brilharam. ― Aquilo é um paraíso.

― Faça bom proveito.

― Ah, farei! ― Riu, tomando um gole de café. ― E você, por que está nervoso?

Adianta esconder algo do melhor amigo? Não, é como esconder algo da mãe.

― Vou propor compromisso à Sakura. ― Contei.

A cara do Naruto foi impagável. Ele parece surpreso, incrédulo, emocionado... tudo junto.

― Santa Adele ouviu minhas preces! ― Ele falou todo emocionado. ― Meu shipp é real!

― Menos, bem menos...

― Eu já sabia que ela estava caidinha por você! Só espero que aquela Vênus em Gêmeos não massacre sua ingênua Vênus em Peixes. Mas você descobriu que Sakura tem um coração naquele peito, isso é lindo.

― Não precisa ficar me chamando de ingênuo... ― Pelo menos não chamou de trouxa. ― Eu sou bem pé no chão.

― Aham... Quantas vezes você já pensou numa cerimônia de casamento, hã? ― Arqueou a sobrancelha e me encarou com um ar desafiador. ― E os nomes dos filhos, já pensou?

― Vamos mudar de assunto. ― Murmurei sem fitá-lo. ― Quero sua ajuda de novo.

― Manda lá.

― De que forma eu posso propor um relacionamento à Sakura?

― "Você é diva, te amo, quer namorar comigo?". Sem segredo, Sasuke.

― Isso é tão óbvio.

― Você pode chegar pra ela cantando. “Linda, só você me fascina... Te desejo muito além do prazer...” ― Cantarolou, me fazendo revirar os olhos. ― “Vem conquistar meu mundo, dividir o que é seu... mil beijos de amor, em muitos lençóis... só eu e você...”

― Chega! ― Pus um fim na cantoria. ― Quero dar um presente pra ela. Pensei numa joia.

― Apoio dar uma joia. Que tal uma pulseira?

― Quase não vejo a Sakura de pulseira. ― Falei pensativo.

― Você conhece a Sakura bem, Sasuke! ― Falou como se fosse óbvio. ― Você certamente vai bater os olhos em algo e concluir se ela vai gostar ou não. Faça-me o favor.

Suspirei pesadamente.

O que a Sakura gosta? Doce. Mesmo que eu lhe dê uma imensa caixa de brigadeiros gourmet, eles vão ser digeridos. Quero dar algo simbólico, que ela possa guardar com carinho.

― Eu vou à joalheria mais tarde.

Ok, Sasuke, você consegue. Você já conseguiu sozinho se vestir de forma que agradou a Sakura, vai saber escolher um presente para ela... Além dos brigadeiros, óbvio. Com certeza vou dar brigadeiros.

Saí da M.U. no meu horário de almoço. Primeiro busquei os brigadeiros que encomendei com antecedência, então fui à joalheria do Shopping que fica próximo à empresa.

Tentei não olhar as alianças e anéis de noivado, isso fica para depois. Daqui a alguns meses, quem sabe.

Um colar, com certeza a Sakura gostaria de um colar.

Olhei alguns grandes e cheios de pedras brilhantes, mas nada que me agradasse muito.

Por quê? Bem, um colar desses seria usado por Sakura apenas em alguma ocasião especial, ao contrário de uma aliança que ficaria em seu dedo o tempo todo... Argh, aliança agora não!

Foi quando bati os olhos nas correntinhas. Os colares finos e delicados, desses que as pessoas podem usar durante o tempo todo.

Bingo!

Comprei um colar de ouro para Sakura e fui procurar por um pingente. Precisa ser algo bonito e delicado, algo que dê para ela usar o tempo todo sem incomodar.

Estrelas, borboletas, coroas, letras, até símbolos de signo... São tantos pingentes, nem sei o que escolher.

Já que é algo simbólico, acabei optando por um coração. Sim, um coração de ouro com rubi.

Próxima parada: Casa da Sakura.

O trânsito estava bem leve para ser horário de almoço. Não achei ruim, claro, só me ajudou a não demorar a chegar.

Minha entrada foi liberada e entrei com o carro pelo jardim da Sakura. Parei em frente a porta da casa e esperei ela sair.

Pense numa mulher bonita da porra!

Sakura apareceu tão simples e tão linda. Ela usa um macaquinho vermelho de mangas compridas e costa nua, um rabo de cavalo, nos pés usa sapatos pretos não muito altos, sua pequena bolsa é com estampa preta e branca que ela já me falou o nome, mas não lembro. A maquiagem não é forte, os olhos não estão marcados com preto, e o batom é cor de boca... Nude que fala, né? Como acessórios ela usa apenas um grande anel com pedra preta no dedo indicador e brincos de argolas.

Linda pra caralho!

Agora me veio à cabeça a música que Naruto cantou mais cedo.

