Shit, my glasses! escrita por gaby


Capítulo 7
Capítulo seis


Notas iniciais do capítulo

Pra fechar 2017 com chave de ouro!

Última atualização do ano e também último capítulo! Não, você não leu errado. Já estamos no fim da fanfic 3 Fico muito feliz por estar concluindo mais uma história, e ainda mais feliz por vocês terem lido, comentado, favoritado e acompanhado meu bebê crescer. Obrigada a todos os envolvidos, e nos vemos no epílogo!

Boa leitura ♥


*Capítulo ainda não betado.



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Shit, my glasses!

Capítulo seis

***

[DOIS DIAS DEPOIS - CAMBRIDGE]

Lily tinha olheiras enormes e o rosto pálido inchado, tudo dentro dos padrões para quem não dormia haviam duas noites, se alimentava mal e chorava a cada cinco minutos. Prendeu os cabelos emaranhados num coque qualquer e jogou o xale preto sobre os ombros antes de sair do quarto. James a esperava do lado de fora. Segurou sua mão, olhando-a com firmeza, como se quisesse lhe passar um pouco de força. Estava funcionando, até que ela chegou as escadas novamente. Desceu o mais rápido que pôde, evitando o choro que forçava sua garganta.

Alguns minutos de carro e eles chegaram à capela. Marlene abraçou com vontade a amiga, seguido por cada um dos Marauders. Seus amigos de Cambridge também vieram na sua direção, dando-lhe o apoio que podiam.

A ruiva se sentia dentro duma bolha. As vozes ao seu redor pareciam abafadas e sua respiração meio sufocada. Era a pior sensação que já lhe tinha ocorrido. Como se algo muito grande inflasse dentro dela, ao mesmo tempo que era tomada pelo vazio.

Quando chegaram ao cemitério, quando viu o caixão de Elizabeth ao lado de sua cova, as lágrimas escorreram como se nunca fossem parar. Flashes bombardearam sua cabeça; lembrou-se do sorriso dela, de como sempre foi tão carinhosa, do quanto doeu vê-la no hospital e da notícia que veio na madrugada: “Elizabeth teve uma parada cardiorrespiratória, fizemos o possível para reanima-la, mas não tivemos sucesso”. A última coisa que viu foi seu pai e Petúnia jogando flores dentro da vala, e então tudo se apagou.

— Lily? Ei? – ouviu a voz de James. – Você está bem? – sentiu algo macio sob suas costas. A luz incomodou seus olhos, assim que os abriu. Estava no seu quarto. Balbuciou alguma coisa que nem ela mesma entendeu. – Você desmaiou e eu te trouxe para casa. Como se sente?

— Péssima – sussurrou. James afagou seus cabelos.

— Quer alguma coisa? – ela negou com a cabeça, seus olhos marejados novamente. – Ei, eu estou com você, ok? Não vou sair do seu lado – beijou sua testa com carinho. – Eu te amo.

 

[UMA SEMANA DEPOIS - LONDRES]

Lily estava aprendendo a controlar suas próprias lágrimas, por mais difícil que fosse. Ela precisava tomar decisões diante o ocorrido, e chorar a cada minuto não ajudaria na tarefa. Sempre que as cenas invadiam sua cabeça, ela respirava fundo e tentava se concentrar em outra coisa; não funcionava sempre, mas era um bom começo.

Seu namorado, assim como Marlene e os Marauders, voltaram para Londres; ela, porém, preferiu ficar e passar um tempo a mais com seu pai. Petúnia também ficou, o que foi ótimo, já que puderam conversar sobre as circunstâncias. “Quero dizer, o papai não pode ficar aqui sozinho, mesmo que com Poppy”, concordaram, pela primeira vez em muito tempo.

Quando retornou à Londres, Lily tinha muito o que dizer a James.

— Hey – ele sorria cauteloso, abraçando-a antes de pegar sua bolsa, assim que ela chegou na King’s Cross. Entraram no carro. – Como você está?

— Melhorando...

— E seu pai?

— Também – mergulharam no silêncio por alguns segundos.

— Você está com fome?

Já passava da hora do almoço e os dois estacionaram num restaurante que gostavam. Lily não comeu quase nada, estava ansiosa, e não de um jeito bom.

