A Canção de Fogo - Faíscas escrita por Sapphire


Capítulo 24
Victoria V


Notas iniciais do capítulo

oi gente dsclp a demora para postar, a verdade é que eu to meio desanimado etc



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A Princesa de Laguna estava sentada em uma espécie de sofá, mas sem o encosto, era grande o suficiente para que pudesse caber seu corpo inteiro deitado, ele era de um acolchoado cor de pérola com alguns detalhes floridos dourados. O sol entrava pela varanda, dando luz e calor para Victoria e as servas ao redor dela.

O Vestido que ela usava era uma mistura de azul marinho com branco, um tecido leve preso a seus ombros. Para acompanhar um colar de safiras que combinava perfeitamente com seus olhos. Os cabelos divididos em longos cachos pretos na frente, e um coque alto atrás da cabeça.

— Você está linda, Victoria – Uma das servas sorriu. - Conan é um homem de sorte.

Já fazia alguns dias desde que Conan Rathel havia chegado na capital de Laguna, e hoje seria a primeira vez que Victoria daria um passeio a sós com ele. A garota havia relutado tanto para não se casar que as vezes se julgava fraca por se permitir ser "cortejada" pelo futuro lorde das Ilhas de Sal, mas em sua mente ela sabia bem o que estava fazendo, e aparentar estar apaixonada era a primeira fase para seu plano se concretizar.

— Eu que sou sortuda por tê-lo ao meu lado – Olhou para a serva que havia falado com ela, respondendo com um sorriso simpático, porém falso.

As quatro servas da princesa deram um sorriso em um coro de apreciação.

— Princesa Victoria – As portas se abriram para um guarda. - Fui encaminhado para leva-la até vosso passeio.

A morena fez um sinal com a cabeça e se levantou virando-se para as servas, acenando com a mão direita.

Desde que Victoria havia aparecido pela primeira vez com Conan no porto, a popularidade dela havia aumentando, e isso era ótimo. Tudo estava sendo mais fácil levando-se em conta que ele não era mais um pré-adolescente irritante como era a anos atrás, era ótimo conversar com ele, até mesmo Phillip havia gostado dele.

— Se eu soubesse que você viria assim eu tinha me arrumado melhor – Deu um sorriso ao ver a garota.

Ele usava uma túnica branca simples que ia até seu joelho, possuía alguns detalhes prateados nas bordas. O dia estava quente, e Victoria agradeceu por sua roupa ser de um tecido leve.

— Não seja bobo, você é lindo independente de como está vestido.

Conan deu uma risada e estendeu sua mão, para ajudar a garota a entrar na carruagem. Assim que os cavalos começaram a andar a princesa fixou seus olhos no rosto do rapaz, que a fitava de um modo sedutor. Era engraçado como ela não conseguia deixar de lado uma atração pelo jovem, mas de qualquer forma era apenas uma atração, definitivamente ele não era a pessoa que ela gostaria de passar a vida.

— Você aceitou o casamento tão bem assim? - Ele perguntou.

Lembrou-se da sua tentativa de fuga, talvez se não fosse por Phillip e a visão ela já estaria longe do seu trono e não precisaria dar satisfação de sua vida para um quase estranho.

— Nem toda a garota sonha em se casar com alguém cujo a última lembrança era uma criança irritante – Deu uma risada e desviou o olhar para a janela.

— Eu era uma criança problemática e feia, desculpe por ter me conhecido naquela época - Conan respondeu. - Creio que não está sendo tão ruim agora, não é?

Victoria sorriu e um solavanco quase a fez cair do banco. Após alguns segundos parados na estrada, um guarda abriu a porta deixando o caminho do Jardim aberto. O céu era tomado por um tom azul que trazia uma sensação de calmaria, observando pequenas embarcações cruzarem o mar com leveza, e um pequeno muro se erguia diante da garota, a aparência era gasta, e sobre ele se espalhavam flores coloridas

A Princesa de longos cabelos negros desfilava seus dedos repletos de anéis pelo parapeito de mármore, fitando as flores que se aproximavam cada vez mais de si. Retirou uma pequena flor vermelha e sentiu seu aroma. A Capital ficava cada vez mais linda, ainda mais com o anúncio do casamento de Victoria, parecia que muito mais visitantes chegavam com suas embarcações.... Aos poucos o reino voltaria a ser o que era antes, só faltava uma coisa, o trono a quem merecia.

