Muitos anos de vida escrita por Emiko


Capítulo 1
Capítulo Único – 31 de Julho


Notas iniciais do capítulo

Parabéns pra você, muitos anos de vida...etc...etc...(palmas). Boa leitura.



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Harry estava sob a capa. Depois de algum tempo, ele e centenas de pessoas se encostaram às paredes do Salão Principal para observarem duas lutas: Voldemort duelava com McGonagall, Shacklebolt e Slughorn ao mesmo tempo, os olhos do inimigo eram vermelhos e chispavam ódio ao vê-los trançar e se proteger ao seu redor, era evidente o desgaste de toda aquela guerra; à cinquenta metros deles, a fiel seguidora do Bruxo das Trevas, Belatriz Lestrange, após quase atingir a filha dos Weasley com a maldição da morte, enfrentava a Srª Weasley, que energicamente golpeava e girava sua varinha no combate, e, segundo após segundo, fazia com que o sorriso de Belatriz vacila-se e se transformar em uma verdadeira carranca.

Jorros de luz voavam entre as varinhas que ora atacavam, ora recuavam para servir alguma proteção. Parado e invisível, Harry via aquela luta mortal, queria atacar e ao mesmo tempo proteger aqueles que estavam se sacrificando.

Inevitavelmente, Belatriz gargalhou, semelhante ao que fizera antes de matar o próprio primo, Sirius Black. Prevendo o que ia acontecer, Harry preparou o braço armado com a varinha, que roubara de Draco Malfoy quando fora levado para a Mansão da família deste. No entanto, Molly não necessitou de proteção alguma, lançara um feitiço que voou por baixo do braço esticado da Comensal mais fiel e atingiu-a no peito, diretamente sobre o coração.

A risada triunfante da Lestrange congelou, seus olhos provavelmente iam saltar das órbitas; em uma mínima fração de tempo, ela percebeu o que ocorrera, estava derrotada, perdera para velha Weasley.

A multidão que assistia a bruxa se desmontar no chão bradou, e Voldemort, irado pela queda da sua fiel seguidora, deu um forte grito e arremessou Horácio, Kingsley e Minerva para trás, deixando-os se debatendo e contorcendo no ar; em seguida, ergueu furiosamente a varinha e apontou-a para Molly Weasley.

— Protego! – Pronunciou Harry, mas, a varinha que achara possuir lealdade vacilou, e sem realizar o feitiço, partiu-se ao meio.

Um relâmpago verde perpassou pelo Salão Principal e ouviram uma queda, o corpo gorducho da Srª Weasley estendido, seus olhos que estavam abertos pela euforia da vitória eram nada além de vazios e inexpressivos. Um semblante de morte era o estado da matriarca da família Weasley.

Por um segundo que continha toda a eternidade, Harry fitou a mulher, sua mente não aceitava o que acabara de presenciar. Como seria possível que sua “nova” varinha lhe trairia no momento em que mais necessitava, deixando que a senhora que o considerava um filho, e quem ele considerava um símbolo materno, morresse na sua frente e dos demais familiares?

A multidão amedrontada, de repente se exaltou, começando a atacar Voldemort por todos os lados, mas ele não se dava por vencido, logo, ao ver que conseguia derrotar o oponente, matava-o impiedosamente. Vendo tais cenas de horror, o menino que sobreviveu voltou à tona, tinha sede de justiça, desejando acabar com aquela chacina. Bruscamente, tirou a capa e fez com que o próprio Lorde das Trevas o encarasse.

— Pare! Isto é entre mim e você! Nossos destinos estão entrelaçados, nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver, e um de nós está preste a partir para sempre...

— Um de nós? – Caçoou Voldemort, enquanto aniquilava friamente mais uma vida, e como imaginava, estava abalando ainda mais Potter. – Você acha que vai ser você, não é, o garoto que sobreviveu devido a morte da mãezinha de sangue-ruim e que agora, usa os outros como escudo?

