Make you believe escrita por Jôjô


Capítulo 3
Party and Luke


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!!!! ;-)



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 Haloween, aquele dia em que as casas se mantém mais enfeitadas/sujas possíveis, os jardins aparentam ser um cemitério com aquela fumaça que eu não faço ideia de onde está vindo , mas levando em conta que as luzes estiverem apagadas, esse poderia ser o motivo. Ah, e em qualquer esquina você está arriscado a encontrar alguma criança maluca zumbi atrás de cerébros com gosto de bala.

Esse dia com certeza era o dia preferido do meu vizinho Richard. É que, sabe, ele não é um cara muito limpo. Digamos que ele deixa qualquer porco no chinelo, e além de ser o maior preguiçoso, ele ainda tinha que ser mão de vaca. Isso mesmo, sua casa quase nunca se encontrava iluminada , pois ele não acende as luzes de jeito nenhum.

  E bom, como sua casa já se parece horripilante demais, nós ( pessoas limpinhas e generosas) que temos que nos adequar a sua sociedade de "homens desempregados , preguiços e mãos de vaca", em dias como esse.

  Porém, o bom era que ele era só um cara de quarenta anos, fodido que de longe se via que ele só estava esperando pela morte, e não uma garota sofrendo as consequências de parar no ensino médio que precisava se arrumar para a festa de Luke e vestir algo legal o bastante para se destacar entre todas aquelas garotas peitudas da sua escola. Mas o lance é que eu não gosto de chamar atenção e às vezes esqueço esse pequeno detalhe. E também,a minha mente retardada e infatil só pensava em como eu ficaria show de bola na fantasia de zumbi que eu guardava num baú ao lado da minha cama. Certo, tudo bem, eu sou mesmo muito infatil e de onde saiu a expressão "Show de bola"? Eu tenho que pedir para a minha mãe parar de vez com essa de falar frases cafonas. Sério.

As minhas opções de look se baseavam em jeans, jeans e quem sabe, jeans? Vai vê era por isso que Jess Carter espalhara que eu era lésbica, o que é mentira,  meu gurda-roupa não tem nada que possa me deixar com o crachá de "Sou uma garota". O que não era minha culpa, não mesmo e eu tinha uma bela explicação.

   Meu padrasto Fernando Montes, é um machista babaca, que desde sempre me enche a paciência dizendo que mulheres não devem dirigir, jogar futebol ou nem sequer usar calças. Ah, elas não podem sentar com as pernas descruzadas e respirar alto. Sim, ele queria casar-se com a rainha da Inglaterra, mas ela está numa idade avançada demais para ele, e se isso desscarta o fato de ele ser muito velho? Claro que não, ele é velho, só não mais que a rainha. Mas concluindo a minha bela explicação, eu sou do contra. E faço tudo para ficar do contra e mostrar que sou do contra, principalmente para Fernando. Não entendo porque minha mãe se casou com aquele mexicano sem sal , ela é totalmente diferente da Rainha da Inglaterra e se esforça pra porra para chegar à unha perfeitamente limpa e descravada do seu pé.

   Uma vez a perguntei o motivo desse casamento e ela só me respondeu que era o melhor para nós. Eu gostaria muito de dizer a ela que provavelmente estariamos melhor longe de Fernando, mas pensei que ela não quisesse mais falar sobre isso. Já que ela me deixou paea falar com as paredes quando eu abri a boca, insinuando que iria fazer outra pergunta.

  Talvez fosse bom morar com o meu pai, se ele estivesse por aqui ainda. Essa é outra interrogação que vaga pela minha mente há anos sem nunca se tornar um ponto final. Como meu pai morreu? Eu desisti de insistir com essa pergunta por ver tantas vezes a minha mãe nervosa com o assunto, e ela sempre partia para uma conversa sem nexo , uma conversa rápida e definitiva, para ela, que nunca me dava espaço para contestar.

   Uma foto e nada mais. Era isso que havia me restado, uma imagem do meu pai quando ele tinha dezesseis anos, na qual aparece a minha mãe tendo a mesma idade que a sua , segurando seu braço. Ele morrera jovem desse jeito, ao menos isso minha mãe pode me contar.