Claro que a cumprimentei rapidamente e abri a porta do carro para ela. Sou um cavalheiro.

― Quer comer onde? ― Indaguei enquanto afivelava meu cinto de segurança.

― Que tal comida japonesa?

Hum... gosto.

― Ótimo... Ah! ― Peguei a caixa de brigadeiros no banco de trás e lhe entreguei. ― Pra você.

Os olhos verdes brilharam quando ela abriu a caixa.

― Brigadeiros gourmet!

Eu continuo achando que o termo "gourmet" só serve pra deixar as coisas mais caras. Mas naquele dia a Sakura preparou mesmo um brigadeiro de forma diferente, sem ser margarina, leite condensado e achocolatado... Talvez tenha algo de especial mesmo...

Ah, foda-se, a Sakura gostou.

― Tão lindos, dá até dó de comer. ― Ela comentou emocionada.

― Sério?

― Não.

A criatura pegou um enorme brigadeiro e levou à boca... Isso porque vamos almoçar.

Sakura sendo Sakura.

― Você não muda... ― Não contive o riso.

Decidi ligar o som para tornar o clima agradável. Creio que não vamos nem dialogar, porque Sakura provavelmente vai devorar seus brigadeiros no caminho até o restaurante.

Isso é uma traça!

Liguei o som do carro e nesse momento meu coração deu um negócio que não sei nem explicar...

"Linda, só você me fascina...Te desejo muito além do prazer...".

Incrível como música meio que fala por nós às vezes, né?

Mas acho que a Sakura nem notou que eu liguei o som. Está concentrada demais nos seus brigadeiros. Já tem três espaços vazios dentro da caixa.

Hoje eu vou realizar um sonho pessoal que passei a possuir desde que conheci a Sakura: Levá-la a um rodízio!

Sim, rodízio de comida japonesa, ela vai poder comer até estourar. Creio que o gerente do estabelecimento vá chorar pelo prejuízo, mas eu quero ver a Sakura feliz. Imagino aqueles hashis se tornando verdadeiras katanas destruidoras de sushi na mão dela.

Chegamos ao restaurante e Sakura já havia detonado cinco dos brigadeiros da caixa.

Acho que de hoje em diante metade do meu salário vai em comida pra Sakura.

Pegamos uma mesa reservada, então sentamos um de frente para o outro.

Gosto desse restaurante, é bem agradável.

― Então... ― Pigarreei. ― Eu queria saber... ― Quando vamos marcar o casamento. ― sobre nós?

Sim, fui direto ao ponto. Chega de rodeios, já perdi tempo demais.

― Sobre nós?

― É.

― Sobre... Sobre como vamos ficar? ― Ela se mostrou meio sem jeito...

Agora, frente a frente com Sakura, notei um detalhe na roupa dela. O macaquinho, mesmo fechado na frente, tem um detalhe com um tecido meio transparente da mesma cor que me permite ver um pouco dos seios dela. Um decote sem decote, posso dizer assim.

Sakura é sexy sem ser vulgar, de fato. Ela não precisa de muito para seduzir.

Desviei os olhos dos seios dela para os olhos. Foi um breve devaneio, ela deve estar pensando que eu sou um tarado.

― Eu te amo, Sakura...

― Eu sei. ― Porra!

― Só vai dizer isso?

Ela suspirou pesadamente. Parece estar pensando no que dizer. Sakura não é muito romântica.

― Eu também te amo, Sasuke. ― Ah, agora sim! ― Aconteceu sem ao menos me dar conta. ― Deu um sorrisinho.

Como ela pode se declarar de forma tão indiferente?

Respirei fundo.

Não, isso não vai ser como em uma daquelas fanfics idiotas que eu me iludi enquanto lia. Não vai ter juras de amor eterno, nem lágrimas, nem nada do tipo. Tampouco vai ser como naqueles filmes água com açúcar feitos para iludir adolescentes.

Vida real é foda. Uma coisa bem crua mesmo, mas é a realidade.

― Então... ― Falei. ― Eu admito que já tive uma paixão platônica por você. ― Sorri sem graça. Isso é tão coisa de adolescente. ― Acho que o negócio se concretizou com a convivência, não sei... Eu gosto mesmo de você, Sakura. E não é de hoje.

― Boy, você é tão fofo. ― Ela riu. ― Me conquistou fácil com isso, sabia? Tentei tapar o sol com a peneira, admito.

― Pois é, mas agora estamos resolvidos. Ou quase... Bem, você já sabe que eu não sou gay...

― E como sei! ― Ela se abanou. Pervertida!

― Então... ― Sorri de canto. ― Podemos repetir aquilo mais vezes. Não só aquilo, se é que me entende... E por muito tempo.

Os olhos verdes brilharam e por um instante imaginei ter usado as palavras certas e criado o clima perfeito, mas não, era só o garçom trazendo as peças de sushi.