— ...e o Clearwater caiu na risada quando Amélia percebeu que era uma pegadinha – contava, divertido. A ruiva riu de leve, um pouco distante. – Lily, você está bem mesmo? – perguntou juntando as sobrancelhas. – Eu sei que é tudo muito recente e difícil, e eu realmente quero ajudar – falou em tom de desapontamento. – Se você precisar de silêncio, se quiser ficar um pouco sozinha, tudo bem, eu vou entender. Você pode me dizer.

— Eu sei, eu... – suspirou. – Nós precisamos conversar, James.

Eles deixaram o restaurante e seguiram então para o Edifício Salvio Hexia; não saíram do carro, apenas tiraram os cintos, e o moreno aguardou até que ela se sentisse confortável para falar.

— Eu vim buscar minhas coisas – começou, examinando a estampa do seu vestido. – Eu... vou voltar para Cambridge.

— Eu já esperava por isso – fitou-o. – Eu não estava brincando quando disse para ir morar comigo. Eu sei que não faz tanto tempo que estamos juntos, mas eu falei sério. Claro que era antes de tudo isso, e eu apoio você na sua decisão. Está tudo bem, amor – segurou a mão dela.

— Não é só isso, James – continuou, séria, nervosa. Ele contraiu o cenho. – Eu... Nós... – respirou fundo. – Eu vou precisar de um emprego novo, minha rotina vai ser completamente cheia, eu nem sei se Poppy vai continuar lá... e, no fim do dia, vou estar estressada e cansada, e só vou querer um banho, antes de ir para a cama. – recuperou o fôlego. – E eu sei o que vai acontecer com a gente depois de um tempo – James enfim entendeu onde ela iria chegar.

— Lily...

— Eu não vou conseguir administrar tudo de uma vez e nós vamos acabar nos afastando, cada vez mais, e... James, eu não quero que terminemos mal – os olhos dela marejavam.

— Nós não vamos, Lily – seu tórax de repente parecia muito pequeno para algo que era grande demais dentro de seu peito. – Eu juro! Vamos ficar bem – ela negou com a cabeça; algumas lágrimas escorriam na sua bochecha. – Eu te amo!

— Eu não quero te arrastar nisso junto comigo, James – disse com a voz trêmula. – Eu sei o quanto a situação pode ficar ruim e eu não quero te perder pelo cansaço. Eu quero manter esse sentimento dentro de mim, esse amor que temos agora. Eu não quero estragar o que vivemos, James.

Era o que tinha a dizer. Sabia que aquilo iria magoá-lo, também machucava a ela própria. Mas era melhor assim. Era melhor acabar enquanto estavam bem, enquanto as memórias não eram amargas. Ela sabia que seria pior depois

— Ok – foi o que ele disse, após um longo tempo em silêncio, olhando pelo para-brisa; as duas mãos apoiadas no volante, ainda processando.

Lily saiu do carro e, ao abrir a porta do apartamento, pôde chorar um pouco mais, agora no abraço de Marlene.

 

[JUNHO/JULHO - CANBRIDGE]

 Tudo estava se ajeitando. Lentamente, mas estava.

A ruiva já conseguia lidar melhor com o fato de acordar e não ver a mãe – por mais que morar na casa dos pais não ajudasse nesse ponto – e também tinha arranjado um emprego numa livraria, no centro da cidade. O dinheiro não era muito, mas era melhor do que nada. E, felizmente, ela se dera muito bem com Albus, o senhor dono da loja. Ele tinha conselhos muito bons sobre a vida.

Petúnia, para surpresa de todos, estava visitando o pai e a irmã em quase todos os finais de semana, e ajudava no que podia quando estava lá – o que, apesar de parecer bom, acabava sendo um pouco desagradável, as vezes engraçado, já que ela não sabia cozinhar muito bem.

Apesar de James ter se afastado completamente nos últimos dois meses, Lily perdeu as contas de quantas vezes deitou em sua cama para encarar a tela do celular; observava a foto dele no WhatsApp, ou simplesmente o seu número, pensando em ligar. Sentia tanta falta.

***

Certa noite, quando chegou do trabalho, cansada de desencaixotar livros pesados e coloca-los em suas devidas estantes, ela deitou em seu colchão e desbloqueou o celular, se deparando com o que fez seu coração falhar, depois de muito tempo.

