The Chronicles of Charlotte Pierce. escrita por PoderosoSheldor


Capítulo 2
Temporada 1 x Episódio 2 - Donovan-Maxwell.




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O sino da torre no centro da cidade apresentava uma tonalidade avermelhada e intensa como se, na verdade, seu interior estivesse em chamas. Vicki Donovan estava parada diante de uma das janelas ocultadas por tábuas de madeira envelhecida do cômodo, observando entre as frestas pequenas, a confusão que se desenrolava na avenida principal de Mystic Falls enquanto os cidadãos tentavam deixar a cidade após Matt ter se comunicado com o Departamento de Polícia e mentido, dizendo que um vazamento de gás havia acontecido e que as pessoas deveriam ir imediatamente para Grove Hill.

  - Vicki... – sussurrou Matt, terminando de subir os degraus de madeira envelhecida da escada secundária próxima a porta principal no andar abaixo e abaixando lentamente a arma que possuía por ser um policial – Não posso acreditar que você esteja aqui...

  - Matt... – sussurrou Vicki, se voltando em direção ao irmão e limpando as primeiras lágrimas que mancharam seu rosto no momento em que ouviu a voz dele pela primeira vez.

  - Preciso que você venha comigo... – sussurrou Matt, se aproximando da irmã mais velha e sinalizando com uma das mãos para que ela não recuasse, assustada com seu toque, com a aproximação dele – Ainda podemos sair desta cidade, ainda podemos viver juntos como vivíamos antes de você ser transformada em vampira e ser morta...

  - Não, Matt... Lamento muito, mas, não podemos viver como vivíamos antes de minha transformação em vampira... – sussurrou Vicki, limpando as lágrimas novamente e assumindo um tom de voz mais vilanesco e frio – Eu tocarei esse sino até as chamas do Inferno queimar essa cidade e você não poderá fazer nada para me impedir de prosseguir com o plano de Katherine. Essa é minha única saída daquela dimensão terrível e é claro que irei aproveitá-la... Lamento, meu pequeno irmão, mas, não posso ser emotiva desta vez – acrescentou, se aproximando com passos rápidos da alavanca ao lado do sino, que continuava brilhando intensamente, e se preparando para tocá-lo novamente – Eu amo muito você e sinto muitíssimo por isso, mas, Katherine Pierce pediu para que eu o tocasse a cada cinco minutos até Mystic Falls queimar. Deveria se salvar, como estou fazendo neste momento...

  - Vicki, essa é nossa casa – disse Matt, olhando para sua própria irmã como se não a conhecesse e exibindo uma expressão perplexa – Como você foi capaz de se aliar a Katherine Pierce para queimar nossa casa? O local em que nascemos e vivemos durante anos – acrescentou, recuando e se aproximando de Charlotte, que continuava parada próxima à escada secundária, em silêncio, apenas os observando.

  - Essa é sua casa, Matt Donovan! – disse Vicki, soando cada vez mais vilanesca e fria como se estivesse finalmente revelando seu lado malvado e permitindo que ele se colocasse acima de seu lado bom; e empurrando seu próprio irmão contra o chão do cômodo – Mystic Falls nunca foi a minha casa! Nem a de nossa mãe! Sempre fomos tratadas como lixo pelas pessoas desta cidade! Isso acabará essa noite... – acrescentou, pressionando a alavanca em direção ao chão e fazendo com que o sino soasse novamente, mas, desta vez mais alta que o normal.

  - Não acredito que você se aliou a Katherine Pierce. Essa não é você! Vicki, você nunca foi uma pessoa horrível com desejo de vingança! – disse Matt, se levantando do chão, enquanto limpava o filete de sangue que havia escorrido de seu nariz após sua própria irmã tê-lo empurrado com força para baixo e olhando com uma expressão de desapontamento para ela, que parecia não estar sentindo remoroso – Ela é uma mentirosa... Uma manipuladora. Uma pessoa terrível que fez coisas ainda piores para continuar viva e segura... Ela assassinou Jeremy, enquanto procurávamos pela cura, e usou o sangue dele para despertar o primeiro homem imortal, Silas...