Senti vontade de derrubar isso, ou de mandar voltar. Quando consigo começar a pensar no pedido, eis que a outra paixão da vida da Sakura chega: Comida.

― Continua falando, tô ouvindo. ― Ela disse empolgada, olhando para os sushis já com os hashis na mão.

Melhor deixar pra lá, né? Ela está concentrada demais na comida.

Peguei os hashis para mim também e provei um sushi.

Ah, melhor restaurante japonês da cidade, Ichiraku.

Primeiro eu pensei que seria melhor esperar a Sakura terminar de comer para fazer o pedido, mas creio que isso não acontecerá tão cedo.

― Quer namorar comigo?

Meu pedido fez Sakura se engasgar com o sushi.

Ofereci um copo com chá gelado para ela, então a rosada pegou e bebeu alguns goles.

O que tinha na minha cabeça? Está muito cedo pra um relacionamento sério, mas nós nos gostamos.

Isso, Sasuke, você cagou tudo de novo!

― Como? ― Ela tossiu um pouco, mas o sorriso no seu rosto era perceptível.

― Eu tô propondo compromisso, Sakura. Acha que eu ficaria com você por um prazer momentâneo? Não, eu não sou assim. Eu quero mais, muito mais. Eu quero você como minha namorada, minha companheira.

― Isso me pegou de surpresa. ― Ela sorriu sem graça. ― Acho que eu tô tremendo.

O golpe foi forte mesmo, ela até largou os hashis.

― Qual é sua resposta? ― Indaguei seriamente, já me preparando para um golpe no coração.

Sakura se mostrou mais calma, então colocou um sorriso meigo no rosto.

― O que você acha?

― Ah, Sakura, não faz isso!

Ela riu.

Ela se diverte com a situação. Sádica!

― Sabia que você fica muito fofo quando está assim, todo desconcertado? ― Ela deu um risinho e eu suspirei. ― Eu já disse que gosto de você, Sasuke, quer mais o que? ― Ela pegou uma peça de sushi com os hashis e levou à boca. ― É claro que eu aceito namorar com você.

Não foi uma coisa romântica, mas me alegrou... E alegrou muito!

Quer dizer, ela aceitou meu pedido da maneira mais Sakura possível: levando uma peça de sushi à boca.

Gosto desse jeito Sakura de ser. Ela trata tudo com a mesma naturalidade, e é assim que eu sei que ela está sendo sincera.

Se bem que às vezes ela se empolga e pula em mim. Acho isso melhor ainda!

― Eu pularia em você se não estivéssemos no meio de um restaurante... ― Ela sussurrou se curvando sobre a mesa.

Ri, pois sei que ela pularia mesmo... Pelo jeito que ela está balançando as pernas, está mesmo se contendo.

― Tenho uma coisa pra você. ― Retirei uma caixinha de veludo azul do bolso e entreguei para Sakura. ― Espero que goste.

Sakura pegou a caixinha e abriu, então sorriu ao ver o que há dentro.

― Sasuke, que amor! Obrigada!

― Quer que eu coloque em você? ― Perguntei da forma mais romântica que consegui.

― Não precisa, eu consigo colocar sozinha.

Suspirei derrotado, vendo ela colocar o colar.

O que fazer se eu amo essa insensível?

 

[...]

 

Depois de almoçar com a Sakura, voltei para a M.U. morto de feliz.

Feliz por dois fatores: estou oficialmente namorando a Sakura e consegui saciar a fome dela.

Bom, pelo menos eu acho que consegui... Ou talvez ela só tenha parado porque meu horário de almoço não é infinito. Fica aí o questionamento.

A verdade é que os garçons já estavam começando a passar longe da nossa mesa pra ver se ela parava.

Acredito que os repórteres voltaram com a ideia de relacionamento entre nós dois, pois a frente da empresa estava lotada deles quando saí... Pelo menos é real dessa vez, só não sei como sabem. Será que concluíram isso só pelo nosso almoço?

Enfim, analiso depois.

Só agora estou chegando em casa morto, mas de cansado. Eu trabalho praticamente o dia todo sentado, ainda assim fico cansado pra caramba. Minha coluna dói e meus olhos ardem um pouco por conta do computador. Acho que vou ter que usar óculos de descanso, mas depois eu vejo isso. Depois procuro um oftalmologista.

Tirei os sapatos e larguei no chão da sala, tirei a camisa e também larguei no chão. Desabotoei a calça, abri o zíper e me joguei no sofá.

Que cansaço da porra!

Olhei para o sofá menor, onde o Mr. Black Label dorme soberano, todo arreganhado.

Já são oito da noite, será que peço pizza? Ah, depois, meu celular está longe de mim.

Pensei em ligar a televisão para assistir alguma coisa, mas o controle está longe também e eu não consigo pegá-lo usando telecinese. Não vou levantar. Preguiça reina.

