A Canção de Fogo - Faíscas escrita por Sapphire


Capítulo 19
Praire III


Notas iniciais do capítulo

ALERTA DE CAPÍTULO MEIO TRISTE TALVEZ

Esse capítulo vai narrar mais um grande acontecimento na família Parsons, e eu espero que vocês gostem!
Obrigado a todos os comentários, acompanhamentos e favoritos galera, vocês não tem ideia de como essas coisas me deixam feliz ♥



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O dia amanheceu mais cinzento do que de costume, as camadas de nuvens cobriam cada parte do Norte. Parecia que a natureza havia adivinhado os sentimentos da pequena Praire.  

Ela passeava pelos corredores do Castelo de Gelo com seu coração na mão, o palácio dos Parsons, na capital do Norte, recebe esse nome graças ao modo como foi feito, milhares de blocos brancos que em dias de neve pareciam se misturar com a vista. 

Seu corpo encaminhou-se até a porta do próprio quarto, queria entrar nele mais uma vez antes de partir com seu pai. Queria ter altura para alcançar o símbolo do lobo entalhado na porta, se perguntou até quando ela ficaria sem ter aquela visão. Empurrou a porta e para sua surpresa seu irmão estava ali. 

Aeris posicionava-se sentado em sua cama, os cabelos brancos pareciam melhores e mais bem cuidados do que os de Praire, e isso era engraçado ao ver da garota. Ela foi ao encontro aqueles grandes olhos acinzentados e uma pequena vontade de chorar pareceu queimar seu rosto. 

 - Por que você não pode ir? – Disse se aproximando dele, com o rosto cabisbaixo. 

— Eu preciso ficar para cuidar do reino... para cuidar de mamãe e Verirsis – Aeris tocou nas bochechas pálidas de Praire. - Você sabe. 

 - Mas tem muitos guardas nesse castelo! Karth vai ficar aqui para cuidar do reino! Por favor, você precisa ir! - Na última vez em que havia pisado em Aksum era apenas um bebê, não se recordava de nada sobre o lugar e a ideia de ficar sozinha era horrível. Seu pai iria, mas Praire não era tola, sabia que o Rei ficaria em reuniões e mais reuniões. 

O mais velho levou as mãos até o pescoço, e com cuidado retirou o seu colar de prata com um lobo na ponta. E depois de alguns segundos o observando, a garota imaginou que o irmão estivesse decidindo o que viria a seguir, e ao fim desse período entregou  a ela dizendo: 

 - Eu ganhei de nosso pai quando tinha a sua idade... - Ele pegou o objeto e colocou no pescoço da menina. - Quando sentir saudades de casa é só lembrar do lobo no seu pescoço, vai ser como se eu estivesse com você - Lhe deu um beijo na testa e se afastou.  

Ao se afastar, ela apertou os braços em volta dele e desejou ficar naquele abraço para sempre. Talvez fosse pouco tempo fora de, mas só por pensar que ficaria sem ver sua família a sensação das lágrimas voltavam, e ela sentiu as gotas descendo por sua bochecha.   

— A dona Shera me contou que os reinos do Sul são diferentes. E se em Aksum eu precisar mudar? - Disse ainda com seus pequenos braços entrelaçados ao corpo de Aeris.  

— Você pode mudar seus costumes, roupas e o modo de agir, mas ninguém nunca pode tirar o lobo que há em você. 

Os próximos passos que se seguiram foram ainda mais tristes, Aeris tinha ido resolver alguma coisa que não podia lhe confiar e Praire decidiu visitar o quarto de seu irmão Verirsis. O lugar estava carregado com um clima mórbido, sua mãe estava sentada no pé da cama olhando para o garoto deitado. Sentada em uma cadeira ao lado, a criada bordava um pano qualquer. 

Dona Shera havia sido encaminhada a Praire, afim de ensina-la a ser uma verdadeira dama, mas não demorou muito para entender o coração da princesa e começar a lhe contar lendas e fatos do mundo. Quando a garota contou para seu irmão uma das histórias da criada, ele pediu rapidamente para seu pai que também queria Shera em seu quarto. E assim os dois passaram a ter a mesma cuidadora. 