  - Matt, você não entende! – disse Vicki, soando fria e distante, e permanecendo com uma das mãos na alavanca do sino para tocá-lo novamente – Não posso retornar para o Inferno! Não tente me convencer do que contrário! Você não sabe como é lá... Pelo menos assim, depois de cumprir essa tarefa para Katherine, quando morrer, estarei realmente morta... Finalmente tudo acabará... – acrescentou, se preparando para tocar o sino novamente após cinco minutos terem se passado desde que ela o tocou.

  - Não posso permitir que você faça isso – disse Damon, passando como um borrão por Charlotte e empurrando Vicki contra a parede de pedra do outro lado  do cômodo – Esse sino não deve ser tocado – acrescentou, se aproximando dela com passos rápidos para impedir que ela se aproximasse novamente da alavanca.

  - Sinto muito, Damon, mas, não há nada que você possa fazer que irá me impedir de continuar tocando aquele sino – disse Vicki, cerrando os punhos e exibindo um sorriso triunfante, mas, frio, novamente no momento em que percebeu a expressão de confusão no rosto sombrio e delicado do vampiro.

  Com um movimento rápido, Damon lançou sua mão contra o pescoço exposto de Vicki, o pressionando com força o suficiente para deixar profundas marcas avermelhadas na pele e a fazer tossir como se estivesse precisando de ar em seus pulmões. Ele a colocou diante de uma das janelas ocultadas por tábuas do cômodo e com outro movimento rápido, a empurrou contra a madeira envelhecida, a fazendo despencar pela escuridão com um grito agudo em direção à calçada acinzentada abaixo da torre no centro da cidade.

  - Damon! – disse Matt, o olhando com uma expressão que dizia que não acreditava que o vampiro havia empurrado Vicki contra a janela para que ela morresse.

  - Isso era realmente necessário? – perguntou Vicki, aparecendo diante da escadaria secundária da torre, segurando a lateral do pescoço enquanto se curava lentamente e exibindo um sorriso triunfante novamente – Damon, você é um idiota – acrescentou, atravessando o cômodo com passos rápidos em direção à alavanca do sino para tocá-lo novamente.

  Damon se aproximou dela novamente, bloqueando sua passagem até a alavanca do sino. Ela ergueu uma das mãos, pronta para atacá-lo e retirá-lo de seu caminho, mas, o vampiro conseguiu ser mais rápido. Ele colocou ambas as mãos nas laterais do pescoço dela e antes que Matt pudesse impedi-lo, Damon o quebrou, a matando novamente e empurrando seu corpo completamente sem vida contra o chão empoeirado da sala.

  - Damon! – disse Matt, se aproximando dele e exibindo a mesma expressão que dizia que não acreditava que o vampiro havia assassinado sua irmã mais velha novamente.

  - Parem com isso imediatamente!

  Kelly Donovan subiu os degraus da escadaria secundária com passos lentos e determinados. Ela passou por Charlotte não se nem mesmo a enxergasse parada ali ao lado da escadaria e se aproximou de Damon e Matt, que a olhava com uma expressão que dizia que não acreditavam que ela também havia retornado para a cidade. A mulher parou diante deles, segurando uma faca com a lâmina manchada por sangue seco e exibindo uma expressão homicida. Ela havia assassinado alguém antes de subir até a torre. Quem? Stefan Salvatore? Elena Gilbert? Caroline Forbes?

  Damon se aproximou dela, sua expressão mudando lentamente para uma que dizia que não tinha medo de enfrentá-la. Kelly escondeu a faca em um dos bolsos de seu casaco escuro e começou a se aproximar dele também como se estivesse prestes a beijá-lo, mas, então, com um movimento rápido, que foi percebido por Charlotte e Matt minutos depois, ela retirou a lâmina do bolso e a atravessou no abdômen do vampiro, que emitiu um som engasgado e caiu para o lado, com as roupas completamente manchadas por sangue.

