Produtos Uchiha escrita por ICLP, Hitari Amai, Evil Queen 42, ExoLina42


Capítulo 1
Não é brega, é confortável


Notas iniciais do capítulo

Game of Thrones saiu mais cedo para que Produtos Uchiha pudesse ser lançada...
Depois do episódio maravilhoso dessa série maravilhosa, voltamos com mais uma fic para vocês ^-^

Esperamos que gostem ;D



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Existem vantagens em ser dono de uma grande empresa de tecnologia, começando pelo dinheiro. Outras vantagens? Produtos como celulares, notebooks e tablets, na hora que você quiser e de graça.

Existem vantagens em ser dona de uma grande empresa de moda e cosméticos, começando pelo dinheiro. Outras vantagens? Roupas bonitas, perfumes bons e maquiagem, na hora que você quiser e sem gastar nada.

Existem vantagens em ser filho de donos de empresas famosas, a Uchiha Company, empresa de tecnologia do meu pai, Fugaku Uchiha, e a M.U., empresa de moda e cosméticos da minha mãe, Mikoto Uchiha. Ambas bem-conceituadas. Ambas rendem muito dinheiro. Qualquer um iria querer ser dono de uma delas.

Porém, apesar de existirem vantagens em ser filho dessas duas pessoas, também existe um grande problema.

Vou explicar o porquê: Se você é uma alma de um bebê que está esperando alguém transar para poder vir à Terra, não seja um filho caçula. Porque nós, caçulas, sofremos e não é pouco.

O filho mais velho do casal Uchiha, chamado Itachi, um cara que praticamente idolatra o próprio cabelo, se veste bem e, infelizmente, é meu irmão, herdou a empresa do papai. Daí alguém pode pensar que ele é um gênio da engenharia de softwares...

Não!

Tudo que ele entende de tecnologia é WhatsApp, Facebook, Twitter, Instagram, Snapchat... Ah, e Candy Crush!

Já eu, o filho mais novo, o renegado de nascença, o azarado, breguíssimo (palavras de meu irmão, que por sinal eu acho um ultraje), herdei a porcaria da empresa de cosméticos e moda. Não que seja uma porcaria, como disse, é uma empresa bem-conceituada. Ela é uma porcaria para mim porque sou um homem. Eu não entendo nada de moda, nem de nada disso, sou apenas um nerd que entende de tecnologia e deveria ter herdado a empresa do pai.

As pessoas acham que eu sou gay só porque trabalho com cosméticos e moda. E talvez o fato de eu ter sido coagido pelos meus amigos a fazer um vídeo cantando “Sausage Keep It Going” com eles e que, por muito azar, esse vídeo tenha caído na internet. Isso é um pequeno detalhe, algo que está em todo lugar, por mais que seja minúsculo.

Mas não para por aí, eu nunca fui um ícone da moda, que todos querem imitar... Muito pelo contrário, eu sempre me vesti confortavelmente, coisa que os outros chamam de “se vestir mal”. Então eu sou alvo de piadas nas redes sociais. Tem vários memes com fotos minhas, tipo um que está escrito “Como não se vestir”, um mostrando meu cabelo por trás ao lado de uma foto de um pato de costas e por aí vai. Uma vez usei uma roupa azul com uns detalhes cinza e fizeram uma montagem ao lado de uma Skol Beats Senses. Sem falar no perfil “Sasugay” no Twitter, Facebook e Instagram.

Os haters se fazem com minhas fotos. Eles idolatravam minha mãe. Ela era uma mulher inspiradora, elegante, linda. Eu sou bonito, mas, como eu me visto confortavelmente, eles me odeiam.

Bem, eu não ligo para eles, minha fortuna de 3 bilhões de dólares não vai sumir se eu continuar me vestindo como quero, na verdade ela tende a aumentar, afinal as vendas não diminuíram desde que assumi a empresa, elas até aumentaram, na verdade. Enfim, não ligo para os haters, o problema mesmo é que não gosto de lidar com cosméticos e moda... Me irrita ter que trabalhar cercado de mulheres e gays, até porque eles falam de assuntos que eu não entendo.

