A Canção de Fogo - Faíscas escrita por Sapphire


Capítulo 14
Quor II


Notas iniciais do capítulo

Olá, eu vi que muitos de vocês sentiam saudades deste arco maravilhoso, então eu trouxe este capítulo para vocês!! Não esqueçam de deixar sua opinião!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/739834/chapter/14

 

 A luz do sol adentrava pela janela de Quor, e aquela mesma luz aquecia seu rosto nu. Como todo começo de manhã, o príncipe de Aksum não estava no seu melhor estado de velocidade, se colocou de pé apenas para fechar as cortinas de seu quarto, voltando a escuridão ao cair na enorme cama. Porém a pequena caminhada até a janela de seu quarto foi o suficiente para perder o sono, ele deu um grito abafado no travesseiro e se colocou de pé um pouco sonolento.  

Após se aprontar em uma velocidade intimidadora, ele abriu a porta, apenas para ver Sor Lemi Horon encostado na parede, cortando uma maçã com uma adaga dourada. O homem era membro da guarda real, e assim como os outros, usava o manto: Uma armadura preta com alguns dragões vermelhos espalhados por todo o lado. Preso na sua cintura junto com a espada estava o elmo. Seus cachos pretos dançavam com a corrente de ar que entrava pela janela no final do corredor, mas quando o vento diminuiu um pouco os cabelos chegaram até os ombros. Suas características eram comuns em áreas como o Norte, o lugar de onde Sor Lemi veio.  O guarda levou os olhos esverdeados para Quor e levantou as sobrancelhas em uma surpresa irônica.  

— Ora Ora, veja quem decidiu se levantar antes do sol se pôr - Depois disso voltou os olhos para a maçã, tirou um pedaço cortado horizontalmente, e com a ponta da adaga o levou até a boca, ao mesmo tempo em que sorria virando na direção do príncipe. 

Ele era uma pessoa legal, mas Quor nunca havia perguntado a ele sobre sua origem. Por mais que de certa forma não alterasse nada na vida do príncipe de Aksum, o garoto gostava da ideia de conhecer a pessoa que irá segui-lo grande parte do dia.  

— Então você que está encarregado de me perseguir hoje?  - Quor fechou a porta e encostou o ombro na mesma. 

— Fico feliz que tenha acordado, pensei que teria de ficar aqui parado o dia todo – Se endireitou na parede. - Você não tem uma corrida de dragão hoje?  

— Isso! Sabia que estava esquecendo algo - Começou a andar na direção da saída do palácio. - Que horas são? 

 - Se eu não estiver errado, já se passaram duas horas desde o almoço. 

 - Eu perdi duas refeições?! - Começou a descer as escadas correndo, Quor começou a pensar como se manteria de pé em Ferco sem o café e o almoço.  - Eu vou morrer de fome.  

Quando chegaram no térreo, Sor Lemi "O Ágil" lhe lançou a maçã, com certa dificuldade de pega-la no ar, Quor limpou a maçã que durou menos de cinco segundos no chão 

— Obrigado, eu não tenho tempo algum de ir na cozinha. 

Antes de passar pelos portões de saída da Fortaleza Flamejante, era necessária passar por dois portões, o primeiro era o do jardim, o segundo por uma área de segurança por fim passava por uma área mais acessível para comerciantes e plebeus, até sair da morada da família real.  

Quor entrou na carruagem junto com Sor Lemi, que gritou pela janela "Para a Caverna dos Dragões". Os Quatro cavalos que tornavam a carruagem veloz eram todos da mesma cor, um preto tão intenso que talvez na noite fosse difiícil enxerga-los.  Quor precisava admitir, eles eram rápidos, mas não tão rápidos a ponto de chegarem lá em menos de cinco minutos.  

O Príncipe deu uma olhada pela janela apenas para se certificar que estava no caminho certo. Um grunhido vindo do céu fez os cavalos relincharem, ao fixar seu olhar para o céu, Quor viu a mancha preta causada pelo sol passar em alta velocidade em forma de dragões. Egres e Licko voavam na direção da Caverna dos Dragões, pelo jeito a corrida já estava acontecendo e todo o esforço de Quor havia sido em vão. Egres, dragão de Selene estava na frente de Licko, o qual Hélius estava com certa dificuldade para controlar, nada de novo.  

 - Fico muito feliz que dragões não tenham a habilidade da fala... Tenho certeza que Ferco me xingaria por te-lo feito ficar sozinho e perder a corrida – Quor se lastimou, observando os dragões indo na direção de suas "casas".   

— O que quer fazer agora, meu príncipe? - Sor Lemi perguntou.  

— Vamos continuar a rota, mas sem pressa dessa vez.  