  Os olhos da mulher, que exibiam um brilho triunfante e perverso, se ergueram do corpo ensanguentado e ainda sem vida de Damon e foram para o de sua filha mais velha, que continuava caída ao lado da alavanca do sino, passando por Matt, que parecia tão surpresa que não conseguia nem mesmo falar, parando em Charlotte, que permanecia parada próxima a escada secundária em silêncio.

  - Mãe... – sussurrou Matt, se aproximando dela com passos cautelosos e ergueu as mãos em um sinal de rendição – Pare com isso, por favor...

  - Não pensem em sair desta torre – disse Kelly, ignorando Matt e erguendo a faca ensanguentada que segurava em direção a Charlotte para ameaçá-la – E não pensem em tentar impedir minha filha de continuar tocando esse sino... Eu, entre todos, estou ansiosa para assistir a destruição desta maldita cidade...

  - Kelly, pare com isso imediatamente! Esse é seu filho... Como pode ameaçá-lo? Com pode colocar a vida dele em perigo por uma vingança vazia? – perguntou Peter Maxwell, subindo com passos apressados a escadaria secundária, passando por Charlotte que permaneceu em silêncio e entrando no círculo de luz projetado pela luminosidade no sino e pela luz do luar que penetrava as frestas das tábuas de madeira.

  - Peter... – sussurrou Kelly, soando hesitante e perdendo um pouco do brilho perverso em seus olhos – O que você está fazendo aqui? – acrescentou, em um sussurro ainda mais hesitante e trêmulo, e se aproximando dele com passos rápidos – Pensei que você houvesse abandonado essa cidade...

  - Eu estou aqui... – sussurrou Peter, se aproximando dela com passos determinados e exibindo uma expressão de tristeza – Para matá-la e acabar com isso... – acrescentou, atravessando uma faca no abdômen da mulher, fechando os olhos momentaneamente, permitindo que uma única lágrima escorresse por seu rosto, e então, se inclinando para frente, beijando com suavidade a testa de sua primeira namorada – Lamento... Espero que possamos nos encontrar um dia, após minha morte ou em outra vida...

  Os olhos de Kelly se fecharam momentaneamente e lágrimas começaram a escorrer por seu rosto até seu queixo trêmulo. Ela abriu a boca, estava se engasgando com o seu próprio sangue, que, em seguida, escorregou por seu joelho e começou a pingar em seu casaco, o manchando. A mulher começou a cambalear em direção uma das janelas do cômodo, tropeçando em seus próprios pés, e então, no momento seguinte, ela atravessou as tábuas de madeira envelhecida, despencando pela escuridão pontuada pela luminosidade das explosões dos ataques que estavam começando lentamente na cidade e desaparecendo.

  - Mãe! – berrou Matt, se aproximando com passos rápidos das tábuas de madeira envelhecida partidas da janela e olhando para a escuridão pontuada pela luminosidade pela qual sua mãe, após ser assassinada, havia desaparecido.

  - Vicki... – sussurrou Peter, no momento em que sua filha mais velha abriu os olhos e se sentou no chão de madeira empoeirada, olhando confusa para os lados e exibindo uma expressão de desorientação pós-morte – Olá, minha filha querida...

  - Pai... – sussurrou Vicki, se levantando do chão e parecendo momentaneamente petrificada por estar parada diante do homem que abandonará sua mãe e ela quando era apenas uma criança com poucos anos de idade – Pai... Esse é o seu trunfo, Matt? Bem, não tentem me impedir, porque nada do você ou ele me disserem fará com que eu pare o que estou fazendo neste momento... Lamento, mas, você está atrasado por quinze anos para ser paternal... – acrescentou, piscando repetidas vezes os olhos para tentar afastar as lágrimas.

  - Não estou aqui para induzi-la a nada, Vicki... – sussurrou Peter, se aproximando dela com passos lentos e parecendo tão petrificado quanto sua própria filha ao vê-la quinze anos depois, desde que a deixará sozinha com sua mãe.

