A Canção de Fogo - Faíscas escrita por Sapphire


Capítulo 4
Clair I


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!!! Primeiro quero agradecer a todos que estão favoritando e acompanhando, os números estão aumentando cada vez mais, e é graças a vocês!! Vocês tem me animado cada vez mais com os seus comentários e eu espero que esse apoio cresça cada vez mais!!

Vi que vocês ficaram muito felizes em rever o Quor, Selene!! Então acho que vocês também vão gostar de rever esses personagens que apareceram no Prólogo!

Sem mais delongas, apresento a vocês esse novo capítulo!!

Trailer da fic: https://youtu.be/pJD9bNJIWxk



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O dia estava claro. Um tom de branco recheava o céu, porque as nuvens tapavam o sol. O vento frio entrava pela janela e a fresta da porta. Se os olhos fossem fechados, era possível se concentrar no som dos galhos das árvores dançando como se o vento fosse uma música. Mais um dia normal no Norte. 

Seus lindos cabelos brancos recaíam sob os ombros, um liso com certas ondulações, que se fechavam com pequenas tranças na parte de trás. As pálpebras de cor clara, como o resto de sua pele, se fecharam durante alguns segundos, e ela só queria voltar para sua cama, o que é claro não ia acontecer. 

Os passos lentos desciam para o Salão de jantar do Castelo de Gelo. Nome figurativo, claro. A Enorme estrutura foi inicialmente planejada por Thomas Parsons, e construída por outros Parsons aos longos dos anos, se transformando no que é hoje. Recebe esse nome pelos fortes blocos de pedra branca no qual foi fortalecido. Durante os invernos ou dias de neve, o castelo parece se misturar com o clima. 

Como a garota já esperava, o salão estava vazio, apenas com as comidas que alguns servos retiravam. Quando um deles viu o rosto da princesa do norte, fez uma reverência, e com os pratos em mãos disse: 

 - Sinto muito o desrespeito, Vossa Alteza. Recebemos ordens para tirar a comida da mesa – A voz do homem tremulava, como se Clair fosse lhe dar algum castigo. - Se quiser, podemos refazer a refeição matinal, para que possas se alimentar! 

 - Não é necessário - Ela deu um sorriso mínimo. Passou pelo homem e começou a andar, imaginando aonde poderia estar sua família. Dividida provavelmente, Aeris devia ensinar “a arte de ser um espadachin” para Verirsis. Praire já devia estar com a Velha Shera, aprendendo como ser uma dama, um papel que Clair começava a desempenhar muito bem. Seu pai, Kloire estaria na sala do trono, enquanto sua mãe Elli visava as provisões da Capital. 

O Castelo possuía uma área significativamente grande entre o Palácio e uma muralha, que por sua vez tinha um portão, onde um certo número de guardas ficavam dia e noite, assim como nas torres sob ela.  

Erguidas por enormes ganchos de ferro, bandeiras com o estandarte dos Parsons: O rosto de um lobo de frente, pintado com uma mistura de branco com cinza, e atrás disso um preto. 

 O chão entre as duas estruturas, era revestida por uma substância de coloração preta. Mas já fazia um tempo desde que o chão barroso começava a tomar conta. Havia ali círculos de terra, contidos por uma mistura de minérios vindo de Karlee. Nesses círculos, árvores que só podiam existir no norte. Os homens andavam com suas mercadorias no intuito de abastecer a capital do Norte.  

 A Rainha Elli estava parada a uma pequena distância entre os enormes portões no topo da escadaria do castelo, e dos portões da muralha que  separavam o castelo do resto da capital. A muralha feita com as mesmas pedras brancas, tinha poucos soldados, e nas torres sob as muralhas, poucos arqueiros. O que era normal naquele horário do dia. 

Uma carruagem mais simples do que de costume saía do castelo, nele estava o Rei Kloire , que conduzia a carruagem, o príncipe Aeris , ao lado direito de seu pai, e o príncipe Verirsis, ao lado esquerdo. 