O aniversário da M.U. vai ter o tema de signos, já decidi. É algo que está bem na moda, e cada convidado vai ter que expressar em seu traje algo que tenha a ver com seu signo.

Ainda não vi nada sobre o meu, só sei que não vou colocar uma juba na cabeça, tampouco vestir minha armadura do cavaleiro de Leão ― embora eu queira muito ―, mas já andei dando uma olhada no signo da Sakura... Ah, sim.

Primeiro: Ela certamente não vai vestida de bode, ou de carneiro, ou seja lá que bicho chifrudo for aquele que simboliza o signo dela. No entanto tudo indica que ela vai de vermelho, ou qualquer coisa relacionada ao fogo. Juro que por um instante pensei em Jogos Vorazes. Ah, sim, eu adoraria vê-la em chamas.

Estou animado para esse evento.

Ouvi a campainha tocar e senti vontade de matar o porteiro por ter deixado alguém entrar sem ter interfonado antes. Mas, para isso ter acontecido, deve ser alguém cuja autorização para entrar eu já dei.

Levantei a contragosto, subindo o zíper, e fui abrir a porta. Acho que minhas energias até foram recarregadas quando eu vi a Sakura.

― Oi. ― Esbocei um sorriso. ― Apareceu sem avisar... ― Pra variar.

― Desculpa. ― Ela falou sem jeito. ― Estou atrapalhando?

Dei passagem para ela entrar e fechei a porta. Senti que ela deu aquela secada em meu corpo, já que estou sem camisa.

― Óbvio que não. ― Respondi. ― Acabei de chegar da M.U.

― É, percebe-se. ― Assentiu.

Sakura caminhou para o meio da sala e eu fiquei até constrangido por ter largado meus sapatos e minha camisa de qualquer jeito no chão.

Ela vai achar que eu sou uma pessoa relaxada... Ah, dane-se, temos que aprender a conviver com os defeitos um do outro.

Inclusive eu já percebi que ela tem TOC. Pois é... Ela pegou minha camisa do chão e dobrou, deixando sobre a mesinha de centro, e botou meus sapatos de uma forma mais organizada próximos à mesinha.

― Boy, que fofinho! ― Sakura falou encantada e pegou seu celular, abrindo a câmera. ― Olha o bilotinho dele...

Revirei os olhos.

― Sakura, para de fazer nude do meu gato.

― Seu gato já é um nude. ― Retrucou.

Sim, ela fez foto do Mr. Black Label arreganhado. Meu bichano já não tem mais privacidade.

Mas o Mr. Black Label acordou, pois ele tem uma espécie de radar que avisa quando o perigo se aproxima. No caso, na cabeça dele, Sakura é o perigo eminente.

O pequeno felino logo mostrou os dentes pra Sakura.

― E lá vamos nós... ― Revirei os olhos. ― Mr. Black Label, seja mais amigável com a Sakura, pois ela agora é sua madrasta.

Sakura riu.

― Por falar nisso, você não abriu o Facebook ou Instagram hoje, né?

Facebook e Instagram? Alguém acha que eu tive tempo para pensar nisso hoje? Não... E eu não estava a fim de ver meme.

― Não. ― Peguei meu celular no bolso e abri o Facebook. ― Vou olhar agora.

Abri a página da Sakura e vi que ela tinha postado uma foto que ela tirou no horário de almoço, com a legenda “Agora sim é oficial, podem falar à vontade”.

Abri o Instagram, nele tinha uma postagem oficial no feed, com a mesma foto do Facebook, e outras fotos nossas nos stories.

― Você não perde tempo. ― Comentei com um meio sorriso.

Sakura me abraçou e me deu um selinho nos lábios.

― E você acha que eu perderia? Um homão da porra desses.

Abracei a rosada pela cintura e a ergui do chão, então a beijei.

Porra, por quanto tempo eu quis isso, cara! Muito tempo. Mas agora ela é minha, minha!

Por isso tinha tanto repórter na frente da M.U.

Com certeza esse post na página da Sakura está dando o que falar nas redes sociais e sites de fofoca, isso sem falar nos memes. Mas agora o negócio é de verdade, então deixe que falem! Eu estou feliz demais para me importar.

― Espera aí. ― Falei, colocando a Haruno no chão.

Imediatamente postei a mesma foto de Sakura em minha página do Facebook e em meu Instagram. Pensei em colocar “#MeAmaMaisQueComida”, mas eu tenho minhas dúvidas quanto a isso, então apenas usei a mesma legenda que ela.

Minha vida está completa. Espero que logo saiam notícias sobre nosso futuro casamento.

Sasuke, pare de se iludir. Um passo de cada vez, homem!

― Acho que viramos o casal do ano. ― Sakura comentou. ― Brad Pitt e Angelina Jolie e Fátima Bernardes e William Bonner se separaram, mas o amor ainda existe.