  Às vezes encaro a sua foto e tento fazer com que a minha imaginação criativa coloque um pouco de barba no seu rosto ou algo que o deixasse mais velho, porque, sinceramente, era difícil imaginar uma conversa com seu pai com ele tendo a mesma idade que você. Mas ok, eu me virava, geralmente era bem engraçado. Meu pai era gato e tinha pinta de popular, nas nossas conversas eu o perguntava porque não havia herdado seu carisma e os olhos verdes, ele ria de mim até eu esquecer de quem ele se tratava e arremeçar um travesseiro em sua cara.

— Roxy! Roxy! Desce aqui, garota, a Blarie já chegou.

   Minha mãe gritava do térreo, eu havia pedido para me dizer quando Blarie chegasse, mas eu não tinha pensado na possibilidade de não estar pronta quando ela chegasse, então saí da frente do meu guarda-roupa e pus minha cabeça na porta do meu quarto.

— Pode subir, Blarie!  - gritei.

   Com uma cara de tacho, Blarie me olhou dos pés a cabeça antes de soltar seu "ai, meu Deus".

— Ai, meu Deus - foi o que eu pensei.

— É, eu sei, mas calma, eu não vou sair com uma camiseta de basquete e uma calça de moletom.

— Estou muito feliz por você me provar que não é uma louca - disse ela enquanto passava pela soleira e fechava a porta atrás de si.

   Meu corpo caiu sob a cama e eu fitei o teto, a espera de Blarie me dar uma solução para o meu problema constante com a moda.

— Aquela janela é de que cômodo da casa?

   O que estava sendo uma perda de tempo, já que a minha amiga preferia afundar os joelhos no meu puff rosa embaixo da minha janela para encarar a casa de frente. Ressaltando: a casa dos Bieber's.

— Tem um poster do Tupac ali. É o quarto do Justin ou do Sr.Bieber? Porque, você sabe que o pai dele tem a maior cara de Bad boy.

    Meus olhos se reviravam espôntaneamente tantas vezes que já estava ficando difícil controlá-los.

   Blarie vinha aqui há anos e nunca reparou naquela janela, mas eu devia levar em conta que raramente  ela vinha aqui às sete da noite, que coincidentemente é o horário que aquele imbecil deixa a sua janela aberta. Exatamente, ele tem horário para acordar seus morcegos.

— É do Justin - disse, com cansaço estampado em cada som que saía da minha boca.

— Sério?!

    O espanto de Blarie também era um motivo para meus olhos se revirarem. O que Justin Bieber tinha, afinal? O forte dela eram os caras mais velhos. Mas como ela dizia, Justin era uma exceção.

— Para de espionar aquele idiota, Blarie. Ele é o maior bundão - levantei minhas costas e me manti sentada na cama, fitando agora a minha amiga encantada com o quarto do "Príncipe encantado" que era o meu vizinho.

— Ai, meu Deus, eu sei - sua voz saiu alegremente, me fazendo abrir a boca por breve segundos.

   Certo, ela estava literalmente falando da sua bunda e é melhor eu voltar a deitar.

— Roxy, vocês são vizinhos a quanto tempo mesmo? - agora seu tom acabara de sair do alegre para o "quero descobrir uma coisa".

— Onze anos - disse , com os olhos fechados.

— Caramba, e vocês se conhecem a todo esse tempo?

— Sim.

— E brigam a todo esse tempo?

    Eu só queria saber onde ela queria chegar com aquilo.

— Amigos que não poderiamos ser, não é? Você sabe toda a história de que minha mãe me proibiu de sequer dirigir uma palavra a ele. E essa regra eu já quebrei a um bom tempo. Como você também sabe.

— E você ainda não descobriu um motivo complexo para ela te pedir isso ? - agora eu senti o colchão afundar perto dos meus pés e a voz de Blarie estava bem perto, indicacando ela havia se sentado ali.

— Ela disse que eu não precisava entender - abri os olhos.

— Isso é estranho - comentou ela.

   Eu já sabia o que Blarie queria, eu também achava mágico desvendar mistérios e tudo mais, porém, os da minha mãe, após muita insitência, eu já desistira.

— Eu sei, mas 99% do nosso colégio ama Jess Carter, isso também é estranho e ainda estamos vivendo - argumentei.