 - Onde eles vão? - Clair perguntou, aproximando-se de sua mãe. 

 - Fazer coisas de homem... E com isso eu quis dizer caçar - Sua mãe virou seus olhos azuis para sua filha. Os cabelos loiros da mulher estavam soltos, com um pequeno cume que prendia um pouco acima  da parte de trás de sua cabeça, dando um volume do mesmo tamanho que a coroa prateada. Ela usava um vestido longo dourado, com bordados florais no meio, as mangas longas eram donas de um dourado mais escuro, entregando um contraste firme. 

A princesa do Norte voltou seus olhos para a carruagem, e em meio a toda aquela movimentação, viu algo incomum. A parte de trás da carruagem era chamada de baú, pois era coberto por um pano, ali ficavam as armas de caçada do rei, e nessa parte de trás uma pequena mão branca levantava o pano, e um rostinho curioso apareceu. Uma criança de cabelos tão brancos quanto os de Clair  surgiu tão rápido quanto sumiu.  

— Praire?! - Clair juntou as sobrancelhas. 

 – O que? – Elli olhou para sua filha. 

 Assim que a garota levou seus olhos para frente, os únicos vestígios da carruagem eram as marcas na lama que ficava entre os portões debaixo da muralha que separava o Castelo de Gelo da cidade. 

Durante longos minutos a garota ficou como uma estátua, olhando os portões se fecharem, e tentando decidir o que iria fazer.  

— Clair! - A voz da Rainha soou, chamando a sua atenção. - É possível ouvir sua resposta?  

— Perdão, mãe, só estou meio sonolenta. 

— Por que disse o nome de sua irmã?  

Mais uma vez a garota ficou pensando no que ia dizer. Dois caminhos se desenharam em sua cabeça. Contar que sua irmã está indo escondida para o Bosque; Deixar a caçula dos Parsons fazer o que bem entender. 

 - Não é nada, só pensei ter ouvido a voz dela.  

— Certo... - A mais velha deu uma pausa. Olhou para as portas do Castelo, dizendo - A essa hora ela deve estar aprendendo como uma dama deve se portar... Vou conferir.  

— Não! - Cortou sua mãe no instante em que ela subia as escadas. Respirou fundo e tentou manter a calma. - Deixe que eu vou, não estou fazendo nada mesmo. 

A rainha deu uma olhada para sua filha, mas Clair imaginou que sua mãe estivesse ocupada demais para insistir naquele assunto.  

 - Se quiser me procurar vou estar no armazém  – Elli olhou para frente e começou a andar. A garota de cabelos brancos observou bem sua mãe se afastar. Normalmente ela era uma mulher mais firme e decidida no que faz, mas ultimamente a rainha do Norte mostrava uma feição tão cansada e desanimada que sua filha começava a se preocupar.  

“Eu quero só ver onde isso vai dar” pensou. Os passos em velocidade média iam na direção de onde Praire deveria estar. 

— Oh! Clair! – A mulher que devia beirar entre os 70 e 80 anos estava com a fala preocupada.   

— Sim? 

— Onde está sua irmã?  Ela já devia estar aqui a muito tempo!  

A velha estava sentada em uma cadeira bem acolchoada, ao lado de uma mesa redonda com alguns panos e linhas. A Janela estava aberta, mas as cortinas fechadas impediam o ar gélido de entrar totalmente. 

— Praire não vai poder comparecer hoje, por isso eu vim, mais tarde irei passar todo o aprendizado a ela – A mais jovem respondeu. Quando tinha a mesma idade de sua irmã mais nova, Clair costumava frequentar as mesmas aulas que ela, com a mesma mulher,  então seria fácil ajudar Prairie.  

— Certo, Certo – Shera olhou em volta, até que seus olhos fracos focaram em um baú perto de Clair. – Pode abrir e pegar os tecidos?  

