Virando do avesso escrita por calivillas


Capítulo 20
Sua nova imagem.




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— Leandro, eu estive pensando sobre nós e, principalmente, sobre mim mesma. E eu mudei muito nesses últimos dias e ...

— Por favor, Júlia, me escute primeiro – ela o interrogou com os olhos e ele continuou - Eu sei que errei. Mas, estou disposto a mudar, a fazer qualquer coisa para ficar com você. Júlia, eu quero muito me casar com você, tenho certeza que poderemos ser felizes juntos. Estou certo que você é a mulher da minha vida. O que me diz disso?

Ela deu um longo suspiro.

— Leandro, eu não sou a mesma pessoa que saiu do seu escritório, há alguns dias atrás. Eu mudei muito, aconteceram alguns fatos que me transformaram.

— Como assim, Júlia? – Leandro questionou, preocupado.

— Olhe, não quero que haja nenhum segredo entre nós, se você pensa que devemos recomeçar, precisa saber toda a verdade sobre mim.

— Qual é essa verdade, Júlia?

— Eu estivesse com outros homens nesses últimos dias.

 Leandro a olhou assustado, seu pomo de Adão subiu e desceu, engolindo em seco.

— Como assim?

— Você sabe o que eu estou querendo dizer, eu transei com outros homens.

— Eu entendo que você quis se vingar, me magoar, Júlia. Mas estou disposto a esquecer, pois, no fundo, eu sei que fui culpado por você tomar esse tipo de atitude. Eu errei e mereço ser punido.

— Você não está entendendo, Leandro. Não fiz isso para magoar você, muito menos para me vingar, eu fiz isso por mim mesma, foi uma espécie de autoconhecimento, queria saber mais sobre mim mesma. Queria descobrir se eu era aquela mulher frígida, que você tentou me convencer que era.

— Como outros homens?

— Sim.

— E o que você descobriu, Júlia?

— Eu descobri que definitivamente eu não sou assim, que eu gosto muito de sexo.

— Não importa, Júlia. Vamos esquecer de tudo que aconteceu nessas duas últimas semanas. Eu só quero me casar e ser feliz ao seu lado. Começaremos juntos uma nova vida.

Na manhã seguinte, ao acordar, Mauro esticou o braço e, para sua surpresa, encontrou o outro lado da sua cama, vazio. Assim, tentou ouvir algum barulho, algum sinal da presença de Júlia, contudo, a casa estava silenciosa, foi quando se lembrou da conversa, sem propósito da noite anterior, mas tinha que admitir, que estava com muito ciúmes do noivo de Júlia. Não podia imaginar, ela voltando para se casar com ele, por isso quis provocá-la, irritá-la. Depois de algum tempo, levantou-se e andou pela casa, a procura de algum sinal dela, até encontrar o bilhete em cima da mesa, onde Júlia dizia que tinha ido para casa, para pensar um pouco, sozinha. Imaginou que ela havia ficado aborrecida com suas palavras e foi embora, então achou melhor dar um tempo para ela se acalmar, antes de procurá-la, novamente.

Enfim, no começo da tarde, Mauro achou que já havia dado tempo suficiente para Júlia se tranquilizar, pensando que tinha pegado pesado com ela, forçando a barra para tomar uma decisão, com aquela conversa na noite anterior, então resolveu ir à sua procura, pedir desculpas e fazer as pazes. Pensou muito no que ia falar antes de tocar a campainha no portão de entrada, esperou por um bom tempo até a caseira atender, com cara de poucos amigos, ela o olhou de alto a baixo.

— Boa tarde! – Mauro tentou manter o tom casual e descontraído – Posso falar com Júlia?

— Júlia não está – a caseira respondeu, mal-humorada.

— Não? Você sabe quando ela vai voltar?

— Ela não volta mais. Foi embora hoje de manhã.

— Embora? – Mauro perguntou, perplexo. – Como assim tão de repente?

— Ela decidiu de última hora. Um moço apareceu cedo e eles foram embora juntos – a caseira demonstrava toda a sua impaciência, por perder seu tempo com ele.

— Um moço? Sabe quem era?

— Um tal de Leandro

— Ela deixou algum recado para mim?