  - Não consigo acreditar – sussurrou Vicki, limpando as lágrimas com as mangas de seu casaco verde-escuro e se aproximando novamente da alavanca para tocar o sino novamente após cinco minutos – O que está fazendo aqui? Está aqui para me observar enquanto sou levada para o esquecimento? Não vou parar de tocar esse sino até que as chamas do Inferno queimem essa maldita cidade...

  - Eu apenas queria ver minha filha mais velha pela última vez – sussurrou Peter, se aproximando de Vicki com os olhos claros marejados por lágrimas novamente e estendendo uma das mãos para tocá-la novamente após muitos anos separados.

  Vicki respirou profundamente e limpou as lágrimas que manchavam o seu rosto; tentando sorrir, ela se lançou contra os braços abertos de seu pai e o abraçou com uma força quase que impressionante como se quisesse dizer, através daquele momento, que mesmo após muitos anos separados e quase sendo um desconhecido um para o outro, eles ainda se amavam como um pai e uma filha. Matt limpou os olhos marejados de lágrimas, mas, continuou exibindo uma expressão que dizia que estava feliz por finalmente poder presenciar um momento de reencontro entre sua irmã e seu pai.

  Sorrindo de modo afetuoso para Vicki e Peter que continuavam abraçados, chorando próximos a alavanca do sino, Charlotte se aproximou de Matt para abraçá-lo também, enquanto se lembrava de inúmeros momentos com sua própria família, os Pierce, há milhares de anos atrás, quando Katherine era apenas uma jovem inocente e delicada e não uma vampira perversa e fria com um desejo doentio por vingança, quando seus pais ainda estavam sãos e salvos sem a iminente perseguição de Klaus Mikaelson.

  - Eu amo você... – sussurrou Matt, a beijando apaixonadamente e a envolvendo em seus braços musculosos cobertos pelas mangas da jaqueta de policial do Departamento de Polícia de Mystic Falls – Eu amo você como nunca fui capaz de amar ninguém, Charlotte Pierce... De uma forma inacreditável, você se transformou da irmã mais nova de uma vampira fria e terrível que queria nos matar em uma parte de minha vida... Sem você, não sou completo, sem você, sinto que parte de mim desapareceu... – acrescentou, se afastando dela e se ajoelhando no chão de madeira empoeirada da torre – Eu sei que esse é o momento mais impróprio para isso, mas, prometi a mim mesmo que quando a encontrasse novamente faria isso... – sussurrou, retirando do bolso da jaqueta uma pequena caixa de veludo verde-esmerada e colocando uma mão sobre o feixe de diamante – Charlotte Pierce, você me daria à honra de ser minha noiva pela eternidade?

  Os olhos de Charlotte se enceram de lágrimas novamente, mas, não de tristeza, mas, sim de felicidade. Ela, assim como ele, se sentia completa ao estar ao seu lado e quando não estava, se sentia vazia, sentia como se uma parte de si mesma houvesse desaparecido. Ela o amava também, porque para Matt não importava o momento ou o local, ele sempre encontraria formas de demonstrar o quanto a amava, independente da situação em que pudesse se encontrar. Exibindo um sorriso molhado, mas, feliz, ela se lançou contra os braços dele e sussurrou:

  - Sim. Eu aceito me tornar sua noiva pela eternidade... Eu aceito me tornar a mulher que dorminará e acordará todos os dias ao seu lado, na mesma cama, na mesma casa...  

  - Muito bem, precisamos sair daqui imediatamente – disse Vicki, se aproximando da escadaria secundária, após Matt ter colocado sua aliança de noivado em um dos dedos de Charlotte, e olhando para cada um dos presentes no cômodo – Mesmo que eu não toque esse sino, as chamas ainda atravessarão os portões do Inferno e queimarão essa cidade às dez horas da noite... Precisamos sair daqui e ir para Grove Hill antes que seja tarde demais...


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