— Eu...não queria que todos eles se sacrificassem. – Respondeu Harry, enquanto se rodeavam e se encaravam nos olhos, verdes e vermelhos, o bem e o mal. – Você não será capaz de matar nenhum deles...nunca mais. – E movendo sua mão para trás, onde Gina os assistia, tomou da garota a varinha. – Irei lhe mostrar o quão podre você é.

Um brilho ouro-avermelhado irrompeu subitamente no céu encantado acima deles e incidiu sobre os dois bruxos, ambos os rostos estavam claros, Voldemort estava mais pálido do que o normal e Harry um pouco vermelho-vivo. Suas varinhas se interligaram por um fio, era um fino feixe de luz dourado intenso, começando a vibrar e espalhar pequenos feixes de luz pelo salão.

— Está vendo, você não é capaz. – Caçoou Harry, apertando ainda mais a varinha e fazendo com que o fio ficasse vermelho. – Descanse em paz, Tom.

— Insolente! – Furioso, Voldemort chacoalhou a varinha anciã ainda mais, e os feixes que se soltavam da ligação entre sua varinha e de Harry se tornaram verde, acertando alguns que os assistiam, fazendo-os urrar de dor e caírem no chão, imóveis. – Quer dizer as últimas palavras a eles, Potter?

Tudo o que Harry menos queria estava ocorrendo na frente de seus olhos, enquanto estava ligado a Tom, os feixes expelidos pelo combate acertavam seus companheiros. Novamente, mais vidas inocentes estavam sendo sacrificadas, e ele era o principal causador. Mas não adiantava nada que fazia, Voldemort era inabalável, e mais uma vez, a varinha que usava vacilou.

— Não! – Gritou Harry. – Agora não...por favor...isso não poderia estar acontecendo!

— Diga adeus a todos, menino que já fora aquele que sobreviveu. – E com destreza, o bruxo maligno matava cada bruxo ou bruxa, adulto, mulher ou criança, fazendo Harry ficar mais angustiado.

— Não! Não! Não! – Gritava o garoto, mas sentia um grande peso no corpo que não o deixava se levantar, e muito menos emitir algum som pela garganta enquanto assistia, um a um de seus companheiros serem assassinados.

— Harry...querido, você está bem? – Ao ouvir a voz de Gina, imediatamente Harry abriu os olhos. Sua esposa com o rosto próximo ao seu, extremamente assustada. Ele sentia que cada centímetro do próprio corpo estava coberto de suor gelado; sua roupa de cama se enrolara nele como uma camisa de força. – Teve outro pesadelo? – Ele concordou, mas a sua atenção estava voltada para o criado-mudo, estendeu o braço e pegou seus velhos óculos redondos, ajustando-os para poder ver melhor o relógio que ficava ao lado da cama.

— Nove horas? Isto deve estar errado. – Disse Harry apressado, tentando se livrar da roupa de cama e caminhar para a penteadeira do quarto, onde pôde consultar seu velho relógio de pulso, feito de ouro e que continha estrelas girando no mostrador em vez de ponteiros, dado pela sogra há 19 anos atrás. – Pombas! Já estou atrasado para o trabalho. – Rapidamente, ele seguiu para seu armário e pegou a primeira camisa branca e calça preta que via pela frente.

— Para que toda essa pressa? – Perguntou a esposa, que divertia ao ver a cena.

— Oras, se você estivesse atrasada para o trabalho não estaria dando esse sorriso de orelha a orelha. – Replicou Harry, enquanto procurava seu cinto. – Por acaso você viu o meu...

— Está atrás da porta. – Respondeu Gina apontando para maçaneta da porta. – Você chegou tão cansando ontem à noite que nem se lembra de onde colocou as suas roupas? Quero dizer, exceto esse uniforme que você usou o dia inteiro e agora está usando como pijama. – Enquanto falava isso, Harry se apressava em tirar as roupas usadas no dia anterior e trocá-las pelas novas, atirando no chão as que já estavam sujas. – Dá isso aqui, eu vou deixa-las na máquina de lavar, e enquanto isso...- Ela se aproximou e beijou a testa do marido, no local onde estava a cicatriz em forma de raio. – Você acaba de se arrumar e desce para tomar café conosco, foram as crianças que preparam.