— Não.

— Por acaso, a senhora não tem o telefone dela, tem?

— Não. Boa tarde, tenho muito trabalho a fazer – a mulher o dispensou, fechando o portão, deixando Mauro encarando a madeira escura.

— Júlia, onde você se meteu? O que aconteceu com você? Estava desesperada! Você desapareceu com o casamento tão próximo, com tantas coisas para fazer! Quase fiquei maluca! Você perdeu a outra prova do vestido! – A mãe de Júlia falava, sem parar, atropelando as frases, de uma maneira angustiada assim que a viu colocar os pés em casa

— Tudo bem, mãe! Eu já voltei – Júlia respondeu, sem emoção na voz.

— Graças a Deus! Tem tantas coisas que temos que resolver sobre o casamento.

— Mãe, depois falamos sobre isso! Agora eu vou tomar um banho e sair, preciso ir até o escritório.

Júlia foi para o seu quarto.

— Mas, Júlia... – a mãe tentou chamá-la, mas ela desapareceu no corredor.

Tomou um longo e reconfortante banho, deixando a água morna cair sobre seu corpo a relaxando, pensava como a sua vida mudou naquelas duas semanas, como resolveu dar uma nova chance para ela e Leandro, afinal, ele estava disposto a mudar.

Mas, em um breve instante, lembrou-se de Mauro, sentiu um arrepio percorrer seu corpo e remorso por não ter se despedido, tinha ido embora da sua casa, depois daquela conversa desagradável, deixando um gosto amargo no final de uma relação, que tinha sido tão legal, nunca ela havia se sentindo tão bem junto de uma pessoa, nem mesmo de Leandro, aquele pensamento lhe pareceu uma traição, mas era verdade, pelo menos poderia reconhecer para si mesma. Provavelmente, nunca mais se veriam, seria quase impossível se encontrarem outra vez, talvez, somente em um rápido descuido do destino, poderiam se cruzar por aí, então, se cumprimentariam como dois simples conhecidos ou, quem sabe, um fingiria não conhecer o outro. Aquele pensamento lhe causou uma imensa tristeza, nem se quisesse poderia se comunicar novamente, pois ela não sabia onde ele morava, nem em que cidade, seu telefone ou mesmo seu sobrenome. Uma fagulha de arrependimento nasceu no coração de Júlia, ela saiu tão apressada de lá, mas deveria tê-lo procurado para dizer adeus ou pelo menos ter deixado o número do seu telefone para ele.

Quando saiu do banheiro, ainda enrolada na toalha, sua mãe a esperava do lado de fora da porta.

— Eu e seu pai estamos tão preocupados com você, minha filha. E o casamento?

— Não se preocupe, mãe. O casamento vai acontecer como deveria

Sua mãe respirou fundo, aliviada.

— Que bom, minha filha! Estava tão preocupada com toda essa história. Esse seu inexplicável sumiço repentino.

— Pode ficar tranquila, mãe. Todo mundo vai ficar feliz com esse lindo casamento. Agora vou até o escritório, já deixei Rafael por muito tempo na mão. Ah, mãe! Eu não devo dormir em casa hoje – declarou, voltando para o seu quarto.

Sozinha, no seu quarto, Júlia parou diante do espelho, se desenrolou da toalha, ficou observando seu corpo nu, imaginando se estava diferente, assim tocou seus seios, sentindo a pele macia e fina, suas mãos desceram, retas, por sua barriga, seguindo para o seu sexo, acariciando seus pelos. Ela nunca se vira assim, nunca se tocara assim antes, sorriu para sua imagem. Depois, foi até a gaveta de roupas íntimas e a vasculhou, no meio dos seus comportados conjuntos de algodão branco, encontrou um conjunto bem sexy, rosa enfeitado com renda preta, que havia ganho de sua amiga Bruna, como provocação, pois ela sabia que Júlia, nunca usaria algo tão pequeno e sensual, mas agora ela o vestiu com a calcinha minúscula e o sutiã meia taça, que quase fazia seus seios pularem e, novamente, olhou sua imagem no espelho e sorriu, satisfeita, com sua nova imagem.


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