Rimos do comentário. Realmente quando esses dois casais se separaram foi um choque.

― É. ― Deixei meu celular em cima da mesinha de centro.

As fanfics vão bombar mais ainda agora que SasuSaku é canon.

Não, eu não leio mais essas coisas. Me recuso a ler qualquer coisa onde o personagem tenha o pau maior do que o meu... É deprimente, além de ser surreal.

― Já está pronta pra conhecer a sua sogra? ― Indaguei como quem não quer nada.

― Ah, Sasuke, não é assim! Eu preciso de um preparo psicológico maior.

Não pude deixar de rir. Ela fica tão engraçada quando está insegura por causa da minha mãe.

― Ela adora a Izumi, e com certeza vai te adorar também.

― Boy, me dá até um frio na barriga... ― Suspirou. ― Sasuke, eu preciso mesmo?

― Uma hora vai precisar. ― A puxei para perto de mim novamente, abraçando-a. ― Mas não precisamos pensar nisso no momento.

Sakura sorriu maliciosa e me beijou.

Mas é como eu sempre digo: A vida ama me foder, mas essa nem me beija antes. Pois é, quando o beijo estava começando a esquentar, eis que o Mr. Black Label, de alguma forma, simplesmente voou em cima de nós.

Sakura e eu nos afastamos rápido, assustados. O pequeno felino caiu de pé sobre a mesinha de centro e mostrou os dentes para Sakura.

Ah, bicho ciumento!

― Boy, não faça isso. Gato maluco!

Meu coração quase saiu pela boca.

― Que malcriado. ― Briguei. Não, pera... Fui eu que criei!

― Bicho possessivo. ― Ela resmungou. ― É capaz de ele te botar de castigo, Sasuke.

Fiz uma careta. Ela acha que quem é dono de quem aqui?

― Ele só está mais enciumado do que o normal.

― Aceite a realidade, Catwise! Vai ter que dividir sua fonte de carinho! ― Sakura brigou, então o Mr. Black Label miou para ela com ferocidade. ― Ele disse "É bom ter estômago para a disputa, humana".

Olhei confuso para ela.

― Sakura, desde quando você é tradutora de miados?

― Desde que eu conheci essa coisinha pelada. ― Deu de ombros. ― Acredite, eu vejo claramente uma aura negra em torno dele toda vez que ele olha pra mim.

Ah, então ela agora sabe decifrar o que o gato "diz". Misericórdia, é pior do que eu pensava.

― Vai existir um dia em que vocês se darão bem? ― Indaguei com pesar.

― É mais fácil a gente se casar amanhã mesmo.

Opa! É pra já!

― Será que o cartório tá aberto? ― Questionei como quem não quer nada, então levei um tapa de leve no ombro.

― Bobo! ― Ela riu.

Quando Sakura me deu um tapinha no ombro, o Mr. Black Label a encarou com sangue nos olhos e começou a miar feito um desesperado.

Sim, essa disputa será acirrada.

Eu não acredito que vou ter que escolher entre meu bicho de estimação e minha namorada. Não é justo!

― Isso não está dando certo. ― Suspirei. ― Acho que vou trancá-lo no quarto.

― Aproveita e chama um padre... um exorcista.

Sakura gosta, ela gosta de zoar com o bichano... Mas admito que dessa vez até eu estou concordando com ela. Parece que o Pazuzu tomou conta do corpo do meu gato inocente.

Peguei o pequeno felino ciumento ― tentando me arranhar ― e o tranquei no meu quarto. Espero não encontrar nada quebrado e nem rasgado quando eu o libertar. O bichinho está revoltado.

Tenho certeza de que a Sakura será uma boa madrasta, ele vai ter que aceitá-la por bem ou por mal.

― Pronto, você já está fora de perigo. ― Falei assim que saí do meu quarto e fechei a porta.

Sim, ouvi miados desesperados, quase dramáticos, assim como também ouvi o barulho da porta de madeira sendo arranhada pelas unhas do Mr. Black Label.

Devo me preocupar?

― Já comeu? ― Sakura questionou, mas é como se ela já soubesse a resposta.

Conto que eu estava a poucos minutos de pedir uma pizza com Coca-Cola? Não, não... Melhor não.

― Ainda não.

― E você ia comer o que?

― Não sei. ― Menti. ― Eu ainda nem havia pensado nisso.

― Vou fingir que acredito que você não ia pedir uma pizza. ― Ela falou simplesmente, caminhando em direção à cozinha.

O que é isso, Senhor? Acho que eu preciso chamar um exorcista pra a Sakura, não pro gato.

― Não é como se eu fosse pedir uma pizza muito gordurosa... ― Acompanhei a rosada. ― Só de muçarela com umas rodelas de tomate e manjericão.

