A Canção de Fogo - Faíscas escrita por Sapphire


Capítulo 10
Phillip I


Notas iniciais do capítulo

Feliz ano novoooo!!!!! Para comemorar esse 1 dia do ano eu vim trazer um capítulo novíssimo!
Eu vim trazer um personagem "novo" mas conhecido por vocês!! Hoje vocês vão entrar na cabeça de Phillip, o príncipe de Laguna e primo da nossa Victoria Lorak! Ele está no site se vocês quiserem conferir como eu o imagino!

A Canção de Fogo completou 60 acompanhamentos! E eu estou muito feliz porquê agora estamos quase batendo 60 comentários!! Eu nunca tive uma história com tanta repercussão em e eu de verdade agradeço muito a vocês que leem essa história, comentam, me ajudam na divulgação sempre que eu posto lá no grupo do Nyah... De verdade vocês são os melhores ♥ ♥

Trailer da fic: https://youtu.be/pJD9bNJIWxk



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Já não bastava ter que se preocupar em fingir gostar de espadas, ou qualquer coisa relacionada a guerra, agora Phillip precisava se preocupar com o emocional de sua prima, Victoria. Não que a garota fosse mais um rostinho bonito inocente, a Lorak era muito mais forte e valente do que seu primo mais novo, disso ele tinha certeza, mas tudo isso era algo muito novo para o jovem.  

Victoria sempre ajudava Phillip em tudo, e pela primeira vez em muito tempo, agora quem precisava de ajuda era ela, e o garoto estava muito feliz em ajudar, um pouco nervoso talvez. O rapaz mal tinha completado seus 15 anos, e seria a primeira vez em que ele tentaria fazer sua mãe mudar de ideia em relação a algo sobre sua prima.                                                                     

Seus olhos verde azulados olhavam para a vista que seu quarto proporcionava. Com seu corpo em pé na sacada, ele focava a vista naquele imenso mar, que era a poucos quilômetros do palácio.  

O Príncipe de Laguna usava uma túnica azul marinho, ela vinha até metade de sua coxa, e uma corda dourada vinha amarrada em sua cintura, na bainha da túnica um detalhe em linhas retas tinha a mesma cor da corda.  

Phillip se sentou na cama e continuou fitando o mar através das portas da sacada, que permaneciam abertas. Haviam duas servas terminando de apronta-lo para mais tarde.   

— Não podemos te arrumar se continuar sentado – A primeira serva disse, e ele revirou os olhos. O garoto nunca gostou muito da ideia de servos com ele o tempo todo, se sentia muito incapaz, não que ele não fosse, mas tem coisas que ele imaginava serem legais de se fazer sozinho, como por exemplo se arrumar.  

Ouviu os passos de longe, provavelmente estavam no começo do corredor. A porta do seu quarto foi aberta por um dos guardas que estava do lado de fora, mas quem entrou foi sua mãe, a Rainha Megara. Ela usava uma longa túnica branca com detalhes vermelhos, seus cabelos pretos recaiam sobre os ombros em um penteado que favorecia a coroa de ouro em sua cabeça.   

— Como está, filho? - A mulher sorriu ao ver Phillip olhando em seus olhos.   

— Estou bem – Gaguejou um pouco.  

Ela se aproximou dele, e lhe deu um beijo na bochecha, um beijo que não foi correspondido. A mulher fez um sinal e as servas se retiraram, os passos lentos da rainha a levaram até a sacada e assim como Phillip, seus olhos se penetraram o mar.   

— É lindo não? - Disse sorrindo, encaminhando seu corpo até uma poltrona próxima da cama do filho. - O que quer conversar comigo? -  Megara desviou os olhos do menino apenas para pegar uma uva de um enorme cacho roxo, e levar até a própria boca.   

Phillip demorou para responder, mais do que gostaria de fato.   

— Quero conversar sobre Victoria.  – Sua voz expressava o nervosismo, seus olhos estavam fechados, um modo de se preparar para a conversa que se seguiria. 

