Virando do avesso escrita por calivillas


Capítulo 6
Atrevida




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Júlia se voltou na direção do som da voz já conhecida, para ver uma mulher de meia-idade, com grandes quadris rebolantes e cabelos vermelhos cacheados se aproximou dela. Júlia reconheceu a mulher, no mesmo instante, era Magda, a cigana cartomante, mas também reconheceu o cabelo da mulher que estava com Ricardo atrás da árvore. Ficou chocada, com a descoberta.

— Boa noite – Júlia sussurrou.

— Júlia, não é? Reconheci você da outra noite. Eu nunca me esqueço de um rosto. É uma espécie de dom que tenho. O que está fazendo aqui? Já sei! Você está esperando Ricardo? – Mulher a espreitou, com os olhos apertado, agudos como facas, acentuando as pequenas rugas ao seu redor deles.

— Sim, eu estou esperando por Ricardo.

— Você não sabe onde está se metendo, garota? Sabe que está cruzando um caminho sem volta? – A mulher pegou e acendeu um cigarro, dando uma longa tragada e soltando a fumaça para cima.

— Como assim?

— Você não tem cacife para aguentar essa coisa, de ficar assim com Ricardo. Você não sabe quantas mocinhas iguais a você, eu vi sofrendo de coração partido por causa daquele garoto. Praticamente por todos os lugares que a gente passa, tem sempre uma igualzinha a você, toda oferecida para ele. Mas você é uma garota de fino trato, é só olhar para suas roupas, então para o seu próprio bem e para não se arrepender mais tarde, vá embora, e se esqueça daquele garoto – a mulher profetizou, tragando o cigarro, novamente.

— Quem é você para me falar essas coisas? – Júlia retrucou, irritada pela intromissão da mulher, apesar de saber que ela falava dessa maneira, provavelmente, por ciúme do seu jovem amante.

— Sou a mãe dele – a mulher declarou, de modo casual.

Foi como se um balde de água fria caísse sobre Júlia. Não podia acreditar que Ricardo tivesse esse tipo de relacionamento com a sua própria mãe. Em estado de choque, com o estômago embrulhado, com vontade de vomitar, deu um pulo da cadeira, ficando de pé, pronta para ir longe daqueles pervertidos, quando a porta se abriu abruptamente e Ricardo apareceu, e ao ver a mulher, fechou a cara, se colocando entre as duas.

— O que você está fazendo aqui, Magda? – Ricardo indagou, encarando a mulher.

— Conversando com sua amiga, meu filho! – Magda respondeu, dando um sorrisinho cínico para ele, com o cigarro caído no canto da boca.

— Magda, pare de mentir! Eu não sou seu filho, porra nenhuma! Cai fora! – Ricardo falou alto, zangado, cerrando os punhos. Júlia respirou aliviada.

— Mas, eu te amo como se fosse do meu próprio sangue, Ricardo. Nos vemos depois -  ela falou de um jeito melodramático e deu um beliscão na bochecha de Ricardo e saiu andando rebolativa com seu quadril enorme. – Não importa muito, no final, a gente sempre vai para outro lugar e tudo fica para trás.- A mulher se virou, dando seu recado, olhando diretamente para Júlia. O rapaz resmungou baixinho alguns palavrões, segurou o braço de Júlia e a puxou dali.

— Quem é ela? – Júlia perguntou, assim que conseguiu articular uma palavra.

— Minha madrasta. Ela é a mulher do meu pai.

— Você transa com a mulher do seu pai? - Júlia indagou, perplexa.

— Shiii! Fala baixo! Isso é uma história muito complicada!

Ele parecia incomodado com aquela conversa e continuava a arrastando para longe dos trailers. Júlia pensava que deveria se desvencilhar da mão dele e ir embora, entretanto, não fez, só continuou a segui-lo.

— Você está com fome? Pois eu estou. Não comemos antes do espetáculo. Você sabe todas aquelas voltas naquela velocidade, embrulham o estômago – ele mudou de assunto, seu tom ficou mais leve, ainda a conduzido para a área central na frente da tenda, onde estavam as barraquinhas de comida, que eram na verdade, pequenos trailers adaptados.

Eles pararam na frente de um desses trailers, onde Júlia havia comprado cachorro-quente na outra noite, Ricardo abriu a porta, entrou, acendeu a luz e a convidando para dentro. O lugar era bem apertado, principalmente para duas pessoas, estava abafado, cheirando a molho de tomate e condimentos, as portas na frente do balcão abaixadas, aumentava o calor e a sensação de claustrofobia, apesar disso, Ricardo se movia com desenvoltura, conhecia onde estava, o que desejava, assim abriu a geladeira pegou uma vasilha de plástico com algumas salsichas.

— Que bom! Ainda estão quentes – ele observou, satisfeito, depois abriu um armário e pegou o pão.