— É - eu via nos olhos de Blarie o quanto ela estava distante, me perguntei se devia continuar com o assunto da minha mãe, mas ela mesma deixou de lado.- Agora, levanta dessa cama que precisamos arrumar você.

   Então eu fiquei de pé.

— E eu preciso te dizer que só tenho jeans e moletons.

— Não brinca! - disse ela, indo até o meu gurda-roupa.- Roxy, você é muito doida - ela riu - , não me diga que isso tudo ainda é pra irritar o seu padrasto?

— É sim - sorri com a minha ideia idiota.

— Olha só - ela falou, levando sua mão até um cabide específico entre todos aqueles moletons -, você tem um vestido florido.

  Eu cruzei os braços e ergui minhas sobrancelhas. Ela não podia estar falando sério.

— Esse vestido eu ganhei do Fernando, eu só uso nas missas de domingo, nos domingos em que eu não consigo desculpa alguma para não ir. Não espera que eu vá a uma festa com o crachá de sou uma pirralha, espera?

   Blarie riu.

— Claro que não, sua tonta. Mas tá bem difícil arranjar algo legal pra você quando eu só vejo jeans, moletons e camisetas sem graça.

— Me diga algo que eu já não sei - falei, indo fechar a minha janela , a qual eu , diferente de Bieber, a deixava quase sempre aberta.

— Lá vai você colocar uma cortina no meu caminho - disse minha amiga com a voz chorosa - , eu não posso olhar nem mais um pouco? Só até ele coincidentalmente passar pelado?

   Ah, sim. Blarie sempre era direta nesses lances, mas isso não me impediu de abrir a boca em surpresa por um instante.

   Pelado? Justin nunca passava pelado, no máximo com uma cueca. Pelado nunca. E isso de eu saber que ele perambula pelo quarto de boxers não quer dizer que eu fico bisbilhotando e tal, eu só... O vi algumas vezes apenas por coincidência. E por que eu estou mesmo dando uma explicação para mim por saber que Justin anda de cueca por aí? Certo, o fato de eu já o ter visto de cueca talvez tenha me deixado um pouco nervosa.

— Você é muito tarada, Senhorita Tompson - disse, ajeitando as costinas. Permitindo que um riso escapasse.

   Me virei e dei de cara com Blarie esparramada na cama, os saltos de cor nude fora do colchão e o vestido preto e curto se amassando enquanto ela se mantia deitada olhando pra mim.

— E você não? - ela cruzou as pernas - Roxy, inocência eu deixo para as freiras e madres, eu sou jovem e safada.

  Blarie falara na cara tão dura quanto Jess mentia com tanto deboche. Nem percebi quando já estava deitada ao seu lado, rindo como uma retardada. Daquele jeito quando você parece que usou maconha porque qualquer coisa te faz rir e você começa a tentar pensar em coisas tristes para parar de rir pois sua barriga está doendo pra caramba , e você está com medo de se mijar.

— Ai, eu preciso sair daqui - tentei me arrastar da cama. Isso era normal, embora não aparentasse tanto para alguém que não me conhecesse, mas eu costumava rir com Blarie dos seus comentários bobos e no final, acabava rindo sozinha enquanto ela me olhava com os braços cruzados e com uma cara de "Você tá rindo de mim", o que não era verdade. Eu ficava tão louca que ria até de um Jess Carter passando batom.

— Enquanto você fica aí bancando a maluca, eu vou tentar fazer algum milagre com essas suas roupas - Blarie revirava os olhos.

   Ela saltou da cama e voltou para o meu guarda-roupa, onde com um tempo já havia tirado metade das roupas de dentro dele. Oh, e eu também já havia cessado com a repentina crise de risos.

— Tudo bem, acho que vai ficar legal. Veste isso - ela me ofericia as peças de roupa que estavam penduradas no seu braço ,e os meus olhos intrigados já davam por si a minha resposta. - Vai logo, Roxy! - seu salto bateu contra o chão, demonstrando a sua impaciência.

    Apenas para não provocar um braço quebrado, que por um acaso seria o meu, eu peguei as roupas. Blarie é uma garota meio violenta às vezes, sabe, e isso me dá medo.