— Claro, imaginei – Suspirou lentamente. As palavras que viriam a seguir ela disse em um misto de tristeza e ironia. - E eu, ingênua, pensando que você queria passar um tempo com sua mãe.   

Phillip deixou que o ar tímido escapasse de seus pulmões, poderia muito bem entrar naquele assuntos, mas preferiu ser direto. Não suportava os dramas de sua mãe.  

— Mãe, você não pode fazer isso com Victoria! Ela não é um objeto, ela é princesa de Laguna! – Arregalou seus olhos verdes azulados, com a mesma intensidade que movia suas mãos, como se estivesse em uma cena de teatro. 

— E você também - Disse de forma calma, bem diferente do garoto que se embolava com as próprias palavras.  

— Ela é mais do que eu! E você sabe muito bem disso! - Quando tinha 17 anos, Megara se casou com o filho de um Lorde das ilhas de sal, uma das cidades do Reino de Laguna, a tornando uma Lady nas Ilhas. Depois da Guerra da Torre, a única sobrevivente da família Lorak depois dela era Victoria, que tinha apenas cinco anos de idade. Como a criança não tinha idade para assumir o trono, Megara saiu das Ilhas de Sal e voltou para a Capital, onde reina até hoje. - Victoria em breve faz 16 anos, e a primeira coisa que ela vai fazer é assumir o trono, e nós voltaremos para as Ilhas de Sal.   

Depois de perceber o que falou, ele arregalou os olhos, e se preparou para pedir desculpas, mas o pobre garoto estava tão nervoso que não conseguia nem falar sem que uma gagueira o atrapalhasse.  

— Cale a boca! - A Rainha levantou sua voz, assim como seu corpo. - Victoria nunca vai ser rainha de Laguna – Ela se moveu rapidamente na direção da porta.  

Por incrível que pareça, o príncipe conseguiu pensar em algo para dizer antes que Megara saísse de seu quarto mais decidida do que nunca. Ele fechou seus olhos e respirou fundo, tentando ficar mais calmo.   

— Você não queria se casar com meu pai, não é?   

Tais palavras a fizeram parar de andar, ainda com a mão direita na maçaneta dourada da porta. O silêncio preencheu aquele quarto por longos minutos, e Phillip temeu que tivesse usado o método errado.  

— Eu tinha a idade de Victoria quando seu avô, Cronis Lorak, disse que eu tinha de me casar com Vriuno Lurinof, o filho de um dos lordes das Ilhas de Sal.... - Ela deu uma pausa, a medida em que desviava seus olhos para o chão, como se pudesse ver seu passado por um portal. - Quando eu perguntei a ele o porquê, ele disse "Você é mulher, eu não deveria nem dar-lhe alguma satisfação".  

Phillip observou a feição de sua mãe mudar de uma hora para a outra. Sua mão direita abriu a porta do quarto, e antes que ele dissesse qualquer coisa, ela prosseguiu com sua fala:  

— Nem sempre a vida é justa conosco, meu filho. Se eu sobrevivi a isso, Victoria consegue.   

O vento entrava pela sacada, esvoaçando as cortinas azuis transparentes para dentro do cômodo. A Rainha Megara Lurinof Lorak  passou pela porta, e quase ao mesmo tempo em que fazia isso, fechou, deixando Phillip sozinho com seus pensamentos confusos. 

 

A Lua já começava a aparecer no céu, Phillip a observava pelas janelas do Salão de banho. Não havia ninguém lá, um pedido dele, não gostava muito que as pessoas tomassem banho no mesmo ambiente que ele, por mais que fosse um costume normal em Laguna. Ele nunca entendeu muito bem esse costume, mas dizem que isso veio do antigo reino Rom, e como todos queriam copiar o Reino Rom, os costumes foram passados. 