— Hum? Eles estão aprontando algo, não estão? Enfim, acho que não vou ter tempo para...- Inutilmente, Gina já havia saído e ele ficara sozinho, sem ser ouvido e encarregado de se arrumar para o longo dia de trabalho no ministério, nunca achou que seria tão difícil a vida de Chefe do Departamento de Aurores.

Descendo as escadas de madeira, Harry seguiu para o cabideiro próximo a porta e retirou o jaleco que sempre usava para ir trabalhar. Girou os calcanhares e levou sua mão para a porta, parando na soleira para falar com a família.

— Já estou indo. – Avisou Harry olhando para fora de casa, o dia seria de bastante sol, digno para uma partida de quadribol. Infelizmente, não iria curtir aquele dia enquanto estaria no subsolo do Ministério.

— O quê? E o nosso café da manhã? – Perguntou Tiago, com a voz energética de sempre, combinada com um tom de descontentamento.

— Hoje não dá, estou atrasado para o trabalho. Prometo que outro dia fazemos isso. – E olhando para o chão, seguiu para fora de casa, fechou a porta e girou em seus calcanhares, aparatando para seu serviço, produzindo um leve estampido.

— Ele foi embora mesmo? – Perguntou Alvo, indo para a sala e sem encontrar o pai, voltou triste para a cozinha, onde havia sido preparada uma surpresa de aniversário para Harry, com direito a panquecas, waffles, sapos de chocolate e é claro, feijãozinho de todos os sabores. – Mamãe, a senhora não falou que o papai marcou de faltar no trabalho hoje?

— Sim Al, eu iria lembra-lo disso quando fizéssemos a surpresa. Mas sabe como é seu pai. – Disse Gina, chateada. – Ele está muito cansado porque chegou tarde ontem e hoje perdeu a hora de acordar. Acreditou que estava atrasado para ir ao Ministério. Nem se lembra que dia é hoje.

— E o que a gente vai fazer com tudo isso, mamãe? – Perguntou Lilian, apontando para a mesa repleta de comida que fazia sua boca salivar e o estômago roncar.

— Vamos comer é claro. Mesmo que seu pai não tenha ficado para surpresa. Depois eu penso em fazer algo para ele. – Respondeu Gina, se sentando na mesa do café da manhã acompanhada de seus filhos, observando atentamente cada um.

Tiago foi o primeiro filho a nascer, tinha treze anos e iria para o terceiro ano em Hogwarts. Assim como seus pais, fora colocado na Grifinória. Tinha um espírito maroto, semelhante ao do pai, do avô e também do padrinho de seu pai, uma combinação harmoniosa que dera origem para seu nome completo: Tiago Sirius Potter. Além do espírito maroto herdado, tinha cabelos negros e rebeldes de seu pai, enquanto os olhos castanhos e fugazes eram de sua mãe.

O filho do meio era Alvo Severo, tinha onze anos e iria para Hogwarts naquele ano. Estava ansioso para estudar e ao mesmo tempo com medo, não queria de modo algum sair na Sonserina. Ao contrário de seu irmão, Al era calmo, chegando a ser muito tímido em certas ocasiões, semelhante à sua mãe em seus anos de juventude. Enquanto sua personalidade e de Gina eram iguais, sua aparência se diferenciava dos outros irmãos, seus cabelos pretos eram lisos e tinha os olhos verdes, os olhos de seu pai e de sua avó, Lilían, se usasse óculos seria uma versão mais jovem de Harry Potter.

Lílian era a mais nova, e, portanto, a caçula da casa. Tinha somente nove anos e seu sonho era ir para Hogwarts e participar dos jogos de quadribol. Se Alvo era o irmão que mais se parecia com o pai fisicamente e com Gina emocionalmente, Lílian era o contrário, rebelde e em algumas ocasiões enérgica, lembrava Harry na sua época de escola; os cabelos ruivos sempre estavam soltos, uma lembrança forte de que família herdara(Weasley), e os olhos, os mesmos castanhos e fugazes de Gina, que sabiam muito bem como encontrar um pomo de ouro durante uma partida de quadribol.

