O coração pesava e, de repente, respirar ficou difícil. Aquele sentimento beirava ao insuportável. Mesmo não sendo algo real, o medo e a dor eram palpáveis. Uma lágrima rolou solitária pelo rosto naturalmente pálido. Os orbes perolados levemente arregalados não se desviavam um minuto se quer daquela imagem. Somente imaginar que algo poderia acontecer com aquele que sempre preencheu seu coração era inaceitável. De que esse algo poderia separá-los, era ainda pior.

Após o vento frio, veio o calor. Era obra da pessoa que estava ali, sem ser convidada. As várias expressões, todas negativas, que passavam pelo rosto de Hinata traziam prazer a Amino. Um prazer cruel. Sob seu jutsu, resolveu brincar. E utilizaria a melhor característica dele: o fator fantasmagórico. A azulada não poderia vê-la, mas poderia ouvi-la, poderia senti-la; não veria sua forma física, mas ela se manifestaria por meio dos objetos contidos naquele recinto; poderia ouvir os barulhos que faria questão de emitir; sentiria as sensações nada agradáveis que poderia proporcionar. E tudo isso culminaria em um único sentimento a quem provasse do seu poder: o medo.

Como uma alma perturbada - que não deixava de ser, mesmo que viva - Amino transformou o quarto de Hinata em um pandemônio. Com gestos de mãos, os selos, invocou o poder do fogo e fez a temperatura subir. A Hyuuga sentiu dor. Em segundos, do calor extremo, fez-se o frio: é como se estivesse em um inferno de gelo. 

Amino correu pelo quarto fazendo alguns outros objetos caírem. E ao subir na cama de sua rival, soltou uma gargalhada assustadora, fazendo as janelas abrirem e fecharem. 

Hinata arregalou os olhos e só pensou em uma atitude: fugir. Abriu a porta de seu quarto de forma desesperada, correndo abraçada ao porta-retratos. Pela mansão principal tudo que se ouviu foram seus gritos apavorantes.

— O NARUTO-KUN, NÃO! NÃO SEI QUEM VOCÊ É E O QUE QUER, MAS NÃO VAI MACHUCAR O MEU NARUTO-KUN. EU NÃO VOU DEIXAR!

Em sua agonia misturada às lágrimas, a jovem só parou quando colidiu com outro corpo, um pouco menor e aparentemente mais frágil.

— NEE-CHAN! NEE-CHAN, O QUE ESTÁ ACONTECENDO? - Hanabi estava desesperada com a forma que a mais velha se encontrava. Segurando firmemente em seus ombros, a mais nova começou a sacudir a irmã, queria tirá-la do estado de transe. - Fala comigo, Nee-chan! Por que está assim? Por que está gritando tanto e correndo pela casa? Eu posso te ajudar. Eu sei que posso! HI-NA-TAAAAAAAAAA!

Em um estalo, a perolada sacudiu a cabeça negativamente e olhou para a irmã. - Hanabi, Naruto-kun está em perigo! - respondeu alarmada.

— Mas.. o quê? Perigo... como? Por que diz isso?

— Meu quarto, Hanabi! Alguém esteve em meu quarto. Não posso dizer o que era, porque não posso ver. Mas posso sentir. O porta-retratos... veja, Hana. Nosso porta-retratos!

Apreensiva, mostrava o objeto para a caçula dos Hyuuga, que tentava entender a situação, mas estava tudo muito desconexo.

— O que tem ele?

— Seja lá o que estava ali dentro... aquilo fez o ambiente ficar quente, depois frio, depois ventar muito, desarrumou tudo e fez isso cair. Veja... a ... rachadura.