Pensar no antigo reino dos dragões era bem triste, o príncipe sempre se perguntou como a negligência familiar e o poder nas mãos erradas destruiu um Reino inteiro. Quer dizer, não destruiu totalmente, ainda está lá, mas não como antes, existem boatos de que o Rei Orfeu Tass III e a Rainha Ártemis Tass são inférteis, por isso nenhum príncipe veio ao mundo. A menos que os Tass que existem do outro lado do mar de Hart se dividissem e viessem a reinar ali em Rom, o que poderia ser possível.  

Uma vez, uma das servas de Phillip contou sobre a prática de incesto entre a própria família, afim de manter a linhagem pura, ela dizia sobre como os antigos Tass não gostavam de se misturar com pessoas de pele branca, eles diziam que isso desmoralizava o poder de controlar os dragões, mas com o passar do tempo nem mesmo esses Tass conseguiam controlar dragões, mostrando que não era apenas por isso que não se misturavam com quem não eram eles, e isso acabava refletindo nas próximas gerações. 

Porém, mesmo com essa história, nunca foi definido muito bem o real motivo disso, as vezes nem eles mesmo sabiam. O caso é, com gerações e gerações de irmãos com irmãos, sobrinhos com tias, primos com primos, a família Tass de Rom diminuiu drasticamente, porque com o tempo foram se tornando mais inférteis. O ramo dos dragões em Aksum só existia porque eles abriram mão desse costume para se casar com reinos próximos, afim de manter a linhagem, mas mesmo com isso a família nunca mais voltou a ser tão grande quanto era antes da Canção de Fogo, a famosa guerra civil.  

Phillip engoliu um pouca da água e tossiu, se perguntou como tinha essa capacidade de se distrair tão facilmente, estava pensando em Victoria e quando percebeu os Tass de Aksum rondavam sua cabeça. Ele balançou a cabeça deixando que seus cabelos molhados espalhassem pingos por todos os lados.  

O Salão de Banho era bem grande, existiam cerca de quatro piscinas, sendo três delas menores e uma maior no meio. Existia uma sacada que Phillip sempre tinha medo de que alguém entrasse e o visse tomando banho, mas fora isso os banhos dele eram tranquilos. 

Seu corpo se colocou de pé durante alguns segundos, esperando que a água escorresse de seu corpo. Sua mão foi de encontro a sua túnica que usaria no jantar, estava nervoso, ainda não havia conversado com sua prima desde o dia anterior, e ele não conseguia encara-la e dizer que ela ainda iria se casar com uma pessoa aleatória.  

A túnica era branca, com detalhes dourados na bainha e na manga da blusa, ele olhou para a fita dourada que devia pôr na cabeça, mas deixou lá, não sentia vontade de fazer as vontades de sua mãe naquele dia. Enquanto colocava a roupa ficava pensando em como sua mãe tinha se tornado aquela pessoa, se ela tinha sofrido tanto com o casamento arranjando por que criar a mesma situação? E ainda pior!    

Phillip se sentiria muito triste vendo sua prima indo embora em um barco aleatório, para o mais longe possível. E o pior de tudo seria saber que ele podia mudar aquele futuro e não iria conseguir, por ser fraco o suficiente para não conseguir ir contra sua mãe.   

A mesa de jantar era enorme, cheia de lugares, antigamente a Família Lorak era enorme, então fazia sentido ela ser assim, mas nos dias atuais isso parecia estranho para Phillip. A Rainha Megara sentava-se na ponta esquerda, Phillip no meio da mesa ao lado direito, e Victoria estava do lado dele.   

Victoria usava uma espécie de coroa que simulava folhas de prata, mas não aparentavam serem pesadas. Sua túnica era preta com símbolos geométricos gravados nas barras, da mesma cor que a coroa. Aquela cor combinava perfeitamente com seus olhos tão azuis quanto o mar de Hart. Se perguntou quantos homens não iam para esse tal torneio afim de ganhar a mão dela, a Princesa de Laguna era de longe uma das jovens mais lindas que poderiam existir. O príncipe de Laguna nunca conseguia entender direito o porquê daquilo. Menos da metade daquela comida era ingerida, o resto era tudo jogado fora, e assim por diante.  