Mas naquele momento, a diferença entre os filhos era pouco notável para Gina, pois todos carregavam uma carranca triste no rosto.

Depois de algum tempo, o café da manhã já estava finalizado. Estranhamente haviam acabado de comer na mesma hora e não ousaram reproduzir nenhuma conversa, Gina entendia bem o motivo daquilo e querendo melhorar o astral de seus filhos, começou a distribuir tarefas: Tiago seria responsável por tirar a mesa, Alvo iria secar os pratos depois que sua mãe os acabava de lavar e Lilían ia guardando-os dentro dos armários. Alguns momentos assim eram bons para se juntar a família, Gina queria que os filhos entendessem que nem sempre precisavam de usar magia.

Enquanto trabalhavam juntos na cozinha, uma coruja-das-igrejas atravessou a janela aberta da cozinha, estava tonta e arrepiada ao pousar na mesa limpa. Pega de surpresa, Gina se aproximou da coruja antes dos filhos, que aparentavam curiosidade, e a ave esticou a perna, à qual estava preso um pequeno rolo de pergaminho, sacudiu as penas e levantou voo assim que a carta foi retirada, parando na ponta da janela, observando a família Potter. Curiosa, a mulher desenrolou a mensagem, escrita apressadamente, a tinta meio borrada e com a caligrafia torta.

Gina,

Eu e Hermione acabamos de chegar ao Ministério e encontramos Harry, e ele estava bem apressado para entrar na sala dele. Aconteceu alguma coisa? Hermione me pediu para esperar a sua resposta para falar com ele, ela acha que Harry esqueceu que hoje é o aniversário dele. Isso é verdade? Vocês estão planejando fazer uma festa ou alguma coisa surpresa?

Abraços, Rony.

Finalizada a leitura, Gina ficara pensativa. Se Harry ainda não descobrira que era seu próprio aniversário, poderia surpreendê-lo com uma festa surpresa em casa quando chegasse do trabalho. Mas seria muito tarde, Harry chegava às vezes de madrugada no quarto, ou até despencava de sono no sofá da sala e só pelas primeiras horas da manhã, que ela o encontrava quando saía para beber água na cozinha; ou seja, precisava da ajuda de Mione ou de Rony para fazer com que seu marido chegasse cedo de casa, ou até mesmo antes do horário de dormir dos filhos. As três crianças a encaravam curiosas, queriam saber o que estava acontecendo, e não se aguentando, Tiago foi o que se pronunciou:

— De quem é a carta, mamãe? – E Gina saiu de seus pensamentos, encarando seus filhos com um sorriso no rosto.

— Do seu tio Rony. – Respondeu a ruiva, tirando o olhar dos filhos para a cozinha, buscava um pedaço qualquer de papel; até que achara um pequeno guardanapo sobre a bancada. – E sabem, seu pai vai ter uma surpresa hoje. – Revelou ela, enquanto pegava uma caneta, que estava dentro de uma gaveta, e escrevendo rapidamente uma resposta para seu irmão e cunhada. Iria mesmo fazer uma festa, e não seria qualquer festa, ela iria reunir os amigos e parentes mais próximos, principalmente as pessoas que os acompanharam na Batalha de Hogwarts.

— O que a senhora vai fazer? Vai ser uma festa surpresa para o papai? – Agora fora a vez de Alvo perguntar, sendo assentido pela mãe, que aproximara da coruja para entregar a pequena resposta. – Mas o papai não vai ficar sabendo que é o aniversário dele no trabalho? E mesmo assim, ele sempre chegar tarde aqui em casa.