— E você? Aceitou se casar comigo tão bem assim? - Perguntou a Conan.

— Eu tinha outros planos... - Se colocou ao seu lado, também fitando o mar ao longe. - Mas se nosso casamento irá fortalecer a aliança entre nossas famílias eu farei o que me foi ordenado.

— Nossas famílias? - Victoria levantou uma das sobrancelhas e deu uma risada, em seguida virou para trás, fitando os guardas a poucos metros do casal. - Deixem-nos a sós.

Após se afastarem, ela virou-se para o garoto, apoiando seu braço no mármore.

— Caso os Rathel queiram uma aliança com um Lurinof talvez você devesse se casar com Megara, ou Phillip. - Riu - Eu não sou uma Lurinof, Conan, sou uma Lorak! Quem deveria ir para as ilhas de sal era ela, não eu.

Victoria não conseguiu disfarçar a revolta diária que tinha sempre que se lembrava da sua tia e em como ela usurpava seu trono aos poucos. Mais uma vez o silêncio reinou nos jardins, ela fitou o rosto de Conan, não sabia até que ponto ele estava preso aos juramentos de sua família, consequentemente a Megara.

— Desculpe, não devia estar falando com você sobre isso.

— Não tem problema, sempre achei estranho ela casar você com um futuro lorde sendo você a herdeira legítima de Laguna... Então esse é o plano dela para te tirar do trono? - As palavras de Conan deixavam Victoria preocupada, não sabia ao certo o impacto que suas palavras poderiam causar no rapaz.

— Conan, por favor, esqueça isso. - Ela respondeu.

— Phillip sabe disso? - Perguntou.

— Meu primo não tem a culpa de ter a mãe que tem – Victoria começou a andar na direção do gazebo mais a frente, deixando a mercê de Conan se ele gostaria de acompanha-la ou não.

A estrutura sustentada pelo mesmo material do parapeito tinha seu teto caracterizado por uma grade, recheada por roseiras que se abraçavam desde o térreo das pilastras até o topo, criando desenhos nas sombras causadas pelo sol.

— E qual seu plano para sentar no trono? - Ela sentiu os dedos de Conan passeando por sua bochecha e se sentiu trêmula por alguns segundos.

— Quem disse que tenho um plano? - Se afastou dele após responder, andando lentamente até a pilastra do gazebo mais próxima da vista do mar.

— Acha que não percebo a diferença do seu olhar quando tem alguém olhando e quando estamos sozinhos? - Após ouvir a voz de Conan, Victoria engoliu um seco e virou-se para trás a tempo de ver um sorriso sacana do rapaz. - Olha, não precisa me contar agora se não quiser, mas saiba que você pode confiar em mim.

Victoria deu uma risada e começou a andar lentamente na direção dele dizendo:

— Não sou idiota Conan, acha que não sei o quanto os Rathel são rendidos ao poder de Megara?

Após alguns minutos parada, Victoria começou a andar para fora do Jardim, acenando para os moradores que passavam por ela, até que novamente a voz de Conan chegou aos seus ouvidos.

— Você está certa em duvidar de mim, mas não culpe meus pais por terem gratidão... Os Rathel terem se tornado lordes das Ilhas de Sal melhorou muito a vida de minha família.... Mas por favor, não misture ser grato com ser Lacaio.

Antes da Guerra da torre, quem controlava as Ilhas de Sal eram os Lurinof, mas após a morte de Vriuno Lurinof em uma das últimas batalhas, a colônia de Laguna acabou ficando sem governantes já que Megara havia ido para Laguna se tornar a Rainha Regente enquanto Victoria ainda era pequena, e a mulher acabou colocando os Rathel no controle das Ilhas enquanto ela estava do lado de fora.