 - Mamãe? - Ela perguntou enquanto se aproximava. 

 – Filha – Sua chegada repentina a assustou, Praire viu sua mãe limpar o rosto que derramava algumas lágrimas, talvez. - Sente-se. 

Os cabelos loiros da Rainha estavam cheios, ela estava sem sua coroa de prata.  Se perguntou se sua mãe estava bem, parecia mais magra e doente, quanto pior Verirsis ficava, Elli acompanhava o processo, não gostava de vê-la daquele jeito. Tinha medo do que poderia acontecer caso seu irmão morresse.   

— Ele está melhor? – Praire olhou para o rosto de seu irmão, estava mais pálido do que de costume. Os olhos fechados e a respiração lenta deixavam a garota assustada. Após não ouvir nenhuma resposta, virou-se para Shera e perguntou. – Ele vai viver, não é?  

Um enorme silêncio entrou pelas janelas junto ao vento gélido e uma das servas que estava de pé como estátua a fechou.  

— Eu vou sentir sua falta – Elli disse, abraçando sua filha com força. Praire não estava com a mínima vontade de ir para Aksum, ela só queria ficar com sua família. Pensou que talvez aquilo finalmente pudesse ser um convite para ficar, mas seus sonhos foram destruídos – Mas você precisa ir, seu pai não pode ficar lá sozinho... 

A porta se abriu e o Rei surgiu, o homem encarou a cena durante alguns minutos antes de falar: 

— Vamos filha, só falta você. 

A garota deu mais um abraço em sua mãe, logo depois se aproximou de Shera e também a abraçou. Quando andou até seu pai, estranhou o fato de que os dois não estivessem se despedindo, a garota esperou que eles tivessem dado o seu adeus antes. Não queria pensar que sua família estava se separando não só fisicamente, mas também sentimentalmente. 

— Não vai se despedir de Clair? – Kloire perguntou. 

— Já dei meu adeus para minha filha, passei o começo da manhã com ela... colhendo suas lágrimas e suas dores – Confessou passando as mãos no rosto moribundo de seu filho deitado na cama. 

Assim que passou pela porta, Praire se virou para trás e deu um sorriso para sua mãe, mas antes que ela visse a resposta, seu pai fechou as portas, separando mãe e filha. 

O pátio que levava até a saída do Castelo de Gelo estava cheio de carruagens. Isso se devia ao fato de que a família se dividiria, todos seguiriam juntos até saírem dos domínios do Norte, logo depois Clair e alguns guardas que a acompanhavam iriam para Caphiro afim de proteger a princesa do Norte no caminho para seu casamento, o resto iria para Aksum com Praire e Kloire. 

Antes de subir na carruagem, a criança sentiu algo tocando no seu cabelo e ao olhar para cima viu os pequenos flocos de neve que desciam do céu. Suas pequenas mãos apanharam um pouco daquela substância gélida, lá estava uma coisa que ela sabia que sentiria falta. Mais à frente, Aeris e Clair se abraçavam na frente da carruagem real e Praire correu ao encontro deles. 

Era estranho deixar a cidade em que você cresceu, mesmo que fosse apenas por certo período de tempo. Olhando pela janela, a garota observava as pessoas em seus afazeres, as vezes eles paravam e olhavam para as caravanas, dando adeus com as mãos.  

Clair estava na frente da menina, a irmã observou o olhar triste da outra, e disse:  

— Eu queria ir no seu casamento...  

— Todos nós gostaríamos - A voz forte de seu pai soou. 

 Clair respirou fundo e respondeu Praire, ignorando totalmente a presença de seu pai. 

 – Eu entendo o seu lado, irmã – Tentou fazer um sorriso, mas a tristeza era nítida. 

Praire observou as duas companheiras das princesas, Hayley e Camila, as duas conversaram com seus respectivos familiares antes de entrar nas suas carruagens. 

Naquela altura do campeonato eles já haviam saído da capital do Norte e passeavam pelas estradas reais.  