O príncipe era um adolescente, tinha 15 anos de idade, mas mesmo com essa idade, não sabia muito o que esperar do futuro. Seu irmão se casaria com Jane, uma princesa de um reino longínquo, assim criando um acordo político que tornaria Aksum muito mais poderosa. Quor se casaria com Selene, sua irmã, para que juntos pudessem ter muitos filhos, mantendo a linhagem pura, assim como seus antepassados. Mas e depois de tudo isso? Selene tem um espírito bem aventureiro, e ela já havia conversado várias vezes com ele e Valquíria sobre a vontade de viajar pelo mundo, e quem sabe esse sonho se torna realidade? Seria legal conhecer novos lugares. 

O garoto sempre se perguntou como era Rom, o reino original dos Tass. Antes de seus antepassados: Átila, Alice e Afrodite Tass chegarem conquistando Hangarus, era lá que eles reinavam. E foi lá que a maioria dos Tass cresceram durante muito tempo, mesmo depois da guerra civil que destruiu e espantou grande parte do Reino, a canção de fogo. Foi um nome simbólico, o nome mais apropriado deveria ser "A Ruína do maior reino de todos". Além da morte de grande parte da família Tass, a guerra também levou uma enorme parte dos dragões. Antes da guerra, vinte e cinco dragões voavam pelos céus, depois apenas oito, sendo que dois deles estavam em Aksum.  

De certa forma a guerra foi culpada pela grande decadência das criaturas no mundo. Hoje em dia só existem três dragões: Ferco de Quor, Licko de Hélius, e Egres de Selene. Os três de porte médio, mas cada um com uma marca.  

Ferco é conhecido como a sombra negra, Licko como o dragão branco, Egres como a pegada dourada. E infelizmente não existe nenhum dragão em Rom, apenas a memória de um tempo que não vai voltar. 

Atualmente quem controla o reino, que fica no continente de Lamoras do outro lado do Mar de Hart, é o Rei Orfeu Tass III e sua tia a Rainha Ártemis Tass. A primeira e última vez que Quor visitou o outro reino foi no casamento dos dois, e a visão que teve lhe agradou. O Palácio fica sob várias rochas, que se ligavam ao continente.  Seu pai lhe disse que aquilo não era nem metade do que o reino realmente deveria ser, um reino corroído pelo ódio e pela inveja. 

— Você viu Valquíria? - Perguntou ao guarda. 

— Não, mas ela deve estar com sua mãe,  que eu me lembre, Valquíria Grigori é dama de companhia da Rainha Penny, certo? 

— Sim... Verdade – Quor suspirou, havia se esquecido desse detalhe. Há alguns meses Valquíria não passava de uma moradora do palácio real.  

Quando se casou com o Príncipe, futuro rei, Átila Tass, Penny veio de Karlee e trouxe a sua melhor amiga, uma moça de pele clara e cabelos ruivos chamada Peônia Grigori, que veio junto com o seu marido, Abrom Grigori. Os primeiros meses de casamento de Penny e Átila foram uma loucura, com o sumiço dos príncipe  Áquila, o Reino inteiro se afundou numa grande tristeza. Corajosamente, o príncipe Atlas Tass decidiu procurar pelo irmão que havia desaparecido junto com outros soldados notáveis, um deles era Abrom Grigori. No final das contas nem Áquila, nem Atlas e nenhum dos outros homens que haviam viajado junto com ele voltaram para Aksum, piorando ainda mais a situação. E neste turbilhão de coisas Valquíria nasceu, mas sua vida acabou trazendo a morte de Peônia, que pediu para que sua amiga, a Rainha Penny, cuidasse de Valquíria. Com o tempo, a rainha teve medo de que alguém fizesse algo a Valquíria, e para protege-la ainda mais, decidiu torna-la dama de companhia. 

Quor se deu conta que estava tempo demais pensando em Valquíria quando notou Sor Lemi fitando o rosto sem expressão alguma do príncipe. Para quebrar aquele clima perguntou: 

— Como era sua vida no Norte? 

— Fria – Ele deu uma risada baixa. - O Norte é um reino bom, eu era um orfão quando um dos cavaleiros do Rei Kloire Parsons me viu passando fome e me convidou para ser seu escudeiro... Foi com ele que eu aprendi tudo que eu sei. Quando o seu pai, Rei Átila Tass visitou o Norte, ele viu meu treinamento e me convidou para participar da Guarda... Não foi difícil abrir mãos de meu passado, eu não tinha família, e sempre odiei o frio – Riu mais uma vez.  

— Kloire Parsons... Eu lembro a última vez que fiquei perto de um Parsons – Sua memória o levou a quatro anos atrás, no 14º dia do nome de seu irmão Hélius Tass. Naquele dia, quase todos os nobres do continente de Hangarus compareceram na comemoração, e entre esses nobres, a família real do norte: Os Parsons. - Eles eram todos iguais... Cabelos brancos, pele branca, e os olhos cinzas... Tem mais pessoas no Norte como eles?  

— Não. O mais perto que temos de um cabelo daquela cor são os loiros. 

 - Eles eram legais, eu lembro apenas do nome Clair e Aeris... O outro é muito... 