Todos se alimentavam lentamente, o clima no Salão de Jantar não era um dos melhores. Victoria iria ser esse prêmio em um torneio idiota, Phillip havia brigado com a própria mãe há algumas horas tentando fazer Megara mudar de ideia, enquanto a Rainha fingia que nada havia acontecido, parece que ela gostava de fazer os dois sofrerem psicologicamente.  

Phillip ainda não tinha comentado com Victoria sobre a conversa de mais cedo, e a verdade? Falar sobre isso era o que ele menos queria.  

— Oi Phillip – Ela soou desanimada, enquanto olhava para o próprio prato. - Você conseguiu?  

Victoria sempre ajudava o garoto em absolutamente tudo, e só de pensar que ele não havia conseguido ajuda-la em um dos únicos pedidos que ela havia acreditado nele, seu rosto se entristecia, então ao ouvir a voz dela seu corpo se arrepiou inteiro, e ele até se engasgou com um pedaço de carne.  

— Não sei - Limpou a boca, e queria ficar ali para sempre, ou sair correndo, era difícil encarar sua prima. - Mas eu tentei, eu juro.   

— Peço a atenção de todos – A voz da Rainha soou pelo salão. Phillip não entendeu o "todos", só tinha os três naquele lugar. - Eu tenho um anúncio a fazer.   

O garoto fechou seus olhos e respirou fundo. Por mais que tudo apontasse o contrário, ele ainda esperava que sua mãe dissesse "Eu mudei de ideia e não vou mais usar Victoria como um prêmio para o meu torneio". Será que era esperar demais de uma pessoa que aparentemente não tem sentimentos? Talvez.  

— O que é? - Ela perguntou.   

Depois de beber um pouco de seu vinho, continuou o discurso:   

— Eu decidi cancelar a minha ideia para o torneio, e usa-la para daqui a alguns anos, quando nosso reino estiver mais preparado para um evento deste porte.   

Phillip abriu um sorriso e olhou para Victoria, os dois se abraçaram bem forte, e a mesma sussurrou em seus ouvidos:   

— Obrigado primo, você é o melhor.   

O garoto estava feliz, ele finalmente tinha sido útil para alguém que o amava, o que era uma coisa rara. Normalmente as pessoas eram úteis para ele, como aquela vez que Victoria teve que ajuda-lo a descer da árvore porque seu pé estava preso, ou também aquela vez que ele tentou cavalgar e seu animal enlouqueceu e ele pensou que ia morrer. Mas pela primeira vez ele tinha sido útil para Victoria, e durante longos minutos os dois permaneceram naquele clima de comemoração, apenas. 

— Porém - Os dois cessaram os carinhos e voltaram a se concentrar. Não, não era possível que tinha mais, ele sentiu uma pontada no seu coração, como se ele soubesse o que viria a seguir. - Eu também tomei outra escolha... Victoria.   

— Sim? - Sua prima perguntou.  

— Você vai se casar com Conan Rathel, filho de Horney Rathel, Lorde das Ilhas de Sal.   

Phillip arregalou os olhos, e em seguida olhou para sua prima, que estava com o rosto parado, sem esboçar expressão alguma. Durante longos minutos ela permaneceu assim, e ele viu em seu olhou esquerdo uma lágrima crescendo, mas antes que caísse ela limpou.  

— Victoria... - A jovem se levantou rapidamente e entre corridas e passos rápidos ela saiu do Salão. Ele juntou as sobrancelhas e fitou sua mãe, os olhos dele começavam a marejar, mas não podia deixar Megara o ver sofrer. A mulher deu um pequeno sorriso quando deu mais uma garfada em sua comida, enquanto mastigava olhou atentamente para o filho e disse:  

— O que foi, filho? A Comida não está de seu agrado? 


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Notas finais do capítulo

Iai gente, o que acharam do capítulo? Espero que tenham gostado ♥
To aguardando as suas opiniões!!

Beijos e até o próximo capítulo ♥ ♥



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