    Fui até o banheiro para dar de cara com um jeans mais rasgado do que eu me lembrava e uma blusa bem decotada e pela metade, e eu poderia jurar que aquelas peças não haviam sido compradas assim. Acho que a minha rápida ida ao banheiro para lavar o rosto e tentar parar de rir tenha dado tempo suficiente para Blarie arranjar uma tesoura e bancar a estilista.
  
   Mas o que eu poderia fazer? Era isso ou o look "tô nem aí pra o que você acha de mim", o que é mentira porque eu estou sim ligando para o que Luke acha de mim, e é bem estranho, afinal, eu não sou assim. Não faço as coisas para agradar alguém, não me visto para agradar alguém, meu ramo é ser do contra. Porém, Luke era educado demais para eu querer passar despercebida aos seus olhos.

— Você está espetacular! - essa foi a reação de Blarie ao me ver. Não sei se espetacular era a palavra certa para usar quanto a minha aparência dentro dauelas roupas ou se todo esse exagero era pela louca à minha frente nunca ter me visto com roupas, digamos, iguais a essas.

— É só um jeans e uma blusa pela metade, Blarie, que por um acaso não estava assim antes. De onde saiu esse deconte e pra onde foi o restante da sua barra? E esse Jeans está com mais rasgões do que eu me lembrava... - perguntei enquanto analisaava a minha imagem refletida no espelho. Uma garota magra usando um jeans pretos extremamente justo com cortes horizontais por todo ele, revelando a minha pele nua e uma blusa branca e sem mangas na altura do meu umbigo, com um enorme decote, na tentativa falha de me deixar tão peituda quanto Jess. Perda de tempo.

— Hum, eu só dei uns ajustes, mas temos que combinar que caiu bem, não temos ? - ela tocava meus ombros e falava com os olhos brilhando, focando na minha imagem no espelho.

— É... Temos - disse insegura, eu estava em dúvida se devia tirar o brilho dos seus olhos ou não.

— E agora vem o toque final.

  Olhando para o lado quando ela se afastou, a vi pegar uma jaqueta que estava na minha cama, a qual eu não havia percebido. Mas ela não era minha.

— Certo, ponhe isso.

— De onde você tirou essa...

— Sua mãe - me interrompeu - , ela me deixou fuçar seu guarda -roupa.

  Levantei as sobrancelhas em entedimento e peguei a jaqueta.

— Tenho a impressão de que já vi essa jaqueta antes - observei.

— Impossível, nunca vi Tia Halley usando isso. Na verdade, ela usa umas roupas bem diferentes de jaquetas de couro do tipo" sou do terceiro quarteirão".

    Afirmei com a cabeça enquanto colocava os braços na jaqueta. Claro que eu devo ter me enganado, essa jaqueta deve ter sido usada há um bom tempo.

— Tá incrível!

— Eu estou me sentindo a mulher gato com essa calça - comentei para Blarie que estava me vendo como a própria Madona.

— Ótimo! Isso é bom, a mulher gato é sexy e bonita. Sinal que estamos no caminho certo.

   Eu olhei para Blarie e tentei não fazer uma cara de entojada ao mesmo tempo que fazia isso. Minha amigona é bem louca.

— Certo, vou calçar meus sapatos - fui até a minha cama e tirei o meu par de allstar's debaixo da mesma.

— Tipo assim, você não devia colocar uns saltos? - Blarie perguntou cuidadosamente, provavelmente temendo a minha resposta.

  Eu coloquei meu pé esquerdo no sapato e a encarei com um olhar óbvio.

—  Não mesmo.

   A casa de Luke não ficava longe, então ir caminhando estava dentro de cogitação, o ruim mesmo foi equilibrar Blarie naqueles saltos em algumas calçadas meio esburacadas.

— Finalmente chegamos, agora posso me desgrudar de você - disse quando paramos na calçada movimentada de Luke. Provavelmente seus pais tinham viajado, como sempre.

— Ah, e é assim? - Blarie cruzou os braços, indignada.

— Ok, sem drama, Blarie.

— Tá, vamos entrar - disse ela, segurando minha mão e tentando me puxar, mas eu estava mais interessada em ver Justin saindo do seu carro junto com Brian e três líderes de torcida. Ele me olhou , lançando um sorriso em seguida que deixou Blarie encantada e me fez levantar o dedo do meio.

 


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Notas finais do capítulo

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