[25/07 18:09] James: Ok. Eu desisto

[25/07 18:09] James: Não dá. Eu não consigo fazer isso.

[25/07 18:09] James: Não posso ficar perguntando sobre você pra Marlene, como se eu não tivesse seu número.

[25/07 18:10] James: Eu tentei me afastar, porque era o mais lógico depois daquele dia, mas a quem eu quero enganar? Eu mal consigo dormir pensando em você, Lily. Eu sinto tanta saudade...

[25/07 18:10] James: Então, a menos que ignore todas as minhas mensagens (e talvez eu ligue também) eu vou falar com você, sempre que puder.

[25/07 18:10] James: Me desculpa se o seu plano era me deletar completamente da sua vida.

[25/07 18:11] James: Eu sei que você pode me bloquear. Mas sabe o que eu acho?

[25/07 18:11] James: Que você ainda me ama. Porque eu ainda te amo.

[25/07 19:27] Lily: Eu não vou bloquear você.

 

[AGOSTO/SETEMBRO/OUTUBRO]

O oitavo mês foi complicado. Era quando Elizabeth faria aniversário e a casa parecia novamente em clima de velório. Os amigos de Lily – Pandora, John e Tonks – voltaram a ser muito próximos dela, e tentaram animá-la ao máximo, sabendo o quanto era difícil para ela passar por tudo aquilo.

Tonks, que tinha visto Remus pela primeira vez no funeral, acabou conseguindo o número do Marauder e agora os dois estavam realmente começando alguma coisa. Lily torcia muito para que rolasse algo de verdade e aquele era um assunto que sempre a distraía e arrancava alguns sorrisos.

***

Em setembro, Marlene insistiu em fazer sua festa de aniversário em Cambridge. Lily não teve muita opção quando a moto de Sirius estacionou com um ronco em frente ao seu portão. Visitaram cada loja da cidade atrás de coisas para festa, o que acabou sendo uma boa distração para a ruiva.

Peter e Remus apareceram para a comemoração, somente James não pôde ir. A novidade era que ele finalmente estava planejando sair do Profeta Diário e, junto de alguns amigos, abrir sua própria agência de fotografia. A ruiva estava muito feliz por ele, e foi isso que disse quando ele ligou avisando que não compareceria por causa de uma reunião.

***

 Assim que outubro chegou, o primeiro pensamento de ambos foi o mesmo: eles teriam completado um ano. Seria um ano desde que James encheu o quarto de fotos e disse, pela primeira vez, que a amava. Um ano desde que ele perguntou, só por via das dúvidas, se ela queria ser sua namorada. E ela ainda queria, e ele também.

[29/10 21:38] James: Hey.

[29/10 21:40] Lily: Oi.

[29/10 21:40] James: Como você está?

[29/10 21:40] Lily: Bem... e você?

[29/10 21:40] James: Também.

[29/10 21:42] James: Não.

[29/10 21:42] James: Por que estamos fazendo isso, Lily?

[29/10 21:43] James: Nada mudou. Eu ainda amo você!

                               [29/10 21:43] Lily: James...

[29/10 21:43] James: O quê? Algo está diferente pra você em relação a isso?

[29/10 21:44] Lily: Não, James. Mas eu preciso focar em Cambridge, no meu pai. Ele tem piorado.

[29/10 21:44] Lily: Eu estou trabalhando e cuidando da casa. Poppy ajuda como pode, mas a responsabilidade é minha.

[29/10 21:44] Lily: Estou exausta, James. Eu não quero descontar as coisas você.

[29/10 21:45] James: Tudo bem.

[29/10 21:45] James: Me desculpe, eu só me sinto mal.

[29/10 21:46] Lily: Eu também.

 

[NOVEMBRO/DEZEMBRO]

Os dois últimos meses do ano passaram muito rápido. Lily e James não conversaram muito, as coisas estavam um pouco difíceis para eles. A agência de fotografia do rapaz abriria logo no começo do próximo ano, e o pai de Lily teve recaídas significativas que a estavam preocupando.

— Muito bem, Sr. Evans – começou o médico, na última vez que fizeram exames. – Tivemos aqui algumas hemorragias digestivas, devido à sua doença. Os medicamentos prescritos devem ajudar – o médico correu os olhos de Antony para Lily. – Vocês já conversaram sobre transplante de fígado, imagino.