— Separa vocês.... dois. – estava descrente – Entendo, é um mau presságio. - Hanabi concluiu cabisbaixa. - Olha Nee-chan, não fique assim! Você esperou muito tempo por isso e você vai viver esse amor. Mais do que tudo ou todos, você é merecedora do Uzumaki. E ele te ama, Hinata! Tenha fé nesse sentimento que você regou por tantos anos, minha irmã. Não deixa que nada te intimide. - ela tentou encorajar sua irmã mais velha, a quem tanto admirava.

A azulada, por sua vez, parecia mais calma e recuperava, aos poucos, a sua determinação. - Tens razão. Preciso ter fé em mim e na pessoa que eu amo. Preciso ter fé no sentimento que nos une. Obrigada, Hanabi! - abraçou forte a mais nova, depositando-lhe um beijo na testa. - Bom, tenho que ir. Combinei de encontrar com Kiba e Shino para visitarmos Mirai e Kurenai-sensei, mas com tudo isso...

— Vamos, dê-me cá esse seu tesouro! - pegou o porta-retratos - Eu conserto para você, irmã! Agora vá... - sorriu com ternura ao ver a irmã mais velha partir.

Entretanto, não demorou muito para esse semblante se desfazer. Ela analisou a foto em suas mãos para, em seguida, semicerrar os olhos na direção do quarto de Hinata. 

— Algo que passou pelo quarto causando sensações extremas, além de derrubar objetos e dar uma gargalhada tenebrosa.... - ficou pensativa - não é genjutsu, com certeza não.... - cerrou os punhos e seguiu para a porta da irmã. 

Do batente da porta Hanabi observava a bagunça, quando começou a sentir uma sensação esquisita.

— Isso......

— Droga, agora apareceu outra Hyuuga. Preciso me livrar disso logo, antes que o jutsu se desfaça, não tenho muito tempo. - Amino ficou preocupada, com o chakra que estava perto de se desfazer. Tinha, no máximo, mais 40 minutos. Falhar não era uma opção – Bom essa garotinha, vai ser mais fácil ainda com ela!

Amino entrou em posição, tendo a invisibilidade como aliada, e começou a correr novamente pelo quarto derrubando coisas. A pequena Hyuuga fez uma expressão de surpresa. – Então é isso... – respirou fundo, fechando os olhos em concentração. Ao abrir os olhos novamente, focou a sua irmã sorrindo ao lado do Uzumaki. – Proteger aquilo que lhe é importante. Você me ensinou isso, Neji. Você deu a vida pela Hinata e por esse baka idiota, porque acreditava nesse amor. Assim como eu, presenciou toda a devoção que a Nee-chan teve por Naruto. Toda a confiança, toda admiração, o que ele representa para ela. A força. Além de tudo isso, protegeu-a sendo grato por tudo que ela fez por nós. A dedicação. Eu não tive minha kaa-chan. Mas eu tive você, Hinata Nee-chan, que sempre me protegeu. Eu vou proteger o seu amor. Byakugan!

Amino deu uma gargalhada. Pegou uma caneta e escreveu na parede - O Byakugan não funciona comigo, Hyuuga!

— Está errada. O meu Byakugan é único no clã. É o mais puro e não perde para nenhum adulto. E só é assim porque eu não uso apenas o doujutsu, mas o poder do meu coração. Para proteger aqueles que me amam, espectro, EU NÃO VOU PERDER!

Amino, com sua autoconfiança excessiva, partiu para o ataque. Sua estratégia era aproveitar a sua invisibilidade e atacar Hanabi por todos os lados, causando-lhe desequilíbrio, fazendo-a perder noção de espaço e esgota-la mentalmente. Em sua tese, isso também causaria fraqueza em sua adversária, já que recuaria por medo de não saber de onde viria seu novo ataque. Acontece que ela desconhecia o milenar poder dos Hyuuga. O estilo de luta própria passada por gerações, com a determinação e linhagem herdade de um Otsutsuki. Não prestara muita atenção na lição que Iruka-sensei tentara passar naquela manhã, ao topar que Naruto levasse Hinata até a Academia para demonstrar os seus movimentos, na visão do loiro e das crianças e adolescentes, que os assistiram, incríveis.