— Mas isso não vai acontecer hoje. – Respondeu a mãe, energética, seus olhos faiscavam de felicidade. – Seus tios, Rony e Hermione, vão deixa-lo quieto no Ministério. Não vão lembra-lo que dia é hoje e melhor, vão trazê-lo para casa mais cedo. Por isso, temos que começar a arrumar tudo. Vou procurar pergaminhos, penas e tintas para os convites, e enquanto vocês três escrevem as cartas, eu vou fazer o bolo. – E ela saiu pela casa, procurando os materiais, enquanto os filhos se entreolharam, estavam animados com a ideia de Gina.

Alguns segundos depois, Gina voltara para cozinha, seus braços estavam ocupados por rolos de pergaminho e suas mãos tinham penas e tintas, que quase derrubara ao pisar em um bicho de pelúcia largado por Lílian, por sorte Tiago a ajudara.

— Lílian Luna, quantas vezes disse para não deixar seus brinquedos espalhados pela casa? – Rosnou Gina, enquanto despejava os materiais sobre a mesa e fazia com que sua filha recolhesse a pelúcia, constrangida.

— Desculpe. – Murmurou a menina, rubra por ter atenção chamada pela mãe, recolheu seu bichinho e o deixou sobre o sofá.

— Bom, então vamos começar o trabalho. – Disse a ruiva, prendendo os cabelos e pegando um grande pedaço de pergaminho, onde escrevia os nomes de quem iria chamar para festa surpresa de seu marido. – Bem, acho que são só essas pessoas. – Falou ela, colocando no meio da mesa a lista de convidados.

— Espera. – Disse Tiago pegando a lista enquanto escrevia a primeira carta. – Vamos ter que chamar a Profª Trealwney?

— E por que não? – Retrucou Gina. – Mesmo que o jeito dela seja...estranho...ela nos ajudou muito na guerra. – Mas sua resposta não foi nada convincente pelo tom de voz que usara.

— Mas o papai não gosta dela. Ele mesmo disse que na época que estudava em Hogwarts ela...- E sendo encarado severamente pela mãe, Tiago calou-se. – Tá, não está mais aqui quem falou.

— Que bom. – Retrucou a mãe, pegando a lista e retomando para o centro da mesa, voltando sua atenção na escolha do sabor do bolo.

Momentos depois, as cartas estavam escritas e endereçadas, só faltava saber o modo como iam ser enviadas. Os Potter não tinham uma frota de corujas, e nem mesmo se tivessem, demoraria muito para elas chegarem a lugares muito distantes. Gina resolvera entregar pelo meio mais inusitado, pelo menos na opinião dos filhos. Eles se reuniram em volta da lareira e começaram a entregar a cartas pela rede de pó de flúr assim como a mãe os explicara.

— É simples. – Disse ela demonstrando. – Não é nada demais, apenas o que vocês já sabem. Primeiro um de cada vez. É só pegar uma considerável quantidade de pó de flúr, falar o lugar que deseja ir, com bastante clareza viu, e jogar o pó. Depois disso, deve colocar a cabeça próximo à lareira e chamar alguém da casa, se for atendido, cumprimente e depois entregue a carta... se a casa estiver vazia, jogue ela em algum lugar visível. Boa sorte. – Disse Gina aos filhos, dirigindo-se a cozinha para fazer o bolo de aniversário.

Demorado alguns minutos, Gina já estava colocando o bolo de chocolate na forma, quando ouviu uma confusão na sala e alguma coisa caindo e espatifando no chão.

— Mas o que está a... – Começou Gina ao entrar na sala. Lílian estava sentada ao lado da lareira, com os olhos arregalados para os irmãos; Tiago estava caído perto do sofá e Al na beirada da lareira, com um pedaço de carta no colo e ao lado da mão, que sangrava, cacos de vidro de um porta-retrato. – Por Deus, vocês não podem ficar sozinhos nem por trinta minutos e já fazem essa bagunça! – Exclamou a mulher aproximando de Alvo e levando-o para a cozinha, juntamente com Tiago, que era levado pela orelha. Somente com o olhar furioso da mãe, Lilían constatou que deveria continuar a enviar as cartas.