Sabem como um homem se sente ouvindo conversas sobre menstruação? Sério, quando eu ainda estava em treinamento, ouvia elas falarem em absorventes com abas, com cheiro. Não é apenas para absorver sangue, não? O pior foi o dia em que uma delas falou: “Ter esse negócio enfiado na vagina é desconfortável”. E uma outra falou que já estava acostumada. Fiquei assustado... Quero dizer, qualquer um ficaria, tipo, aquela mulher não sente mais nada na hora do sexo? Mas elas estavam apenas falando sobre o tal do O.b. Acho que nunca senti tanta vergonha na vida como senti quando perguntei à secretária de minha mãe sobre o que diabos elas estavam falando.

Mas claro que existe a vantagem de trabalhar com mulheres bonitas. Não conheço uma única mulher na M.U. que seja menos do que linda.

Ino, uma das estilistas ― e a melhor, diga-se de passagem, que eu contratei, já que eu não entendo bosta nenhuma de moda ―, é linda. E vejam que ela nem é modelo.

Karin, minha amiga e modelo novata, é muito linda.

Bom, tem outras, não sei o nome de todas as modelos.

Mas, entre as modelos há uma que se destaca: Sakura Haruno. Ela entrou na lista de mulheres mais desejadas do mundo em 2016, depois de ficar conhecida por desfilar pela marca da minha mãe. Imagine uma garota linda, multiplique por um bilhão, multiplique por esse número mais algumas vezes, provavelmente a Sakura ainda é mais bonita do que isso.

Sabe, ela não é apenas linda, ela é... Ah, não sei, acho que deveriam criar uma nova palavra para descrevê-la. Ela é elegante, gentil, tem um sorriso perfeito, olhos encantadores. Tão incrível que o nome dela deveria virar elogio. Não que já não tenha virado. Houve um tempo em que isso pegou nas redes sociais.

Acho que ela é a única mulher que trabalha comigo que não olha feio para as minhas roupas, por isso estou falando tão bem dela.

 

[...]

 

Me vesti confortavelmente como sempre, pois é a empresa que era da minha mãe e agora é minha, não preciso de terno nem nada formal. Vamos fingir que eu estou trabalhando em casa... Ora, agora sou o patrão, ninguém vai falar mal das roupas do patrão, vai? Ah, dane-se!

Cheguei na empresa no horário que deveria chegar e fui bem recebido por todos. Viu, Sasuke, as coisas podem ser boas. Seja positivo.

Caminhei para a minha sala, que por acaso foi decorada com o máximo de bom gosto pela minha mãe. Às vezes meu irmão questiona se eu não fui trocado na maternidade, pois o que eu tenho é realmente o oposto do bom gosto.

Talvez eu mude a decoração. Não que eu não confie no bom gosto da minha mãe, mas a sala é muito "a cara dela", sem falar que as coisas dela ainda estão aqui. Preciso deixar esse lugar mais do meu estilo! Talvez eu troque o papel de parede, os móveis... Não sei. Talvez mamãe fique magoada, mas vou ligar para um decorador mais tarde.

Sentei na minha nova cadeira e olhei para minha nova mesa... Computador e algumas coisas que Mikoto deixou aqui. Um porta-lápis, um porta-retratos com uma foto dela e do papai. Ah, isso pode ficar aí.

Girei a cadeira em 360°, olhando cada detalhe da minha nova sala. Abri a gaveta sob a minha mesa e encontrei alguns catálogos de maquiagem. Bufei e fechei a gaveta na hora!

Putz, eu, dono de uma empresa de cosméticos?

Desde que eu era adolescente, sei que iria herdar a empresa da mamãe. Tentei convencer meus pais do contrário, afinal eu não sou bom com esse tipo de coisa, nunca me acostumei. Tive esperança de que mudassem. Doce ilusão!

Não teve jeito, nunca consegui mudar a decisão dos meus pais. Acabei me tornando mais inútil do que feriado em final de semana. Inclusive comecei a trabalhar com minha mãe há dois anos, para observar de perto e depois assumir seu lugar.