***

Lily passou o Natal em casa novamente, com a família; tal como o ano novo. Só queria que sua mãe estivesse lá para abraça-la, de vez em quando; Elizabeth sempre sabia o que dizer, como tranquilizar a todos e manter as piores coisas sob controle. O natal não era o mesmo sem ela.

Aproveitou que a irmã estava em casa para falarem sobre o transplante, mas Antony ainda insistia que não era tão simples, que poderia ser ainda pior, e que ele preferia deixar tudo como estava. “As coisas acontecem como são para acontecer”, pregava ele.

 

[JANEIRO/FEVEREIRO/MARÇO]

Semanas antes do aniversário de vinte e seis anos de Lily – quando Pandora, Tonks e John lhe tinham levado pizzas e filmes, numa ótima festa do pijama, como faziam antigamente – Albus contratou um novo funcionário. Edgar Bones era simpático e divertido, pouco mais velho que Lily. Não foi difícil para que se tornassem bons colegas.

Até o fim do mês eles trabalhavam muito bem em conjunto e descobriram que tinham coisas em comum, além de gostar de literatura. Depois de um tempo, ela se deu conta de que talvez ele estivesse afim dela e, como confirmação, acabou acontecendo um beijo entre eles. Lily se sentiu mal e pediu desculpas pelo ocorrido. Talvez por estar extremamente ocupada, ou por não ter esquecido James – nem um pouco – ela não conseguia pensar em relacionamentos naquele momento.

***

Em fevereiro, James e seus amigos fotógrafos enfim inauguraram sua agência. O rapaz ligou para Lily, muito animado, contando sobre como tinha sido o coquetel de abertura, e que eles até tinham saído como notícia no Profeta Diário. Ela ficou muito orgulhosa dele, daria qualquer coisa para abraça-lo naquele momento, ou simplesmente ver seu sorriso que não por fotos.

***

[27/03 20:03] Lily: Feliz aniversário!

[27/03 20:11] James: Hey. Obrigado!

[27/03 20:11] James: Posso pedir uma coisa de presente?

[27/03 20:12] Lily: Depende.

[27/03 20:12] James: Me deixe ir te ver.

Eles já tinham falado sobre aquilo. A ruiva achava que seria melhor se eles mantivessem um pouco de distância. Sabia que as chances de voltar eram enormes – afinal eles se amavam – e ela tinha muito medo de que isso acontecesse e então tudo começasse a desmoronar.

[27/03 20:13] James: Por favor.

[27/03 20:13] James: Eu posso voltar no mesmo dia. Ou ficar num hotel.

[27/03 20:13] James: Eu só quero abraçar você.

[27/03 20:15] Lily: Só não venha em abril.

 

[ABRIL/MAIO]

E James não foi. Abril era um péssimo mês para qualquer coisa. Foi em abril que Lily perdeu sua mãe, e sentia que toda vez que ele se repetisse seria aquela mesma sensação de peso sobre o peito. Como se tal época trouxesse tudo à tona, toda a dor do momento em que viu Elizabeth ser enterrada.

***

Então, no primeiro final de semana de maio, James enfim estava lá. Lily sentiu como se seus ossos vibrassem; seus pelos estavam arrepiados e o coração prestes a sair pela boca, apenas por ver o Jeep preto estacionado em frente à sua casa.

— Lily... – ele disse, quase num sussurro, quando ela abriu o portão.

Seus cabelos eram os mesmos, bagunçados, e seus olhos a encaravam da mesma maneira que antes, como se fossem a forma física de tudo que sentiam. Lily esqueceu tudo o que ensaiou para dizer e suas pernas bambearam quando ele chegou mais perto, preenchendo seus pulmões com o perfume favorito dela.

James passou toda a viagem imaginando o reencontro, mentalizando que devia controlar todos os impulsos; falhou miseravelmente quando ela o olhou daquela maneira, como quem morre de saudade. Suas mãos agiram quase que por conta própria, acariciando a bochecha dela, contornando a curva da sua cintura. Notou que sentiu falta até mesmo da respiração dela contra o seu rosto, e do modo que ela desviava o olhar para os seus lábios antes de fechar as pálpebras para o beijo.

Se houvesse alguma dúvida, por menor que fosse, sobre seus sentimentos um pelo outro, elas tinham acabado naquele instante. Mesmo depois de um ano afastados, bastou um olhar para que atestassem que nada tinha mudado.