Ora, queijo é saudável, tomate também, e manjericão também. Ela não devia me crucificar por isso.

Ela abriu minha geladeira.

― Boy, precisa fazer compras!

Ainda tem coisa aí que dá para o resto da semana, não é uma coisa urgente.

― Eu vou fazer. ― Respondi.

Ela pegou alguns tomates.

― Você gosta, hein? ― Ela sorriu de canto com os tomates na mão.

Ah, tem como essa mulher ser mais perfeita?

Vem ao meu apartamento para anunciar que nosso relacionamento já é pra lá de oficial, vai com certeza cozinhar para mim, e ainda por cima com tomates!

Quero casar!

Sakura bateu os tomates no liquidificador com alguns temperos que eu não sei nem como usar. Só reconheci o alho e a cebola.

Notei que Sakura está usando o colar que eu dei para ela. Tão linda!

Me aproximei por trás e enrolei seus cabelos soltos em meu pulso, os levando até a cabeça dela, deixando a nuca exposta. Tenho certeza que ela se arrepiou quando encostei meus lábios entre o pescoço e o colar.

Soltei uma risadinha e ela me acompanhou, sentindo cócegas.

— Eu vou te cortar com essa faca. — Me afastei imediatamente. Vai que ela faz isso mesmo.

Ela cozinhou um pouco de macarrão ― integral, pra variar ― e numa outra panela preparou o molho de tomate.

E eu, o que fiz? Sentei numa cadeira e fiquei apenas admirando a Sakura de costas para mim, concentrada no fogão.

― Sasuke, eu sei que você está olhando. ― As palavras de Sakura quase fizeram meu coração vir parar na garganta, mas depois me recompus.

― Se fosse em outros tempos você me perguntaria se o short está bom em você.

Sakura me olhou por cima do ombro, com as bochechas levemente coradas.

Senti vontade de rir.

― Não vamos ficar lembrando disso. ― Ela falou desconcertada, e dessa vez eu tive que rir da situação. ― Então você admite que estava olhando pra minha bunda naquele dia?

― Admito. ― Dei de ombros. ― E você, não ficou me secando naquele dia em que iríamos ver It e você me viu só de toalha? ― Arqueei uma sobrancelha, indagando num tom desafiador.

Sakura virou o rosto totalmente para a frente, notei que ficou meio sem jeito.

― Tá, vamos mudar de assunto.

Quem cala, consente.

Não vou negar que não vejo a hora de chegarmos a um outro nível de intimidade. Mesmo que sejamos adultos, não estamos num relacionamento nem há 12 horas, creio que é cedo demais para eu chamá-la para ir ao meu quarto a fim de fazer qualquer coisa que não seja assistir ou simplesmente dormir.

Meu momento vai chegar!

― Isso aí vai demorar muito? ― Indaguei, sentindo meu estômago roncar. Esse cheiro está me atiçando muito.

Ela colocou o macarrão numa vasilha pequena de vidro e jogou o molho por cima.

― Tem queijo? ― Indagou.

Abri a geladeira e tirei uma bandeja com muçarela fatiada.

― Tem.

― Eu queria ralado.

― O formato do queijo não altera o sabor. ― Ri.

― Ah, não tem nem um pacotinho de parmesão ralado?

Peguei as fatias de queijo e coloquei sobre o macarrão que está saindo fumaça, quentinho. Rapidamente o queijo derreteu.

― Ficou lindo, perfeito. ― Falei.

― Eu quero saber se está gostoso. ― Ela sorriu. ― É o que importa.

Sakura pegou os pratos e os talheres no armário. Sim, ela já é de casa.

― Pra acompanhar... ― Abri a geladeira e peguei uma garrafa com água. ― um delicioso suco de H2O.

― Boy, não tem suco? ― Ela perguntou, mas nem me deixou responder. ― Mal tem comida, né?

Humilha...

Claro que tem comida. Fome eu não estou passando. Como qualquer coisa, nem que seja um sanduíche... Não sei cozinhar mesmo. Às vezes peço à diarista para fazer algo.

— Tem café.

— Serve água mesmo. — Bufou rindo.

Tá... Talvez ela tenha esse enorme defeito que é não gostar de café, mas faz parte.

― Vamos comer, Sakura.

Cara, eu sinto que achei a mulher da minha vida! Até um simples macarrão com molho de tomate que ela faz consegue ser divino. Sakura é muito perfeita.

Óbvio que eu precisei manter a pose perto da Sakura. Qualquer coisa com molho é um convite para sujar tudo, principalmente macarrão. Já ela, nem corre o risco de se sujar.

Não sei se esse relacionamento vai me fazer virar uma pessoa saudável ou se vai me engordar. Acho que preciso frequentar a academia com mais frequência.

Dessa vez eu arrumei a bagunça, porque sou um cavalheiro. Lavei a louça e guardei enquanto ouvia a Sakura reclamar por não ter doce aqui em casa.