— Ai mãe, tá doendo. – Resmungou o filho mais velho.

— E você acha que a mão de seu irmão não está? – Disse a ruiva, que agora tinha rosto quase tão flamejante quanto o cabelo. – Faça o favor e pegue o kit de primeiros socorros no armário da pia.

Resmungando, Tiago seguiu as ordens da mãe, enquanto ela tentava estancar o sangue com sua varinha, mesmo não sendo talentosa em medibruxia.

Segundos depois, o filho mais velho estava de volta com uma caixa branca que tinha uma cruz vermelha desenhada na tampa. Seguindo as ordens da mãe, ele pegou algumas faixas e água tônica para lavar e cobrir o ferimento da mão do irmão, que até agora não reclamava ou esboçava algum sentimento de descontentamento.

— Pronto. Ainda bem que não teve cortes profundos. – Disse Gina, aliviada. – Pode ir lá ajudar a sua irmã, Al...Eu não disse que você podia, Tiago. – Disse a mulher, fazendo com que o filho parasse no limite entre a cozinha e a sala. – Para não acontecer mais nada, você vai me ajudar a cozinhar.

— O quê? Mas isso é tarefa de mulher. – E logo após dizer isso, Tiago arrependeu-se, pois na sua frente havia uma mulher brava e séria, que se assemelhava muito com a avó, Molly, quando ficava nervosa com alguma travessura que fazia.

— Ah é...pois bem, você vai ver que está muito enganado, mocinho. – Respondeu rispidamente a ruiva, se levantando bruscamente e indo buscar um avental para seu filho. Ele iria se arrepender por ter dito aquilo. – Vai ter que usar isso enquanto cozinha. E a de você se reclamar. – Cabisbaixo, Tiago pegou o avental e o colocou, mostrava-se ligeiramente incomodado. – Bom...muito bom. Agora, quero que você continue a pôr a massa na forma. Vou lá na sala limpar a bagunça que VOCÊS fizeram.

Chegando perto da lareira, Gina via seus dois filhos trabalharem tranquilamente, deveria ter imaginado que Tiago ia aprontar alguma, principalmente quando estava com o irmão mais novo. Ela direcionou olhar para os cacos de vidro, pegou a varinha e pronunciou o feitiço:

REPARO. – O porta-retrato com a foto da família estava intacto novamente, pronto para ocupar seu lugar sobre a lareira novamente.

Horas mais tarde, as cartas já foram enviadas e os Potter estavam arrumando os últimos preparativos. Lílian e Gina haviam percebido pela lista de convidados que se a festa fosse só na cozinha, todos ficariam apertados, decidindo colocar algumas mesas ao ar livre, torcendo para que não chovesse naquela noite.

Quando as comidas já estavam prontas, o bolo enfeitado e as mesas postas, a família tinha pouco tempo para tomar banho e se trocar, por sorte, a casa tinha dois banheiros.

Gina mandou que Lílian e Tiago fossem os primeiros a tomar banho, não arriscaria deixar Tiago e Alvo sozinhos novamente naquele mesmo dia. Nem bem os dois filhos começaram a tomar banho, Gina ouviu fortes estampidos vindo da sala, mas não de aparatação, e sim do uso da rede de pó de flúr. Ela e Tiago foram para sala, onde encontraram à frente da lareira Profª Minerva e Hagrid, que carregava uma montanha de presentes.

— Boa noite, Gina e pequeno Alvo! – Cumprimentou Hagrid, animado ao ver a Srª Potter e o filho do meio, que se aproximou para ajudar o meio-gigante. – Obrigado, os outros professores não puderam vir e mandaram os presentes. Aberthof fez o mesmo, o bar dele estava bem movimentado hoje.

— Boa noite também Hagrid, e Profª McGonagall...- Falou Gina, sendo cortada por Minerva.

— Não precisamos de formalidade Srª Potter, quero dizer...Gina. – Disse a diretora de Hogwarts dando um abraço de cumprimento na ruiva. – Já não é minha aluna mais, podem me chamar pelo nome normalmente.