Os cabelos de Clair estavam horizontalmente trançados, de modo que parte de seu cabelo ficasse solto, liberando um ondulado delineado pelos ombros, muito diferente da outra, que tinha seus cabelos brancos soltos, um pouco bagunçados pelo vento. Praire se inspirava muito em sua irmã, o que ela queria era ser tão bela quanto a mesma quando ficasse maior, mas também gostaria muito de saber caçar como Aeris. Quando lembrou de seu irmão, suas pequenas mãos apertaram o lobo pendurado pelo pescoço. 

A carruagem parou e depois de alguns minutos um guarda abriu a porta, e Clair saiu primeiro, logo depois seu pai saiu. “Espere aqui” disse ele. 

Praire imaginou que eles estavam na divisão das estradas, um lado iria para Caphiro, Reino formado pela união regional de três ilhas, controlado pelos Wrynn, onde Clair se casaria com o príncipe Theodore. O outro lado seguiria para Aksum, a capital controlada pelos poderosos Tass e seus dragões.  

Praire era a muito pequena para se lembrar de quando os três Tass mais jovens ganharam seus dragões, mas Aeris contava sobre o dia, cada um deles havia ganhado um dragão recém-nascido, gostaria de saber o tamanho que estavam atualmente. A princesa Selene Tass havia ganhado um amarronzado, o príncipe Quor um preto com detalhes vermelho como sangue e o príncipe herdeiro Hélius um tão branco que talvez fosse impossível de enxerga-lo no meio da neve do Norte.  

Se todos as famílias reais iriam comparecer ao casamento, Praire se perguntou se ela veria sua tia, a Rainha de Karlee:  Laurier Konorra Parsons. Assim como Clair, ela se casou com um príncipe.  

"Será que vou me casar com um príncipe?" Ainda era uma criança, mas depois dos acontecimentos em sua vida, já estava preocupada com isso.  A caçula dos Parsons não se imaginava com um vestido gracioso e uma coroa ao lado de um homem enquanto ele indica as ordens... A criança se imaginava com uma espada, vivendo aventuras, correndo pelo campo, navegando pelos mares, com seus lindos cabelos brancos ao vento, como os de Clair. 

 Ela levou seus olhos acinzentados para fora e viu sua irmã e seu pai conversando. Queria poder saber sobre o que falavam, mas seu pai tinha mandado ela ficar na carruagem. A conversa durou um longo período de tempo e quando Praire estava desistindo de tentar adivinhar, Kloire entregou algo nas mãos de Clair e os dois se deram um abraço duradouro. Depois de se separarem, a princesa desceu de sua carruagem e correu até sua irmã, a abraçando bem forte. 

— Eu te amo muito, muito, obrigada por tudo – Clair sorriu logo depois de se afastar do abraço. – Vá me visitar em Caphiro. 

— Eu vou – A pequena sorriu. 

Observou a irmã entrar na mesma carruagem que Hayley, sua dama de companhia. E quase ao mesmo tempo, Camila entrava na carruagem de Praire.  Assim que se sentou, viu a carruagem de Clair Parsons se afastar lentamente. 

 E após alguns minutos a carruagem começou a andar novamente. Com os olhos fechados, ela sentiu a lágrima cair e rezou para os deuses cegarem Camilla, para que ela não visse sua tristeza. 

 Lembrou das vezes que saiu para caçar com seus irmãos, dos jantares divertidos em família, das histórias de Shera, dos passeios com sua mãe e irmã. Aquilo doeu no coração da caçula, sentia saudade dos Parsons unidos, um tempo que, mesmo quando ela voltasse para o Norte, sabia que não voltaria. 


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Notas finais do capítulo

Iai, o que acharam? Espero que tenham gostado! Deixem suas opiniões, elas são bem importantes!

E eu também tenho uma notinha:

Recentemente eu postei uma shortfic de dois capítulos (postei 1 até agr mas ok). Ela se chama "A Rainha de Prata" e conta a caminhada de uma Princesa Lorak até se tornar Rainha! A história se passa anos bem antes de "A Canção de Fogo", mas é bem interessante conhecer mais sobre o universo da Fic! Principalmente o passado das famílias maiores como os Lorak (Boatos que também aparecem alguns Tass rss).

Link: https://fanfiction.com.br/historia/766144/A_Rainha_de_Prata/

Enfim, até o próximo capítulo! Beijos ♥



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