Não entendo de roupas, moda, cremes, maquiagem... Não sei a diferença entre vermelho e carmim! Se é que existe...

― O que eu faço com você? ― Suspirei, me referindo à empresa.

― O que eu faço com você? ― Ouvi uma voz estridente e irritada, seguida de uma batida forte da porta.

― Bom dia pra você também, Naruto. ― Falei irônico, olhando meio espantado para o meu amigo espalhafatoso que entra em minha sala soltando fogo pelas ventas logo pela manhã.

― Bom dia, Sasuke! ― Berrou irônico e literalmente jogou uma revista na minha cara. ― Pode me explicar que palhaçada é essa?

Massageei meu nariz depois da porrada que levei e peguei a revista que caiu sobre o meu colo.

Revista Work? "M.U. sob novas direções".

Não estou entendendo o motivo do chilique do Naruto. A dona da marca brasileira mais famosa e uma das mais famosas do mundo, se aposentou, o filho dela vai assumir a empresa, é óbvio que isso viraria notícia em tudo quanto é canto.

― Ora... ― Soltei um riso anasalado. ― Eu realmente assumi a empresa de Mikoto. Não entendo seu desespero.

― Veja a sua foto na capa... ― Disse pausadamente o loiro, com as mãos na cintura e me encarando com ódio.

― Não vejo nada de anormal. ― Dei de ombros, jogando a revista sobre a mesa.

― Sasuke, o seu guarda-roupa já é anormal por si só! ― Esbravejou meu amigo que dificilmente se irrita, mas pelo visto eu consegui fazer essa proeza.

― Naruto, não entendo o seu desespero. Eu estava numa sessão de fotos para uma revista de negócios e estava adequadamente vestido para a ocasião. ― Expliquei.

― Adequadamente vestido para um circo, seu lunático! ― Berrou. ― Assassinou miseravelmente a moda!

― Ai, você vai me provocar outra crise de enxaqueca.

― Crise de enxaqueca terei eu, vendo você fazer uma sessão de fotos para uma revista internacionalmente conhecida, com o cabelo lambido e uma gravata breguíssima! ― Falou com desgosto. ― Sasuke, o que você tem contra um traje adequado para ocasião? ― Suspirou e pude ouvir ele murmurar algo sobre gravatas. ― Sasuke, não me mata antes do tempo.

― Naruto, ninguém repara em roupa de homem. ― Dei de ombros. ― O centro das atenções são as roupas das mulheres.

― Ah, mas já tem um milhão de memes com esse seu visual. É só entrar no Facebook! ― Brigou. ― Toda roupa sua é motivo de chacota, agora mais ainda, que você virou presidente da M.U. Um verdadeiro paradoxo, eu sei, mas é. ― Juro que não estou prestando atenção em quase nada do que ele está falando, só sei que usei uma roupa considerada feia e agora estou sendo zoado. Nada de anormal.

Me pergunto como podem considerar um terno feio, porque, em minha opinião, é tudo igual. Como podem achar uns bonitos e outros não? E, pô, era Armani! Marca famosa, não é? Não pode ser feio... Ou pode?

― Sasuke, você ainda não se acostumou com a fama? Aprenda, meu amor, que até quando você estiver em sua casa, no seu troninho, pode haver alguém te fotografando.

― Não entendo como esses paparazzi tem o dom de me fotografar só em momentos constrangedores desde que eu era criança. ― Suspirei, olhando novamente para a capa da revista. Ora, não está tão ruim assim. ― Nunca esqueço da humilhação de quando expuseram uma foto minha fazendo papel de árvore na peça da escola.

Pois é, quando você se sentir a pessoa mais inútil do mundo, lembre-se que eu fiz papel de árvore numa peça.

― Viado, esqueça seus traumas de infância, please! ― Ele uniu as mãos, implorando. ― Pior do que isso foi no último inverno, ainda não esqueci da roupa que fotografaram você usando na rua. ― Naruto falou com melancolia, desgosto, desespero... Tudo misturado. ―  Ai... Meu coração... Calça de moletom azul marinho, uma blusa de mangas compridas listrada de preto com branco, um cachecol xadrez preto com vermelho, chinelos de borracha pretos com meias cinza, um gorro branco na cabeça, luvas azuis...