— Claro. – Concordou Gina, levando-os para a cozinha, deixando-os à vontade para comer e beber o que estivesse sobre a mesa. – Por favor, sirvam-se, logo o aniversariante irá chegar.

— Onde está Harry? Faz tempo que ele não vai para minha casa tomar chá. – Disse o meio-gigante enquanto pegava um pedaço de pão recheado com frango e salada.

— Ah...ele está no trabalho. – Disse a ruiva, dando um sorriso. – Podem não acreditar, mas...ele mesmo não se lembra que hoje é o aniversário dele. – Dito isso, os dois professores deram risada, como Harry poderia estar tão esquecido a ponto de não lembrar do próprio aniversário?

— Por Deus, lembro que Potter às vezes era desmemoriado...mas não neste nível. – Declarou Minerva, bebericando o suco de abóbora.

— Trabalhar no Ministério sempre desgasta as pessoas, o próprio Dumbledore falava isso. – Relembrou Hagrid, deixando escapar algumas lágrimas que foram percebidas pelas duas mulheres. – Ele estaria feliz em estar aqui e ver como Harry cresceu, e também pela bela família que ele tem.

— Oh Hagrid. – Sibilou a professora, dando uma palmadinha desajeitada no braço de Hagrid enquanto Gina lhe dava um guardanapo.

Enxugando os olhos no guardanapo, Hagrid chamou Alvo para perto, queria ver como ele crescera naquele verão e convidá-lo para tomar chá em sua casa quando fosse para Hogwarts. Estava ansioso para poder ajudá-lo a se acostumar com a escola, já que ele sabia que o garoto era introvertido, mas bem talentoso pelo que Harry falava sobre ele.

Passado alguns minutos, fora a vez de Gina e Alvo irem tomar banho, deixando os outros dois filhos conversando com os convidados, que aumentaram consideravelmente: depois de Minerva e Hagrid, os pais de Gina chegaram, trazendo consigo dois presentes, um deles era uma nova caneta tinteiro, que para o Srº Weasley era fascinante, enquanto o outro era um par de luvas de couro de dragão, dado por Carlinhos que não pôde sair da Romênia; logo depois, a família de Gui chegou, os três filhos, muito loiros e educados, entregaram cada um o presente do tio; em seguida, para a felicidade dos filhos de Gina e Harry, o “primo”, considerado por eles como irmão, Teddy chegou junto com a avó, trazendo um grande pacote embrulhado; a alegria só aumentara na casa quando mais um Weasley chegou, George vinha acompanhado da família, trazendo um presente que seria, como o próprio filho mais velho, Fred, iria dizer, absurdamente inesquecível.

A festa estava animada, todos os adultos conversando energicamente e alegres, e as crianças brincando na sala. Faziam um campeonato de xadrez bruxo com o tabuleiro que Alvo ganhara de seu tio Rony, e durante as partidas, Lilían notara o sumiço de Teddy e da prima Victorie, torcia para que os dois estivessem namorando e casassem logo, assim Teddy seria definitivamente da família.

Neville e a esposa chegaram bem na hora que a partida entre Alvo e Tiago acontecia, ficando ambos na sala assistindo, o velho amigo de Harry via tamanha semelhança dos dois meninos com o pai na época da escola, provavelmente iram lhe dar trabalho nas aulas de Herbologia naquele ano,

Uma hora mais tarde, a lua cheia aparecera no céu, que estava extremamente azul-escuro com a falta de estrelas. Todos torciam para não chover, pois no verão as pancadas de chuva eram bem fortes e demoravam horas para cessar. Para não estregar a festa, o Srº Weasley decidiu voltar para casa e pegar uma grande lona, tendo ajuda de seus filhos e esposa na montagem.

Mal acabaram de arrumar a lona, Rony e Hermione chegaram, estavam ainda com a roupa de trabalho, acompanhados por seus filhos, Rose e Hugo, que traziam uma garrafa de Wiskey de Fogo, presente de Rony, e um livro, que Hermione comprara para ajudar Harry com as leis do Mundo da Magia.