— Obrigado, Lily – disse, quando a deixou em casa, após saírem para jantar.

Uma brisa fez a nuca dela arrepiar, talvez pela proximidade de seus corpos, e ela pensou que as chances de arrependimento eram enormes. Mas, porra, a quanto tempo ela não se sentia tão bem? Quantos sentimentos pairavam ali entre ambos? Jogou os braços ao redor do pescoço de James e agradeceu a todos os deuses pelos vidros do carro dele serem escuros.

 

[JUNHO/JULHO/AGOSTO/SETEMBRO]

Para o desespero e infelicidade dos Evans, os remédios de Antony pareciam não estar ajudando tanto quanto inicialmente. O senhor passou por algumas complicações, como acúmulos de líquidos, hemorragias, e ainda, inflamações.

Foram longos três meses de idas ao hospital e internações. Lily não podia estar mais esgotada. Com todo o cansaço e, por consequência, falta de vitaminas, acabou ela mesma precisando de remédios.

O que a fazia sentir melhor eram as mensagens de James. Por mais que não tivessem diálogos muito extensos, as poucas palavras que conseguiam trocar de vez em quando eram suficientes para aliviar sua tensão e fazê-la esquecer, ainda que momentaneamente, as inúmeras preocupações.

[15/08 22:52] James: Tem alguém aqui com saudade de você.

[15/08 22:53] James: [foto]

Era golpe baixo fazer aquilo, e James o fazia porque sabia que ela não ignoraria tal tipo de mensagem. Mesmo ciente disso, a ruiva não podia negar que adorava quando ele enviava fotos de Merlin – mais ainda quando o rapaz aparecia nelas.

[15/08 22:53] Lily: Ai meu Deus. Ele está ainda mais fofo!

[15/08 22:53] James: Ele quer saber quando você vem vê-lo...

[15/08 22:53] Lily: Diga que eu não posso, por agora. Mas aviso quando tiver um dia livre.

***

Setembro enfim veio com boas notícias: Antony podia voltar para casa. A ruiva sentiu o peso sair de cima de seus ombros ao ver o pai melhor. Além disso, Petúnia chegou com a novidade de que estava esperando um bebê, o que alegrou um pouco mais o ambiente, trazendo um clima mais leve à casa.

 

[OUTUBRO/NOVEMBRO/DEZEMBRO]

— E então, Lil? – Pandora disse, fazendo pose ao sair do banheiro, vestida de policial.

— Uau. Alguém vai ficar muito feliz ao ser preso – riu.

Philius gosta de algemas? – Tonks sorriu com malícia. As três se arrumavam para uma festa de Halloween.

— Calem as bocas – reclamou, corada. Ela e Xenophilius namoravam desde o ensino médio. – Até onde eu sei, não sou a única que se vestiu pensando no namorado – olhou significativamente para Lily.

— O quê? – a ruiva usava um uniforme, digamos, melhorado do Puddlemere United. – Eu gosto de quadribol! E não tenho namorado...

— Engraçado, eu jurava que James tinha te ligado quando estávamos na lanchonete, dois dias atrás... – Pandora começou.

— Que, se eu não me engano, era dia vinte e nove... – Tonks emendou, ajeitando a saia da fantasia de pirata.

— Exatamente quando vocês completariam dois anos, veja só – a outra finalizou. Lily odiava quando elas faziam aquilo.

— Ele me ligou pra perguntar do papai.

— No dia do aniversário de namoro? – perguntou Tonks, com o mesmo tom cínico de antes.

— Estranho. Muito estranho – a outra ainda comentou. Lily se contentou em rolar os olhos.

***

No aniversário de Sirius, Marlene enviou para a amiga um vídeo onde o aniversariante e James pulavam na piscina dos Potter, apenas de bermuda, no meio da noite. Resultado: dois gatos quase congelados no frio de novembro. Lily riu, revendo o vídeo umas mil vezes.

[03/11 23:44] Marley: Era pra você estar com a gente

[03/11 23:45] Marley: Eu sei que tô ficando repetitiva, mas o James não para de falar de você

 A ruiva sentia o peito apertado. Como é possível?, se perguntava, após alguns minutos pensando nele, nos momentos que tiveram juntos. Tudo parecia tão recente, cada detalhe se mantinha intensamente vivo em sua memória, como se tivesse acontecido no dia anterior. A verdade era que já estavam longe há um ano e seis meses.