Júlia se encolhia para sair do caminho dele, porém, partes dos seus corpos se encostavam sutilmente. Ricardo preparou um sanduíche para ela e dois para ele, pegou um refrigerante e abriu, com um do cotovelo apoiado no balcão, de frente para Júlia, comeu quase a metade do primeiro sanduíche em uma única mordida, depois pegou o refrigerante e bebeu um grande gole pelo gargalo e ofereceu a ela. Ela pegou a garrafa e bebeu um gole, mordeu o sanduíche, que desceu com dificuldade pela sua garganta, tomou mais um gole de refrigerante, não entendia o que fazia ali, mas aquela incerteza era sufocante.

— Está quente aqui! – ela disse, passando a mão na testa, quando viu que ele terminara de comer, na intenção de saírem de lá logo.

Mas, ele a encarou, pegou a sua mão, Júlia sentir o toque das pontas dos dedos ásperas, ela sustentou o olhar dele, que a puxou suavemente contra o seu corpo, ela se deixou levar. Sentindo seu peito contra o peito dele, que cheirava graxa e perfume barato, seu hálito quente contra sua boca, então ele a beijou, primeiro suave só os lábios se tocando. Lentamente, contornou com a boca de Júlia com a sua, ficando mais exigente, forçando sua língua contra a dela. Sua boca tinha gosto de cachorro-quente, tomate, cebola, pimenta. As mãos de Ricardo percorriam sua lateral do corpo de Júlia, passando por suas costas, descendo lentamente até suas nádegas, que ele apertou de leve. Pensou que era a hora de parar, ir embora, contudo, o seu desejo latente foi mais forte, queria continuar ali junto a ele, deixar rolar. Então, sem cerimonias, ele levantou a barra da blusa de Júlia, tocando diretamente a pele das suas costas e ela não recuou, os beijos ficaram mais ardentes e selvagens, as mãos mais atrevidas, sem vergonha, o suor brotava nas peles quentes.

— Eu quero ver você nua – Ricardo murmurou no ouvido de Júlia, enquanto tirava blusa dela – Pensei nisso o tempo todo, depois que te vi naquele dia. Pensa em você assim comigo – ele sussurrou junto ao seu pescoço, desabotoando a calça dela. Assim Júlia se viu, em um trailer de um circo, só de calcinha e sutiã, na frente de um homem completamente estranho. - Você é tão bonita.

Ele continuava acariciando os seios dela, aquilo a assustava e a excitava ao mesmo tempo. Com habilidade ele abriu e tirou o seu sutiã, fascinado, beijou seus seios. Tudo parecia uma loucura, mas o desejo de Júlia crescia de uma forma que ela nunca sentiu antes, também, queria tocá-lo, assim abriu e tirou a camisa dele e deixou sua mão percorrer o seu peito, sentindo os músculos firmes sobre a pele lisa, segurar seu sexo.

— Você também é muito bonito – Júlia falou baixinho na orelha dele, depois a mordiscou, atrevida.

Sem esperar mais, Ricardo a levantou e colocou sentada em cima do balcão, subiu em um pequeno estrato para ficar na altura do quadril dela, abriu a calça, deixando a escorregar e colocou a camisinha e entrou nela, rápido e forte, com movimentos vigorosos. Júlia gemeu de prazer, como nunca fizera antes, ele mergulhava na curva do seu pescoço, sentindo o seu perfume e beijando-a

— Você cheira bem – ele sussurrou no ouvido dela. – Como você é gostosa!

Ela nunca tinha ouvido isso antes. Ele se movia cada vez mais rápido dentro dela, então ela sentiu seu corpo contrair em um forte espasmo e relaxou subitamente, em uma onda de prazer pela primeira vez na vida, gemeu alto. Ele também gemeu, gozando. Os dois ficaram ali abraçados, com as respirações ofegantes, sem forças até se afastarem e sorrirem um para o outro.

— E agora?

— Deixe eu arrumar essa bagunça – disse, livrando-se da camisinha, levantando a calça e fechando o zíper, colocando e abotoando a camisa, com destreza, começou a limpar o lugar enquanto Júlia pegava sua roupa espalhadas, vestindo-se, com dificuldade devido o espaço apertado, pensando que seria uma boa hora para ir embora, enquanto acabava de colocar a sua camisa.

— Eu tenho que ir agora.

— Não, por favor. Não quero que vá agora. Mas, vamos sair daqui de dentro. Está muito quente!

O ar fresco da noite, fez a pele suada de Júlia se arrepiar, ela se sentia leve e, estranhamente, sem nenhuma culpa.

— Não podemos ir para o meu trailer. Meu irmão está dormindo lá.

Júlia pensou por algum instante, então tomou uma decisão.

— Podemos ir para a casa onde estou hospedada. Meu carro está estacionado logo ali.


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