— Tio Rony, Tia Hermione! – Falaram os três Potter, chamando a atenção dos convidados para dentro da casa. Gina seguiu para perto deles.

— Rony, Mione. – Disse Gina, abraçando o irmão e a cunhada, em seguida seus sobrinhos, que continuavam a segurar os presentes. – Como as crianças cresceram.

— Sim...sim...Olá. – Disse Mione, ansiosa, enquanto cumprimentava com cafunés sobre a cabeça dos sobrinhos. – Gina, vamos rápido, Harry logo vai chegar.

Rapidamente, Gina fora seguida pelos sobrinhos, Rony e Hermione para fora de casa, avisando os demais convidados que Harry estava chegando. Com o apagueiro na mão, Rony apagou as luzes. Escuro e silencioso, todos esperavam ansiosos para surpreender o homem que sobreviveu.

Transcorrido dez minutos, um forte estampido ecoou na porta da casa. Harry colocou a mão na maçaneta e estranhou, sua casa estava escura e silenciosa demais. Seria possível que Gina e as crianças já estavam dormindo? Perguntou-se o homem, entrando devagar na sala, não conseguia ligar as luzes. A companhia de energia tinha cortado sua luz? Pois quando estava na porta de casa podia ver o clarão vindo das casas vizinhas. Estranho, tudo estava muito estranho. Ele seguiu pela cozinha, pegando a varinha e a fez emitir uma luz fraca, que pôde iluminar alguns rostos, os quais eram conhecidos, que o saudaram:

— Feliz Aniversário! – Disseram os amigos e familiares à Harry, que ficara sem reação com tudo aquilo.

— O...obrigado. – Agradeceu Harry, alguns segundos depois. Estava um pouco sem jeito e surpreso. – Por isso que vocês fizeram o café da manhã hoje, não é? – Perguntou o pai aos filhos, que assentiram sorridentes. – E vocês... – Ele se dirigiu a Rony e Hermione. – estavam agindo diferente hoje também, insistindo muito para eu voltar cedo para casa. – Por fim, encarou a esposa. – Aposto que você armou tudo isso...obrigado. – E selou os lábios de esposa com um beijo.

— Que nojo. – Deixou escapar Tiago ao ver a cena. – Acho que vou perder a vontade de comer o bolo assim.

Os convidados riram, Gina ficara encabulada, mas Harry a acalmou e foi para perto dos filhos, os abraçando. Depois cumprimentou os convidados. Hagrid chorou em seu ombro alguns minutos, obrigando-o a trocar de roupa. Voltara para o jardim, com as simples roupas que gostava de usar antigamente, uma blusa azul e uma calça jeans.

Não demorou muito para cantarem os parabéns e comerem o bolo de chocolate, com os dizeres: Muitos anos de vida; acompanhado pelas velas, que remetiam o número da idade de Harry.

Para ele, aquele momento podia ser eterno. Comparado com o pesadelo que tivera no início do dia, sua festa era o sonho, ou melhor, o paraíso. Era agradecido pelo afeto da família, do carinho dos amigos, e principalmente, do amor, sua maior fonte de vida e força de vontade.

Claro, sentia falta daqueles que já se foram, mal pôde conhecer seus pais, muito menos morar com Sirius, ver Fred com uma família feliz ou Lupin e Tonks cuidando de Teddy, e até mesmo, fazer as pazes com Snape...enfim, em meio a tanto tragédia, fora presenteado com aquela numerosa família e vários amigos. A velha cicatriz em sua testa fazia muito tempo que não o incomodava, tudo estava bem.


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Notas finais do capítulo

Muito obrigado por lerem, empolguei um pouco na hora de escrever(hehehe). Comentem pfv, gosto muito de ler comentários.
E aqui, eu deixo meus parabéns, primeiro para todas as pessoas que amam a saga, e depois, para a linda e dona desse mundo mágico, Tia Jo Rowling, muitos anos de vida para ela.



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