[03/11 23:56] Lily: O que eu posso fazer?

[03/11 23:58] Marley: Voltar com ele?

[03/11 23:58] Lily: Ok, eu falo de novo: está fora de questão.

[03/11 23:59] Marley: Fala sério, Lily. Vocês nem estão tentando esquecer um ao outro, não estão saindo com ninguém.

[04/11 00:00] Marley: Do que você tem medo, afinal?

***

Lily passou o restante de novembro, e dezembro inteiro, pensando no que Marlene lhe disse. Era verdade que ela não estava tentando esquece-lo, mas isso é porque estou muito ocupada com papai, dizia a si mesma, como quem tenta se convencer. Sabia que seria inútil tentar algo que era impossível.

— Lily? – Petúnia chamou, pelo visto mais de uma vez. A ruiva tinha se perdido, lembrando do natal em que James estava em sua casa. – Tudo bem, aí? Toma, esse é seu – estendeu uma caixa embrulhada em papel de presente.

Começou a considerar a ideia de conversar com o rapaz. Quero dizer, pode dar certo. Talvez eu esteja sendo idiota, talvez nem devesse ter terminado. Acabava sempre do mesmo jeito: encarando o teto a cima da cama, sem conseguir decidir coisa alguma.

 

[JANEIRO/FEVEREIRO]

Janeiro tinha começado bem, então seu pai teve uma recaída e precisou ser internado com urgência. Por causa disso, Lily acabou tendo que passar seu aniversário de vinte e sete anos no hospital.

Petúnia conseguiu um tempo fora do trabalho e pôde revezar os dias com a irmã, mas a verdade era que a ruiva não conseguia descansar em casa também. Segundo os médicos, a situação era muito ruim e elas deviam estar preparadas para tudo.

***

Fevereiro chegou como um grande soco no estômago. Antony, que respirava com ajuda de aparelhos, não resistiu e veio a falecer logo na primeira semana do mês. Novamente, aquela sensação de desespero tomou conta de Lily. Se pegou sendo consolada pela irmã, ajoelhadas no chão do corredor do hospital e pensou no quão estranho era aquela cena.

Percebeu que, depois de muitos anos de brigas entre ela e Petúnia, elas finalmente tinham conseguido se entender naquele último ano em que passaram mais próximas. E que, apesar de ter perdido muita coisa, ela acabou ganhando alguém no fim das contas.

 

[DOIS DIAS DEPOIS]

— Oi –  James disse quando a encontrou, na mesma capela do funeral de Elizabeth.

— Oi – os dois se encaram por uns segundos, até que se abraçaram.

Lily sentiu-se “protegida”. Era mais como uma sensação de que podia contar com ele para o que precisasse, mesmo que fossem coisas pequenas – porém carregadas de significado –, como aquele abraço.

— Por favor, não me afaste dessa vez – falou baixo, sem larga-la. Lágrimas silenciosas escorriam sobre as sardas dela.

— Eu te amo.

***


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Notas finais do capítulo

♡ Não seja um leitor fantasma nesse Natal, comente! ♡

Eu sei, eu sei que foi um capítulo meio triste. Minhas sinceras desculpas a todos que pediram para que os pais de Lily ficassem vivos, mas eu tinha um plot a ser seguido. Me perdoem e não desistam de mim! Eu juro que, depois desse bombardeio de tristeza, o epílogo vai estar bem lindo pra vocês ♥
Bem, eu adorei escrever essa fanfic - acho que é a minha favorita até agora -, e espero que vocês também tenham gostado de ler. Vou guardar os agradecimentos para o epílogo.

Ah, e feliz no novoooo!!!

* A fotinha do James com Merlin está aqui: https://weheartit.com/gabyramllo/collections/136644954-shit-my-glasses-fanfic*

Obrigada por ler até aqui e nos vemos no próximo!
Se gostaram da fanfic, adicionem aos favoritos e indiquem a um amigo; façam uma ficwriter feliz :D


♥ Agradecimentos especiais à SrtaProngs, minha beta maravilhosa ♥
Para outras histórias como essa, visite meu perfil: https://fanfiction.com.br/u/693020/