Primeiramente a moça procurou entender do que ela falava. Quando entendeu, direcionou seus braços a um baú de tamanho médio e abriu. Em seguida tirou os dois primeiros tecidos que seus olhos “tocaram”. 

— Esse é um tecido do Norte,  produzido pelos Grugno... Esse outro é um tecido trazido direto de Shurin! – A mulher deu uma pausa, a medida em que olhava para os tecidos, como se aqueles tecidos fossem a coisa mais preciosa que ela já tinha visto em sua enorme  vida, o que era claro que não é verdade. – Vamos!  Toque! 

Clair primeiro segurou o tecido dos Grugno. Ele era um azul claro, foi costurado de forma que ficasse um pouco transparente. Grande parte das roupas da princesa eram produzidas pelos Grugno, uma família bem tradicional do Norte, então ela não sentia uma grande apreciação naqueles tecidos, já que era de fácil acesso a todos.. 

A surpresa tomou seu rosto à partir do instante em que ela tocou no tecido do Reino Shurin, que fica em Lamoras, o continente mais “próximo” de Hangarus.  Ele tiķnha uma coloração vermelha, e detalhes dourados que ondulavam por todos os lados. Só pelas cores vibrantes, já se percebia a melhoria, mas a diferença maior foi na textura. Ele era leve, mas não precisava ser totalmente transparente para isso, devia ser maravilhoso vestir uma roupa com os tecidos de Shurin. 

— Quando toquei nesse tecido, tive a mesma reação – A senhora sorriu. 

Aquilo tudo era ótimo. Clair sempre imaginava que aquela parte era a pior possível. Quando tinha a idade de Praire, costumava gostar de aprender como ser uma Lady. Mas sua caçula não era como Clair criança. Ela possui uma personalidade aventureira, mesmo que tente se manter na linha. O curioso era que a criança sempre saía mais animada depois de se encontrar com Shera. O que era estranho já que Praire não é de se animar muito fácil, ainda mais lidando com tecidos e coisas de uma dama.   

— O que você ensina a ela?  

— Como? – Shera disse. Seus olhos estavam concentrados  no bordado em suas mãos. 

— Eu não sou nenhuma tola, Shera, minha irmã não gostaria tanto de você caso só mostrasse tecidos para ela – A garota deu uma a pausa e continuou olhando a mulher.  – O que você faz com ela? 

A idosa não disse nada até terminar os últimos cinco pontos do pano, e isso durou longos minutos.   

— Você é inteligente, Clair – A senhora riu. - Eu apenas conto histórias.  

— Histórias? - A menina juntou as sobrancelhas. - Falsas ou verdadeiras?  

Após alguns minutos de silêncio, a idosa disse em meio a um sorriso: 

 - Isso depende de você. 

 Clair Parsons deixou que seus cabelos brancos se pusessem para trás, a medida em que  seu rosto virava lentamente de um lado para o outro, como se um espião estivesse ali guardando informações.  

— Conte-me uma história. 

A velha deu mais uma de suas risadas roucas, e colocou o pano e a agulha em cima da mesa. 

 - Do outro lado do Mar de Hart, existe um reino maior do que qualquer outro... Suas cidades são feitas e entalhadas na própria pedra... Estátuas construídas em homenagem aos próprios deuses, que como recompensa, abençoaram o Reino, com águas claras e milagrosas... - A Senhora deu uma pausa, apenas para que pudesse instigar a curiosidade da garota na sua frente. - Uma linda mulher, dona de uma mente e um corpo escultural abriu mão de suas vontades para servir Liste! A antiga deusa da beleza adorada neste reino. Por mais que não quisesse, a sacerdotisa instigava a inveja de diversas mulheres do reino, por causa de sua beleza, até mesmo a própria Liste se sentia inferior a mulher.  Consumida por sentimentos ruins, a divindade lançou um espírito no deus da magia Junk, que desceu dos céus de encontro a mulher, e enquanto ela prestava sacrifício, ele tomou a forma de um homem e abusou do corpo da bela mulher. 