 - Verirsis? - Lemi perguntou retoricamente. - Os Parsons e os Tass tem muita coisa em comum.  

— Como por exemplo? - Quor perguntou.  

— Eles ligam muito em manter aquela aparência deles. Os príncipes herdeiros são restritamente proibidos de se casar com qualquer mulher que tenha cabelos de cores fortes... E isso também vale para a cor da pele - O guarda respondeu. 

— Então é por isso que houveram pouquíssimos casamentos entre Parsons e Tass, por mais que nossas famílias sejam tão amigas - Deu uma pausa, a medida em que olhava para a Caverna dos Dragões se aproximando. - Não seria benéfico fisicamente para ninguém. 

O edifício onde os dragões ficavam, se posicionava em cima de uma colina, logo se você se posicionasse no local certo poderia enxergar o local, e definitivamente, agora não era uma boa hora para você ver aquilo. Guardas se afastavam dos portões apontando lanças para o que viria a seguir.  Um fogaréu surgiu na entrada da Caverna, e em seguida Licko, o dragão branco de Hélius, começou a correr gritando entre chamas, batendo asas fazendo um voo assustador, derrubando no chão os guardas que não haviam sido queimados. Mas algo aconteceu que não o deixou continuar seu voo, pois ele caiu na praça se arrastando pelos bancos e pela grama. 

 - O que está acontecendo? - Quor perguntou assustado, quando tentou abrir a porta Sor Lemi o impediu. 

— Eu não sei, é melhor termos... - Antes que Sor Lemi terminasse, Egres saiu do edifício, e segundos depois Ferco. Os dois dragões estavam estranhos, pareciam estar muito mais agressivos, pois Ferco tentou atacar Egres com um tapa e uma boca, e no final os dois começaram a voar na direção da cidade se atracando. 

Lemi e Quor se encararam durante um rápido período de tempo, o príncipe empurrou o corpo do guarda e abriu a porta da carruagem correndo na direção da praça, logo atrás Sor Lemi corria também. Quanto mais próximos os dois ficavam, mais pessoas corriam na direção contraria da praça. Os dragões dos príncipes Tass estavam no meio da praça em uma situação assustadora, eles gritavam em meio ao seu fogo, batiam asas, devoravam os animais que passavam assustados. 

Sem saber o que fazer, Lemi observou tudo aquilo aflito, ele se voltou para Quor e disse:  

— Me perdoe - Ele saiu do cavalo, e com a espada na mão foi na direção do dragão mais próximo, Ferco. 

O príncipe entendia o lado de Sor Lemi, algo muito estranho estava acontecendo com os dragões, eles estavam diferentes, até mesmo seus olhos pareciam ser de outras criaturas. Mas não podia permitir ter seu dragão ferido ou morto por alguém. 

— Não! - Quor gritou. - Me deixe falar com ele!  

Sem esperar resposta, Quor desceu de seu cavalo e foi na direção de seu dragão. Os dragões tinham um tamanho médio, mas Ferco era maior, devia ser apenas alguns centímetros, mas isso era nítido. O Dragão de Quor era negro, e suas asas e escamas eram tão vermelhas quanto o sangue puro dos Tass.  Após andar calmamente, ele parou em frente a Ferco e com muito cuidado para não ser atingido ele disse:  

— Ferco! - E o Dragão virou para ele, o mesmo deu um grito tão forte e bravo que fez os cabelos do príncipe se moverem. O Bafo quente do dragão não o afetava, e isso era algo estranho. Depois do grito, Quor olhou nos olhos  dele. Normalmente aqueles olhos deviam ficar vermelhos, mas naquele momento estavam tão negros, que ele conseguia se ver naquela imensidão. - O que fizeram com você? 

 Ele ergueu seu braço temeroso na direção da cabeça dele, e começou a acariciar aquela cabeça repleta de escamas. Como passe de mágica, os olhos do dragão voltaram a ser vermelhos, mas isso não era o fim dos problemas.  

Um grito familiar chamou a atenção do príncipe de Aksum, e quando ele olhou para o lado, viu Valquíria caída no chão com Licko olhando atentamente para ela.  No momento em que Quor faria algo, notou que o dragão não estava fazendo nada com Valquíria, eles estavam apenas se olhando.  

Tudo parecia ter se acalmado, até mesmo os gritos assustados das pessoas haviam se dissipado, deixando apenas um suspense no ar.  O garoto olhou para Valquíria e deu um sorriso, mas ela não sorriu de volta, ao invés disso arregalou os olhos e gritou:  

— Cuidado! 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

gente, eu atualizei o site da história, agora tem a História da Conquista dos Tass e também um guia dos Reinos do Norte e Laguna, da uma conferida lá tem várias coisas legais a ajudar a desembolar a cabeça de quem fica confuso as vezes
acancaodefogo.weebly.com



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Canção de Fogo - Faíscas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.