Somado a tudo isso, ela estava diante de uma mente brilhante com um talento incontestável: Hyuuga Hanabi poderia, sim, ser chamada de gênio do Juuken tal como seu primo Hyuuga Neji, um dos heróis de guerra, que deu a vida pelo grande herói do mundo ninja e futuro Kage de Konoha.

— Eu já disse que isso não funciona comigo: Chakura Hōshutsu (emissão de chakra) – com esse jutsu, Hanabi conseguia conter os golpes de sua rival e sair com poucos danos.

Com os anos de treinamento árduo imposto por Hiashi, a caçula da Casa Principal havia adquirido um controle de chakra invejável. E, mesmo emitindo chackra, conseguia disparar ataques poderosos. Amino não podia acreditar no que via. Mas não desistiu. Deveria...

— Juuken: Hanpuku kaiten kōgeki (Punho Gentil: Ataque Rotatório Repetitivo) – Assim, a pequena realizou movimentos de rotação para atingir sua oponente a quem denominou de SPECTRO. Essa, por sua vez, sentiu os golpes sequenciais de palmas abertas desferidas pela pequena Hyuuga. Gemeu.

— AAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH.... - Amino gritou com raiva intensa e começou a correr em círculos pelo quarto derrubando mais e mais objetos, na tentativa de intimidar sua oponente.

— Pode gritar e derrubar o que tiver a vontade. O fator psicológico é algo que você não afeta. Com a Hinata nee-chan, Spectro, você só conseguiu por tê-la pego desprevenido e usado o Naruto como isca. Caso contrário, já estava morta! Hina é muito, muito e muito forte. Não é de se estranhar que ela seja o amor da vida do atual ninja mais poderoso desse mundo.

Amino entrou em fúria nesse momento, fazendo o grau do ambiente aumentar de forma desumana. Não suportava ouvir que Naruto amava Hinata. Em sua cabeça, não podia, o loiro era dela.

— No que depender dela, você não encosta no baka do Uzumaki Naruto. E, no que depender de mim, você não encosta na minha irmã! Meu próximo ataque não será tão piedoso. Aproxime-se e eu vou te abater aqui mesmo! Hanabi Ryū: Hakke Rokujūyon Shō (Estilo Hanabi: Oito Trigramas Sessenta e Quatro Palmas)!

Sem mais raciocinar, Amino voou em direção a sua derrota. Dos sessenta e quatro golpes consecutivos que seriam desferidos por Hanabi e o seu Punho Gentil, Amino foi atingida por 38 deles. Desnorteada e percebendo que algo havia errado com seus pontos de chakra, fugiu pela janela antes que seu jutsu se desfizesse e fosse descoberta.

Com dificuldade, correu pelo quintal dos Hyuuga. Hanabi a seguiu pelo instinto sentindo uma rajada de vento passar por si. Mas, em determinado momento, perdeu essa sensação. – COVARDE! NÃO SE APROXIME DA NEE-CHAN NOVAMENTE, OU EU VOU ACABAR COM VOCÊ DE VERDADE!

Após gritar essas palavras, Hanabi ajeitou seu quimono e começou a caminhar como se nada tivesse acontecido. – Rá, não será tão fácil se esconder. Com certeza, amanhã você terá muitas escoriações e vamos ter uma ideia de quem possa ser. – sorriu vitoriosa – Hora de arrumar aquela bagunça! – correu em direção ao quarto da irmã.

— PESTE! Maldita Hyuuga. Malditos sejam todos vocês....... Eu vou ter o Naruto para mim. Ou eu não me chamo Amino – pragueja nos subterrâneos de Konoha, enquanto caminhava com dificuldades, mas logo pegou algo em seu bolso que julgava ser importante para os seus planos. Uma preciosidade encontrada no quarto de Hinata.