— E quanto mais tempo Megara ficar na capital, por mais tempo os Rathel controlarão as Ilhas de Sal, por isso você aceitou o casamento tão fácil? - A Princesa passou por uma roseira e desfilou seus dedos pelas pétalas. Só de pensar que talvez esse era o plano de Megara com os Rathel, Victoria ficava mais pensativa em como derrubaria duas grandes famílias que querem o seu mal. - Você é bem mais inteligente do que eu pensei, Conan.

— Você tem muito para me conhecer, Victoria, eu não sou um jogador... Disso você pode ter certeza.

"Será que posso?" Pensou. A ideia de ter um aliado tão forte politicamente falando quanto Conan era uma ideia invejável, mas será que ela devia confiar em alguém com tantos motivos para apoiar Megara? Preferia deixar que o tempo mostrasse essa tal fidelidade de Conan, no momento seria melhor se abster.

Ignorando totalmente o Rathel, ela tornou a andar pelo jardim de Laguna. Ao longe a estátua de Joseika parecia brilhar em um tom azulado, o Deus do mar que havia presenteado o Reino com tanta beleza e bens fixava seus olhos de safira no rosto da princesa, a fazendo se aproximar lentamente. Suas mãos tocaram a base da estátua e os olhos se fecharam durante alguns minutos.

"Pai de todos os mares, oceanos e lagos... Da mesma forma que tem abençoado este Reino, por favor, me abençoe... Me dê forças para suportar o que o destino tem para mim" Orava em silêncio, ao mesmo tempo em que conseguia ouvir o som das ondas se quebrando ao longe.

— Acredita nisso?

— Você não? - Respondeu o garoto sem olhar para seu rosto, permanecia de cabeça baixa e olhos fechados, sentindo os passos do outro cada vez mais próximos.

— Não sei dizer... Nunca tive motivos para ter fé em algo que nunca vi.

— Acho que já é hora de voltarmos ao Palácio - Com um sinal, a carruagem começou a se aproximar da entrada do Jardim, e sem falar nada com Conan os passos dela continuaram firmes na direção que devia seguir. - Você me disse que tinha planos antes de vir para a capital... Qual seriam?

O olhar dele mudou um pouco, e a garota se perguntou se estava puxando o assunto certo. Será que devo me desculpar? Antes que pudesse concretizar o que pensou, ele respondeu.

— Bem, eu iria viajar para Aksum com meu namorado, sempre tivemos o sonho de ver os dragões dos Tass de perto e... – Naquele momento Victoria arregalou os olhos, ao mesmo tempo em que queria parecer não estar surpresa, o que não deu muito certo. Ao notar isso, Conan se voltou para ela e perguntou. - O que?

— Desculpa, eu não sabia que você era...

— Ninguém sabe na verdade – Ele deu uma risada. - Para os outros éramos apenas bons amigos.

— Eram? - A palavra no passado fez com que a princesa juntasse as sobrancelhas. As coisas pareciam cada vez mais melhores, se Conan realmente não sentisse atração nenhuma por ela e ainda por cima tivesse apaixonado por alguém, o casamento dos dois nunca seria sério.

— Quando eu contei a ele do casamento, ele pediu para eu escolher entre você ou ele.

Victoria preferiu não continuar com o assunto, se ele estava ali com ela é porque provavelmente ele preferiu deixa-lo de lado e seguir com a aliança entre as famílias, e isso era triste. A princesa nunca iria abdicar de suas vontades para seguir o pensamento das pessoas a sua volta.

Ao se aproximarem da carruagem, algumas pessoas começavam a ficar em volta do casal, sorrindo e acenando. Victoria acenava e sorria, mas ela sabia que precisava de algo mais forte naquele momento, então olhou para Conan e lhe deu um beijo. Longo o suficiente para ouvir os gritos de alegria e felicitações.

Quando a carruagem começou a andar, Conan olhou nos olhos dela e disse:

— Você é inteligente, Victoria.

— Você ainda não viu nada, Conan.


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Notas finais do capítulo

Iai gente, o que acharam? Gostaria de saber a opinião de vocês kkkkk
Bjs e até o próximo ♥



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