― Ué, normal... ― Falei simplesmente. Ora, ninguém fica elegante no inverno e isso é cientificamente comprovado... Eu acho. ― O problema não é nem tanto minhas roupas, deve lembrar do fato de que amam me fotografar em momentos constrangedores.

― Mesmo que te fotografem num momento constrangedor, se você estiver bem vestido, vai ser glamouroso.

Eu quase vejo purpurina rosa voando quando o Naruto falou esta última palavra.

― Não vê a suprema da Sakura? ― Completou. ― Até quando ela desce do salto no final da festa ainda é a mais bonita! Seja glamouroso como ela.

Devo concordar com ele.

― Argh! ― Revirei os olhos. ― É por isso que algumas pessoas acham que eu sou gay!

― Não, querido, acham que você é gay porque, com esses looks horríveis, você não atrai mulher nem mesmo sendo rico e gostoso...

― Rico e o quê? ― Questionei como quem não quer nada, como se não tivesse entendido o que Naruto falou.

― Ah, Sasuke, não se faça de sonso! ― Ele cruzou os braços em frente ao corpo. ― Se você não fosse hétero, eu te pegava! Faria loucuras...

― Poupe-me... ― Suspirei rindo. ― E você, o que entende de mulher?

― Pelo visto, mais do que você. E olha que eu não gosto. ― Ele fez uma cara de nojo. ― Vagina é uma coisa tão complicada, não acha? ― Começou... ― Tem lábios pequenos, grandes... É boca, por acaso? Sem falar que mulher tem um tal de um ponto G que nem ela sabe onde é que fica.

― Eu acho que o nível da conversa está tomando outro rumo... ― Pigarreei.

― Não tente contornar a coisa, Sasuke! ― Brigou. ― Ainda não terminei de te dar bronca!

― Tudo bem, mamãe, termine a bronca. ― Revirei os olhos.

― Olha, meça suas palavras... ― Resmungou. ― Seu horóscopo da semana diz que você deveria ser cuidadoso com suas palavras. Eu só quero o seu bem.

― Você estava lendo meu horóscopo? ― Uni as sobrancelhas. ― Eu não sei nem qual é meu signo e você estava lendo meu horóscopo?

― Amor, quando você estava vindo com o milho, eu já estava digerindo a pamonha. ― Ele piscou um olho. ― Fica tranquilo. Você sequer sabe seu signo, mas eu já fiz seu mapa astral.

Não é possível!

― Eu não mereço você...

― Enfim, voltando para a bronca... ― Ele limpou a garganta. ― Saiba que você agora não é só o filho de Mikoto Uchiha, linda, maravilhosa, diva, suprema, rainha...

― Tá certo, Naruto. ― Interrompi. ― Prossiga.

― Você gosta de cortar meu barato. ― Ele fez uma careta infantil. ― Bem, você não é só filho de Mikoto Uchiha, você é filho de Mikoto Uchiha e novo dono da empresa dela! Por favor, entenda que haverá o triplo de holofotes sobre você!

― Nossa, que coisa legal! ― Falei com falsa animação e depois voltei a ficar sério. ― Diz algo que eu não sei, Naruto.

― Só quero dizer que você precisa parar de partir meu pobre coraçãozinho e aprender a se vestir melhor. Usar um cabelo que o boi lambeu e essa gravata... ― Ele começou a se abanar como se fosse ter um treco, fingindo um choro. Naruto é bem dramático. ― Ai, minha santa Beyoncé, me dê forças nesse momento de angústia.

― Já acabou? ― Murmurei.

― Não! ― Ele pegou a revista e mais uma vez faltou esfregar a foto da capa no meu nariz. ― Nunca mais saia em público assim! ― Apontou com raiva para a minha foto. ― Terno Armani, maravilhoso, com essa gravata que parece ter sido comprada num brechó, esse cabelo escorrendo gel! Porra, isso chega a ser nojento... Você está passando vergonha e envergonhando a mim também! Isso dói meus olhos, sabia? Você é brega, Sasuke Uchiha, como espera ser respeitado no mundo da moda?

