Como se livrar de um moleque apaixonado. escrita por LDMRPB


Capítulo 3
Um dia bom.


Notas iniciais do capítulo

Tenham em mente que as coisas vão se desenvolvendo lentamente e que a trama tende a se aprofundar com o tempo, ok?
Boa leitura.



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Capítulo 3 - Um dia bom.

Após aquele beijo, Dylan o mandou para casa, argumentando que já estava tarde e que a sua mãe não iria gostar. Apesar dos protestos de Brian, ele acabou acatando a vontade do mais velho. Dylan não sabia muito bem o que estava fazendo. Não esperava que fosse lhe beijar, mas por algum motivo o correspondeu, queria pensar que era por reflexo involuntário, mas se lembrava perfeitamente de aprofundar aquele contato. Não poderia culpar a carência, pois jamais foi alguém assim. Queria conversar com o Brandon, talvez ele o ajudasse a entender porque o beijou, mas decidiu por não fazer. Havia sido só um beijo, não iria se penalizar por algo tão mínimo assim. Não era como se ele estivesse corrompendo o mais jovem, que apesar da idade, não deveria ser tão inocente assim. Decidiu fazer o que sempre fazia quando estava pensando demais, dormir.

Acordou com o barulho de frenéticas batidas em sua porta. Pegou seu óculos no criado-mudo, que ficava ao lado da cama, e conferiu o relógio. Eram oito horas de um sábado, tudo que ele menos queria era ter que acordar cedo, já que aos fins de semana geralmente levantava após o horário do almoço. Levantou da cama a contragosto e caminhou em passos pesados para a porta já imaginando a figura que veria ali.

— Bom dia! — Brian o cumprimentou assim que a porta foi aberta. O garoto vestia uma bermuda e camisa esportivas e uma faixa no topo de sua cabeça que deixava o seu cabelo preso para trás, um visual que não deixaria ninguém atraente, mas ele era um exceção.

— São oito da manhã. — Resmungou.

— Eu sei. Estou indo para um jogo de futebol. Hoje é a semifinal do meu time e pensei em passar aqui para te chamar para ir assistir... — Dylan não aguentou ouvir o resto da justificativa do mais jovem e o interrompeu.

— As oito da manhã? — Indagou, visivelmente incomodado.

— Sim, eu sei que é cedo. Geralmente você não acorda cedo, mas pensei que como estamos namorando agora, eu deveria lhe convidar. — Justificou, dando um sorriso constrangido. O instinto de Dylan o mandava fechar a porta na cara daquele menino sorridente e voltar para a sua cama. Trabalhava muito durante a semana e o único tempo que tinha para si era o final de semana, tudo que menos queria era desperdiçar seu tempo de folga assistindo a um bando de moleques suados correrem atrás de uma bola. Porém, ele também não via a hora daquele garoto enjoar dele e o deixar em paz, e para que isso ocorresse no menor período de tempo possível, precisaria fazer sacrifícios.

— Vou me vestir. — Alertou ao mais novo, já virando as costas sem esperar por uma reação.

A porta foi fechada após Brian seguir o moreno dentro da casa e sentar-se no sofá. Jamais imaginaria que realmente o moreno iria aceitar ir ao seu jogo. Ele amava futebol, mas sabia que seu fanatismo não era compartilhado com seu namorado. Inclusive, era difícil para Brian pensar nele como seu namorado, certamente não sentia como se fossem um casal, mas agora com as coisas mudando ele estava ficando mais convencido que aquilo poderia ser sim um relacionamento de verdade. Talvez o mais velho sempre tenha correspondido aos seus sentimentos e só agora que seu irmão se mudou estivesse disposto a aceita-lo. Brian sabia que Dylan tinha a sua maneira única de demonstrar afeto, via isso sempre quando ele estava com o Brandon. Ele sempre foi assim, até mesmo quando cuidava da sua mãe doente. Brian era muito novo para lembrar com clareza da situação que o Dylan passou, afinal já se fazia mais de dez anos, e mesmo assim ele ainda tinha pequenos fragmentos de memoria da maneira gentil que o mais velho cuidava da mãe. Lembrava da única vez que vira o Dy chorar, quando sua mãe perdera a luta contra o câncer. Lembrava perfeitamente do abraço apertado que o mais velho compartilhava com seu irmão, do rosto vermelho e dos seus óculos embaçados. Ele sempre tivera dificuldade para se relacionar, desde que Brian conseguia imaginar, lembrava do Dylan como um garoto estranho, mas depois que sua mãe faleceu, aquela muralha apenas aumentou e ele estava convencido que seria a pessoa capaz de derruba-la.

— Vamos. — Dylan falou ao reaparecer na sala após alguns minutos. Brian ficava impressionado com a beleza singular que o moreno tinha. Sua barba por não ter sido feita se mostrava como um leve sombreado em seu rosto de maxilar forte. Ele nunca deixava a barba crescer, mas Brian tinha certeza de que lhe cairia muito bem. Seu cabelo sempre perfeitamente penteado e as pequenas marcas de idade que se formavam em seus olhos, davam um ar dócil naquele rosto sempre tão fechado.

— Vamos! — Brian levantou animado, segurando nos braços do mais velho e seguindo juntos ao elevador.