Acho que vou manter um estoque de chocolates em algum lugar. Assim, por precaução mesmo... Não tenho mais desde que o Mr. Black Label comeu.

Fomos os dois para a sala depois de jantar. Sakura sentou pertinho de mim e eu a abracei enquanto ela procurava algo de interessante na Netflix.

― Quer assistir o que? ― Perguntou.

― Tanto faz. ― Vou cochilar na metade mesmo. ― Escolhe aí.

― Bonequinha de Luxo. ― Riu.

― Minha mãe adora esse filme.

― Sério?

― Sim... ― Beijei sua testa. ― Vocês são mais parecidas do que imagina.

― Por falar na diva da sua mãe, eu esqueci de te contar… — Mordeu o lábio inferior. — Fui chamada para desfilar para uma marca de sapatos.

― Sério? ― Comentei empolgado. ― Qual?

― Louboutin! ― Vibrou de felicidade. ― Eu vou pra Paris!

― Paris?

― Sim, duas semanas só, depois eu volto. ― Ela disse. ― Quase não acreditei que a Louboutin queria que eu fosse sua garota propaganda! Eu amo essa marca!

Isso é verdade. O que a Sakura tem de sapato de sola vermelha não é brincadeira.

― Fico feliz por você. ― Sorri amarelo.

Eu realmente estou feliz por ela, mas não consigo evitar ficar incomodado com a distância que ficaremos um do outro. Poxa, começamos a namorar hoje.

― Ai, você é ótimo! ― Me deu um tapinha na coxa. ― É bom demais ter um chefe que me apoia.

― Eu vou te apoiar em tudo que for bom para você, não apenas como seu chefe, mas como namorado... Não se preocupe quanto a isso. ― Olha como eu sou romântico. ― Embora eu fique um pouco enciumado com você desfilando para outras marcas... Acho que agora entendo a minha mãe.

― Como assim?

― Ela morre de ciúmes quando você faz propaganda para outras empresas. ― Ri.

― Você está zombando de mim? ― Sorriu minimamente.

― Estou falando a verdade, Sakura. ― Suspirei. ― Minha mãe gostaria de conhecer você, mas você vive fugindo dela.

― Com tanta modelo linda e incrível trabalhando mundo a fora, por que ela ligaria tanto pra mim?

― Pode parar. ― A repreendi com seriedade. ― Quando a Ino, o Naruto, a Karin, os seus fãs, os brasileiros... quando o mundo fala que você é uma diva, não é brincadeira. ― Bufei. ― Sakura, você não é inferior a ninguém e eu acredito que você tem muito o que ensinar a todo mundo, você é incrível, carismática, linda, quase uma deusa de tanta perfeição... Por que você age com tanta insegurança quando o mundo inteiro diz que você é sensacional? Você só vai acreditar quando a minha mãe o disser?

Ela abaixou a cabeça e olhou para os pés. Acho que a pergunta a tocou um pouco, já que ela ficou um tempo calada. Será que eu soei grosseiro?

― Eu a admiro muito, eu quero agradá-la, então nunca tenho a certeza se estou honrando o nome dela...

― Mesmo que o mundo inteiro diga que você é perfeita, se a minha mãe disser o contrário você vai acreditar nela? Desistirá de tudo só porque ela não te reconheceu? ― Ela ficou em silêncio. ― É sério? ― Soei desapontado. ― E eu, Sakura? O que eu penso e o que você significa para mim não significa nada para você?

― Claro que significa. ― Me olhou nos olhos. ― Mas, olha, entenda... Ah, eu não sei explicar.

― Tenta.

― Quando eu comecei no mundo da moda, eu era uma zé ninguém, pegava trabalhos simples demais, isso não me rendia dinheiro nenhum... ou, mais importante, reconhecimento. ― Colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha. ― Eu fazia muito esforço e não ganhava nada em troca e isso foi muito frustrante, por mais que eu amasse tudo o que eu fazia. Pensei em desistir. ― Mexeu nos dedos, nervosa. ― Eu chorei muito quando achei que estava sem opção, mas eu resolvi buscar ajuda na minha inspiração, que é a Mikoto. Eu perdi trabalhos, perdi a chance de participar de uma novela, perdi oportunidades com medo de fracassar, mas um dia eu tomei uma decisão ousada... Talvez a mais ousada da minha vida. ― Sorriu com a lembrança. ― Mesmo não tendo fama, nem muito dinheiro, arrisquei vir para cá. Dei tudo de mim, o melhor que podia, desfilando nas pequenas lojas daqui... Tentando deixar o meu currículo melhor. Mas não foi suficiente.

― Eu... ― Ela me interrompeu antes de eu concluir.