― Naruto, você está fazendo dilúvio em tampinha de xarope.

― Eu estou sendo tranquilo. A Karin quer te matar, ela quase desmaiou quando viu isso. O Itachi sim, ele desmaiou.

― O Itachi não serve de base, ele sempre foi dramático, desde criança.

― As últimas palavras dele foram "Meu irmão está com um globo de luz no lugar do cabelo", aí apagou. ― Disse penalizado. ― Pobre coitado... Ele não merecia isso. Quanto desgosto, Sasuke, quanto desgosto.

― Não saquei essa do globo de luz... ― Falei meio confuso. Às vezes não compreendo muito bem o que o meu irmão diz.

― Sasuke, você está com um globo de luz na cabeça! Tem tanto gel que eu quase consigo me ver refletido em seu cabelo! ― Irritado, Naruto bateu o pé no chão. ― Pra que tanto gel?

― Eles queriam que eu estivesse com a aparência de um empresário. ― Expliquei.

― Mas precisava mostrar que você tem dinheiro o suficiente pra comprar todo o gel do mundo e passar no cabelo de uma só vez?

― Meu cabelo sai do lugar, ele fica espetado. Você sabe disso, ele sempre foi assim.

― Nesses casos você passa um pouquinho de laquê, não precisa lambuzar o cabelo de gel! ― Massageou as têmporas, ficando levemente vermelho. ― O pessoal do estúdio da Work não falou nada?

― Não é como se eu fosse ouvi-los...

― Sasuke, isso é uma desgraça, eles podem estar querendo nos derrubar... ― Revirei os olhos. ― Você pode processá-los.

― Ah, vai se foder.

― Você gosta de pagar de ridículo, hein?

Mostrei o dedo do meio das duas mãos para ele com minha maior cara de tédio. Naruto balançou a cabeça em sentido negativo e passou a mão nos cabelos após respirar fundo.

― Acho que vou contratar um estilista particular para você, será que a Ino aceita? ― Ele resmungava para si mesmo. ― Enfim, espero que você mude, vou voltar para o estúdio, terei que fotografar as modelos. ― Disse se retirando.

― Qual o tema?

― Moda praia, cada biquíni lindo da próxima coleção para o verão... Você tem que ver. ― Suspirou maravilhado e saiu.

Eu finalmente pude respirar um pouco. Ninguém merece acordar cedo ouvindo reclamação.

Olhei mais uma vez para a revista em cima da minha mesa e só consegui sorrir orgulhoso. Me tornei um grande empresário, eu sou mesmo incrível.

Girei a cadeira em direção à janela que estava atrás de mim. Que vista maravilhosa de Omelas, consigo perceber de onde minha mãe tirava tanta inspiração.

Caramba, quando ela disse que iria se aposentar, o mundo parou! As notícias voaram e em menos de uma hora era um dos assuntos mais twittados.

Respirei fundo e liguei o computador dela, terei que comprar um novo para mim só para trabalho. Me tornei um homem responsável por uma das indústrias da moda mais famosas aos 26 anos... Isso vai dar muita dor de cabeça.

O que mais falava nos sites de notícias era sobre mim e claro, acompanhado de memes. Revirei os olhos. O que os haters fizeram em minha homenagem?

Como o Naruto disse, fizeram vários memes da minha gravata e do meu cabelo, esse povo da internet é realmente rápido. Qual o problema de usar uma gravata de bolinhas? Soube que estava na moda... Será que me enganei?

Algumas garotas marcavam seus namorados e diziam: “amor, nunca apareça assim em público ou estará tudo acabado entre nós”. Teve um que até me fez rir, era eu com meu típico penteado espetado ao lado de minha mãe que pegava em meu rosto, na legenda: “Filho, me deixe arrumar o seu cabelo, está parecendo um delinquente”, em seguida a minha foto com o cabelo “lambido de gel” ― palavras do Naruto. Suspirei e vi mais e mais comentários maldosos, mas que não me atingem.