O caminho que fizeram poderia ser descrito por grandes frases empolgadas do mais novo e múrmuros positivos ou negativos em resposta.

Chegaram no local e após deixar Dylan sentado na arquibancada, Brian seguiu ao encontro do seu time que fazia corridas de aquecimento pelo campo.

Dylan já começava a se sentir extremamente desconfortável ali. Odiava ficar ao ar livre ou em lugares com muitas pessoas e, para sua infelicidade, aquela era uma combinação dos dois. Não imaginava que o local estaria tão lotado assim. Eram poucos os espaços vazios entre as pessoas que com camisas, bonés e outros acessórios dos times conversavam empolgados entre si. Decidira, para matar o tempo, analisar o time. Os jogadores em si, pareciam todos mais velhos que o Brian, porém mais novos que si. Os daria entre 20 ou 25 anos. Todos em excelente forma, o que o fez se sentir um pouco mal. Nunca fora extremamente ligado a aparência, apenas cuidava da alimentação por questão da saúde e fazia caminhadas semanais, fora isso suas atividades favoritas não envolviam muita movimentação.

O jogo começou. Dylan achava engraçado a frequência com que o mais novo olhava para si, como se para conferir se ele ainda estava ali. Ele não era o melhor do time, mas definitivamente era um bom jogador, pelo menos pelo que Dylan sabia sobre o jogo. O loiro corria bastante, fazia bons passes e tinha um bom domínio com a bola, mas não fizera nenhum gol. O jogo se mantinha empatado, porém grandes lances faziam a torcida ir a loucura, e isso o deixava irritado com o barulho excessivo e com as pessoas inquietas em seus lugares. Então, mantinha sua atenção fixa no garoto para não se estressar com as atividades paralelas e exageradas de terceiros.

O jogo acabou em vitoria para o time do loiro, o que surpreendentemente causou certa alegria ao mais velho. O Brian era irritantemente simpático, mas o sorriso que se alargou ao ganhar em seu rosto iluminaria até um dia de total escuridão.

Apos avisa-lo que iria ao vestiário se banhar, Brian deixou Dylan na arquibancada, que a cada minuto se esvaziava mais e trazia uma deliciosa sensação de paz ao moreno.

— Bu! — Gritou o mais novo ao chegar pelas costas do mais velho, falhadamente na tentativa de assusta-lo. Dylan levantou sem falar nada e seguido pelo loiro, caminharam em direção a saída do campo.

— O que faremos agora? — Questionou animado.

— Eu estou indo para casa. — Dylan respondeu o que lhe parecia obvio.

— Não, para casa não! — Reclamou o mais novo. — Poderíamos almoçar, eu estou morrendo de fome. — Sugeriu 

— É... — Ponderou o mais velho. — Eu poderia comer alguma coisa. —

— O que você quer comer? — Indagou Brian, não deixando espaço de tempo para o mais velho responder, já sugerindo sua ideia. — A gente poderia comer sushi. Eu amo sushi! Aqui perto tem um restaurante japonês maravilhoso. —

— Detesto sushi. — Dylan revelou, deixando um Brian boquiaberto.

— Como você pode não gostar de sushi? — Dramatizou.

Enquanto discutiam qual seria a refeição, o casal andava lado a lado em direção aos restaurantes da cidade, que não ficavam a uma distancia tão grande do local aonde estavam.

— Ok, tacos! — Concordou o mais velho, após a milésima sugestão dada pelo mais novo, que mesmo não sendo sua ideia favorita de refeição, decidiu concordar na esperança do menino ao seu lado calar a boca por um segundo.

— O dia está lindo, não acha? — Questionou o jovem fazendo Dylan revirar os olhos. Perguntando-se se aquele menino jamais se calaria.

— Humrum. — Concordou mal humorado.

— Não, sério! — Brian segurou sua mão o forçando a parar. — Não apenas concorde. Olhe bem ao seu redor e admire esse dia. — Insistiu, fazendo o mais velho em um longo suspiro analisar o ambiente ao seu redor.

Não sabia exatamente o que deveria ser considerado um dia bom. Dias eram só dias. Mas ao sentir o olhar de expectativa do mais novo em si, resolveu se forçar a analisar os detalhes do local. O sol brilhava bem forte e o céu azul claro era riscado por pequenas e espaçadas nuvens brancas. O vento soprava forte e balançava alguns galhos das arvores pelo caminho. Podia ouvir alguns pássaros ao longe e risadas infantis vindas de algum parque próximo dali. Desceu um pouco mais a visão, encontrando os fios dourados do jovem que era alguns centímetros mais baixo que si. Eles brilhavam forte ao encontro da luz do sol e sua pele bronzeada adquiria um tom levemente avermelhado por este contato direto. Seus olhos cheios de expectativa brilhavam ao observa-lo e seus lábios, que Dylan agora percebia serem levemente rosados, sustentavam um sorriso de dentes perfeitamente alinhados.

Assim como os dias, Dylan jamais parara para observar o Brian. Ele o via, mas jamais o olhara. Sentiu uma sensação desconhecida na boca do seu estomago, algo estranho e levemente desconfortável.

— Vamos logo, estou com fome! — Ordenou o mais velho puxando Brian em direção a lanchonete, mas sem em momento algum durante o percurso, soltar a sua mão.


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Notas finais do capítulo

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