― Boy, chegou um momento que eu achei que não ia conseguir. Eu chorei tanto quando pensei isso! ― Seus olhos brilharam, talvez de emoção. ― Pensei que voltaria para Natal e escutaria os meus pais dizendo para mim “Eu falei que era para você ter estudado para medicina”, me sentia uma vergonha, mas, graças a você, eu fui chamada para fazer sessões fotográficas de teste. ― Pude ver uma lágrima brotar de seus olhos e eu me encantei mais ainda quando ela me olhou desse jeito. ― Depois que passei, fizeram um álbum das modelos e continuamos a trabalhar. Foi aí que eu conheci a Hinata, eu não tinha nada contra ela até o momento em que ela pegou o filme que eu queria, não foi por talento, foi porque ela era mais... gostosa. ― Ela entortou a boca em desgosto. ― Eu odeio injustiça mais do que tudo! Ela ainda fazia questão de falar bem alto que conseguiu o papel, enfim, hoje eu nunca mais atuaria num filme como aquele, mas entenda... Eu estava desesperada na época. ― Me olhou novamente. ― Não vai falar nada?

― Por enquanto estou apenas ouvindo.

― Certo. ― Prosseguiu. ― Eu ficava indignada porque a Hinata conseguia muita coisa só porque tem um corpo desejado pela maioria dos brasileiros, mas Mikoto me inspirou mais uma vez quando ela disse uma certa frase: "Para que uma estrela venha a nascer, é necessário que haja colisões, explosões e impactos", eu não chegaria onde ela chegou se eu não sofresse um pouco, não sem antes aprender, eu entendi isso. ― Respirou fundo. ― E então, chegou o grande dia, Omelas Fashion Week 2015.

― E desde esse dia em que você pisou na passarela, uma nova estrela nasceu. ― Sorri e ela assentiu.

― Eu admiro muito a sua mãe, você não faz ideia do quanto. ― Mordeu o lábio inferior.

― Fico muito feliz que você goste tanto assim dela. ― Disse com carinho. ― Mas você não precisa ser insegura assim, porque você é uma pessoa maravilhosa e mesmo que alguém diga o contrário, mesmo que esse alguém seja a dona Mikoto, você não vai deixar de ser um terço de quem você é porque, para mim, você é a melhor pessoa do mundo.

Isso foi quase uma declaração. Foi até melhor do que a que eu fiz no restaurante... Nossa, eu sou um bosta.

Sakura se atirou em meus braços.

― Obrigada. ― Se afastou um pouco só para me dizer isso olhando em meus olhos.

Acho que corei.

― D-de nada. ― Gaguejei um pouco.

Continuei observando esses olhos verdes lindos, mas acabei descendo o olhar para a boca dela. Tão linda...

― Então, vamos criar coragem e conhecer a minha mãe?

― Uma coisa de cada vez! ― Replicou.

― Você me ajudou a me vestir melhor, ainda tenho o que aprender, mas já foi um avanço... Deixa eu te ajudar a perder esse medo. ― Levantei do sofá e a puxei pela mão.

― Depois da viagem! ― A olhei decepcionado. ― Vamos, por favor, preciso me preparar psicologicamente.

― Certo. ― Ergui os braços em rendição. ― Mas não fuja de mim ou eu corto o seu salário.

Ela sorriu e me agradeceu mais uma vez. Acho que perdi a conta de quantas vezes me perdi olhando para os olhos dela. Levei minha mão até sua bochecha e ali fiz um carinho.

― Como pode ser tão insegura mesmo sendo tão perfeita?

Ela pousou sua mão sobre a minha é deitou levemente o rosto, fechando os olhos.

― Eu não sei como pude ser cega esse tempo todo. ― Sorriu com os lábios. ― Você é incrível, Sasuke.

― Talvez porque você me faz me sentir incrível. ― Encostei minha testa na dela e ela abriu os olhos.

Ela fez um carinho em minha bochecha e me deu um selinho. Sorri e ela me deu outro. Depois outro e outro. Então levei minha mão até sua nuca e a impedi que se afastasse mais uma vez.

Intenso, leve, rápido ou devagar, não importa. Se for com a Sakura, serão todos perfeitos.

Ela levou os braços para meus ombros e eu desci uma de minhas mãos prendendo sua cintura na minha.

Só faltou colocar uma música de fundo, aí seria mais que perfeito, quem sabe Kiss Me de Jason Walker?

Abri os olhos e beijei sua bochecha, nariz, testa, quero esmagá-la com meus beijos. Meu Deus, eu tô muito apaixonado.

― Vou sentir sua falta. ― Suspirei.

― Serão só duas semanas fora. ― Revirou os olhos.

― Uma hora já é tempo demais.

― Meu Deus. ― Ela riu, encostando a cabeça em meu peito, me abraçando. ― Muito carente você... Mas eu também acho.

Tenho certeza que ela estava ouvindo as batidas do meu coração.


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