Encontrei outro, agora focado na minha gravata, no lugar das bolinhas estavam aqueles emoji de cocô do WhatsApp. Que cisma com apenas uma gravata!

Senhor, estava tão ruim assim?

Abri os comentários da foto e não sabia se ria ou se ficava puto.

"Eu estava pensando que minha vida era uma merda, aí olhei pra roupa do Sasuke e me senti melhor."

Sério? Que pessoa criativa... Ainda teve mais de 5000 curtidas a porra do comentário! Esse povo não vive?

"Meu aniversário tá chegando. Será que se eu pagar bem ele deixa ser pendurado pra iluminar a pista de dança?"

Desnecessário! Meu filho, no dia que você e as 3000 pessoas que curtiram seu comentário estiverem limpando a bunda com nota de 100, aí você me liga.

Desocupado do caramba!

"Não existe o perfeito sem defeito. A Mikoto, por exemplo, colocou isso no mundo."

"Isso"... Nossa, pesado, vou nem dormir depois dessa.

Deixei de lado esses comentários horrendos que não vão acrescentar em nada na minha vida. Sei nem por que eu ainda dou bola pra isso.

Fuçando um pouquinho mais, vi uma foto que por muito pouco não fez meu coração vir parar na garganta!

Não sei de qual buraco tiraram uma foto minha de quando eu era bebê, agora estão zoando! Quer dizer, não é a primeira vez que alguém zoa uma foto minha bebê, pois minha mãe uma vez fez uma pequena homenagem para mim em seu Instagram no dia do meu aniversário. Aí o que ela fez, postou uma foto decente comigo? Não, postou uma foto do dia que eu nasci! Minha primeira foto!

O quê? Pensou que somente a sua mãe expusesse fotos suas de bebê? Não, pessoa, mães consideradas divas também fazem isso. O que só comprova a teoria de que mãe é tudo igual.

Tá, mas e daí? Foi uma homenagem bonitinha... Tá, a  homenagem foi bonitinha, mas eu era feio. Muito feio. Sério, eu não era normal, era doente de feiura.

Só sei que minha foto de bebê foi um motivo de zoação tão grande quanto meu papel de árvore, o que me perseguiu por longos anos da minha vida.

Deus, por que eu era tão feio?

"Entre ter um Sasuke bebê ou um boneco do Jigsaw em casa, eu prefiro o boneco do Jigsaw. Menos assustador."

Sinceramente, eu queria jogar um jogo com esse ser humano que fez o comentário e com as 7000 pessoas que curtiram. Mais ainda com os que reagiram com "amei".

"Já vi esse bebê em algum filme, só não lembro qual... Ah, Jogos Mortais o nome."

De onde tiraram isso? Eu podia ser feio, mas não parecia o Jigsaw.

E eu melhorei. Ora, todo bebê nasce feio, mas depois fica com cara de gente. Eu, por exemplo, depois de um ano já era uma criança apresentável. Minha mãe já podia me expor sem sentir vergonha.

"Como é que a Mikoto não teve depressão pós-parto depois de olhar pra esse negócio estranho?"

Vou fechar essa merda antes que eu fique mais puto!

Abaixei a tela do notebook e olhei para a bela luminária do meu escritório. Como pensei, está muito a cara da mamãe. Não se parece nada comigo.

Mandei uma mensagem para o Naruto perguntando sobre o que ele acha de eu mudar a decoração. Sabe o que é arrependimento? Então, é o que estou sentindo neste momento. Ele disse para eu não mexer em nada porque tornaria o lugar muito brega e ninguém me levaria a sério caso quisesse falar em particular com alguém. Intimidade às vezes é uma merda.

Peguei meu celular e abri o WhatsApp após sentar em minha cadeira. Tinha umas cinco mensagens da minha mãe, umas quinze da Karin, trinta do Itachi, e por aí vai. Se abri alguma? Não.