 Clair engoliu um seco, a medida em que ouvia a história. Ficou tentando imaginar cada detalhe da história, e isso só piorava tudo. 

 - Quando amanheceu, ela estava sozinha no chão do templo, com suas roupas rasgadas e o seu corpo ensanguentado. A sua frente, a própria deusa Liste com olhar de desgosto. Ela amaldiçoou a mulher, dizendo "Deste dia em diante, tu caminharás sozinha por essas terras, e qualquer mortal que pensar em te ajudar, será tomado de repulsa e nojo",  e  para a  criança que estava sendo gerada disse "O fruto desse pecado em sua barriga verá a morte de todos que a tocarem, e ela nunca poderá viver como uma pessoa normal, porque os sentimentos já não vão existir mais".  – Shera começou a passar a mão no tecido de Shurin, como se ela estivesse tocando a história através daquilo. O vermelho com dourado estava dobrado em seu colo. - O tempo passou, e sozinha na beira de um rio a criança nasceu, mas estava morta. Em pratos, a mulher chorou sob o corpo gélido do que poderia ser um futuro de felicidade.  

— É esse tipo de história que conta para Praire? - A menina perguntou meio assustada. - Eu imaginava algo como amor verdadeiro, cavaleiros lutando em guerras, dragões... 

— Após algumas horas naquela posição, a antiga sacerdotisa colocou aquele lindo bebê no riacho a sua frente, e quando a primeira lágrima caiu na margem das águas subterrâneas, o deus Junq apareceu. Antes que a mulher conseguisse fugir, ele contou como tudo aquilo tinha sido um plano de Liste, e que nada daquilo era sua culpa. Como um pedido de desculpas, Junq usou seus poderes para restaurar a vida no coração daquele bebê, mas nem tudo são flores.  

Ela começou a juntar os lados do tecido, até que se formassem uma bola vermelha e dourada.  

— Ele explicou que quando um deus lança uma maldição ou benção, ninguém pode tira-la... Portanto, ele não podia retirar o que Liste disse, mas podia dar algo para que  aquela tristeza fosse  atrasada, e quando chegasse, se transformasse em alegria. - A mais velha se focava  no teto, como se aqueles deuses estivessem assistindo tudo. -  Por isso ele disse que a garota seria mais bela que qualquer outra coisa, mas ela deveria se manter escondida, longe dos olhos de Liste. 

 - Não entendi - A princesa fez mais um comentário.  

— Um dom que nem a própria mãe sabia. Durante 17 anos a criança se manteve escondida no interior do Reino, até que em seu 18º dia, ela mudou. Seus olhos verdes se tornaram mais brilhantes, e seus cabelos pretos se tornaram tão brancos quanto os seus... No final de tudo, ela não era mais ela... E sim o Oráculo de Arkang. 

 - Oráculo de Arkang? - Levantou uma de suas sobrancelhas. Lembrou de ter ouvido histórias sobre isso quando era pequena. -  Isso não existe, certo? Todos sabem que não passa de uma lenda esquecida de Lamoras. 

Shera soltou uma risada para Clair. Suas mãos enrrugadas pegaram o bordado mais uma vez. Seus olhos castanhos se voltaram mais uma vez para a princesa do norte.  

— Quem lhe contou? 


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Notas finais do capítulo

Iai gente, o que acharam desse capítulo?

Como vocês puderam ver os irmãos Parsons estão grandes!! Não deu muito para ver a maioria deles, apenas a Clair! Mas não se preocupem o próximo capítulo é um Ponto de Vista da Princesa Praire! Então vocês vão ver o que está acontecendo com ela e com os outros irmãos hehehehe

Espero os reviews de vocês!! Bjss e até o próximo ♥