Apoiei os cotovelos na mesa e baguncei meus cabelos desde a nuca. Não sei nem por onde começar.

― Aí, está você, seu louco, infame, sem juízo dos infernos! ― Uma voz feminina entrou em minha sala com o rosto tão vermelho quanto seu cabelo.

Sorri ao ver que se tratava de Karin, prima do Naruto e uma grande amiga minha. Não a via há tempo e até o seu penteado estava diferente. Metade raspado e o resto na altura do pescoço, devo confessar que achei muito bonito e combinou com ela.

― Será que ninguém mais respeita o dono desse lugar? Qual o problema em bater antes? ― Comentei rindo, mas ela estava tão furiosa que nem esboçou reação. ― Quanto ódio, eu matei alguém?

― Matou, Sasuke! ― Ela suspirou, ajeitando os óculos de armação vermelha. ― Matou a moda, o bom gosto, o refinamento, o bom senso! Você torturou cruelmente e assassinou todos!

― Ainda é sobre a minha foto? ― Questionei.

― Sim! ― A ruiva disse furiosa, se controlando pra não gritar. ― Sobre sua foto, sobre sua falta de bom senso. Gravata de bolinha, Sasuke? Sério?

― Eu li por alto em algum lugar que bolinha está na moda. ― Expliquei. ― Eu não queria fazer feio. ― Dei de ombros. ― Enfim, qual é o problema com as bolinhas?

― Estão na moda sim! ― Karin despejou suas palavras na minha cabeça. ― Mas pra pessoas de bom gosto, que saibam combinar cores e peças de roupas.

― Eu não presto atenção nesses detalhes. ― Bufei. ― Só lembro de ver em algum lugar que a moda das bolinhas voltou com tudo.

― Sasuke, você está sendo mais zoado que o normal, se é que isso seria possível! Já viu os memes?

― Já, mas eu não ligo pra isso e você sabe.

― O problema não é os memes, Sasuke. ― Disse a Uzumaki. ― Sua mãe é uma mulher chiquérrima, super elegante, refinada... A mulher perfeita que criou a empresa perfeita. Você, filho dela e novo presidente da empresa que esta mulher criou, tem uma reputação a zelar. A M.U. vai virar motivo de chacota!

― Todo esse alvoroço por conta de uma gravata. ― Revirei os olhos.

― Uma gravata ridícula. ― Ela acrescentou. ― Que cor horrenda era aquela? Verde cocô de neném!

― Cocô de neném é daquela cor? ― Indaguei. ― Verde?

Karin me olhou com cara de tédio.

Ora... Nunca tive contato com neném, quem dirá com o cocô de um!

― Esquece o cocô de neném e vamos falar de outro cocô... ― Disse Karin. ― Seu cabelo. Que merda era aquela?

― Ai, começou... ― Resmunguei.

― Tenha dó, Sasuke! Tu era o globo da festa por acaso? ― Imediatamente lembrei do meme que recentemente vi na internet.

― É, Karin, eu era o globo da festa. ― Respondi com deboche e sarcasmo. ― Se é isso o que você quer saber, então pronto.

― Sasuke, em nome da nossa amizade... ― Karin suspirou. ― Por favor, saia vestido de unicórnio cor de rosa com glitter, mas não faça mais isso que você fez. ― Ela pediu.

― Vocês são fodas, viu?! ― Revirei os olhos e também me referindo ao Naruto. ― Você não deveria estar trabalhando?

― Hum... ― Ela olhou no relógio. ― Sim, daqui a meia hora. Ainda tenho tempo para te dar mais esporro.

― Olha, eu já entendi. Você e o Naruto já falaram comigo, mas eu tenho coisas para fazer agora. ― Resolvi cortar o assunto. ― E pelo respeito que você tem pelo seu presidente, me dê licença. ― E apontei para a porta.

Ela respirou fundo e inclinou a cabeça um pouco para o lado, me observando. Com certeza analisando a minha roupa e, a julgar pelo suspiro, não está do seu agrado.

Sem falar mais nada, ela se retirou.

Ah, eu vou enlouquecer!


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